Você está na página 1de 7

2017­5­21 Empreendedorismo 

na Amazônia: desafios em um cenário promissor | T&C

Institucional  Tecnologia

REPORTAGEM
Empreendedorismo na Amazônia: desafios em um cenário promissor
26/3/2014
Por Lucy Rodruiges

Aos 34 anos, o analista de sistemas amazonense André Lima Tapajós realizou o sonho de mais da metade da população da Região
Norte e de 43,5 % da população brasileira, segundo pesquisa mundial realizada no Brasil com o apoio do Sebrae: ter o próprio negócio.

Sócio­administrador de uma empresa de aplicativos para dispositivos móveis, instalada no Centro de Incubação e Desenvolvimento
Empresarial (Cide), no Polo Industrial de Manaus (PIM), a Tap4Mobile, em menos de dois anos de operação, ele recebeu o título de
Microindustrial do Ano (2012), premiação concedida pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas. Mas ter sucesso na carreira
empreendedora não é tão simples quanto parece. Como em um jogo de tabuleiro, há um percurso cheio de obstáculos e atalhos para
quem deseja trilhar um caminho diferente da maioria.

“Eu acho que o empreendedorismo faz parte da pessoa, independente de ela estar trabalhando para outros ou não. Existem pessoas
que praticam o empreendedorismo mesmo como empregado”, frisou.

Tapajós destacou que empreender não é só abrir uma empresa, mas também identificar um problema, traçar uma meta e alcançá­la.
“Se você apenas ‘segue o processo’, alguém já criou a solução. Mas se não existe solução adequada para dado problema, então você
tem a oportunidade de empreender e criar”, enfatizou.

O empreendedor disse ainda que existem vários obstáculos para quem deseja encontrar soluções para os problemas e o empreendedor
é aquele que os enfrenta, independente do resultado. “Alguns conseguem, outros não, mas todos foram empreendedores. Todos
correram o risco, sofreram a exposição, as críticas, a incerteza, enfim, todos empreenderam”, analisou Tapajós.

Tapajós faz parte de um grupo cada vez maior de brasileiros que têm trocado o emprego na “empresa dos sonhos” pela abertura do
próprio negócio.  De acordo com o último relatório da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM): Empreendedorismo no Brasil,
em 2012, 30,2 % dos indivíduos adultos da população eram empreendedores iniciais ou estabelecidos.

A estimativa remete a 36 milhões de brasileiros de 18 a 64 anos envolvidos na criação ou administração de algum tipo de negócio.
Ainda de acordo com a pesquisa, o sonho de ter um negócio próprio (43,5 %) superou em muito o desejo de ter uma carreira em uma
empresa (24,7 %) e ficou entre os três primeiros sonhos nas cinco regiões brasileiras pesquisadas.

Saiba mais

Pesquisa
A pesquisa GEM é de âmbito mundial e iniciou em 1999, conduzida por duas instituições: Babson College e London Business
School. No Brasil, é realizada desde 2000 pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e conta com a parceria
técnica e financeira do Sebrae. Em 2011, passou a contar com o apoio técnico do Centro de Empreendedorismo e Novos
Negócios da Fundação Getulio Vargas.Em 2012, a GEM entrou em uma nova etapa com o aumento significativo da amostra
pesquisada, de forma a melhorar estimativas em âmbito nacional e permitir análises regionais. Participaram 69 países, onde
foram realizadas as duas principais etapas da pesquisa: o levantamento de dados junto à população com idades entre 18 e 64
anos e a obtenção de opiniões de especialistas sobre as condições existentes nos países para o desenvolvimento de novos
negócios. No Brasil, foram entrevistados 10.000 indivíduos entre 18 e 64 anos, representativos da população brasileira nessa
faixa etária.

