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Cadeira: Fundamentos de Investigação em Saúde

Tema: Comhecimentos dos profissionais de saúde no diagnóstico da Dengue nas Unidades Sanitárias no
Distrito Municipal de Kamaxakeni, na Cidade de Maputo-Moçambique, 2021.
Turma: 2L4SP
Sala: 5

Discente: Código estudante:

 Deisy Carlos Mondlane................................................................................. 2019751103


 Celine Sampaio............................................................................................. 2020107582

Assinatura do Docente:

........................................................................
(Zaida Mahomed)

Maputo, aos 2 deOutubro de 2021


Universidade São Tomás de Moçambique

Fundamentos de Investigação em Saúde


Deisy Carlos Mondlane
Celine Sampaio

CONHECIMENTOS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO DIAGNÓSTICO DA


DENGUE NAS UNIDADES SANITÁRIAS DO DISTRITO KAMAXAKENI, NA
CIDADE DE MAPUTO-MOÇAMBIQUE, 2021

Trabalho de pesquisa na Cadeira de


Fundamentos de Investigação em Saúde
(FIS)com o tema: Conhecimentos dos
profissionais de saúde no diagnóstico da Dengue
nas unidades sanitárias do distrito municipal
Kamaxakeni, cidade de Maputo, para efeitos de
avaliação e, orientado pelo docente da Cadeira:
L
Msc Zaida Mahomed

UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

Maputo,Dezembro de 2021

Fundamentos de Investigação em Saúde


Índice:
1. Introdução:................................................................................. 1
2. Justificativa :................................................................................ 2
3. Objetivos:..................................................................................... 3
4. Formulação do Problema:.......................................................... 3
5. Discussão Metodologica:............................................................. 4
6. Hipótese:...................................................................................... 6
7. Intervenção Comunitária e medidas solutivas:....................... 6
8. Conclusão:.................................................................................. 8

Fundamentos de Investigação em Saúde


1. Introdução:
A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus e está entre os principais
problemas de Saúde Pública no Mundo. Segundo estimativa da Organização Mundial de
Saúde (OMS), 80 milhões de pessoas são infectadas anualmente, das quais 550 mil
necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da doença.
O seu principal vector de transmissão é o mosquito Aedes aegypti que se desenvolve em
áreas tropicais e subtropicais.  As dificuldades de combater este mosquito, em grandes e
médias cidades, são muitas. Há facilidades para sua proliferação e limitações para reduzir
seus índices de infestação, geradas pela complexidade da vida urbana actual.
Em Moçambique o primeiro surto da epidemia da dengue ocorreu entre Novembro de 1984 e
Março de 1985, com reincidência em Abril de 2014 na cidade de Pemba, Província de Cabo
Delgado, seguido da Província de Nampula em Março de 2015.

Este trabalho tem como tema Conhecimentos dos Profissionais de Saúde no diagnóstico da
Dengue nas Unidades Sanitárias do Distrito Municipal Kamaxaquene e enquadra-se no
âmbito da culminação de vectores do vírus do Dengue nas redondezas dessas unidades
sanitárias, que é causado pela proliferação maciva desses insectos devido a decadência do
saneamento do meio naquelas zonas o que torna propício para o aumento gradual do insecto
que transporta o vírus da Dengue, então torna se importante analisar se defacto os
profissionais de saúde estão atentos e se tem noção de que a doença tem indícios de existir
nessa comunidade e até onde vai o seu conhecimento sobre a Dengue, até porque o
desenvolvimento de uma melhor compreensão dos conhecimentos dos profissionais de saúde
sobre o diagnóstico da dengue é essencial para o planeamento de programas e políticas
públicas de prevenção e tratamento da doença.

O objectivo deste trabalho foi de avaliar o Conhecimento dos profissionais de saúde no


diagnóstico da Dengue.

