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PROCESSO PENAL

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“A vida vai testar
3. Nossos materiais possuem a profundidade específica para o
você. A vida vai
concurso-meta de cada aluno, com o foco para o que testar a sua força de
efetivamente é exigido pela banca examinadora do certame. vontade e você terá
4. Havendo dúvidas sobre o conteúdo ou dificuldade de que mostrar a ela
assimilação, o aluno deve se utilizar do livro para potencializar a que é isso mesmo o
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PROCESSO PENAL
QUESTÕES PREJUDICIAIS E PROCESSOS INCIDENTES

CAPÍTULO I . DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS

Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de


controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da
ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença
passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras
provas de natureza urgente.

Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando


necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a citação
dos interessados.

Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão


sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se
neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa
questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender
o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de
natureza urgente.

§ 1o O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado,


se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha

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proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência
para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa.

§ 2o Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso.

§ 3o Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao


Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-lhe o
rápido andamento.

Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores, será
decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.

CONCEITO: Questão prejudicial é toda a questão jurídica de direito penal ou


extrapenal que verse elemento integrante do crime e cuja solução,
escapando à competência do juiz criminal e provocando a suspensão da
ação penal, deve preceder a decisão da questão principal. A
prejudicialidade impede o julgamento do mérito da ação enquanto não for
objeto de pronunciamento pelo juiz, tendo, por isso, natureza jurídica de
conexão.

NATUREZA JURÍDICA: A questão prejudicial funciona como uma espécie de


conexão, havendo um vínculo, um elo que a liga com a questão prejudicada.

Características das Questões Prejudiciais:


a) Anterioridade: A questão prejudicial deve ser apreciada antes da resolução
do mérito principal.
b) Essencialidade/ interdependência ou necessariedade: Há uma relação
lógica entre a questão prejudicial e a questão prejudicada, cuja existência
depende daquela. Ex. Crime de receptação –Deve-se provar que o agente
sabe que a coisa é proveniente de crime. Isso deve ficar provado antes de se
analisar o crime, e ter relação com a receptação.
c) Autonomia: A questão prejudicial pode ser objeto de uma ação autônoma.
Em todos os exemplos dados, as questões prejudiciais podem ser apreciadas
e decididas em um processo autônomo. Ex1. Caso do abandono material –a
questão da paternidade pode estar sendo analisada no cível,
autonomamente. Ex2 . Lavagem de Capitais e receptação –o crime
antecedente pode ser apurado em processo autônomo.
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ESPÉCIES: Se a questão prejudicial pertence ao mesmo ramo do direito da


causa principal (DP), tem-se uma questão HOMOGÊNEA (ex.: existência do
furto como prejudicial ao crime de receptação). Por outro lado, se a
prejudicialidade for de um ramo diverso do DP, então a questão é chamada
de HETEROGÊNEA (ex.: validade do casamento e crime de bigamia).

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IMPORTANTE: o CPP, nos art.s 92 e 93 não trata das prejudiciais homogêneas.
Na verdade, o CPP resolve o problema das prejudiciais homogêneas através
da aplicação das regras de conexão probatória ou instrumental, conforme
art. 76, III, do CPP.

EXEMPLO: Suponha-se que o réu está sendo processado por abandono


material. Ele, em sua defesa, alega que não pode responder por esse crime,
pois a vítima não seria seu filho. Ele diz, ainda, que tramita no juízo cível uma
ação negatória de paternidade. Então, de um lado, há o abandono material.
Mas, de outro lado, discute-se a questão da paternidade. Logo, a ação de
paternidade passa a funcionar como uma questão prejudicial. O juiz só pode
condenar Renato por abandono material se ele reconhecer, no exemplo, que
a vítima é seu filho. O crime é a “questão prejudicada”, pois o mérito principal
só poderá ser enfrentado após a análise da prejudicial.

DIFERENÇAS ENTRE QUESTÃO PREJUDICIAL E QUESTÃO PRELIMINAR:


Questão prejudicial está relacionada com o direito material, é uma elementar
da infração penal, tem existência autônoma e pode ser objeto de análise pelo
juízo penal ou pelo juízo extrapenal.

Por outro lado, questão preliminar é o fato processual ou de mérito que


impede ao juiz a apreciação do fato principal. Ex.: preliminar de mérito –
prescrição. No Brasil, se há prescrição, tem-se que julgar extinta a punibilidade.
Exemplos de preliminares processuais: litispendência e coisa julgada. Questão
preliminar está relacionada aos pressupostos processuais, está sempre
vinculada ao processo criminal (se não existir o processo penal a questão
preliminar desaparece) e só pode ser decidida pelo juiz penal, justamente
pelo fato de ser vinculada.

