Você está na página 1de 6

Como cancelar um contrato feito por

telefone
Já lhe aconteceu querer cancelar um contrato feito por telefone de forma a impedir que
este renove automaticamente? E, não conseguindo, vir-se obrigado a manter a
fidelização durante mais um ano? Se sim, este artigo é para si. Se nunca se viu nesta
situação, este artigo poderá ajudá-lo a prevenir dores de cabeça futuras.

Vendas por telefone


O marketing por telefone é uma prática muito comum nas empresas portuguesas. Já
acontece há uma série de anos e esta parece ser uma tendência a manter. A verdade é
que, por mais intrusiva que esta estratégia possa ser, muitas vezes é por telefone que se
consegue as melhores ofertas. Daí que muitas pessoas acabem por contrair contratos por
telefone, quer seja de telecomunicações ou seguros de saúde, por exemplo. O nosso
conselho é só um: leia sempre muito bem os contratos, mesmo as letras mais miúdinhas.

Porque é tão importante ler os contratos


Quando faz um contrato por telefone, fornece os seus dados pessoais, entre eles a
morada. É depois nessa morada que irá receber a documentação relativa ao serviço que
adquiriu. Esta documentação virá, em princípio o contrato do serviço, no qual consta o
prazo de fidelização e como proceder caso pretenda terminar o contrato.
Ou seja, imagine que está a iniciar um contrato com um seguro de saúde com
fidelização de um ano. Isto significa que quer utilize o seguro ou não, durante um ano
terá que pagar a respectiva mensalidade. Além disso, muitos contratos renovam
automaticamente e é aqui que tem que estar especialmente atento.
Se este contrato de um ano renova automaticamente, o cliente terá que manter o serviço
durante mais 12 meses. A não ser que informe a empresa da sua intenção de terminar o
contrato, dentro do prazo legal. A confusão surge neste ponto, precisamente por pela
falta de leitura do contrato.
Ou seja, existe um prazo que tem que ser cumprido, caso queira denunciar o contrato,
tal e qual como acontece num contrato de trabalho. Portanto, para evitar a renovação,
deverá contactar a empresa com pelo menos 30 dias de antecedência.
Direito de livre resolução
Da mesma forma que pode trocar uma peça de roupa porque simplesmente não gostou
de se ver com ela, também pode cancelar um contrato feito por telefone sem ter que se
justificar. Chama-se Direito de Livre Resolução e, segundo Regime Jurídico aplicável
aos Contratos à Distância, tem 14 dias para o fazer.
Portanto já sabe, se se arrependeu de ter solicitado o serviço, ou se simplesmente não
gostou do mesmo, saiba que o pode cancelar, desde que respeite os prazos para o efeito.

Assinatura do contrato
Subscrever um serviço através do telefone é possível, como sabemos. Porém, para
efeitos legais, o contrato tem que ser assinado pelo consumidor / cliente e devolvido à
empresa fornecedora do serviço. Segundo a alínea 7, do artigo 5º do Decreto Lei n.º
24/2014, de 14 de Fevereiro, “quando o contrato for celebrado por telefone, o
consumidor só fica vinculado depois de assinar a oferta ou enviar o seu consentimento
escrito ao fornecedor de bens ou prestador de serviços”.
Assim, concordar com um serviço ao telefone não é suficiente. É sempre necessário
assinar a documentação.
Esta documentação atesta que realmente quer determinado serviço. Sem este passo, o
contrato simplesmente não é válido e pode ser denunciado em qualquer momento.
A falta de assinatura nos contratos feitos por telefone é a grande chave para evitar
problemas de cancelamento, até porque em grande parte dos casos, os clientes
simplesmente não devolvem a documentação assinada. Se for o seu caso, e se precisar
de denunciar determinado contrato, saiba que tem a lei do seu lado.

Recomendamos sempre que leia todos os contratos.


Deve ler principalmente a alínea que falar sobre o término do contrato, para saber como
proceder caso queira cancelar o mesmo e que cargos poderá ter de suportar. Aponte
também a data final dos mesmos, para poder com antecedência pensar se quer renovar o
serviço ou mudar para outro mais barato. Irá assim gerir melhor as suas obrigações
legais e o seu orçamento familiar, sem esperar por pagamentos de surpresa.

https://www.doutorfinancas.pt/financas-pessoais/orcamento-familiar/como-cancelar-
um-contrato-feito-por-telefone/
Como fazer uma reclamação formal?
Reclamar é um direito. Sempre que os consumidores se vêem prejudicados ou
injustiçados perante um fornecedor de bens ou serviços podem fazer uma reclamação
formal, com o intuito de comunicar a situação às entidades competentes.
A melhor forma de apresentar uma reclamação oficial é através do livro de reclamações.
Este instrumento de registo é obrigatório em todos os estabelecimentos em que se presta
um atendimento público (de bens ou serviços), incluindo organismos da administração
pública.
A partir de 1 de julho de 2019, pode também reclamar na versão eletrónica do livro de
reclamações, de todos os estabelecimentos com atividade económica fiscalizada pela
ASAE (restaurantes, cafés, bares, postos de abastecimento, cabeleireiros, reparações de
automóveis, entre outros).
Esta plataforma digital já existe desde 2017 para serviços públicos essenciais
(eletricidade, gás natural, água e resíduos, comunicações eletrónicas e serviços postais).
Mas a transição para outros setores de atividade tem sido progressiva.
Pode também utilizar o livro de reclamações em período de férias em território nacional.