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2. Revisão da Literatura:
2.1. Conceitos:
Conhecimento é um conjunto de informação armazenada por intermédio da experiência ou da
aprendizagem através da introspecção. (Galli,2004), define conhecimento como conjunto de
qualidades de que o homem necessita para exercer suas actividades e resolver problemas que
enfrenta para viver, habilidades, destreza, criatividade, iniciativa.
Em relação ao diagnóstico, (Novaes,1968), diz que o termo diagnóstico provem da medicina
que, por princípio, procura localizar as causas dos sintomas físicos e mentais, afim de
prescrever os respectivos tratamentos. Diagnóstico é a palavra da área da medicina que
significa a qualificação de um médico em relação a uma doença ou condição física ou mental
com base nos sinais e sintomas observados.

2.1.1. Dengue 
(Dias et al.,2010)afirmam que a Dengue é uma arbovirose transmitida principalmente pela
picada do mosquito Aedes aegypti, que pode ser assintomática ou apresentar amplo espectro
clínico, variando de doença febril autolimitada até formas graves que podem evoluir com
choque circulatório e óbito. (Jezuz,2013), argumenta que a Dengue é uma doença infecciosa
aguda, de gravidade variável, causada por um vírus do género Flavivírus, cuja transmissão
ocorre através da picada de um mosquito que ocorre em países tropicais e subtropicais.

2.1.2. . Agente etiológico e formas de transmissão da dengue


O Aedes aegypti é um mosquito de hábito diurno, principalmente, no início da manhã e no
final da tarde; tem preferência por ambientes urbanos e intradomiciliares; alimenta-se
principalmente de sangue humano. O mosquito adquire o vírus da dengue ao se alimentar do
sangue de doente que se encontra na fase de viremia, que começa um dia antes do surgimento
da febre e vai até o sexto dia de doença. O vírus vai se localizar nas glândulas salivares do
mosquito, onde se prolifera e aí permanece, deixando o artrópode infectante durante toda a
sua vida. Uma vez infectado o mosquito inocula o vírus junto com a sua saliva ao picar a
pessoa sadia. Além disso, a fêmea também faz a transmissão transovariana do vírus para a
sua prole, favorecendo a expansão da doença. Depois de inoculado no hospedeiro humano, o
vírus entra nas células, se replica, produz progenitores virais e se inicia, então, a fase de
viremia, com posterior distribuição do vírus para todo o organismo.

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2.1.3.  Manifestações clínicas da dengue
No que se refere as manifestações clínicas, a infecção pelo vírus da Dengue pode ser
assintomática ou sintomática. Quando sintomática, causa uma doença sistémica e dinâmica
de amplo espectro clínico, variando desde formas oligoassintomáticas até quadros graves,
podendo evoluir para o óbito. O período de incubação é de 3 a 15 dias, com média de 4 a 7
dias. Dias et al., afirma que as principais formas clínicas da dengue são a Dengue Clássica
(DC), a Dengue com Complicações (DCC) e a Febre Hemorrágica da Dengue (FHD),
podendo evoluir para a forma mais grave que é a Síndrome do Choque da Dengue (SCD).
Falando das fases clínicas da dengue, aprimeira manifestação é a febre que tem duração de
dois a sete dias, geralmente alta (39º C a 40º C), de início brusco, associada à cefaleia, à
adinamia, à mialgia, à artralgia e à dor retro orbitaria 6. A fase crítica pode estar presente em
alguns pacientes, podendo evoluir para as formas graves e, por esta razão, medidas
diferenciadas de manejo clínico e observação devem ser adoptadas imediatamente. A maioria
dos sinais de alarme é resultante do aumento da permeabilidade vascular, a qual marca o
início do deterioramento clínico do paciente e sua possível evolução para o choque por
extravasamento de plasma.
Alguns sinais de alarme na Dengue são: dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e
contínua, vómitos persistentes, acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame
pericárdico), hipotensão postural e/ou lipotimia, hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do
rebordo costal, sangramento de mucosa, letargia e/ou irritabilidade, aumento progressivo do
hematócrito. Alguns pacientes podem apresentar rash cutâneo acompanhado ou não de
prurido generalizado.