SISTEMA ADOTADO NO BRASIL


Em relação às questões prejudiciais heterogêneas, o CPP adotou o sistema
eclético ou misto, que resulta da fusão do SISTEMA DA PREJUDICIALIDADE
OBRIGATÓRIA (art. 92) COM O SISTEMA DA PREJUDICIALIDADE FACULTATIVA
(art. 93).

Quanto às prejudiciais heterogêneas relativas ao estado civil das pessoas,


vigora o sistema da prejudicialidade obrigatória. Quanto às demais questões
prejudiciais heterogêneas, vigora o sistema da prejudicialidade facultativa.

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Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução
de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das
pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja
a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo,
entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza
urgente.

A questão prejudicial será obrigatória quando o juiz reputar séria e fundada


controvérsia sobre o estado civil das pessoas, ficando suspenso o curso da
ação penal (de ofício ou mediante requerimento das partes – art. 94) até que
no juízo cível a controvérsia seja resolvida por sentença passada em julgado,
sem prejuízo da inquirição de testemunhas e de outras provas de natureza
grave.

Outrossim, temos as prejudiciais facultativas, que são aquelas que não se


referem ao estado civil da pessoa e que possibilitam ao juiz criminal suspender
o processo para aguardar a decisão do juiz cível ou decidir incidentalmente
sobre a questão sem suspender o processo.

Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de


decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da
competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para
resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil
solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o
curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das
outras provas de natureza urgente.

Sendo a questão de difícil solução e não versando sobre direito cuja prova a
lei civil limite, o juiz criminal PODERÁ suspender o curso do processo (de ofício
ou mediante requerimento das partes – art. 94), APÓS a inquirição das
testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente.

Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao


Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de
promover-lhe o rápido andamento.

A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos arts. 92 e 93 do CPP, será
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decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes. Da decisão do


juiz que defere ou indefere a apuração no juízo cível de uma questão
prejudicial não cabe recurso. Suspenso o processo penal em razão de uma
questão prejudicial, suspenso ficará também o prazo prescricional, nos termos
do art. 116 do CP.

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O juiz criminal marcará prazo da suspensão. Se no juízo cível não for proferida
decisão dentro do prazo, o juiz criminal fará prosseguir o processo e resolverá,
de fato e de direito, TODA A MATÉRIA da acusação e da defesa.

PRINCÍPIO DA SUFICIÊNCIA DA AÇÃO PENAL: A ação penal é suficiente para


resolver a questão prejudicial não ligada ao estado de pessoas, sendo
desnecessário aguardar a solução no âmbito cível.

A suspensão do curso da ação penal, diante de prejudicial obrigatória ou


facultativa, será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.

CLASSIFICAÇÃO DAS PREJUDICIAIS QUANTO À COMPETÊNCIA:


a) Quanto à competência: a) Questão prejudicial não devolutiva: É aquela
que deve ser apreciada no próprio juízo criminal. Elas correspondem às
prejudiciais homogêneas.
b) Questão prejudicial devolutiva: Ela subdivide-se em:
b.1) Questão prejudicial devolutiva Absoluta ou Obrigatória:
Obrigatoriamente serão analisadas por um juízo extrapenal. Correspondem às
prejudiciais heterogêneas relativas ao Estado Civil das pessoas (art. 92, do
CPP).
b.2) Questão prejudicial devolutiva Relativa ou Facultativa: São aquelas que,
eventualmente, podem ser apreciadas pelo juízo extrapenal. Correspondem
às prejudiciais heterogêneas que não dizem respeito ao estado civil das
pessoas (art. 93, do CPP).

CLASSIFICAÇÃO DAS PREJUDICIAIS QUANTO AO GRAU DE INFLUÊNCIA:


a) Prejudicial Total: É aquela que tem o condão de fulminar a existência do
crime. A sua solução pode culminar na inexistência do crime. Ex. Bigamia e
validade do primeiro casamento.
b) Prejudicial Parcial: É aquela que se limita ao reconhecimento de uma
circunstância, deixando incólume a existência da infração penal. Nos arts. 92
e 93, do CPP, o legislador, ao tratar da questão prejudicial, diz que a
prejudicial só será reconhecida se ela repercutir na existência da infração
penal. Por isso, essa classificação não é muito trabalhada: segundo a doutrina,
o CPP só autoriza a prejudicial se ela repercutir na existência da infração.
Então, a prejudicial parcial não interessaria ao processo penal, mas somente
a prejudicial total. Só se pode suspender o processo por conta de uma
prejudicial se isso puder repercutir na existência da infração penal.

