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RESUMO
1. INTRODUÇÃO
Desse modo, desde suas origens, na filosofia, com o próprio Frege (1892
[1978]), a pressuposição esteve invariavelm ente e abrangentem ente
relacionada aos denominados estudos do sentido. Entretanto, o fato mais
interessante, sem embargo os estudos filosóficos, é que a pressuposição
dentro das fronteiras da Linguística está, tam bém , invariavelm ente,
relacionada tanto à Semântica quanto à Pragmática, disciplinas opositivas
e n tre si. D entro dos lim ites da lin g u ística form alista, nos estudos
pressuposicionais, a proeminência de Ducrot (1977, 1981, 1987) conduz
a se pensar num diferencial nos estudos pressuposicionais, pois defende
para o seu estudo aliar Semântica e Pragmática, o que já se constitui em
um avanço significativo. (DUCROT, 2005) Contudo, na contram ão dos
estudos formalistas sobre pressuposição hão de estar os estudos de base
cognitivista. Uma vez que esse terceiro enfoque, a abordagem da Linguística
Cognitivista, apontará prioritariam ente para os processos pelo qual a
pressuposição se manifesta, com suas intenções e usos comunicativos; em
detrimento da abordagem ou centrada meramente nos dados linguísticos ou
ainda o linguístico meramente agregado aos usos e às intenções, premissas
ligadas ao enfoque formalista clássico e ao enfoque de determinado tipo de
funcionalismo (vide Salomão 1997). Dentro dessa perspectiva, reveste-se
de importância autores tais como Lakoff & Johnson (1980), Lakoff (1987),
Fauconnier (1994, 1997) e Marmaridou (2000).
2. ABORDAGEM FILOSÓFICA
(3) Aquele que descobriu a órbita elíptica dos planetas não m orreu
na m iséria; quanto:
(4) Aquele que não descobriu a órbita elíptica dos planetas m orreu
na miséria.
IlililCA, I NI INI I Al, Al* I tOIINII/AO: TRÊS MOMENTOS NO ESTUDO DA PRESSUPOSIÇÃO
KHren M u n i/ I rH ^ u rltl
Russel (1905 [1989]), então, retoma Frege (1892) para refutá-lo no que
concerne às condições de verdade e no que diz respeito ao sentido, com
vista à pressuposição e erige a sua famosa Teoria das Descrições Definidas.
Desse modo delineia a pressuposição em termos de denotação e subdivide
o que pode ser pressuposto em duas possibilidades: um pressuposto de
existência e um pressuposto de unicidade. Com a seguinte frase:
1 Exem plo q u e co n sta em Levinson (1983) e assim trad u zid o po r Luís Carlos B orges e A níbal
Mari.
2 0 0 P m - ic * - f r O M l T r t r - " «
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Karen Muniz Ferigurttl
que pressupõe que João tenha fdhos, seja m antida ou não a relação de
calvície. E ntretanto, se João não tiver filhos e mesmo assim eu afirmo
algo desses supostos filhos, instaura-se o mesmo tipo de relação quando
se diz batizo sem ter a condição legal para fazê-lo, ou quando prometo
sabendo que não vou cumprir, nesse caso o ato proferido não é nem
falso, nem verdadeiro, mas vazio, em pragm ática, infeliz. Desse modo,
Austin (1962 [1990]) dá sustentação à pressuposição com o postulado
das condições de felicidade. Se os pressupostos falham, o que significa
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Karen Muniz Feriguctti
N o tr a ta m e n to do fe n ô m e n o p re s s u p o s ic io n a l e m p re e n d id o p o r D u c ro t
(1977, 1981, 1987), p o d e -s e n o ta r q u e a lg u m a s re g u la rid a d e s, d e n tre elas:
(a) a p re s s u p o s iç ã o c ria u m u n iv e rs o in e s c a p á v e l d e d isc u rso e o q u a d ro
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Karen Muniz Fcriguelli
se e s ta b e le c e p e la c r e n ç a n a v e rd a d e d o q u e se e n c o n tr a p re ssu p o sto ,
in s ta u r a n d o a p o s s ib ilid a d e o u im p o s s ib ilid a d e d e c o n tin u id a d e de
d iá lo g o ; (b) a p re s s u p o s iç ã o é u m p ro c e d im e n to de im p lic ita ç ã o , que
p ro p ic ia e n c o b r ir o s ta b u s lin g u ís tic o s e a p o lê m ic a . C o n stitu i, a in d a ,
m é rito d e D u c ro t d e s e n v o lv e r a p r e s s u p o s iç ã o so b u m a p e rs p e c tiv a
p u ra m e n te lin g u ís tic a , im p rim in d o u m a m a rc a e s tru tu ra l a o s e stu d o s
s e m â n tic o s , sem d e s p re z a r se u v a lo r p ra g m á tic o .