O microempresário amazonense também ilustra o perfil dos novos empreendedores, segundo o relatório da pesquisa: “Verifica­se que
as maiores taxas específicas de empreendedorismo entre os empreendedores iniciais ocorrem nas seguintes características: gênero
masculino, faixa etária 25 a 34 anos, com curso superior completo e faixa de renda entre 6 e 9 salários mínimos”, explicou.

Dois especialistas da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi) foram consultados pela pesquisa GEM Brasil
2012 na Região Norte: o diretor de Educação, Niomar Pimenta, e o pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Inovação (Nepi) e

http://www.fucapi.br/tec/2014/03/26/empreendedorismo­na­amazonia­desafios­em­um­cenario­promissor/ 1/7
2017­5­21 Empreendedorismo na Amazônia: desafios em um cenário promissor | T&C
coordenador da FUCAPI Incubadora de Tecnologia (FIT), Euler Guimarães.

“O GEM analisa muitas coisas, mas uma das principais é a taxa de empreendedorismo inicial que, no Brasil, é muito grande; porém,
mais de 50 % dessas pessoas empreendem por pura necessidade, ou seja, não são pessoas que se preparam devidamente para
empreender. Esse também é o empreendedorismo da Região Amazônica. É essa a realidade que a gente espera mudar, mas para isso é
necessário criar toda uma cultura”, afirmou Guimarães.

Cenário favorável
Outra pesquisa, realizada em agosto de 2012 pela agência de Recrutamento Cia de Talentos, em parceria com a empresa de pesquisas
em gestão e desenvolvimento de pessoas Nextview People, indica que os jovens da Região Norte são os que mais querem ter o seu
próprio negócio. Entre os motivos apontados pelos especialistas para esse crescimento do interesse pelo empreendedorismo, está o fato
de o mercado nesta região, ao contrário dos grandes centros, estar bem menos saturado, o que torna mais fácil criar algo novo.

Na opinião de Tapajós, a Região Norte é carente de diversos produtos e serviços que já existem em outros grandes centros urbanos.
Isso significa que os novos empreendedores têm um mercado relativamente aberto a novos entrantes, desde que percebam que a real
oportunidade é “fazer diferente e melhor”. “Não adianta abrir uma empresa para fazer tudo exatamente igual aos demais concorrentes
já estabelecidos. Se isto ocorrer, a disputa vai ser por preço e não por qualidade. E aí todo mundo perde”, ponderou.

De acordo com Euler Guimarães, além da carência por produtos e serviços, outros fatores contribuem para que muitos negócios,
constantemente sem componentes inovadores ou qualidade, continuem crescendo na Região. “Nas outras regiões mais maduras, para
você empreender é preciso se dedicar muito para ser bem­sucedido. Aqui, se você se esforçar e tentar se profissionalizar um
pouquinho, você consegue”, analisou.

Guimarães informou que o mercado na região não é tão maduro ainda e perdoa certas coisas. Segundo ele, lá fora você não pode errar.
Para ele, uma das coisas que muitas pessoas acabam se prejudicando quando não possuem um planejamento detalhado do negócio, aí
que inclui a área financeira, de logística e de aquisição de produtos.

Ao centro, o sócio­administrador da TAP4Mobile, André Tapajós, junto à equipe da empresa 
Foto: Divulgação

“A gente vê muito isso aqui. A pessoa começa o negócio e pouco tempo depois falta produto. Isso prejudica, mas não vai ‘matar’ o
negócio. Se o empreendedor fizer isso nas regiões Sul e Sudeste, onde o mercado é mais exigente, ele está fora. As pessoas veem que
ele não é confiável”, exemplificou.

A baixa exigência dos consumidores e a economia favorável também contribuem, segundo o especialista, para a criação e sobrevivência
de novos negócios na região. “É notável o número de estabelecimentos onde o atendimento é péssimo, mas as pessoas ainda relevam
essas coisas”, apontou Guimarães.

