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Recebido em: 11/04/2016

Parecer emitido em: 25/04/2016 Artigo original

BENEFÍCIOS DO JIU JITSU PARA CRIANÇAS


ARCHETE, W.L.; VEIGA, G.A.L. da; PEREIRA, D.A. de A.; PINTO, S.G.; Benefícios do jiu jitsu para crianças. Coleção Pesquisa em Educação Física,

Wesley Lobo Archete1


Glaura Aparecida Lopes da Veiga1
Deyliane Aparecida de Almeida Pereira2
Samuel Gonçalves Pinto1
Faculdades Sudamérica
1

2
Universidade Federal de Viçosa

RESUMO

Atualmente tem-se discutido os benefícios que as artes marciais podem oferecer às crianças, tais
como autoconfiança, a disciplina, o respeito às regras e a integração social. O objetivo deste trabalho foi
investigar quais benefícios o Jiu-Jitsu pode trazer para as crianças praticantes, na ótica dos alunos e de seus
pais. Metodologicamente é um estudo de intervenção, sendo os dados foram coletados por meio de um
questionário aplicado a 18 alunos e seus respectivos pais em duas instituições da Zona da Mata Mineira
que oferecem esta arte marcial. Os resultados indicam motivação dos alunos e percepção positiva dos pais
quanto aos benefícios promovidos por esta arte marcial a seus filhos. Dentre os benefícios percebidos pelos
pais destaca-se o comprometimento, melhora no relacionamento entre pais e filhos e na participação das
atividades escolares. Dessa forma, é possível atrelar a prática do Jiu-Jitsu aos processos de educação do
aluno, auxiliando-os em seu processo de formação física e escolar, garantindo através dos ensinamentos
aplicados um desenvolvimento holístico.
Palavras-chave: Criança. Benefícios. Jiu-Jítsu.

BENEFITS OF JIU JITSU FOR CHILDREN

ABSTRACT
Várzea Paulista, v. 15, n. 02, p. 63-70, 2016. ISSN; 1981-4313.

Nowadays it has been discussed the benefits that martial arts can offer to children, such as self-
confidence, discipline, respect for rules and social integration. This study aimed to investigate what benefits
Jiu-Jitsu can bring to children, in the view of students and their parents. Methodologically, it is an intervention
study, and the data were collected through a questionnaire administered to 18 students and their parents in
two institutions of Zona da Mata Mineira that offer this martial art. The results indicate students’ motivation
and positive perception of parents about the benefits provided by this martial art to their children. Among
the benefits noticed by parents it is highlighted the commitment, improvement in the relationship between
parents and children and participation in school activities.
Keywords: Child. Benefits. Jiu-Jítsu.

