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A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA E O LAZER:

PREPARANDO O ARTISTA PARA O OUTRO

Artemisa de Andrade e Santos1


Mestranda em Educação - PPGED/BACOR/UFRN

O presente trabalho busca aprofundar o estudo da experiência estética dentro de


uma proposta que se realiza no campo musical. Como objetivo principal,
estabelecemos investigar a relação entre a prática de oficinas criativas com cantores
para aperfeiçoar o espetáculo artístico e a sua repercussão para um lazer mais
sensível do público espectador. No trabalho com a música, o artista desperta a
construção de uma atmosfera lúdica capaz de proporcionar prazer, sensações e
motivar diferentes sentimentos suscitados pela melodia. Tal atmosfera permite
experimentar o fluxo e canalizar a atenção, focalizando a energia para o que se faz.
“É durante o lazer que as pessoas se sentem mais motivadas, quando dizem que
querem fazer o que estão fazendo” (CSIKSZENTMIHALYI, 1990). O autor enfatiza
que cantar num coral é uma maneira muito estimulante de experimentar a
combinação de nossas habilidades com as de outras pessoas. A vivência musical,
mais especificamente a do canto coral constitui um momento de prazer, de magia,
de sentir, de perceber, de criar, de experimentar e de descobrir. De acordo com
Csikszentmihalyi (1999), a experiência de fluxo age como imã para o aprendizado e
desenvolvimento de novos níveis de desafios e habilidades, o que torna a atividade
desafiadora e prazerosa. A arte de cantar é tão profunda e delicada que o
compromisso está com seus próprios valores atribuídos a leitura musical, a
sensibilidade e a voz, elementos que movem o talento. Este fazer de lapidação
musical exige concentração, disciplina e o caráter de prontidão vocal que responde a
atividade ser desafiante. O estudo adotou uma abordagem etnofenomenológica
privilegiando a experiência estética e o fluxo. Propusemo-nos mediar uma forma
especial de preparar o artista para possibilitar a prática do lazer mais sensível ao
outro. As idéias desenvolvidas neste estudo têm como pressuposto fundamental
uma educação estética que “toca o cerne da condição humana vivente e vivida”
(GALEFFI, 2006). A fim de que o ouvinte possa desfrutar com a obra musical de um
lazer que flui, o artista precisa compreender e se preparar para emocionar e assim
criar condições para o fluxo: “Se não estabelecermos metas nem desenvolvermos
aptidões, a atividade se torna cansativa e desinteressante. A satisfação não
depende do que se faz, mas sim de como se faz” (CSIKSZENTMIHALYI, 1992, p.
145-146). A experiência estética é capaz de criar interações transformadoras e
reflexivas. Implica compreender a recepção prazerosa do objeto estético com um
olhar intensificado, sensível, capaz de conduzir ao fluxo. Em suma, a intensidade
dessa experiência de plenitude advém da condução criadora do artista, da
contemplação e da co-criação do espectador em vivenciar um momento muito
significativo de lazer.

Palavras-chave: Experiência Estética – Lazer – Fluxo.

1
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