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CAPÍTULO II . DAS EXCEÇÕES
Prezados alunos do Coaching, esse tema não costuma ser exigido nos
concursos para Delegado de Polícia e, quando é cobrado, exige apenas o
conhecimento da literalidade da lei. Sendo assim, iremos fazer um breve
introito sobre o tema e posteriormente analisar o que diz a lei.

CONCEITO: Exceção é a alegação de ausência de uma das condições da


ação ou de pressupostos processuais. Trata-se de uma forma de defesa
exercida contra a ação e contra o processo (defesa indireta) com o objetivo
de extingui-lo (as exceções são chamadas de peremptórias) ou de
procrastiná-lo (as exceções, neste caso, são chamadas de dilatórias). São
procedimentos incidentais de competência do juízo penal nos quais se discute
a ausência de pressupostos processuais ou de condições da ação,
objetivando o afastamento do juiz (ex. suspeição), do juízo (ex.
incompetência), ou até mesmo a extinção do processo (ex. coisa julgada).

a) Exceções Dilatórias: São aquelas que provocam a dilação do processo, o


retardamento da prestação jurisdicional. Essas exceções são importantes, pois
podem ajudar uma possível prescrição. São exemplos de exceções dilatórias:
suspeição do magistrado, incompetência do juízo;
b) Exceções Peremptórias: São aquelas que provocam a extinção do
processo. São exemplos de exceções peremptórias: litispendência, coisa
julgada.

Distinção entre exceção e objeção: Exceção é uma matéria de defesa que não
pode ser conhecida de ofício pelo juiz. É uma matéria que só pode ser analisada se
for arguida pelo interessado nesse sentido. Ela difere da objeção, que é a matéria
de defesa que pode ser apreciada de ofício pelo juiz.

Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de:


I - suspeição;
II - incompetência de juízo;
III - litispendência;
IV - ilegitimidade de parte;
V - coisa julgada.

Art. 96. A argüição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo


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quando fundada em motivo superveniente.

Art. 97. O juiz que espontaneamente afirmar suspeição deverá fazê-lo


por escrito, declarando o motivo legal, e remeterá imediatamente o
processo ao seu substituto, intimadas as partes.

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Art. 98. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, deverá
fazê-lo em petição assinada por ela própria ou por procurador com poderes
especiais, aduzindo as suas razões acompanhadas de prova documental
ou do rol de testemunhas.

Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do processo,


mandará juntar aos autos a petição do recusante com os documentos que
a instruam, e por despacho se declarará suspeito, ordenando a remessa dos
autos ao substituto.
Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em
apartado a petição, dará sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-
la e oferecer testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da
exceção remetidos, dentro em vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a
quem competir o julgamento.

§ 1o Reconhecida, preliminarmente, a relevância da argüição, o juiz ou


tribunal, com citação das partes, marcará dia e hora para a inquirição das
testemunhas, seguindo-se o julgamento, independentemente de mais
alegações.

§ 2o Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator a


rejeitará liminarmente.

Art. 101. Julgada procedente a suspeição, ficarão nulos os atos do


processo principal, pagando o juiz as custas, no caso de erro inescusável;
rejeitada, evidenciando-se a malícia do excipiente, a este será imposta a
multa de duzentos mil-réis a dois contos de réis.

Art. 102. Quando a parte contrária reconhecer a procedência da


argüição, poderá ser sustado, a seu requerimento, o processo principal, até
que se julgue o incidente da suspeição.

Art. 103. No Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o


juiz que se julgar suspeito deverá declará-lo nos autos e, se for revisor, passar
o feito ao seu substituto na ordem da precedência, ou, se for relator,
apresentar os autos em mesa para nova distribuição.

§ 1o Se não for relator nem revisor, o juiz que houver de dar-se por
suspeito, deverá fazê-lo verbalmente, na sessão de julgamento, registrando-
se na ata a declaração.

§ 2o Se o presidente do tribunal se der por suspeito, competirá ao seu


substituto designar dia para o julgamento e presidi-lo.

§ 3o Observar-se-á, quanto à argüição de suspeição pela parte, o


disposto nos arts. 98 a 101, no que Ihe for aplicável, atendido, se o juiz a
reconhecer, o que estabelece este artigo.