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INTRODUÇÃO

Acredita-se que a arte marcial é importante no que se refere a educação pedagógica das crianças, uma
vez que, estão inseridas culturalmente em nossa sociedade, e, por meio dela, a criança relaciona, desenvolve
e vivencia diferentes capacidades motoras, cognitivas e afetivas. Consequentemente, as expressões corporais
viabilizam habilidades que são tão polêmicas no contexto atual como a agressividade, violência entre outros.
Para Rufino e Martins (2011), o Jiu-Jitsu é uma ferramenta de aprendizagem esportiva e educacional,
não somente uma arte marcial, mas uma filosofia de vida que permite ao aluno desenvolver a parte física,
além de trabalhar e melhorar o seu estado psicológico, em um ambiente propício à tomada de decisões, ao
trabalho em equipe além de estimular o companheirismo.
Entre as vantagens do Jiu-Jitsu, Vita (2011) cita a disciplina e o respeito às regras; autoconfiança e
autoestima; controle das emoções; desenvolvimento da coordenação motora; condicionamento dos reflexos;
alívio de tensões; controle da ansiedade e de si mesmo; integração social; auxílio no desenvolvimento da
inteligência, audácia, coragem, agilidade e resistência à dor.
Com a prática do Jiu-Jitsu, as crianças podem desenvolver o discernimento do certo e errado, do que
se e válido e o que pode ser feito para o bem do próximo, além de obterem contato e sociabilizarem com
outros alunos de sua mesma faixa etária e a partir do conteúdo bem oferecido e trabalhado pelo professor,
os alunos podem juntos propagarem suas experiências positivas vivenciadas nesta arte marcial.
Segundo Ajuriaguerra (1974), a evolução da criança é sinônimo de conscientização e conhecimento
cada vez mais profundo do seu corpo, pois é através dele que a criança elabora todas as suas experiências
vitais e organiza toda a sua personalidade. Sendo assim, através da prática do Jiu-Jitsu pode-se desenvolver
um excelente senso de consciência corporal, o que leva à autoconfiança e disciplina interior, bem como, uma
educação psicomotora bem trabalhada que proporcionará um diferencial no desenvolvimento desta criança,
pois visa a integração da tríplice aliança: motricidade, cognitivo e afetivo. A partir disso, seu desenvolvimento
o fará sujeito capaz de estabelecer transformações em si e no mundo que o cerca. Estabelecendo ainda,
condições de construir esquemas e imagens adequados, com vistas às relações humanas mais inovadoras
com seu eu e sua vida social.
A criança quando interage com o seu próprio corpo, com o meio, com as pessoas com quem convive
e com o mundo, onde estão inseridas suas relações emocionais e afetivas, constrói seu mundo baseado em
suas impressões corporais, no entanto, seu desenvolvimento é o resultado de suas experiências. Neste caso,
é importante que trabalhe atividades que criem possibilidades de autodomínio e autocontrole, observando
que, a criança é um conjunto articulado entre o corpo, mente e afeto. Baseando-se que, o movimento é uma
característica natural e constante em seu ser, através da prática do Jiu-Jitsu, as possibilidades de potencializar
o seu processo de autoconhecimento, tornando-os pessoas mais equilibradas, afetuosas e cognitivamente
com maior prontidão para o desenvolvimento integral destas crianças.
Destarte, esta arte marcial, o jiu-jitsu, pode ser concebido com uma forma de prática de atividade
física, objeto didático e educativo (ARRUDA; SOUZA, 2014). Logo, este estudo objetiva investigar quais os
benefícios o Jiu-Jitsu pode trazer para as crianças praticantes, na ótica dos alunos e de seus pais.

MATERIAIS E MÉTODOS

Metodologicamente é uma pesquisa quantitativa, do tipo descrita e exploratória, que foi desenvolvida
junto a alunos com idade entre 7 e12 anos de duas instituições, da Zona da Mata Mineira, que oferecem
aulas de jiu-jitsu para este público. A população é formada por 33 alunos e seus respectivos pais, sendo que
somente 18 (54,5%) alunos e seus respectivos pais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
e aceitaram participar. Desta forma, a amostra se caracteriza por não probabilística de conveniência.
Os dados foram coletados a partir de dois questionários, o primeiro destinado às crianças foi adaptado
de Gorgatti e Rose Júnior (2006), sendo o instrumento composto de dez questões fechadas, em escala do
tipo Likert, com pontos variando de (1) “não, nunca” (2) “poucas vezes”, (3) “muitas vezes”, (4) “sim, sempre”.
A abordagem da amostra foi in loco (local das aulas), após estarem previamente autorizados por seus pais.
O segundo questionário, também composto por dez questões fechadas, foi adaptado de Guaragna;
Pick e Valentini (2005) e aplicado aos pais das crianças. Estes responderam em suas residências, devolvendo-o
posteriormente ao pesquisador. O instrumento é composto por questões fechadas, em escala do de atitudes

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do tipo Likert de 5 pontos: (1) “concordo muito”, (2) “concordo”, (3) “indeciso”, (4) “discordo” e (5) “discordo
muito”. O respondente foi solicitado a indicar sua percepção quanto às afirmativas apresentadas, seguindo
uma escala que variou de “concordo muito” a “discordo muito”.
Os dados foram dispostos em planilha Excel® e analisados quantitativamente através de estatística
descritiva, extraindo-se as frequências, media e desvio padrão.

CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA

O jiu-jitsu é uma arte marcial japonesa que utiliza alavancas e pressões para derrubar, dominar
e submeter o oponente, tradicionalmente sem usar golpes traumáticos. De acordo com a Confederação
Brasileira de Jiu-Jitsu, esta modalidade se iniciou na Índia e praticado por monges budistas, que preocupados
com a sua autodefesa desenvolveram técnicas, sem uso da força e armas, dentro dos princípios do equilíbrio,
sistema de articulação do corpo e alavancas.
De acordo com Gehre et al., (2010, p.77) a palavra Jiu-Jitsu ou Jujutsu, é descrita por dois caracteres
chineses: “o ju significa ‘suavidade’ ou ‘via de ceder’ e o jutsu ‘arte, prática’ sendo traduzido como arte
suave. A “arte suave” chegou no Brasil, trazida por Mitsuyo Maeda, conhecido por Conde Koma, que
desembarcou no Brasil em 1915, quando conheceu o membro da família Gracie, Gastão Gracie, e passou
o seu conhecimento para seu filho mais velho, Carlos Gracie. A partir de então, inicia-se o legado do Jiu-
Jitsu no Brasil.
Devido aos seus inúmeros benefícios, a sua prática pode vir a somar de várias formas para o processo
de formação do aluno. Segundo Gehre et al., (2010) algumas capacidades adquiridas são essenciais para que
a criança consiga se sair bem nos treinos, tais como força para realizar a passagem de guarda, velocidade
exercida na execução de movimentos mais rápido que seus colegas de treino em situação de luta, resistência
para que possa se manter treinando por um tempo determinando o aumento de flexibilidade, agilidade e
coordenação motora que exerceram uma grande influência em todo instante no desempenho do praticante.
Para Alves e Lima (2008) alguns efeitos positivos da atividade física podem ser evidenciados nos
órgãos e sistemas: cardiovascular (aumentando o nível de oxigênio a ser consumido, manutenção de boa
frequência cardíaca e volume do nível de ejeção sanguínea), tratando-se de nível respiratório pode-se
obter um (aumento dos parâmetros ventilatórios funcionais), muscular (ganho de massa, força e resistência),
esquelético (maior ganho do conteúdo de cálcio e mineralização óssea), cartilaginoso (cartilagem mais espessa,
com maior proteção articular) e endócrino (aumento da sensibilidade insulínica, melhora do perfil lipídico).
Em busca de adquirir estes quesitos no campo físico das crianças, exercícios aplicados de maneira
lúdica, motivadora fazendo com que o aluno sinta-se contente e com prazer em estar realizando tal exercício.
A criança com estes princípios estará envolvida e comprometida com o propósito, com isto exercem funções
de locomoção, saltos, rolamentos, equilíbrios de maneira prazerosa e espontânea.
Relatada por Gehre et al., (2010) a parte técnica do treinamento de Jiu-Jitsu envolve habilidades
propriamente específicas da luta, aplicação golpes, a forma de defesa que é chamada de guarda que o
oponente faz no sentido de defesa para que o adversário não ultrapasse a linha de sua cintura quando
estiver no solo e o ataque que é chamado de passagem de guarda, quando o aluno que está em cima busca
transpassar a linha da cintura do aluno que está no solo fazendo a guarda.
Através deste meio, o aluno pode vir a adquirir um grande aumento em suas capacidades psicológicas
também, pois a busca em tentar se defender, de passar a guarda ou de aplicar um golpe ele inicia um
processo mental como se estivesse em um jogo, mas o instrumento e o seu próprio corpo, onde ele começa
a buscar meios para fintar, ludibriar, enganar, aproximar, afastar, defender, atacar, inverter a posição em
algum momento de dificuldade, utilizar a força de seu oponente contra ele próprio, mesmo que esteja em um
momento de descontração durante as aulas eles já iniciam um processo de formação intelectual, adquirindo
formas e métodos variados para sobressair diante às situações encontradas.
Além destes benefícios acima descritos, a socialização através desta pratica é um fator que se deve
levar em conta, uma vez que, a tempos atrás a pratica era somente exercida por pessoas de uma estrutura
financeira maior. Crianças menos favorecidas financeiramente não conheciam esta prática, e, com o passar
dos anos, ela foi difundida e hoje muitas crianças podem desfrutar do Jiu-Jitsu e de seus benefícios. Durante
as aulas as crianças formam laços de amizade, interagem durante as atividades propostas pelo professor, se
ajudam mutuamente construindo um relacionamento pautado no respeito e afeto. Ficando em evidência a
importância da prática no desenvolvimento da criança.

