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4) OS MOTIVOS, FORMAS E CONSEQUENCIAS DO ASSÉDIO MORAL

a) Os motivos para o assédio moral

Segundo nos ensina a cartilha “Contra o Assédio Moral, juntos podemos mais”, publicada pelo
Sindicato dos Servidores das Justiças Federais do RJ – SISEJUFE, os objetivos do Assediador, em
geral, são: forçar o trabalhador a pedir demissão, aposentadoria ou remoção para outro local
de trabalho; mudar a maneira pela qual o trabalhador se posiciona sobre determinado assunto
(deixar de lutar por algum direito, por exemplo); humilhar como forma de punição por alguma
opinião ou atitude; aumentar o seu poder de controle sobre os trabalhadores, utilizando-se de
abuso de poder e manipulação, com intenção de causar sofrimento e danos à vítima. O assédio
moral também é um instrumento perverso de controle e disciplina dos trabalhadores. Ao
manter um membro da equipe sob ameaça e humilhação constante, o assediador consegue
colocar os outros sob pressão para que cumpram metas abusivas. O resultado do uso dessa
violência é a degradação do ambiente de trabalho. A dignidade e as relações entre os
trabalhadores ficam prejudicadas, desmanchando os laços de solidariedade que serviriam para
combater a situação. Para o trabalhador assediado, as conseqüências para a saúde são muito
graves, incluem a queda da auto-estima, problemas de relacionamento com familiares e
amigos. É comum que também surjam sentimentos de vingança e crises de choro.1

b) Formas de assédio moral

Eis algumas formas de assédio moral, relacionadas na referida Cartilha:

Não repassar nenhum trabalho ao funcionário, provocando a sensação de inutilidade e


prejudicando as avaliações, além de atrasá-lo em promoções e outros benefícios; Dar um
prazo muito curto para uma tarefa complexa ou repassá-la quando o prazo está acabando;
Exigir tarefas incompatíveis com as habilidades/formação do trabalhador; Dar ordens confusas
e sem precisão ou, ainda, exigir tarefas inúteis; Estabelecer regras de trabalho diferentes das
regras que funcionam para os outros; Colocar o trabalhador isolado dos demais; Recusar-se a
falar com o trabalhador, só se comunicando por mensagens eletrônicas ou bilhetes; Proibir o
trabalhador de ir ao banheiro quando tiver necessidade e/ou vigiar o tempo em que
permanece no mesmo; Fazer piadas e divulgar boatos sobre a sexualidade ou a moral do
trabalhador; Mudar turnos e horários de trabalho sem avisar com antecedência; Fazer
ameaças ou intimidações; Colocar à disposição, retirar gratificações com argumentos
subjetivos; Tratar trabalhadores doentes com desconfiança, como se fossem simuladores e
estivessem fingindo.2

Lílian Ramos Batalha, em sua obra Assédio Moral em face do Servidor Público, ensina que o
meio ambiente de trabalho é composto por bens materiais e imateriais, assim, não fornecer os
itens e meios necessários ao desenvolvimento do trabalho bem como atos reiterados de

1
Sindicato dos Servidores das Justiças Federais do RJ – SISEJUFE. Cartilha “Contra o Assédio Moral,
juntos podemos mais”. p. 10
2
Sindicato dos Servidores das Justiças Federais do RJ – SISEJUFE. obra citada. p. 7
violência que afetem a dignidade da pessoa ou visem causar desequilíbrio psicológico e
emocional constituem atos de assédio e devem ser combatidos.