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§ 4o A suspeição, não sendo reconhecida, será julgada pelo tribunal
pleno, funcionando como relator o presidente.

§ 5o Se o recusado for o presidente do tribunal, o relator será o vice-


presidente.

Art. 104. Se for argüida a suspeição do órgão do Ministério Público, o


juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a
produção de provas no prazo de três dias.

Art. 105. As partes poderão também argüir de suspeitos os peritos, os


intérpretes e os serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de
plano e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata.
Art. 106. A suspeição dos jurados deverá ser argüida oralmente,
decidindo de plano do presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se,
negada pelo recusado, não for imediatamente comprovada, o que tudo
constará da ata.

Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos


atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer
motivo legal.

Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta,


verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa.

§ 1o Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será


remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o
processo prosseguirá.

§ 2o Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo


tomar por termo a declinatória, se formulada verbalmente.

Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que


o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da
parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior.

Art. 110. Nas exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa


julgada, será observado, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre a
exceção de incompetência do juízo.
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§ 1o Se a parte houver de opor mais de uma dessas exceções, deverá


fazê-lo numa só petição ou articulado.

§ 2o A exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em


relação ao fato principal, que tiver sido objeto da sentença.

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Art. 111. As exceções serão processadas em autos apartados e não
suspenderão, em regra, o andamento da ação penal.

CAPÍTULO III. DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS


O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça
e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver
incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não
se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser arguido
pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de
suspeição.

As hipóteses de incompatibilidades e impedimentos estão previstas nos arts.


252 e 253 do CPP. De acordo com o art. 252, o juiz não poderá exercer a
jurisdição no processo em que:

Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:


I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério
Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como
testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito,
sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem
entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau,
inclusive.

Como se vê, Juiz, MP, serventuários ou funcionários de justiça e peritos ou


intérpretes NÃO PODERÃO servir no processo, quando houver
INCOMPATIBILIDADE OU IMPEDIMENTO LEGAL. Caso não se dê a abstenção, a
incompatibilidade ou impedimento poderá ser arguido pelas partes,
seguindo-se o processo estabelecido para a EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO.

DICA VALIOSA: As causas de impedimento referem-se a causas internas do


processo, que prejudicam a imparcialidade do magistrado (todas as causas
de impedimento são problemas dentro do processo, como, p.ex. cônjuge do
juiz é o advogado do réu). As causas de suspeição estão relacionadas a fatos
externos ao processo.

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Não há consenso sobre o que seja a incompatibilidade. Segundo a doutrina
majoritária, as incompatibilidades são causas que prejudicam a
imparcialidade do magistrado, mas não estão listadas entre as causas de
impedimento e de suspeição. Todas as causas que, de alguma forma,
prejudicarem a parcialidade do juiz e que não estejam listadas como causas
de impedimento ou suspeição, geram a incompatibilidade. Elas podem dar
causa a uma nulidade absoluta e não há um rol taxativo de causas de
incompatibilidade.

CAPÍTULO IV. DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO


Apesar de o CPP usar o termo “jurisdição”, o conflito não é de jurisdição, mas
de competência. A jurisdição é una e todo juiz possui. Competência é limite,
medida de jurisdição.

Conforme o art. 114 do CPP, haverá conflito de jurisdição:


a) positivo – quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem
competentes para julgar o mesmo fato criminoso;
b) negativo – quando dois ou mais juízes se recusarem a julgar o mesmo fato
criminoso

Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais poderão suscitá-lo nos próprios


autos do processo. No conflito negativo, o processo ficará suspenso até a
decisão final do conflito, sem a formação de autos (art. 116, § 1.º, do CPP).

Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator poderá determinar


imediatamente que se suspenda o andamento do processo.

O conflito poderá ser suscitado:


I - pela parte interessada;
II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em dissídio;
III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.

Súmula 59, STJ: “Não há conflito de competência se já existe sentença com


trânsito em julgado, proferida por um dos juízos conflitantes”.

Os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a parte interessada, sob


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a de requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do conflito, perante


o tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os documentos
comprobatórios.