2.1.4. Diagnóstico e tratamento da dengue


Clinicamente, é considerado como caso suspeito de Dengue clássica todo paciente que
apresente febre com duração máxima de sete dias acompanhada de duas ou mais das
seguintes manifestações: cefaleia, dor retro-orbitária, artralgia, mialgia, prostração, erupção
cutânea; e que resida ou tenha estado nos últimos 15 dias em zona de circulação do vírus da
Dengue.
Segundo (Perez,2013) a confirmação do diagnóstico pode ser feita por meio de testes
serológicos ou de detecção viral, sendo os primeiros os mais utilizados e estando os de
detecção virais mais reservados para quando se tem propósito epidemiológico ou como parte
de pesquisa para estudos clínicos. O exame mais empregado é o MAC-ELISA, que detecta

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anticorpos IgM específicos contra a Dengue. Sua grande vantagem é exigir uma única
amostra de soro.
Em geral, eles só podem ser realizados a partir do sexto dia de doença, quando esses
anticorpos começam a surgir. Para detecção viral pode-se realizar isolamento do vírus,
imunohistoquímica e reacção em cadeia da polimerase.

2.2. Estágio teórico 
De acordo com (Mugabe et al.) no estudo realizado em 2016 na cidade de Quelimane com
objectivo de investigar possível surto de Chikungunha e Dengue, um total de 163 pacientes,
das quais 99 mulheres com idade media de 28 anos, foram testados usando IgM, IgG, ELISA,
e Rt-PCR. O estudo mostrou que os anticorpos IgM anti-DENV foram encontrados em 1
paciente (0,9%) dos 104 pacientes testados (idem). Os autores concluíram que havia em
abundância o mosquito Aedes aegypti. Os casos da dengue podiam ocorrer esporadicamente.
A população necessitava de informações relacionado a dinâmica da transmissão arboviral em
Moçambique.
(Massangaie et al,2016.) no seu estudo feito nas cidades de Pemba e Nampula, sobre
caracterização clínica e epidemiológica do primeiro surto reconhecido de vírus da dengue
tipo 2 em Moçambique, testou 193 pacientes com suspeita de definição de caso de dengue,
usando RT-PCR, RDT ou EIA. Este estudo compreendeu 2 fases: na primeira, entre os 20
pacientes iniciais com suspeita de Dengue, 13 foram testados RT-PCR dos quais 3 foram
positivos para DENV 2 e foram classificados como confirmados; na segunda fase, um total
de 97 pacientes foi classificado como prováveis casos da dengue com base no resultado do
teste do antígeno DENV NS 1 ou anticorpo anti-DENV IgM.

3. Justificativa:
Após uma visita feita aos bairros de urbanização, Polana Caniço e Maxaquene, destacou se
um sério problema relacionado ao saneamento do meio naquelas comunidades e em resultado
das ações do homem contra o meio ambiente abdigando se de tratar o meio ao seu redor
resulta num alto índice de proliferação de insectos de várias espécies, despertou em nós a
necessidade de saber quais outras espécies de insectos responsáveis por provocar doenças
tem como abrigo no seio dessas comunidades, e destacou se que além do mosquito
Anopheles causador da Malária há um índice de proliferação da Aedes aegypgtina causador
da Dengue e a população não tem noção disso, estão mais atentos às evidências da Malária.

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A evidência da existência de Aedes aegyptina cidade de Maputo, principalmente nos bairros
de Urbanização, Polana Caniço e Maxaquene, associado ao diagnóstico tardio da dengue nos
casos registados nas províncias de Cabo Delgado e Nampula por desconhecimento da
sintomatologia da mesma pelos profissionais de saúde, despertou em nós o interesse em
avaliar o conhecimento dos profissionais de saúde no diagnóstico desta doença nos Centros
de Saúde 1º de Maio e Polana Caniço, na Cidade de Maputo, visto que estão ao redor destes
mesmos bairros.
A avaliação dos conhecimentos dos profissionais de saúde no diagnóstico da Dengue é
importante para a saúde pública porque vai ajudar a perceber o que estes sabem sobre as
manifestações clínicas da doença.

