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CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TOLEDO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


COLEGIADO DE FILOSOFIA
COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FILOSOFIA

PLANO DE AULA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FILOSOFIA I

IDENTIFICAÇÃO E ESPECIFICAÇÃO
Disciplina: Filosofia
Carga horária: 1 hora/aula
DOCENTE/Estagiário(a): Lucas Sartoretto

CONTEÚDO ESTRUTURANTE

Ética.

TEMÁTICA/CONTEÚDO DA AULA:
A felicidade na consolação da filosofia de Boécio

OBJETIVO
O objetivo geral será a capacidade de os alunos entenderem de que se trata a felicidade no
texto a consolação da filosofia de Boécio e uma introdução será dada a respeito do autor.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Anicio Mânio Torquato Severino Boécio nasceu em Roma em 480 e morreu em Pavia
em 524 ou 525. Conhecido como Severino Boécio ou simplesmente como Boécio, foi um
filósofo, poeta, estadista e teólogo romano, cujas a s obras tiveram uma profunda influência na
filosofia cristã do medievo. Boécio é considerado o último dos romanos e o primeiro dos
escolásticos, e consequentemente uma figura importante no surgimento da Idade Média. Seu
objetivo enquanto pensador, poeta e teólogo era deixar conhecida aos latinos a cultura grega
antiga por meio de traduções e comentários.
Muito jovem Boécio se casou e teve dois filhos. Em 510 Boécio foi nomeado cônsul e
seus dois filhos foram elevados ao cargo de cônsul em 522. Em 522 Boécio exerceu o cargo de
direção geral dos serviços da corte e do Estado com funções de política externa, como
comando dos guardas. Em 524 foi condenado sem ao menos ser ouvido e preso em Pavia,

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acusado de ter impedido o trabalho dos delatores em relação ao Senado e de ter tramado a
restauração da autoridade do imperador. Na prisão foi aonde escreveu sua mais notável obra
Da Consolação da filosofia e morreu em 524 na prisão.
No comentário ao Isagoge de Porfírio, Boécio também trabalhou com uma das
questões fundamentais da Idade Média, ou seja, o problema dos universais, ou o problema de
sua natureza ontológica. Ele resolveu este problema da seguinte forma: o universal, ou seja, o
homem ou o animal, por exemplo, só são conhecidos por meio de abstração do conhecimento
dos indivíduos enquanto tais.

Em uma carta a Símaco, Boécio expressa a intenção de levar em conta todas as


ciências que conduzem a filosofia: aritmética, música, geometria e astronomia. E a
consideração dessas ciências deveria estar em função da filosofia. Com tal propósito,
Boécio projetou a tradução para o latim, com comentários, de todas as obras de
lógica, moral e física de Aristóteles, bem como a tradução e o comentário de todas as
obras de Platão, para depois mostrar a concordância substancial entre os dois
filósofos. (REALE. ANTISERI. 2003, pag, 130).

Devido à sua morte prematura em decorrência de sua prisão, Boécio não conseguiu
levar a cabo seu vasto projeto de traduções e comentários. De todo o modo escreveu um
comentário ao Isagoge de Porfírio, traduziu e comentou as Categorias de Aristóteles.
Aprontou a versão do De interpretatione de Aristóteles, comentou os Tópicos de Cícero,
comentou também o Organon de Aristóteles, traduziu os Analíticos primeiros e segundos, os
Elementos sofísticos e os Tópicos também de Aristóteles. E foi através destes textos que a
Idade Média conheceu Aristóteles até o século XII.
Em um de seus comentários ao Isagoge de Porfírio que passou a fazer parte da tradição
medieval pelos problemas por ele levantado e de certa maneira a tentativa de resolução por
parte de Boécio é que levou esses mesmos problemas dos universais a fazer parte da tradição
do medievo que são: 1 se existem ou não os universais, ou seja, os gêneros e as espécies:
animal, homem etc; 2 se eles são ou não corpóreos e 3 supondo que sejam incorpóreos, se
estão ou não unidos às coisas sensíveis.