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CAPÍTULO V. DA RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS

CONCEITO: Trata-se de incidente processual que visa solucionar questão


eminentemente de natureza civil manejado pela vitima OU até mesmo pelo
acusado a fim de reaver as coisas de sua propriedade que foram
apreendidas. A restituição das coisas apreendidas se dá através de incidente,
podendo ser ordenado pela autoridade policial ou mesmo pelo juiz, desde
que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante, devendo SEMPRE
preceder a oitiva do MP. (art. 120,3º)

Havendo dúvida quanto ao direito do requerente, cabe somente ao juiz


criminal a análise do incidente (nesse caso a autoridade policial não poderá
resolvê-lo), sendo concedido o prazo de 05 dias para prova. Se restar ainda
duvida quanto à propriedade do bem, o juiz criminal remeterá as partes ao
juízo cível, ordenando o depósito das coisas ou do próprio terceiro que as
tenha, se for idônea.

Ademais, se a coisa apreendida estiver em poder de terceiro de boa-fé,


somente a autoridade judicial poderá resolver o incidente, não podendo a
autoridade policial decidir sobre a restituição de coisas apreendidas nesse
caso. art. 120,2º,CPP.

Não sendo caso de confisco de bens que por si só constituam crime, se no


prazo de 90 dias, a contar do transito em julgado da sentença final, os objetos
apreendidos não forem reclamados, serão vendidos em leilão sendo a
quantia depositada para o Juízo de Ausentes.

A decisão em sede de incidente de restituição de coisas apreendidas tem


força de definitiva e, como tal, é combatida através do recurso de apelação.
Frise-se que antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas
apreendidas não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo.

CAPÍTULO VI. DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS / CAUTELARES PATRIMONIAIS


As medidas cautelares patrimoniais têm ganhado cada vez mais relevância
no processo penal, sobretudo pela necessidade de se enfrentar eficazmente
a chamada macrocriminalidade econômica, que está intimamente ligada a
crimes econômico-financeiros, contra a ordem tributária, envolvidos com
lavagem de capitais e não raro dentro do contexto das organizações
criminosas (lei 12.850/13).

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Dentro dessa lógica, tão importante quanto a prisão do acusado é a
recuperação dos bens, direitos e valores adquiridos através da prática
criminosa (sequestro – 125, 126, 127 e 132, CPP; arresto – 123, CPP, hipoteca
legal – art. 124, CPP; alienação antecipada de bens – art. 144-A, CPP e 4º,
parágrafo único, lei 9.613/98 – lavagem de capitais).

ATENÇÃO: Nas medidas cautelares patrimoniais e probatórias, tem-se a


necessidade de comprovação não do fummus comissi delicti e periculum in
mora, ao invés do periculum libertatis, pois não se pleiteia a prisão do
investigado ou réu, mas sim do periculum in mora. As medidas cautelares
patrimoniais e probatórias pleiteadas servem tanto para constrição do
patrimônio do investigado ou réu quanto como meio de obtenção da fonte
da prova. Logo, se não forem deferidas a tempo pelo magistrado podem se
perder com o tempo ou serem destruídas pelo sujeito passivo da medida.

A) SEQUESTRO
É cabível o seqüestro diante de bens móveis e imóveis adquiridos pelo
indiciado ou acusado com proventos de infração, ainda que tenham sido
objeto de alienação a terceiros. Proposta a medida no juízo criminal, será
autuada em apartado, decidindo o juiz de plano e sem a oitiva do titular do
bem.

No que diz respeito ao sequestro de bens móveis, a medida somente é viável


quando não for possível a busca e apreensão, conforme se observa do art.
132 do CPP. Desse modo, o sequestro de bem móvel dar-se-á em relação às
coisas adquiridas com o provento da prática criminosa (produto indireto do
ilícito). Ao contrário, a busca e apreensão terá lugar para as coisas obtidas
diretamente por meios criminosos e instrumentos do crime (produto direto do
ilícito). Por exemplo, se alguém se apropria indevidamente de valor que não
lhe pertence e com esse dinheiro adquire um carro, a medida correta é o
sequestro. Agora, se for o caso de um carro que fora furtado e depois
localizado em uma garagem, a medida cabível é a busca, pois o veículo,
nesse caso, é o produto direto do ilícito.

Ao mesmo tempo em que impede o enriquecimento ilícito do imputado, o


PROCESSO PENAL |

sequestro assegura que se operem os dois efeitos extrapenais da sentença


condenatória transitada em julgado, previstos no art. 91, I e II, b, 2.ª parte, do
CP, quais sejam: reparação do dano causado pela infração penal e perda
dos bens adquiridos com o produto da prática criminosa.

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Requisito: Para a decretação do seqüestro, bastará a existência de indícios
veementes de proveniência ilícita dos bens. Realizado o sequestro, o juiz
ordenará a sua inscrição no Registro de Imóveis. (Art. 126 e 127,CPP).