Realçar que, resultados de um estudo de revisão bibliográfica sobre a importância do


diagnóstico precoce da dengue no Brasil, que tinha como objectivo identificar na literatura as
características e importância do diagnóstico precoce da dengue, evidenciou que 40%
referiram que o diagnóstico precoce era importante para que se realizassem medidas para que
a doença não se agravasse.

Uma percentagem considerável (30%) de artigos científicos demonstraram que a dengue


hemorrágica tem alta letalidade e que o seu diagnóstico precoce é fundamental; outros 20%
observaram que as acções preventivas ajudariam as pessoas a conhecerem a doença e a
procurarem ajuda, facilitando assim o diagnóstico precoce e 10% referiram que a assistência
prestada pelo enfermeiro ou profissional da saúde influenciava no resultado do diagnóstico.

Estudo feito por (Figueiredo em 2010), concluiu que a qualidade no diagnóstico da dengue
pelos profissionais de saúde tem uma importância clínica para o tratamento precoce que é
fundamental para a sobrevida dos pacientes. Além de evitar as mortes, o diagnóstico precoce
da dengue é fundamental para determinar os cuidados clínicos com o paciente e contribui
para a vigilância epidemiológica, para a pesquisa de formulação de vacina e também para a
detecção precoce de uma possível epidemia.
Os resultados deste estudo servirão também de base para outros estudos que tragam mais
evidências sobre este tópico, como forma de sustentar a elaboração de novas estratégias que
integrem esta doença, para melhorar a capacidade de diagnóstico de possíveis casos
existentes e de outros que possam surgir, sobretudo em zonas propícias, tendo em conta que
há várias zonas com alto índice de risco para proliferação destes mesmo insetos.

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4. Objectivos:
4.1. Objetivo Geral:
 Avaliar o conhecimento dos profissionais de saúde sobre o diagnóstico da
Dengue nas unidades sanitárias do Distrito Municipal KaMaxakeni.
4.2. Objetivo Específico:
 Descrever o perfil sociodemográfico dos profissionais de saúde;
 Enumerar os sinais e sintomas da Dengue referidos pelos profissionais;
 Descrever os exames laboratoriais referidos pelos profissionais;
 Identificar as formas de tratamento da dengue referidas pelos profissionais.

5. Formulação do Problema:

Nos anos 2014 e 2015, foram notificados cerca de 300 casos de dengue nas províncias de
Cabo Delgado e Nampula, cujo diagnóstico foi tardiamente feito pelos profissionais de saúde.
Em termos globais, a incidência da dengue tem aumentado 30 vezes ao longo dos últimos 50
anos, estimando-se que 50-100 milhões de infecções ocorrem anualmente em mais de 100
países endémicos, colocando quase metade da população do mundo em risco.
As percentagens elevadas de Aedes aegypti, o mosquito que transmite eficazmente a dengue,
foram encontradas em algumas cidades do país como: Nampula, Pemba, Quelimane e
Maputo, esta última nos bairros de Mafalala, Urbanização, Polana Caniço e Maxaquene. Os
mesmos autores referem que os serviços de abastecimento de água insuficientes traduziram-
se em práticas de armazenamento deste líquido que fornecem o ambiente aquático limpo
exigido por este mosquito. O Distrito Municipal KaMaxakeni é um dos distritos com
deficiência de saneamento do meio, abastecimento de água intermitente e uma urbanização
desigual, condições que favorecem o desenvolvimento do mosquito causador da Dengue.
Para o diagnóstico da Dengue é necessário que os profissionais de saúde estejam dotados de
conhecimentos básicos sobre a manifestação clínica que os doentes portadores da Dengue
podem apresentar dado que a semiologia pode assemelhar-se com a da Malária. A ausência
de registo de casos da Dengue na cidade de Maputo pode não significar a ausência da doença,
uma vez que existe um ambiente propício para desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti.