O mercado é tolerante e ainda existem muitas oportunidades por conta disso. Outro fator é que circula muito dinheiro aqui. Em outros
lugares, muitas vezes não há condições de oferecer um negócio porque as pessoas não estão propensas a consumir certas coisas. “No
Amazonas, as pessoas têm dinheiro sobrando e vão consumir, principalmente quando é novidade. Mesmo que depois aquela febre
passe, é possível ganhar dinheiro aqui”, disse.

Nas outras regiões mais maduras, para você empreender é preciso se dedicar muito para ser bem­sucedido. Aqui, se você
se esforçar e tentar se profissionalizar um pouquinho, você consegue.

Euler Guimarães,
coordenador da FUCAPI Incubadora Tecnológica (FIT)

Desafios para quem busca empreender
Apesar da facilidade de estabelecer um negócio na região, alguns fatores ainda limitam o avanço do empreendedorismo. Entre os mais
citados pelos especialistas consultados pela pesquisa estão políticas governamentais, apoio financeiro e educação e capacitação.

http://www.fucapi.br/tec/2014/03/26/empreendedorismo­na­amazonia­desafios­em­um­cenario­promissor/ 2/7
2017­5­21 Empreendedorismo na Amazônia: desafios em um cenário promissor | T&C
“Empreender no Brasil significa ir contra a correnteza. Principalmente por causa da burocracia, que é muito exagerada. Tem impostos
demais e é muito complexo”, revelou o coordenador da FIT.

De acordo com Guimarães, para conseguir abrir um negócio é preciso provar para todo mundo que o empreendedor não é um
“bandido, como se fosse um réu, precisando reunir uma gama de documentos”, enquanto nos EUA e no Canadá, por exemplo, se abre
uma empresa com uma folha de papel. “Aqui é necessário fazer uma romaria em vários órgãos e isso, às vezes, cria outra economia, a
economia do suborno. O empreendedor se vê refém. Tem que pagar para o negócio funcionar. Tem que pagar para participar de uma
licitação. Então essas políticas dificultam bastante”, salientou o coordenador da FIT.

Fatores educacionais
Para o diretor de Educação da FUCAPI, Niomar Pimenta, também ouvido pelo GEM, os fatores educacionais têm um grande peso na
balança que mede o sucesso ou fracasso dos negócios. “Empreender é um processo que exige criatividade, determinação e
conhecimento. Embora o Brasil seja um dos países que mais cria empresas, infelizmente, a maioria delas não consegue se sustentar
por muito tempo e encerra suas atividades, às vezes, precocemente”, afirmou Pimenta.

Inibição do empreendedorismo
Pesquisas do GEM indicam que diversos fatores contribuem para a inibição do empreendedorismo e para o insucesso de uma empresa
nascente: tributação elevada, burocracia excessiva, dificuldade de acesso a crédito, política de juros altos, educação e treinamento, os
últimos por não explorar o tema empreendedorismo no ensino formal. Enfim, um conjunto de razões que levam à extinção das
empresas.

Estudos do Sebrae indicam ser o Norte a região que apresenta as maiores taxas de empresas criadas e extintas. Taxas menores são
encontradas nas demais regiões, especialmente no Sul e no Sudeste. “Embora fatores como a logística e a infraestrutura estejam
sempre presentes nos argumentos utilizados para explicar esse fenômeno, a comparação entre os indicadores educacionais das regiões
mencionadas, favoráveis às regiões Sul e Sudeste, apresenta inegáveis argumentos para justificar essa diferença”, analisou o diretor.

Segundo Pimenta, a Fucapi procura dar sua contribuição para minimizar esse problema por meio de ações concretas e permanentes.

“Os cursos profissionalizantes da Escola Fucapi e os cursos de graduação da Faculdade Fucapi ministram a disciplina
Empreendedorismo, com o intuito de orientar e motivar os alunos a se tornarem empreendedores, de forma segura, mitigando os
riscos inerentes ao ambiente de negócios, por meio do ensino de técnicas e exemplos”, explicou.

