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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA GERAL

Resenha crítica da obra: TOTEM E TABU – SIGMUND FREUD

ITALO MIRANDA SILVA

NATAL - RN, 2021


Por meio de rastros deixados pelos homens pré-históricos em nossa cultura, por artefatos
encontrados e registros antigos, escritos e desenhados, o autor traceja sua concepção do
homem e suas tribos, o que dá nome ao texto. Nesse livro, é possível ver a reflexão, desde a
ancestralidade da civilização e como isso foi fundamental para a sociedade como a vemos
hoje.

O totem e o tabu, são dois temas principais e demonstram a preocupação de Freud em


compreender a passagem do clã totêmico para a família. Uma característica particular das
tribos era exogamia, - que é a proibição da união conjugal entre membros do mesmo clã ou
grupo - e a por consequência a proibição do incesto, que sabemos que é a relação sexual entre
pessoas com vínculo sanguíneo, tema do capítulo I.
Ainda sobre o incesto, muitos qustionamentos são feitos pelo autor sobre a vida psíquica dos
neuróticos e primitivos sobre o desejo de infringir um tabu inicial para um outro tabu. É
curioso como, aos olhos do autor, o tabu é algo sagrado e paralelamente profano.

Em uma mudança de raciocínio, Freud fala no capítulo III, página 18: “ O comportamento do
homem primitivo, de reagir aos fenômenos que estimulam sua reflexão formando a ideia de
almas e transferindo-as para objetos do mundo exterior é julgado bastante natural(...)”. Essa
citação me chamou a atenção ao recordar que nesse primórdio, os homens se valiam de suas
esculturas e desenhos para ilustrar a divindade na qual acreditavam, de forma a render
agradecimentos e pedidos. Essa linha de pensamento introduz o conceito de animismo,
definido por ele como a existência de um mundo em unidade, a partir de um ponto, ponto
esse que poderia ser uma criatura superior.

Ao iniciar o capítulo IV, o autor faz a avaliação das características do sistema do totem em
povos primitivos da Austrália, América e África. O toteismo é descrito como sendo uma
forma de base para a organização social das culturas daquele tempo, marcada como vemos
pela proteção social, com respeito e com proteção entre os integrantes do clã por causa dos
costumes. Então, é possível entender que os tabus teriam a finalidade de proteger os totens
das violações sociais, e a punição para uma possível violação seria uma doença inexplicável
ou até mesmo a morte.

Diante dessa leitura do psicanalista Sigmund Freud, vemos um contraste entre mito, ciência e
religião. Um certo incômodo é gerado ao notarmos que as atitudes do homem primitivo eram
movidas pelos impulsos sexuais, que refletiam na estrutura e na organização da sociedade.
Totem e Tabu é uma leitura profunda, mas nos convida a um ponto de vista novo sobre a
origem da sociedade até sua chegada como a vemos hoje.

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