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Durante os estudos realizados nas unidades sanitárias, um dos profissionais de saúde
incumbiu que é frequente encontrar o diagnóstico de malária negativo com a presença de
síndrome febril em pacientes. Estudo feito pela Massangaie et al. na cidade de Pemba,
mostrou que a falta de capacidade de diagnóstico laboratorial de rotina e a consciência clínica
da dengue, provavelmente atrasou a identificação do surto naquela região onde a Malária é
altamente endémica.
A questão de partida é: 
 Que conhecimentos os profissionais de Saúde colocados na Triagem de adultos e
de crianças dos Centros de Saúde 1º de Maio e Polana Caniço têm sobre o
diagnóstico da Dengue?

6. Delimitação de Espaço/Tempo

O projecto de pesquisa foi realizado na Cidade de Maputo, no Distrito Municipal


KaMaxakeni, concretamente no Centro de Saúde da Polana Caniço e no Centro de Saúde 1º
de Maio, por serem unidades sanitárias que prestam os cuidados primários de saúde. O
distrito tem uma população de 222.756 habitantes e compreende os bairros de Mafalala,
Urbanização, Maxaquene A, B, C e D, Polana Caniço A e B, a visita feita exceptua os bairros
de Maxaquene C e D. Compreendeu o período de Novembro á Dezembro de 2021.

7. Metodologia:
7.1.1. Tipo de estudo

Foi feito o estudo exploratório com abordagem qualitativa. De acordo com (Gil A.C, 2006)as
pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objectivo de proporcionar visão geral, de
tipo aproximativo acerca de determinado facto pouco explorado e que torna difícil a
formulação de hipóteses precisas e operacionalizáveis.
A abordagem qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos,
descrevendo a complexidade do comportamento humano, fornecendo análise mais detalhada
sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento, etc.
7.1.2. Variáveis
Para a presente pesquisa foram usadas as seguintes variáveis:

 Sexo eidade;
 categoria profissional;

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 anos de serviço e conhecimentos sobre diagnóstico da dengue;

7.1.3. População do estudo e amostra

O estudo teve como amostra os 14 profissionais de saúde que atendiam as consultas de


Adultos e de Crianças nos centros de saúde do Distrito Municipal Kamaxakeni,
concretamente nos centros de Saúde 1º de Maio e Polana Caniço.

7.1.4. Amostragem
Para a presente pesquisa não foi aplicada a teoria de amostragem, dado que fizeram
parte nele todos os elementos do universo populacional elegível e que consentiram
participar no estudo.Segundo (Gil A.C. 2006) quando uma pesquisa recolhe
informações de todos integrantes do universo pesquisado afirma-se que temos um
Censo. Realçar que a teoria de amostragem somente ocorre quando a pesquisa não é
censitária, isto é, quando é investigada apenas uma parte dessa população.

7.2. Técnica e instrumento de recolha de dados


Na presente pesquisa a técnica de recolha de dados foi a entrevista, com recurso ao
Guião de entrevista semiestruturado, elaborado por nós, frisar que entrevista é um
encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito
de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um
procedimento utilizado na investigação social, para a colheita de dados ou para ajudar
no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.

7.2.1. Análise e processamento de dados


Para a análise de dados foi usada a análise de conteúdo e compreendeu três fases. Para
(Bardin,2011), análise de conteúdo se constitui de várias técnicas onde se busca descrever o
conteúdo emitido no processo de comunicação, seja ele por meio de falas ou de textos. É
composta por procedimentos sistemáticos que proporcionam o levantamento de indicadores,
permitindo a realização de inferência de conhecimentos.