Outra iniciativa da FUCAPI, no sentido de ampliar o ambiente de negócios para empresas nascentes e produzir novas oportunidades
para os empreendedores, na região, especialmente aqueles com interesse em investir em áreas como a tecnologia da informação e
comunicação, o design, os bionegócios e as engenharias, foi a criação da FIT.

“Além de abrigar empresas de base tecnológica, que resultam de investimentos realizados em tecnologia e inovação, a FIT deverá
auxiliar os futuros empreendedores a estruturar suas empresas, orientando­os no sentido de assegurar o seu fortalecimento e a
melhoria de seu desempenho”, destacou.

Na onda dos startups, negócios inovadores e de base tecnológica, outras empresas como a de André Tapajós começam a despontar na
região. Entretanto, assim como ele, quem opta por atuar nessa área tem pela frente, além de todos os desafios já listados, um outro: a
falta de infraestrutura para esse tipo de negócio.

“No nosso caso, além da enorme carga tributária e da burocracia, temos como principais desafios a precária internet e estrutura de
fornecimento de energia. Nós ficamos parados várias horas por mês por falta desses itens básicos”, relatou Tapajós.

Incentivo a negócios inovadores
Nos últimos anos, instituições públicas e privadas têm unido esforços para contribuir para a construção de um ambiente mais propício à
inovação no Amazonas. Entre as ações mais significativas estão a realização de diversos eventos na área e, principalmente, o fomento
da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no setor produtivo.

Para o titular da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (Secti­AM), Odenildo Sena, os estímulos ao
fortalecimento das micro e pequenas empresas regionais no Amazonas têm se traduzido em ações efetivas para a consolidação de um
cenário promissor para o Estado dentro da perspectiva da inovação.

“A participação dos diversos atores envolvidos no fortalecimento desta área tem sido fundamental para a construção deste novo
cenário. Como exemplo, podemos destacar a criação e realização dos Fóruns de Inovação e de Gestores de Instituições de CT&I do
Estado”, afirmou Sena.

No caso do primeiro fórum, ele foi criado pela Secti­AM com o propósito de reunir representantes da indústria, de instituições de ensino
e pesquisa do Amazonas e agências de fomento, para aproximar estes segmentos da política de desenvolvimento e da promoção de
inovação no Estado. “Como resultado das discussões junto ao fórum de inovação, por exemplo, em 2012, a Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) lançou o edital Pró­Incubadoras, que teve como foco maior o fomento e a manutenção de
incubadoras já existentes e a implementação de novas incubadoras, na capital e no interior do Estado”, informou.

http://www.fucapi.br/tec/2014/03/26/empreendedorismo­na­amazonia­desafios­em­um­cenario­promissor/ 3/7
2017­5­21 Empreendedorismo na Amazônia: desafios em um cenário promissor | T&C

Titular da Secti­AM Odenildo Sena, destaca cenário promissor para inovação no Amazonas 
Foto: Divulgação

Além desses eventos, de acordo com o secretário, nos últimos anos, de maneira pioneira no Brasil, o Governo do Estado, por meio da
Secti­AM e da Fapeam, tem estimulado significativamente o fomento empresarial. “A Secti­AM tem dado todo o suporte necessário ao
edital do Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa em Micro e Pequenas Empresas (Pappe) Integração, financiado pela Fapeam e
Finep”, afirmou.

Segundo Sena, o programa prevê o apoio financeiro, na forma de subvenção econômica, não reembolsável ao custeio de atividades de
pesquisa, desenvolvimento e/ou inovação realizados por microempresas e empresas de pequeno porte.

“Destaca­se ainda o esforço institucional junto às instituições de ensino para a promoção de cursos em diferentes níveis voltados ao
empreendedorismo e inovação, pois o cenário que desejamos passa, sobretudo, pela formação qualificada dos atores envolvidos no
processo, com vistas ao desenvolvimento e fortalecimento da cultura da inovação no setor produtivo do País e, principalmente, do
Estado”, frisou.