Oitiva prévia do MP: O sequestro de bens estatuído no CPP não exige a


manifestação prévia do MP por parte do juiz antes da tomada de sua decisão.
Contudo, há exceções em leis especial exigindo a oitiva prévia do MP para
fins de decretação da medida cautelar de sequestro:
Lei de Lavagem: Lei 9.613/98 – art. 4 – Necessita de oitiva prévia do MP
Lei de Drogas: Lei 11343/06 – art. 60 – Necessita de oitiva prévia do MP

Cuidado: O incidente de restituição de bens exige sempre a oitiva prévia do


MP, ao contrário da medida de seqüestro, que somente exige quando diante
de legislação especial. (art. 120,3º.)

ATENÇÃO: Quando se pede o sequestro de bens auferidos com rendimento


do tráfico, se houver interesse, solicita-se ao juiz que autorize a sua utilização
provisória, sendo a Administração Pública nomeada como fiel depositária,
podendo utilizá-lo e devendo conservá-lo.

Legitimados: O juiz, de ofício, a requerimento do MP, ofendido ou mediante


representação da autoridade policial, poderá determinar o sequestro, em
qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
Admite-se, inclusive, o seqüestro antes da instauração do IP, desde que
presentes os requisitos legais.

BEM DE FAMÍLIA: O seqüestro de bens na esfera penal pode ter como objeto
bens de família - Lei 8.009/1990 - , pois as normas lá previstas não incidem em
relação a bens adquiridos com o produto do crime.

ATENÇÃO: O seqüestro impede apenas a disposição (alienação) do bem, não


impedindo o uso do bem seqüestrado, nem que sejam auferidos os respectivos
frutos, como, por exemplo, o valor decorrente do aluguel ou do
arrendamento.

O seqüestro pode ser embargado pelo acusado impugnando a origem ilícita


do bem objeto da medida e também pelo terceiro de boa-fé que tiver
adquirido o bem onerosamente. Não poderá ser pronunciada decisão nesses
embargos antes de passar em julgado a sentença condenatória.

- LEVANTAMENTO DO SEQUESTRO:

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A) O sequestro será levantado se a ação penal não for intentada no
prazo de 60 dias, contado da data em que ficar concluída a
diligência. (em relação ao seqüestro realizado no curso do
inquérito). Contudo, o STJ aduz que, no processo penal, se os
motivos que justificaram o sequestro subsistirem após o lapso de
60 dias, o sequestro não deverá ser levantado (RESP 1057650/RS).

B) Se o terceiro a quem o bem tiver sido repassado prestar caução.

C) Se for julgada extinta a punibilidade ou a absolvido o réu, por


sentença transitada em julgado. Não viola a presunção de
inocência, pois os requisitos da cautelar e da sentença de mérito
são distintos.

- A DEFESA NO SEQÜESTRO PODE SER REALIZADA:


1. Pelo acusado, sob a alegação de que os bens não são provenientes de
infração;
2. Pelo terceiro, que receba o bem a titulo oneroso e de boa-fé;
3. Por agente estranho a relação jurídica que motivou o seqüestro do bem.
Ex. proprietário do bem que deixa veículo na concessionária para
venda e o bem é seqüestrado em razão do dono da concessionária ser
um traficante de drogas.

Embora o Código de Processo Penal estabeleça os embargos como forma de


insurgimento em relação ao sequestro, têm a jurisprudência e a doutrina
consolidadas admitido, também, o uso do mandado de segurança e da
apelação prevista no art. 593, II, do CPP com esse mesmo objetivo. Neste
passo, o prejudicado terá a sua disposição o MS, apelação e ainda os
embargos, podendo optar por um desses, a depender do caso concreto.

ATENÇÃO: O corréu - partícipe ou coautor - que teve seus bens sequestrados


no âmbito de denúncia por crime de que resulta prejuízo para a Fazenda
Pública (DL 3.240/41) não tem legitimidade para postular a extensão da
constrição aos demais corréus, mesmo que o Ministério Público tenha pedido
a medida cautelar de sequestro de bens somente em relação àquele. STJ. 6ª
Turma. RMS 48.619-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
15/9/2015 (Info 570).