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 A primeira fase, pré-análise, foi a sistematização das ideias iniciais colocadas pelo
quadro referencial teórico e estabelecimento de indicadores para a interpretação das
informações colectadas nas entrevistas. A fase compreendeu a transcrição fiel e leitura
geral das entrevistas.
 A segunda fase foi a de exploração das entrevistas, que consistiu na construção das
operações de codificação, através da enumeração das entrevistas considerando-se os
recortes dos textos em unidades de registos.
 A terceira fase compreendeu o tratamento dos resultados, inferência e interpretação, a
qual consistiu em captar os conteúdos manifestos e latentes contidos em todas as
entrevistas. A análise comparativa foi realizada através da justaposição das diversas
categorias existentes em cada análise, ressaltando os aspectos considerados
semelhantes e os que foram concebidos como diferentes.

7.2.2. Critérios de Inclusão/Exclusão:


Fizeram parte da pesquisa profissionais de saúde de diversas categorias que atendiam
as triagens de adultos e de crianças nas unidades sanitárias do Distrito Municipal
Kamaxakeni, que aceitaram livremente participar do estudo. Não fizeram parte do
estudo os profissionais que atendiam em outros sectores.

8. Hipótese:

9. Resultados e Discussão dos Dados:

9.1. Dados Sócio- Demográficos

Os profissionais de saúde entrevistados tinham a idade média de 32 anos, variando de 27 a 36


anos de idade, sendo 57% pertencente a faixa etária dos 32-36 anos, e 43% entre 27 e 31
anos. Em relação ao sexo, os profissionais de saúde entrevistados, a maioria (71%) foram de
sexo feminino e 29% foram de sexo masculino.

O tempo médio de serviço dos profissionais de saúde entrevistados foi de seis anos, variando
de dois a onze anos de serviço, sendo cerca de 64% dos profissionais de saúde tinham um
tempo de serviço compreendido entre seis a nove anos, 29% tinha um tempo de serviço entre

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dois a cinco anos, e 7% dos profissionais de saúde tinha um tempo de serviço superior a 10
anos.

Na categoria profissional, os profissionais de saúde entrevistados foram de diversas


categorias, sendo a metade (50%) constituída por técnicos de medicina geral e a outra metade
distribuída por: agentes de medicina geral (36%), enfermeiros gerais (7%) e médicos (7%).
Estes dados mostram que as triagens são feitas maioritariamente pelos Técnicos e Agentes de
medicina geral.

9.2. Conhecimento dos profissionais de saúde no diagnóstico da Dengue

Questionados o que entende por dengue, a maioria dos profissionais de saúde entrevistados
mostrou que sabia do que era a dengue ao responder de forma semelhante com a descrita na
literatura. As diferentes respostas dadas pelos profissionais de saúde tinham a ver com agente
causador, e o vector, o que revelou ter conhecimento do que é a dengue, tal como Jezuz, que
define a dengue como uma doença infecciosa aguda, de gravidade variável, causada por um
vírus do género Flavivírus, transmitida, principalmente, pela picada do mosquito Aedes
aegypti.
Quanto ao agente etiológico da dengue, a maioria dos profissionais de saúde entrevistados
mostrou um desconhecimento, citando o mosquito (vector) como agente etiológico.

Conhecer o agente etiológico da dengue é imprescindível para que haja entendimento e


adesão das acções de controlo físico que são divulgadas nas acções de informação, educação
e comunicação.

Contudo, (Rangel,2008) alerta que, o desconhecimento em relação a este tópico pode ser
produto das acções de comunicação e educação, destinadas à prevenção da dengue que
priorizam somente informações simplistas sobre o vector. Estas acções acabam contribuindo
para a construção de uma percepção uni causal da doença, na medida em que aspectos sobre a
relação água/vector (na fase larvária) e outros factores socio ambientais são negligenciados.

Em relação a forma de transmissão da dengue, a resposta “através da picada do mosquito” foi


dada pela maioria dos profissionais de saúde entrevistados, mostrando desta forma que tem
conhecimento.

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Questionados sobre a existência do agente transmissor (vector) da dengue na cidade de
Maputo, a maioria dos profissionais de saúde entrevistados respondeu “ não”.

Esta resposta revela a falta de conhecimento da existência do vector da dengue na cidade de


Maputo.
(Kampango & Abilio,2016), afirma que percentagens elevadas de Aedes aegypti, o mosquito
que transmite eficazmente a dengue, foram encontradas na cidade de Maputo, nos bairros de
Mafalala, Urbanização, Polana Caniço, e Maxaquene.
A falta do conhecimento da existência do vector pode levar a fraca consciência clínica para o
diagnóstico da dengue, assim como na elaboração de programas de controlo e prevenção da
doença.

É importante realçar que um estudo realizado por (Nazareth et al.,2014) no arquipélago da


Madeira - Portugal, evidenciou que uma grande parcela dos residentes das ilhas não sabia da
existência do mosquito Aedes aegypti e não se considerava em risco de contrair a dengue. Em
adição, evidenciou que a população em questão não estava engajada no combate ao Aedes
aegypti. Em menos de um ano após a realização desse estudo, a região sofreu uma epidemia
de dengue.

(Massangaie et al.,2016), afirmou que a falta da consciência clínica da dengue provavelmente


atrasou a identificação deste surto na região norte de Moçambique onde a malária é altamente
endémica tal como a cidade de Maputo.
Noque tange aos sinais e sintomas da dengue, a maioria dos profissionais de saúde
entrevistados citou dóis ou três sinais e sintomas correctos, sendo os três mais citados: a febre
alta, dores de cabeça, dor nas articulações. Este resultado é semelhante aos encontrados no
estudo feito por Alves numa unidade de saúde em São Paulo. A febre e a dor de cabeça foram
também sintomas mais relatados pelos participantes de estudos brasileiros feitos por (Santos
et al.,2011).
Num estudo sobre caracterização clínica e epidemiológica do primeiro surto reconhecido de
vírus da dengue tipo 2 em Moçambique feito por (Massangaie et al,2016) ., nas cidades de
Pemba e Nampula, também definiu como caso suspeito da dengue, um paciente com doença
febril com resultado negativo no teste da malária, e pelo menos duas ou mais das seguintes
manifestações: cefaleia, dor retro-orbital, mialgia, artralgia, erupção cutânea, manifestações
Hemorrágicas ou leucopenia.

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Em relação os exames laboratoriais para o diagnóstico da dengue, a maioria dos profissionais
de saúde entrevistados citaram “Serologia ELISA, PCR, isolamento viral, IgM relacionado ao
vírus, teste rápido da dengue, hemograma, e bioquímica” como exames laboratoriais mais
usados para o diagnóstico da dengue, revelando desta forma que tem conhecimento em
relação aos exames empregues para o diagnóstico da dengue.

Estes resultados também foram achados em estudo feito por (Massangaie et al,2016)., nas
províncias de Cabo Delgado e Nampula, que foi empregue a sorologia MAC ELISA, PCR,
isolamento viral, para detecção dos anticorpos IgM específicos contra a dengue em pacientes
suspeitos durante o surto da dengue ocorrido nos anos 2014 e 2015.
Os exames citados pelos profissionais de saúde entrevistados, também foram descritos na
literatura por (Perez, 2006), que afirma que a confirmação de diagnóstico pode ser feita por
meio de testes serológicos ou de detecção viral sendo o exame mais empregado o MAC-
ELISA que detecta anticorpos IgM específicos para a dengue.
No que se refere ao tratamento de pacientes com suspeita de dengue, a maioria dos
profissionais de saúde entrevistados afirmaram que o tratamento era sintomático, como é
também descrito na literatura, isto é, depende dos sinais e sintomas de cada paciente.