Fapeam: uma década de investimentos no setor produtivo
Completando 10 anos em 2013, a Fapeam investiu de 2003 a 2012, aproximadamente, R$ 18 milhões no fomento de P&D no setor
produtivo, por meio de programas de subvenção econômica em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Por meio dos editais do Pappe, 93 projetos foram beneficiados com recursos diretos em diversas áreas como Fitoterápicos e Cosméticos,
Informática e Software, Alimentos, Pesca e Piscicultura, Energia, Produtos e Serviços Ambientais, Polpas, Extratos e Concentrados de
Frutas, entre outras.

“Dentro do empreendedorismo, nós trabalhamos com um casamento da ação empreendedora com a inovação. Nosso
empreendedorismo não é apenas incentivar a abertura de negócios, mas são negócios inovadores, tanto para alavancar aquilo que não
existe como também para incentivar a criação de uma cultura de inovação nos empreendimentos que já existem”, declarou a
presidente da Fapeam, Maria Olívia Simão.

http://www.fucapi.br/tec/2014/03/26/empreendedorismo­na­amazonia­desafios­em­um­cenario­promissor/ 4/7
2017­5­21 Empreendedorismo na Amazônia: desafios em um cenário promissor | T&C

Diretora­presidenta da Fapeam Maria Olívia Simão 
Foto: Agência Fapeam

Segundo Maria Olívia, a inovação é um investimento de alto custo e de risco, principalmente na micro e pequena empresa, onde é
preciso melhor atacar. Elas ficam muito limitadas, porque o capital que têm para investir nos negócios é muito reduzido. “Porém, se
não inova, pode ser engolida por outra que faz alguma coisa similar com um pequeno incremento e aí consegue competitividade e tira
ela do mercado. É um espaço onde a inovação é fundamental”, explicou a diretora­presidente da Fapeam.

Inovação com um toque regional
A empresa amazonense Oiram Indústria de Produtos Alimentícios Ltda. foi uma das aprovadas para receber recursos por meio do Edital
017/2008 do Pappe Subvenção/Finep Amazonas.

Com o valor aprovado da ordem de R$ 200 mil, a empresa, que já atua no mercado na produção e comercialização de produtos de
chocolate com recheio de geleia de frutas regionais do Amazonas, conseguiu inovar com o desenvolvimento de pesquisas para geração
de vinho de cupuaçu e criar protótipos do mesmo.

“Muitas microempresas, como a nossa, têm projetos que acabam por morrer no papel sem nunca serem executados por falta de
recursos para pesquisas. Em um Estado com o potencial de biodiversidade como o Amazonas, são inúmeras as oportunidades”, afirmou
o empresário e proprietário Mário Oiram Fogaça.

Ele informou que o vinho de cupuaçu é um exemplo de produto desejado pela empresa, com pesquisas superficiais de viabilidade, que
só conseguiu ultrapassar a barreira do sonho para a realidade graças ao apoio do Pappe Subvenção.

De acordo com o microempresário, já foi produzido um lote piloto de 6 mil garrafas do vinho de cupuaçu, que ainda não foi
comercializado por falta de registro do produto no Ministério da Agricultura.

“Foram cumpridas todas as formalidades para a obtenção do registro. Estamos aguardando o deferimento que já deveria ter acontecido
no mês de fevereiro deste ano. A  Oiram está pesquisando também a possibilidade de produção do borbulhante de cupuaçu, que será o
‘champanhe amazônico’. “As pesquisas estão adiantadas, mas ainda há dependência de recursos para a aquisição de equipamentos e
desenvolvimento de pesquisas avançadas sobre este novo produto”, adiantou.

Para ele, o investimento em produtos diferenciados, especialmente com a matéria­prima regional, é a saída para o desenvolvimento
futuro da Região Amazônica. “Penso que o desenvolvimento da nossa região está mais atrelado aos produtos regionais que aos de alta
tecnologia”, afirmou.