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Os alunos colaboram uns com os outros, buscam ter ideais coerentes que são transmitidos a todos,
adquirindo os valores de ética, conduta, respeito, valorização do próximo, humildade, companheirismo,
educação, honestidade, lealdade com os colegas de treino e com as demais crianças, força de vontade,
união, menor timidez, autoestima elevada, hombridade, cooperação, desenvolve o raciocínio nas tomadas
de decisões diante às situações encontradas, entre outros benefícios.
Para que a criança consiga adquirir estes benefícios, é necessário que o professor atue de forma
decisiva nas aulas, sempre buscando orientar e corrigir qualquer situação adversa encontrada, conversando
com os alunos, tentando mostrar para os mesmos de forma que ele entenda e com isto comece a observar
o que é bom ou ruim, o que pode e não pode ser feito. Portanto, o papel do profissional é essencial na
formação do caráter da criança, consequentemente, a relação entre o mestre e o aluno, deve atentar-se para
a valorização deste vínculo social, cognitivo e afetivo. Sendo que, além da base familiar a criança assimila
muitas informações do meio onde vive.
O professor deve mostrar para o aluno o que é correto e o que não é, utilizando as ferramentas
da prática do Jiu-Jitsu, visando valorizar o próximo, não excluir os menos habilidosos, buscar colaborar e
contribuir com todos os alunos entre vários aspectos positivos que podem ser desenvolvidos em uma aula.
Para Arruda e Souza (2014) as aulas de Jiu-Jitsu são mais que um espaço para lutar, confrontar, de
oposição inconsequente, de rivalidades entre as crianças de forma desnecessária, estes fatores serviram para
estimular a violência, ao contrário deste pensamento deve ser um ambiente de espaço lúdico, de trocas de
experiências entre as crianças, onde a presença do grupo deve alimentar as perspectivas saudáveis de ser
e estar no convívio coletivo, buscando sempre a superação e a virtude do guerreiro ilustrada como uma
arte, propagada pela filosofia oriental.
Uma forma de obter a atenção e motivação do aluno segundo Arruda e Souza (2014) é através do
treino, onde são aplicados movimentos pré-desportivos e jogos, sem que haja o rigor exigido na prática
efetiva do esporte. Mas alguns elementos introduzidos nos jogos como um arremesso, que mais tarde vai
tornar-se uma técnica de uma determinada situação de treino, como também a cambalhota que mais tarde
se torna uma posição do Jiu-Jitsu. Com a inserção de metodologias como a descrita acima pode-se construir
uma ferramenta capaz de trazer os alunos para uma absorção maior dos conteúdos.
O aluno se vê num mundo imaginário e vê no seu professor um “super-herói”, pois o Jiu-Jitsu
proporciona isto, a quebra de estereótipos e desinibição dos acanhados. O fato de o aluno estar lutando
com outro no tatame para alguns que não conhecem a arte, podem criar algum tipo de barreira, mas cabe
ao professor instaurar formas e meios para que este aluno participe de uma aula e através de sua participação
entenda o propósito da modalidade, quando se der conta já estará inserido no meio.
Segundo Chicati (2000) o problema da motivação não está centrado no aluno, pois o professor
também pode apresentar comportamento de desmotivação, caso aconteça pode ser prejudicial ao aluno,
pois o professor é o responsável pela aprendizagem, ele deve estar a procura de conteúdos que motivem,
para que a falta de motivação não se propague entre as crianças, a relação segundo o desenvolvimento
metodológico entre o educador e seus educandos deve-se estar em constante processo de reformulação.
De acordo com Ferreira (2006) atualmente constata-se que o tema está na moda, como podemos ver
em desenhos animados, nos filmes ou em academias, diariamente podemos observar crianças brincando de
luta nos intervalos das aulas na escola ou colecionando figurinhas dos heróis que lutam em seus desenhos
animados, compram.
Com isto, o Jiu-Jitsu deve ser usado como uma ferramenta pedagógica, agindo paralelamente com
as atividades escolares, onde atualmente, devido ao grande poder de transformação, ele pode ser utilizado
como forma de contribuir no processo de educação.
Com isso, Arruda e Souza (2014) expressam seus pensamentos relatando que infelizmente as pessoas
ainda possuem o hábito de concluir um raciocínio sem mesmo conhecer o conteúdo, a teoria e prática que
sustenta a modalidade, acreditam que se que após uma experiência vivida neste campo conduzidas por
profissionais competentes faria com que as pessoas tivessem outra visão do Jiu-Jitsu, vindo a se surpreenderem
com os efeitos positivos que a prática desta arte pode causar.
Este esporte possui capacidade de transformar vidas, por este motivo, entre outros vários, está
sendo cada vez mais procurado e inserido como atividades na formação de crianças para que se construa
uma base sólida e estruturada na formação da criança como futuro homem cidadão formador de opiniões.