3 A Teoria dos M odelos C ognitivos Idealizados assen ta-se, d en tre o u tras teorias, na Teoria dos
P ro tó tip o s de E le an o r Rosch, q u e p ostula que as tradicionais categorias aristo télicas não são
estanques, m as fluidas, e que d en tro delas existem exem plos rep re sen tativ o s, os d en o m in ad o s
p ro tó tip o s. A ssim , um ex em p lo clássico de MCI, que vem to m a n d o o u tro s c o n to rn o s com o
p assar do tem p o , nas d iferen tes c u ltu ras em que está in serido, p o stu lad o po r L akoff (1987),
lev an d o -se em c o n ta a Teoria de Rosch, é o m odelo de mãe. Esse m odelo, co n fo rm e se faz notar,
j á so freu m u d a n ç a s e têm sofrido outras, de um a época para o u tra e até de um a região para
o utra. Em lu g ares m enos cosm opolitas e desenvolvidos, m ais freq u en tem en te, tem -se no M odelo
C ognitivo Id ealizad o de mãe, d o n a -d e -c a sa , p ro g en ito ra, casada, o que estaria m ais próxim o
do m odelo p ro to típ ic o do ser m ãe, do que o de m ãe que trab alh a fora, ou ad o tiv a, ou solteira
ou de aluguel, j á d istan tes do protótipo. Com isso, pode-se n o ta r que os sig n ificad o s não se
e n co n tram ex clu siv am en te na form a ou sim plesm ente na realização da form a em co n te x to , pois
as diversas in stâ n c ia s de experiências com e no m undo, m ais precisam en te na realidade sensível,
são c o n stitu tiv as d o s sentidos.
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Karen Muniz Feriguetti
5. ANÁLISE
4 Para C ançado (2005) a pressuposição envolve um a fam ília de im plicações tendo em vist» n ni>i\Aii
acab ad a: a d eclarativa, a negativa, a interrogativa e a condicional antecedente, afirmiiniln i|in-
Frege (1892) sustentou esse raciocínio. Koch (2002), não obstante, revela que o referido Ih í i Ii i i
u tilizou a p en as dois critérios: o da negação e o da interrogação. A posição tom ada neste Itiilnilliu
em face d a resenha de Frege (1892) aqui em preendida entra em concordância com Koch (JImiJ)
5 E in te re ssa n te dizer que o teste de negação pode ser feito ta n to p o r in term éd io do iiclvrililn
não, co m o pela paráfrase É fa lso que. No caso dessa peça publicitária ap licar-se-á a diTlmnllvii
n eg ativ a, ou seja, não....
6 Para C ançado (2005) a pressuposição envolve um a fam ília de im plicações tendo em vista a oriiçfto
a cab a d a: a declarativ a, a n eg ativ a, a interrogativa e a condicional an teced en te, afirm ando que
Frege (1892 [1978]) su sten to u esse raciocínio. Não o b stan te, Koch (1984) revela que o rclcildo
teó rico u tilizo u ap en as dois critérios: o da negação e o da interrogação. A posição tom ada neste
trab alh o , em face da resenha de Frege (1892 [1978]), en tra em co n co rd ân cia com Koch ( l ‘)H4).
E m bora, p ara esse caso, em especial, só se aplique o teste de negação, devido ao fato de não se
p o d er su p e rp o r um m odo o racional sobre outro, no caso o interrogativo sobre o im peralivo.
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V e rific a m -se e n tã o os s e g u in te s p re s s u p o s to s:
7 .D ucrot (1977), d ife ren tem en te de A ustin (1962 [1990]), n ão aceita as con d içõ es subjetivas,
significa dizer qu e a lín g u a in stau ra, praticam en te per se, os d ad o s lin g u ístico s e co n tex tu ais,
en g en d ran d o u m a form a p articu lar de co n tex to , aos m oldes d u cro tian o s. 0 cam in h o de um a
an álise lin g u ística é o da lín g u a p ara os dados pragm áticos (contextuais e discursivos) e não o
dos dad o s prag m ático s (situacionacionais) p ara a língua.
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MCI de e v e n to
Pessoas reu n id as
Data e local p a ra essa reunião
M otivação
A grem iação
FIGUKA 2 - MCI de e v e n to
Desse modo, nas experiências que tem os com eventos, encontram -se
estruturadas nas características de ordem básica que podem ser aplicadas
a qualquer evento, o Modelo, diga-se, o protótipo da categoria. Isso é da
ordem do cultural, e pode ser estabelecido também na ordem do linguístico.
Nesse caso, en q u an to as suposições de background, em segundo plano,
realizam a referência (o próprio evento), no primeiro plano, as suposições
de foreground, enquadram a categoria, delim itando o tipo de evento e as
diferenças no en q u ad re de tal acontecim ento com vistas à perspectiva
do falante. Assim, nas suposições de figura, o MCI é especificado ((re)
enquadrado), descrito na figura 3 a seguir:
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ca so , o p re s s u p o s to c o n s tró i o re fe re n te v ia e sp a ç o m e n ta l, n o m o m e n to
m esm o e m q u e o c o rre o d isc u rso . P a ra F a u c o n n ie r (1997), d e sc riç õ e s
e n o m e s d a d o s d o p o n to de v is ta d o f a la n te sã o r e f e r e n c ia lm e n te
tra n s p a r e n te s , n ã o o fe re c e n d o g ra n d e s p ro b le m a s em su a p ro je ç ã o .
6. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS