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08/09/2021 Carlos Drummond de Andrade

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A FAMÍLIA Como funcionário da alta burocracia, Carlos Drummond de Andrade participou de grandes
OS AMIGOS acontecimentos da história nacional. Submetido à Secretaria do Interior de Minas Gerais, aliada aos
revolucionários favoráveis a Vargas, Drummond foi levado a se unir às forças que ajudaram a
A BUROCRACIA
conduzir Getúlio à presidência. A participação na Revolução de 1930, como ficou conhecido o
> No MEC movimento que depôs o presidente Washington Luís, é registrada no poema “Outubro 1930”,
> O poeta e o ditador incluído em Alguma poesia após a primeira edição, e também na crônica “Um dia de outubro”, de
> Um modernista a serviço do patrimônio
A bolsa e a vida. O depoimento do escritor sobre o evento é registrado, ainda, no capítulo “Doce
revolução em Barbacena”, de Tempo vida poesia, e em trecho de 12 de dezembro de 1962 do
AS REVISTAS diário editado em O observador no escritório.
OS JORNAIS Quando da Revolução Constitucionalista, movimento de oposição do estado de São Paulo ao
governo Vargas, Carlos novamente se envolveu nos acontecimentos políticos nacionais. Esteve ao
OS LIVROS
lado de seu amigo e chefe Gustavo Capanema em defesa das forças federais. Entretanto, a
O DESENHO
participação do escritor foi tímida. Em carta a Mário de Andrade, defensor das forças paulistas,
O RÁDIO
Carlos escreve: “Estou certo que você viveu todo o drama, e mais dramaticamente ainda que os
O CINEMA outros, pois sua inteligência implacável há de ter espiado os acontecimentos, os entusiasmos, as
paixões, ao passo que no grande número apenas o instinto comandava. Eu também, do meu lado,
fiz o que pude. Mas apenas produzi palavras.” 1
+ SAIBA MAIS A participação nas ações pró-Vargas não se justifica por qualquer adesão
aos princípios políticos do futuro ditador. Drummond cumpria seu papel
como funcionário e atendia a outros valores, pouco claros, mencionados na
mesma carta a Mário: “Gostaria muito que você compreendesse o ardor

que Minas pôs na luta, e que verificasse que nenhum Getúlio nos conduziu
com a sua irreparável insignificância humana. O que nos moveu foi antes um grave sentimento
que está no fundo de nós mesmos, um compromisso tácito e doloroso dever.”
A resistência a Vargas, de cujo quadro de funcionários Carlos participava, tornou-se mais
marcante conforme a face ditatorial do presidente se foi evidenciando. O posicionamento contrário
a toda forma de opressão política e econômica fica claro na obra poética redigida na década de
1940, especialmente nos livros Sentimento do mundo, José e A rosa do povo. Alguns poemas de
Drummond circulavam clandestinamente à época, contra a censura varguista. Dessa forma,
ajudavam a compor o clima de confiança em uma “vida futura” sem os ideais fascistas reinantes
Note-se que a obra favorável à democracia foi produzida enquanto Carlos
Drummond era quadro da ditadura. O poeta não se submete ao burocrata,
portanto. Além disso, a resistência estende-se para além da obra:
Drummond aproxima-se do Partido Comunista, forma com que acreditava

poder defender a liberdade ameaçada. Logo se decepcionaria também com


o comunismo, especialmente quando o Partido se posiciona contra a
deposição de Vargas. Porém, não abandonaria o “partido do humano”, a
que se aliou sempre.
As transformações do País e os posicionamentos de Carlos Drummond de
Andrade quanto à ditadura estão fartamente documentados no diário editado em O observador no
escritório, sobretudo nos fragmentos redigidos em 1944 e 1945. Nesses textos, explicita-se o
movimento de independência crescente de Carlos em relação a outros movimentos oposicionistas.
Fica claro também que a aversão de Drummond estendia-se a todo tipo de ditadura, conforme o
texto de 14 de dezembro de 1968, de O observador no escritório.

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08/09/2021 Carlos Drummond de Andrade
1. Carta de 10 de outubro de 1932. Documento preservado pelo IEB/ USP. O texto, com notas explicativas, está nas
páginas 422 a 423 do livro Carlos e Mário, publicado em 2002 pela editora Bem-Te-Vi.

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