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RESULTADOS

Este estudo objetiva investigar quais os benefícios o Jiu-Jitsu pode trazer para as crianças praticantes,
na ótica dos alunos e de seus pais. A maria das crianças é do sexo masculino (94%) com faixa etária de 7 a
12 anos. Na Tabela 1 são apresentadas as médias obtidas dos benefícios autopercebidos pelos alunos com
a prática do Jiu-Jitsu.
Considerando que o maior peso das questões é 4, a questão que apresentou maior média (3,94)
foi a que perguntou sobre o incentivo dos pais para a prática do Jiu-Jitsu. Nas questões H, I e J, pela escala
utilizada, quanto mais próximo de 1, mais favorável é a percepção de benefícios pelas crianças. Assim, as
médias 1,18; 1,29 e 1,12 para as questões sobre o comportamento do professor e dos colegas quando da
não realização das atividades e sobre a desistência quando da não realização da atividade indicam uma
percepção favorável por parte das crianças.
Tabela 1. Média e desvio padrão dos Benefícios auto percebidos do Jiu-Jitsu pelas crianças.

Questões Média DP*

a) Você gosta de participar das aulas de jiu-jitsu 3,88 0,33

b) Você participa de todas as atividades dadas pelo professor de jiu-jitsu 3,76 0,44

c) Você se sente feliz depois de uma aula de jiu-jitsu 3,71 0,59

d) Você tem incentivo dos seus pais para participar das aulas de jiu-jitsu 3,94 0,24

e) O professor de jiu-jitsu te incentiva a participar de todas as atividades


3,88 0,49
propostas

f) Você percebe que seus colegas te tratam normalmente nas aulas de jiu-jitsu 3,76 0,44

g) A sua academia possui as adaptações necessárias para que você possa realizar
3,53 0,87
as atividades que desejar

h) O seu professor fica nervoso quando você não consegue fazer alguma
1,18 0,53
atividade que ele pediu

i) Seus colegas ficam nervosos quando você erra alguma coisa na hora das
1,29 0,47
atividades propostas nas aulas de jiu-jitsu

J) Quando você não consegue realizar uma atividade proposta nas aulas de
1,12 0,33
jiu-jitsu você desiste logo
*DP = desvio padrão.

Questionados sobre a participação nas aulas (questão A), todas as crianças afirmaram que gostam
de praticar o Jiu-Jitsu oscilando de muitas vezes (11,1%) a sempre (88,9%), bem como a satisfação (felicidade)
após aulas (94,5%) (Questão C). No que concerne ao incentivo dos pais (questão D), para a prática do
esporte, todas as crianças declararam positivamente, já do professor (questão E) apenas 94% percebem esse
incentivo e outros 6% percebem que poucas vezes ocorre. Cabe destacar que todos se sentem incluídos
e possuem um clima harmônico nas aulas (questão F), além disso, que alguns alunos declaram que as
adaptações da academia (questão G), para a prática do esporte, não são adequadas (6%) ou poucas vezes
(6%) são adequadas. Quanto ao relacionamento com o professor, 12% da amostra declaram que o professor
fica nervoso (questão H) quando não consegue fazer a atividade, em contraponto, 72% consideram que os
colegas não ficam nervosos ou insatisfeitos quando erram alguma coisa (questão I)

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Diante dos resultados, observa-se que é indispensável que o aluno descubra motivos e sentidos
nas praticas corporais, especificamente o jiu-jitsu, objetivando favorecer o desenvolvimento de atitudes,
levar a aprendizagem de comportamentos adequados a pratica, levar ao conhecimento, dirigir sua vontade
e sua emoção para a pratica e apreciação do corpo em movimento. Corroborando com Rufino e Martins
(2011), esta modalidade pode ser uma ferramenta esportiva e educacional, bem como um instrumento para
formação de sujeitos críticos e reflexivos sobre esta prática corporal. Por conseguinte, pode se tornar uma
prática corporal de lazer e recreação devido a satisfação e divertimento com a sua prática.
A Tabela 2 indica as médias obtidas, por meio das respostas, dos pais quanto aos benefícios
autopercebidos da prática do jiu-jitsu pelos seus filhos. Nas questões abordadas, pela escala utilizada, quanto
mais próximo de 1, mais favorável é a percepção de benefícios os pais, assim, as médias para as questões
indicam uma percepção favorável por parte dos pais. A questão que apresentou menor média (1,56), e,
portanto, maior percepção foi a que perguntou sobre se a criança busca um relacionamento sadio com
o mesmo gênero, além daquela que buscou saber se os filhos melhoraram a convivência e fizeram novas
amizades com a prática do Jiu-Jitsu.
Tabela 2. Média e desvio padrão dos Benefícios auto percebidos do Jiu-Jitsu pelos pais.

Questões Média DP*

Busca relacionamento sadio com o mesmo gênero 1,56 0,62

Busca relacionamento sadio com o gênero oposto 1,67 0,59

Perda de timidez 1,94 0,73

Maior participação nas atividades escolares 1,78 0,65

Maior convivência e novas amizades 1,56 0,70

Brincar mais em casa ou escola 1,89 0,76

Iniciativa de escolher, participar de atividades e organizar seus materiais. 1,89 0,58

Obedecer 1,94 0,94

Assumir compromissos (dar recado, comparecer na escola e nas aulas) 1,61 0,61

Melhor relacionamento com os pais. 1,72 1,02

Média geral 1,76 0,73


*DP = desvio padrão.

Ainda com relação à Tabela 2, a média geral dos benefícios do Jiu-Jitsu para as crianças na percepção
dos pais é de 1,76 com desvio padrão de 0,73, isso significa que a percepção dos pais está entre 1,03 e 2,49
indicando que 68% dos respondentes estão neste intervalo. O desvio padrão pequeno (0,73) em relação à
média (1,76) ainda indica uma amostra homogênea e positiva quanto aos benefícios do esporte.
Quando os pais foram questionados se as crianças buscam um relacionamento sadio com alunos
do mesmo sexo (questão A), 84% dos pais afirmam que sim. Do mesmo modo há a percepção entre os pais
(85%) de um relacionamento sadio em seus filhos com alunos do gênero oposto (questão B). No que diz
respeito à timidez (questão C), a maioria (89%) afirmam que a prática esportiva contribui para a perda da
timidez, em contraponto, apenas 6% discordam e outros 6% se mostraram indecisos. Oitenta e nove por
cento dos pais percebem que seus filhos apresentam maior participação nas atividades escolares (questão D)
depois que começaram a modalidade, do mesmo modo, 89% dos pais indicaram que depois que passaram
a praticar Jiu-Jitsu seus filhos apresentaram maior convivência e novas amizades (questão E). Perguntados