A hidratação é também relatada na literatura por Dias et al., na qual indica que o tratamento
pode consistir em hidratação oral com volume de 60 a 80ml/Kg/dia, sendo 1/3 desse volume
com soro de reidratação oral e os 2/3 restantes com líquidos caseiros como água, suco de
frutas, chás.

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10. Conclusões e Recomendações:

Este estudo versa sobre o conhecimento dos profissionais de saúde no diagnóstico da dengue
nas unidades sanitárias do distrito municipal Kamaxakeni, na cidade de Maputo. De acordo
com os resultados alcançados, conclui-se que:

 Quanto ao perfil sócio demográfico, os profissionais de saúde que se encontravam nas


triagens de adultos e crianças nos centros de saúde da Polana caniço e 1º de Maio, na
sua maioria eram técnicos de medicina geral; tinham idades compreendidas entre 32 e
36 anos; eram do sexo feminino e tinham tempo de serviço entre seis e nove anos.
 Os profissionais de saúde do distrito municipal KaMaxaqueni sabem o que é a
Dengue e o seu modo de transmissão;
 Quanto aos sinais e sintomas da dengue, os profissionais de saúde entrevistados
consideram a febre alta, dores de cabeça, dor de trás dos olhos, erupção da pele,
náuseas, vómitos, dor nas articulações e hemorragia.
 Os profissionais de saúde entrevistados conhecem alguns exames laboratoriais usados
para o diagnóstico da dengue, nomeadamente: a serologia MAC ELISA; PCR e
Isolamento viral.
 Os profissionais de saúde entrevistados consideram o tratamento da dengue
dependente dos sinais e sintomas que o doente apresentar, referindo a reidratação oral
ou endovenosa com uma das formas.
 A maioria dos profissionais de saúde do distrito municipal Kamaxakeni, não têm
conhecimento da existência do mosquito Aedes aegypti, o vector da dengue, na cidade
de Maputo, o que pode levar a falta da consciência clínica para o diagnóstico da
mesma.
Mediante as conclusões obtidas deste estudo, recomenda-se à Direcção distrital de saúde
do distrito Municipal KaMaxakeni que:

 Haja partilha dos resultados das pesquisas sobre a dengue feitas no país em geral,
em particular na cidade de Maputo para despertar a consciência dos profissionais
de saúde em relação a doença, bem como a realização de mais pesquisas.

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 É pertinente a actualização dos profissionais de saúde na matéria da dengue para
garantir uma boa abordagem na suspeita e diagnóstico da dengue a partir da
partilha de ideias e manuais com abordagens mais profundas sobre a dengue.

11. Referências Bibliográficas:

 Gonçalves, R. C.; Tavares, M.L.; Faleiro, J.H.; Rodrigues, A.S.L.; Malafaia, G.


(2012). Dengue em Unutai: conhecimento, percepções da população e condições
sanitárias de suas residências. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, v.37, n.1.
p. 36-43.
 2.Kampango, A. & Abilio, A.P. (2016). The Asian tiger hunts in Maputo city-the first
confirmed report of Aedes (Stegomyia) albopicttus (Skuse, 1895) in
Mozambique. Parasites & Vector, 9 (1): 76.
 3.Massangaie, M., Pinto, G., Padama F., Chambe, G., Da Silva, M., Mate, I.,
Chirindza, C., Ali, S., Agostinho, S., Chilaule, D.,Weyer, J., Roux, C., Abílio, A.P.,
Baltazar, C., Doyle, T.J., Cliff, J., Paweska, J. & Gudo, E.S. (2016). Clinical and
Epidemiological Characterization of the First Recognized Outbreak of Dengue Virus-
Type 2 in Mozambique. American Society of Tropical Medicine and Hygiene., 94 (2):
413–-416.
 4.Borges, D. X. M., Nunes, E. M., Santos, M. L. L. & Nobre, J. O. (2016). Dengue:
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Fundamentos de Investigação em Saúde

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