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Porfírio tinha proposto essas questões, mas não havia solucionado elas. Já Boécio,
formulou respostas à essas questões, que mais tarde seriam qualificadas de realismo
moderado. O universal, por exemplo, o homem, o animal e etc. Só existem no intelecto e por
isso são incorpóreos. Não existe o homem, o animal e etc. Só existem homens, animais e etc,
no singular.
A sua principal obra é a Consolação da filosofia, foi por ela que Boécio ficou
conhecido na história da filosofia. Nela resume-se dois pontos principais, que são: 1 a filosofia
está em grau de mostrar ao ser humano a verdadeira felicidade, ou seja, o próprio Deus ou o
sumo bem e afasta-los dos bens fictícios que são os bens materiais; 2 a filosofia assim
entendida ensina a crer na providência divina, apesar do problema do mal, pois ensina a ver a
orientação da realidade para o sumo bem.
A situação de Boécio preso não é das melhores e é assim descrita:

Boécio vive encarcerado injustamente e fechado em uma torre à espera de um


processo que jamais se realizará. Está consciente de sua inocência e de ser vítima de
uma conjuração, e seu ânimo está prostrado e abatido: neste ponto intervém a
filosofia, personificada em uma mulher majestosa que visita no cárcere. Ela
representa a voz da reta razão que traz o equilíbrio e a serenidade por meio de
argumentações sobre os valores da vida, sobre a felicidade, a liberdade e a verdade
suprema que é Deus. (REALE. ANTISERI. 2003, pag, 139).

Boécio na prisão descreve a aparição da filosofia, como uma mulher bela, de rosto
venerado, de olhos fulgurantes e penetrantes para além da capacidade humana, aparece para
ele enquanto ele está preso em seus afazeres na prisão. Suas vestes eram tecidas, com refinada
destreza com fios de matéria indestrutível e nas suas roupas viam-se duas letras gregas o “Pi”
e o “Theta”. Na sua mão direita segurava uns pequenos livros e na mão esquerda um cetro.
Quando a filosofia vê as musas da poesia ao lado de Boécio sussurrando ao seu ouvido,
ela fica enraivecida e pergunta quem permitiu que elas se aproximassem do doente, elas que
não suavizam as dores mas alimentam com doces venenos. São justamente essas que
perturbam a razão humana e acostumam a mente humana ao mal.

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Vendo a situação de Boécio e percebendo que sua mente estava confusa e obscura
dirigiu-se a ele para lhe falar que a felicidade está dentro de cada ser humano e não fora. A
filosofia faz um longo elogio de seus parentes, seu sogro, sua mulher e seus filhos e diz que é
digno ter sofrimento por causa de suas distâncias mas que todos estão bem, e não deves pensar
nisso para não sofrer mais.

“Portanto, por que, ó mortais, procurais fora de vós a felicidade que está dentro de
vós? O erro e a ignorância vos confundem. Agora te mostrarei brevemente o fulcro
sobre o qual se apóia a mais alta felicidade. Existe algo mais precioso para ti do que
tu mesmo? Não, responderás e portanto, se fores senhor de ti mesmo, possuirás
aquilo que jamais desejaria perder, nem a fortuna te poderia arrebatar. E para que
reconheças que a felicidade não pode consistir nestes bens fortuitos, raciocina assim.
Se a felicidade é o sumo bem da natureza dotada de razão, e se não é sumo aquele
bem que de algum modo pode ser tirado, pois lhe é superior aquele bem não pode ser
tirado, torna-se claro que a instabilidade da fortuna não pode aspirar a possuir a
felicidade.(REALE. ANTISERI. 2003,pag, 140).

Sendo assim, não se deve procurar a felicidade fora de si mesmo, mas deve-se procurar
a felicidade dentro do próprio ser humano. Aonde se encontra então essa tal felicidade senão
em Deus e no santíssimo. É ali que deve-se buscar a mais genuína felicidade e deixe que a
fortuna siga seu caminho, e mesmo ela nos seus traiçoeiros caminhos não lhe pode tomar a
felicidade.

DESCRIÇÃO DAS AULAS


PROCEDIMENTO METODOLÓGICO E RECURSOS DIDÁTICOS
A aula se organizará entorno da exposição do professor do texto a consolação da filosofia de
Boécio. Após a exposição será aberta uma discussão a respeito do tema/problema tratado.
O material didático a ser utilizado é um cópia/xeroz do texto a consolação da filosofia que está
no manual de Dario e Antiseri.
O tempo da aula será de aproximadamente 1 hora, o público alvo será uma turma do ensino
médio e o tema/problema será o da consolação da filosofia de Boécio.
A sensibilização será feita através da exposição do texto/problema, a investigação será feita
através de leitura e a conceituação através de exemplos.

AVALIAÇÃO

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A avaliação será feita através de uma prova escrita que valerá de 0 a 10.

REFERÊNCIAS
REALE, G. ANTISERI, D. História da filosofia: patrística e escolástica, volume
2. Tradução Ivo Storniolo. Paulus. São Paulo, 2003.

ANEXOS e APÊNDICES
Caso você tenha optado por separar os materiais utilizados na aula do Procedimento
Metodológico, coloque-os aqui. Se já tiver incluído os materiais no Procedimento Metodológico,
pode excluir esse ponto.

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