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se os filhos estão brincando mais em casa ou na escola (questão F), 78% apresentam uma percepção
favorável. Oitenta e nove por cento dos pais percebem que seus filhos apresentam a iniciativa de escolher,
participar de atividades e organizar seus materiais (questão G). O mesmo percentual foi encontrado quando
perguntado sobre a obediência dos filhos (questão H). Noventa e quatro por cento dos pais percebem o
comprometimento de seus filhos em dar recados, comparecer da escola e nas aulas de Jiu-Jitsu (questão I).
Por fim, a última questão abordou o relacionamento das crianças com os pais (questão J), sendo que 89%
indicou uma percepção positiva.
Em suma, verifica-se que os pais consideram o jiu-jitsu como uma estratégia de disciplina,
desenvolvimento corporal, cognitivo e social, contudo Rufino e Martins (2011) destaca que não é adequado
reduzir a prática desta arte corporal a estes benefícios, pois trata-se de uma arte milenar, proveniente do
oriente, que possui uma filosofia e história. Logo, é necessário que os pais sejam instrumentalizados para
que tenham opinião crítica e reflexiva sobre o jiu-jitsu em diversos âmbitos, seja escolar, saúde física, social,
cultural, filosófico, por exemplo.

CONCLUSÃO

É possível concluir após este estudo que, a prática do Jiu-Jitsu, traz para as crianças praticantes desta
arte marcial, benefícios cognitivos, afetivo e social. De tempos anteriores até atualmente as pessoas veem
tentando buscar uma forma para que seus filhos cresçam mais saudáveis, dispostos, livre do sedentarismo,
da violência, das drogas, más companhias ou influências que sejam caracterizadas negativas que permeiam
a nossa sociedade. Dentro deste contexto, as artes marciais podem vir a ser colocadas em xeque pelo duplo
sentido que se é atribuído ao seu valor, uma vez que, pode-se gerar o medo do processo de agressividade
na criança praticante, e, por outro lado, comprovadamente neste estudo, o desenvolvimento equilibrado
destas crianças.
Quando o Jiu-Jitsu é trabalhado de forma correta e eficaz, nota-se que os benefícios no processo
de formação da criança praticante favorecem seu estágio cognitivo, motor e psicológico. Considera-se
que, o desenvolvimento da criança é um fator importante em todos os aspectos, pois objetiva-se um
desenvolvimento integral, ou seja, socioafetivo adequado às condições necessárias a uma criança. A base
deste desenvolvimento dará a estas crianças praticantes um subsídio para uma vida adulta mais saudável.
Desta forma, é possível atrelar a prática do Jiu-Jitsu aos processos de educação do aluno, pois a
modalidade propicia uma quebra de barreiras quanto ao relacionamento dos mesmos com seus amigos de
treino e seu professor, chegando a um nível elevado no processo de mudança e satisfação de ambos os alunos
mediante a prática exercida pelas crianças, aprovando este processo de ensino como fator importante para
o aluno como um todo, auxiliando-o em seu processo de formação, garantindo através dos ensinamentos
aplicados um desenvolvimento continuo por parte dos alunos praticantes.
Este trabalho possui como limitação o tamanho da amostra que é pequena, além disso, outras
características sobre o perfil dos respondentes poderiam ter sido pesquisas, como por exemplo, a renda e
se outros membros família praticam a atividade.
Como pesquisa futura, sugere-se o refinamento do instrumento de pequisa e extensão do trabalho a
outros grupos, de diferentes academias, inclusive de outras cidades. Além disso, sugere-se o estabelecimento
de relações entre as variáveis pesquisadas.

REFERÊNCIAS

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Ponte Nova/MG
35430-098

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