Fogaça informou ainda que estas indústrias que hoje ‘puxam’ a economia do Estado podem desaparecer da noite para o dia. Basta uma
melhor oportunidade em outra região e uma decisão de seus diretores. Já assistimos isso várias vezes. “Se isso vier a ocorrer em
massa, o que não é impossível, só nos restará a biodiversidade, nossas riquezas naturais. Já  estamos vendo isso em outros Estados”,
ponderou.

http://www.fucapi.br/tec/2014/03/26/empreendedorismo­na­amazonia­desafios­em­um­cenario­promissor/ 5/7
2017­5­21 Empreendedorismo na Amazônia: desafios em um cenário promissor | T&C

Proprietário da empresa Oiram, Mário Fogaça, inovou ao desenvolver o vinho de cupuaçu 
Foto: Divulgação

Por exemplo, Minas Gerais está perdendo a guerra fiscal para outros Estados, mas está se despontando no cenário nacional e
internacional com seus produtos regionais: cachaça, pão de queijo, doce de leite, geleias, etc.

Com a redução do Polo Industrial de Manaus, será a oportunidade de o Brasil e o mundo conhecerem nossos produtos, em especial os
da bioindústria, como os fármacos, alimentos, derivados de frutas amazônicas, bebidas, etc. “O governo está no caminho certo ao
estimular o desenvolvimento de produtos regionais. Estes, certamente, irão proporcionar emprego e renda na cidade e no interior num
futuro mais próximo que muitos imaginam”, declarou.

Mais investimentos
De acordo com a diretora­presidente da Fapeam, uma parceria com o Governo Federal vai possibilitar um investimento robusto para as
micro e pequenas empresas do Amazonas ao longo de 2013 e 2014. “O Estado do Amazonas concorreu a um edital para apoio à
subvenção econômica de pequenas empresas, no qual serão disponibilizados R$ 9 milhões do Governo Federal e estamos colocando 4,5
milhões do Governo do Estado. Já iniciamos o processo de assinatura dos termos jurídicos para essa parceria e, a partir disso, a gente
tem a expectativa de lançar a primeira fase do edital neste segundo semestre de 2013”.

Saiba mais

Incubadoras no Amazonas
As incubadoras surgiram com o objetivo de criar um ambiente favorável ao empreendedorismo e a atividade empresarial mais
qualificada, facilitando o desenvolvimento e o lançamento de produtos de maior intensidade tecnológica no
mercado.Atualmente, existem sete incubadoras na capital e uma no interior do Amazonas, são elas: Incubadora de Negócio do
Centro de Biotecnologia da Amazônia (Incba); Centro Integrado de Desenvolvimento Empresarial Ltda. (Cide); Instituto Federal
do Amazonas (Ifam); Incubadora de Negócios Martha Falcão(INFMF); Centro de Desenvolvimento Empresarial e Tecnológico (D­
Tech/Ufam); Fucapi Incubadora de Tecnologia (FIT); Incubadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e
Incubadora Tecnológica de Autazes, que atua no segmento de agronegócios (laticínios).

Apoio para os ‘habitats de inovação’
Lançado em 2012, o Programa Pró­Incubadoras da Fapeam está na fase de repasse de recursos. Ele tem o objetivo de financiar
propostas visando fomentar a manutenção de incubadoras já existentes, bem como promover a implementação de novas incubadoras,
por meio da melhoria de seus processos internos e dos métodos de gestão e do intercâmbio de princípios e conhecimentos.

Por meio deste programa, serão concedidos: auxílio­financeiro (custeio e capital) de até R$ 500 mil, além de uma bolsa por projeto, no
total de R$ 1,7 milhão destinados às incubadoras regionais.