Alguns aspetos que deve saber sobre o livro de reclamações:


- O responsável pelo estabelecimento não pode recusar a apresentação do livro, caso o
cliente o peça. Se isso acontecer, o cliente pode chamar a autoridade policial, para que o
livro lhe seja entregue ou, caso o responsável persista na recusa, a ocorrência seja
registada e remetida à entidade competente que fiscaliza o setor em causa;
- O cliente não necessita de apresentar qualquer documento de identificação ao
responsável do estabelecimento, para que possa preencher a reclamação.

Dicas para escrever a queixa


- Antes de preencher o formulário, deve ler com atenção a folha de instruções do livro
de reclamações;
- Se preencher o formulário físico, deve usar caneta esferográfica e escrever com letra
maiúscula;
- Embora não seja obrigatório, deve escrever o seu número de identificação (cartão de
cidadão, bilhete de identidade ou passaporte), para que possa acompanhar e consultar a
sua reclamação no site da Rede Telemática de Informação Comum (RTIC);
- Seja o mais claro, objetivo e conciso na descrição dos factos;
Não deve exceder a caixa de texto destinada à descrição da reclamação;
- Na descrição deve indicar o dia e a hora do sucedido, mas é acessório identificar o
estabelecimento, uma vez que já o faz no formulário destinado à recolha dessa
informação.

O que esperar como consequência de uma reclamação formal?


Tudo depende da gravidade da situação relatada.
Depois de preenchida a folha de reclamação, o responsável pelo estabelecimento
entrega o duplicado ao cliente e remete, no prazo de 10 dias, o original à entidade
fiscalizadora da atividade. O triplicado fica no próprio livro (que dispõe de 25
formulários).
Se quiser garantir o seguimento da reclamação, o cliente pode ele mesmo enviar o
duplicado para o organismo competente.
A reclamação pode depois ser seguida no website da RTIC, caso tenha indicado o
número do documento de identificação no formulário. Aí o cliente consegue aceder à
informação atualizada sobre o estado da sua queixa.
Por norma, mesmo antes da apresentação de uma queixa, existe uma tentativa de
dissuasão para que o cliente não a faça. Entre as ações mais comuns dos responsáveis
pelos estabelecimentos estão a oferta total ou um grande desconto no valor do bem ou
serviço.
Mas, caso a reclamação se concretize, a atitude dos responsáveis pelos estabelecimentos
pode manter-se, numa tentativa de, ainda assim, compensar o cliente queixoso, ou, pelo
contrário, abandonar qualquer tentativa de pedido de desculpa.
A nível legal, a entidade fiscalizadora pode tomar várias ações sobre o estabelecimento
em causa, resultantes da reclamação, entre elas a inspeção, multa ou, em casos
extremos, encerramento do espaço.
Uma reclamação no livro de reclamações constitui uma “forma de participação dos
cidadãos na defesa dos direitos de cidadania e implica uma atitude responsável”, reforça
a RTIC, no site oficial.
Garanta, por isso, que fundamenta a sua reclamação, de forma a evitar que o seu motivo
de insatisfação volte, no futuro, a ser motivo de reclamação de outro cliente no mesmo
estabelecimento.
O principal conselho do Doutor Finanças para situações em que há necessidade de
apresentar uma reclamação formal é manter a calma, utilizar os meios legais para
demonstrar a sua insatisfação e acompanhar a situação até ao seu desfecho, junto das
autoridades competentes.

Livro de elogios
Como nem todas as experiências são negativas - felizmente! - existe também um livro
de elogios, com o objetivo de registar situações felizes. Apesar de ser uma iniciativa
privada, de Cristina Leal, existem muitas empresas que já aderiram e disponibilizam
este instrumento de registo de boas experiências junto de fornecedores de bens e
serviços.
Pode também deixar o seu elogio ou sugestão no site do livro de reclamações.
Sempre que houver razões de satisfação, deixe também esse apontamento formalizado e
contribua para a valorização dos profissionais que o atenderam.

https://www.doutorfinancas.pt/utilidades/como-fazer-uma-reclamacao-formal/

Você também pode gostar