B) ESPECIALIZAÇÃO DE HIPOTECA:
PROCESSO PENAL |

Trata-se de direito real de garantia que incide sobre bens imóveis lícitos
pertencentes ao réu (arts. 134 e 135 do CPP), não podendo atingir patrimônio
registrado em nome de terceiro. A especialização de hipoteca é medida que
somente pode ser manejada no curso do processo, recaindo unicamente
sobre bens imóveis do indiciado ou acusado a fim de garantir a solvibilidade
do devedor na liquidação de obrigação ou responsabilidade civil decorrente

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da infração penal. Nesse sentido, a especialização de hipoteca, em regra,
DEVE SER REQUERIDA PELO OFENDIDO, desde que presentes a materialidade,
indícios suficientes de autoria e o periculum in mora.

O MP, excepcionalmente, tem legitimidade para promover a especialização


de hipoteca:
1. quando a vítima, pobre, requerer, formalmente, que promova o pedido
de hipoteca legal em seu nome, caso em que estará agindo o MP como
substituto processual;
2. quando houver interesse da Fazenda Pública, como nos casos de
crimes de sonegação fiscal.

Nesse sentido, cabe frisar que, ao contrário do que ocorre em relação ao


sequestro, na hipoteca legal é vedado ao juiz decretar a medida ex officio,
também não sendo facultado ao delegado de polícia, na fase do inquérito,
oferecer representação visando a esse fim (pois é medida processual).

Enquanto o seqüestro dirige-se à coisa litigiosa de proveniência ilícita, que


poderá pertencer até mesmo a terceiros, a hipoteca tem como alvo
unicamente o patrimônio do suposto autor do delito, em atenção a
responsabilidade civil, podendo recair sobre quaisquer imóveis, desde que
suficientes para garantir a recomposição patrimonial. O imóvel poderá não
ser levado à inscrição se o acusado prestar caução suficiente. Sobrevindo a
ação absolutória ou extinta a punibilidade a conseqüência é a mesma do
seqüestro, qual seja, o cancelamento da hipoteca.

IMPORTANTE: assim como ocorre no sequestro, também a hipoteca não está


sujeita às restrições da impenhorabilidade que incidem sobre o bem de família
e que constam da Lei 8.009/1990. Isto ocorre porque o art. 3.º, VI, dessa Lei
exclui dessa impenhorabilidade os bens que se destinem à execução de
sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento
de bens.

LEVANTAMENTO DA HIPOTECA LEGAL: Se por sentença irrecorrível o réu for


absolvido ou julgada extinta a punibilidade – art. 141.

OBSERVAÇÃO: A hipoteca, mesmo inscrita no registro imobiliário, não torna o


bem inalienável. Portanto, nada impede ao réu transferir-lhe o domínio. No
entanto, por ocasião dos atos registrais, ficará ciente o adquirente de que está
comprando bem que constitui garantia de uma dívida a ser satisfeita pelo réu,
e que, futuramente, poderá vir a perder esse mesmo bem caso o acusado
não cumpra a obrigação patrimonial decorrente do ilícito praticado.

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C) ARRESTO
Trata-se de medida assecuratória que recai sobre bens móveis ou imóveis não
litigiosos do acusado ou indiciado, podendo ser manejada no inquérito ou no
processo. O arresto de bens móveis é simétrico à hipoteca legal, referindo-se,
porém, a bens móveis de origem lícita pertencentes ao réu. A medida de
arresto exige a prova de materialidade e indícios suficientes de autoria.

Arresto Preventivo: Trata-se do arresto de bem imóvel como medida


preparatória à especialização de hipoteca, devendo esta ser promovida em
até 15 dias após o arresto, sob pena de revogação daquela. Assim, quando
o arresto for instrumentalizado no inquérito policial, como medida preparatória
à hipoteca legal (já que essa somente pode ser manejada no processo), a
especialização de hipoteca tem que se proposta em até 15 dias.

Residualidade em relação à hipoteca: O arresto de bem móvel é medida


cabível apenas na hipótese de o réu não possuir bens imóveis passíveis de
hipoteca ou se o patrimônio imobiliário já hipotecado mostrar-se insuficiente
para cobrir a integralidade da responsabilidade civil estimada. Exemplo: dano
cível sofrido pela vítima estimado em R$ 300.000,00. Hipotecados todos os bens
imóveis do réu, o valor destes totalizou R$ 200.000,00. Assim, poderão ser
arrestados bens móveis pertencentes ao acusado até o valor de R$ 100.000,00,
correspondente à parcela indenizável descoberta.