“A Fapeam está incentivando as incubadoras porque vê as incubadoras como habitats de inovação. É um espaço que vai ajudar, vai dar
suporte ao empreendedor para que ele possa se desenvolver com a inovação”, destacou a diretora­presidente da Fapeam.

Entretanto, Maria Olívia Simão disse que isso não é fácil, é complexo, pois lá dentro da incubadora há um monte de assessorias no
processo de incubação. “É um ambiente mais protegido e, ao mesmo tempo, orientativo para que o empreendedor consiga essa meta:
desenvolver com inovação”, explicou a presidente da Fundação.

Fucapi amplia incubadora
Em dezembro de 2012, a Fucapi inaugurou o novo prédio da Fucapi Incubadora de Tecnologia (FIT), investindo R$ 2,5 milhões para as
obras de infraestrutura e ampliando o apoio, que antes era apenas para as empresas de Design. O novo espaço tem capacidade para
reunir mais de 30 empresas das áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação, Biotecnologia, Design e Engenharia. Além dos
investimentos próprios, o projeto também contou com R$ 300 mil para a aquisição de equipamentos e o pagamento de um bolsista,
obtidos por meio de edital do CNPq, lançado em 2011.

http://www.fucapi.br/tec/2014/03/26/empreendedorismo­na­amazonia­desafios­em­um­cenario­promissor/ 6/7
2017­5­21 Empreendedorismo na Amazônia: desafios em um cenário promissor | T&C
“Essa estrutura vai possibilitar a ampliação do trabalho de suporte a empresas inovadoras que tenham potencial de crescimento e que
possam gerar riqueza para a região amazônica. O apoio ao empreendedorismo faz parte do compromisso da Fucapi com o
desenvolvimento regional”, salientou a diretora­presidente da Fundação, Isa Assef.

Diretora­presidente da FUCAPI, Isa Assef: apoio ao empreendedorismo faz parte do
compromisso da Fundação com o desenvolvimento regional
Foto: Acervo FUCAPI

Perspectiva de criação de um Parque Tecnológico no Amazonas
A viabilidade de implantação de um Parque de Ciência e Tecnologia no Estado do Amazonas vem sendo estudada pela Secti­AM. De
acordo com o titular da pasta, Odenildo Sena, alguns estudos já foram realizados de maneira a orientar as ações.

“Em 2012, uma equipe da Secti­AM visitou o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém do Pará, e trouxe na bagagem
informações que serão úteis na implantação de um projeto de um PCT”, informou.

Sena destacou que entre as informações está a necessidade de que o PCT seja instalado próximo a um Instituto de Ciência e Tecnologia
(ICT) visando facilitar o contato com as empresas do parque; que a ideia tenha ampla adesão dos setores empresarial, acadêmico e de
governo, para não ocorrer descontinuidade das ações e que essas não fiquem tendenciosas para interesses unilaterais; que o parque
atue em diversos focos, priorizando alguns setores, mas sem excluir totalmente outros, o que pode dificultar a atração de empresas e
ICTs.

Ainda de acordo com o secretário, também no ano passado, foi solicitada ao Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) a elaboração de um estudo sobre a viabilidade da implantação de um PCT no
Estado do Amazonas.

Este projeto integra um importante documento, fruto da mobilização que o Amazonas, em conjunto com os demais Estados da Região,
tem feito para a criação e implementação de um amplo estudo que possa viabilizar e definir um plano estratégico de desenvolvimento
técnico­científico para Amazônia para os próximos 30 anos. “Esse documento deverá preencher uma importante lacuna para a região
que é a falta de ações concretas e planejadas da Amazônia e para a Amazônia”, apontou Sena.

No related posts.

A Revista T&C Amazônia é uma publicação da Fundação Centro de Análise Pesquisa e Inovação Tecnológica

2014 © Todos os direitos reservados.

http://www.fucapi.br/tec/2014/03/26/empreendedorismo­na­amazonia­desafios­em­um­cenario­promissor/ 7/7

Você também pode gostar