A obra citada exemplifica, ainda, formas caracterizadoras de atos vexatórios e agressivos à


imagem e auto estima da pessoa, são elas: marcar tarefas impossíveis ou assinalar tarefas
elementares para a pessoa que desempenha satisfatoriamente papel mais complexo; ignorar o
empregado, dirigindo-se a ele através de terceiros; sobrecarregá-lo com tarefas que são
repetidamente desprezadas; mudar o local físico, sala, mesa de trabalho para outro de
precárias instalações, como depósito, garagens etc.3

A Organização Internacional do Trabalho - OIT editou, em 2002, informe sobre formas de


assédio moral, enfocando que o exercício do assédio visa excluir a pessoa de uma atividade
profissional, são elas: ataques persistentes e negativos ao rendimento pessoal ou profissional
sem razão; manipulação pessoal ou profissional de uma pessoa através de rumores e
ridicularização; abuso de poder através do menosprezo persistente do trabalho da pessoa ou a
fixação de objetivos com prazos inatingíveis ou pouco razoáveis ou a atribuição de tarefas
impossíveis e controle desmedido ou inapropriado do rendimento de uma pessoa.

c) As conseqüências do assédio moral

A Cartilha do Sindicato relaciona as conseqüências do assédio moral, conforme segue:


angústia, crises de choro e mal-estar; estresse, que gera cansaço exagerado, irritação
constante, insônia, pesadelos, falta de interesse pelo trabalho; sentimentos de culpa; falta de
interesse por diversão, diminuição da libido; gala de concentração e de memória; pessimismo
exagerado, principalmente em relação ao futuro; instabilidade de humor; isolamento,
incapacidade de relacionamento; mudanças exageradas de peso, aumento de pressão arterial,
palpitações e problemas digestivos; ansiedade; depressão; pensamentos suicidas.4

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) realizou estudos que demonstram que, na


União Européia 9% (nove por cento) dos trabalhadores, o que corresponde a 13.000.000 (treze
milhões) de pessoa, convivem com os tratamentos tirânicos de seus patrões.5

Estima-se que entre 10% (dez por cento) e 15% (quinze por cento) dos suicídios na Suécia
sejam decorrentes de comportamento abusivo.

No Brasil, o fato foi comprovado por estudos científicos elaborados pela Drª Margarida
Barreto, médica do trabalho e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
conforme nos noticia a revista Cláudia/abril/2001/p.116. Em estudo preparado em dois anos e
meio de pesquisas constatou a referida médica que nas consultas por ela realizadas em
sindicatos, as pessoas queixavam-se de males generalizados. Aprofundando suas análises
verificou que 80% (oitenta por cento) dos entrevistados sofriam dores generalizadas, 45%

3
Batalha, Lilian Ramos. Assédio Moral em Face do Servidor Público. Editora Lumen Juris, 2009, 2ª
edição. p. 83.

4
Sindicato dos Servidores das Justiças Federais do RJ – SISEJUFE. obra citada. p.11.
5
Batalha, Lilian Ramos. obra citada. p. 82.
(quarenta e cinco por cento) apresentavam aumento de pressão arterial, mais de 60%
(sessenta por cento) queixavam-se das palpitações e tremores e 40% (quarenta por cento)
sofriam redução da libido.

Além dos sintomas acima referenciados, outros constatados são: sentimento de inutilidade;
sonolência excessiva; sede de vingança; dor de cabeça; tonturas; falta de apetite; falta de ar;
alcoolismo.6

Um relatório apresentado pelo National Institute for Helth and Clinical Excellence (Nice), da
Grã-Bretanha, afirma que a postura negativa dos chefes pode aumentar o risco de problemas
mentais dos funcionários, como estresse e ansiedade, no ambiente de trabalho. Após avaliar a
saúde mental dos participantes e conferir o resultado, que apontava que ¼ dos voluntários a
descrevia como moderada ou ruim, os cientistas começaram a elaborar um manual para
preservar esses trabalhadores.

De acordo com os pesquisadores, medidas simples como um comentário positivo do chefe


após um trabalho bem feito, horários de trabalho mais flexíveis e mais dias de folga como
recompensa por um bom desempenho poderiam reduzir em 1/3 os problemas mentais dos
funcionários.

Os cientistas criaram uma fórmula que analisa o prejuízo da empresa, quando os empregados
sofrem de problemas como estresse e depressão. De acordo com os pesquisadores, com
funcionários bem tratados e felizes com o emprego, uma empresa de 1.000 funcionários
economizaria o equivalente a US$ 400 mil por ano.

6
Batalha, Lilian Ramos. obra citada. p. 83.

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