Bem de família: Diante de arresto de bens móveis, somente os bens suscetíveis


de penhora podem ser objeto da medida assecuratória. Outrossim, quanto
aos bens imóveis, o arresto pode recair em bens impenhoráveis, segundo o
que dispõe a L. 8009/90. → Como se vê, somente o arresto de bens imóveis
pode recair em bem de família.

LEVANTAMENTO DO ARRESTO: Se por sentença irrecorrível o réu for absolvido


ou julgada extinta a punibilidade – art. 141.

D) INCIDENTE DE FALSIDADE
O incidente de falsidade documental pode ser instaurado SOMENTE na fase
do processo judicial, não sendo prevista sua instauração na fase do inquérito
PROCESSO PENAL |

policial. Isso ocorre porque tanto a falsificação como o uso de documento


falso constituem crimes de ação penal pública incondicionada.

Assim, acostado ao inquérito documento supostamente falso, bastará ao


delegado ordenar as providências necessárias para apurar se o documento,

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de fato, foi falsificado, e, confirmada esta ocorrência, instaurar outro inquérito,
agora visando apurar o responsável pela falsificação e seu uso.

Se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o


documento falso e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao
Ministério Público (não é à autoridade policial) a fim de apurar o crime de
falsidade. O incidente é cabível quando se trata de falsidade de ordem
material, ou seja, aquela que o torna diferente daquele que fora
originariamente produzido. Há divergência sobre a possibilidade de utilização
do incidente diante de falsidade ideológica.

O Código de Processo Penal não atribui ao incidente efeito suspensivo sobre


o andamento do processo criminal, razão pela qual, em tese, este poderá
continuar tramitando normalmente, mesmo enquanto aquele não estiver
concluído.

A arguição de falsidade exige poderes especiais do procurador, podendo o


juiz proceder de ofício à verificação de falsidade. Qualquer que seja a
decisão do incidente de falsidade, não fará coisa julgada em prejuízo a
ulterior processo penal ou civil, podendo toda a matéria ser rediscutida e até
mesmo resultar da sentença absolutória.

Recurso cabível: RESE, conforme art. 581, XVIII, do CPP.

Questão importante respeita a saber se pode o incidente ser instaurado na


fase recursal. Embora haja divergências, a jurisprudência dominante tem
entendido que a fase recursal é imprópria para que seja suscitado o incidente,
pois isto redundaria na possibilidade de que o tribunal, ao julgar o recurso,
utilizar elemento de convicção que não esteve à disposição do juízo de 1.º
grau por ocasião da prolatação da sentença, acarretando flagrante
supressão de instância.

E) DO INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL


O incidente de insanidade é suscitado diante de sérias dúvidas sobre as
condições mentais do acusado, podendo fazê-lo o juiz, de ofício, ou a
requerimento do MP, da autoridade policial, do defensor ou curador do
acusado, bem como do CADI.

Na fase de inquérito, o incidente pode ser representado pela autoridade


policial. O rol em questão não é taxativo, visto que estamos diante de questão
de interesse público. O incidente da insanidade mental processar-se-á em

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auto apartado, que só depois da apresentação do laudo, será apenso ao
processo principal. Exige o Código de Processo Penal, ademais, que a
tramitação do incidente seja acompanhada por curador.

CUIDADO: O delegado representa pelo incidente ao juiz. Ele NÃO determina.


Quem determina é o juiz. Ao instaurar o incidente, deve o juiz determinar a sua
autuação em apartado (art. 153 do CPP) e suspender o andamento do
processo, caso já tenha sido iniciada a ação penal, salvo quanto às
diligências que, pela urgência, possam restar prejudicadas pelo adiamento
(art. 149, § 2.º, do CPP). Cabe lembrar que a instauração do incidente no curso
do inquérito não acarreta suspensão de seu curso. Apenas o processo é que
fica suspenso, fluindo, normalmente, o lapso prescricional.

O exame deverá ocorrer no prazo máximo de 45 dias e pode surgir duas


situações:
1. Se constatado que o réu já era inimputável ao tempo da infração, será
nomeado curador e o processo segue o seu curso normal; Nesse caso, o
resultado provável será absolvição imprópria, sendo imputada Medida de
Segurança – Ação de Prevenção Social.
2. Se comprovado que a doença é posterior a prática do delito, se já em curso
a ação penal, o processo será suspenso até o restabelecimento do acusado
(a fim de garantir a ampla defesa), sem prejuízo dos atos reputados urgentes.
O juiz nesse caso pode ordenar a internação do acusado em manicômio
judiciário ou em outro estabelecimento adequado.
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