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5- Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na

filosofia greco-romana, tentou munir a fé de argumentos racionais, ou


seja, buscou a conciliação entre o cristianismo e o pensamento pagão.
Seu principal expoente foi Agostinho, posteriormente consagrado
santo pela igreja Católica.

6- Em sua obra, agostinho argumenta em favor da supremacia do


espírito sobre o corpo (a matéria). Para ele, a alma teria sido criada por
Deus para reinar sobre o corpo, dirigindo-o para a prática do bem. O
pecador, entretanto, utilizando-se do livre­arbítrio (conceito que
veremos adiante), costumaria inverter essa relação, fazendo o corpo
assumir o governo da alma. Provocaria, com isso, a submissão do
espírito à matéria, o que seria, para agostinho, equivalente à
subordinação do eterno ao transitório, da essência à aparência. A
verdadeira liberdade, para agostinho, estaria na harmonia das ações
humanas com a vontade de Deus e seria obtida pelo caminho
ascendente, que vai do mundo exterior dos sentidos ao mundo interior
do espírito. Ser livre é servir a Deus, diz o filósofo, pois o prazer de
pecar é a escravidão. Ser livre é fazer o que se deve, inspirado no amor
verdadeiro a Deus.

7- Outro aspecto fundamental da filosofia agostiniana é o


entendimento de que a vontade não é uma função específica ligada ao
intelecto, conforme diziam os gregos: ela é um impulso que nos inclina,
desde nosso nascimento, às paixões pecaminosas. Agostinho reiterava,
assim, as palavras do apóstolo Paulo: “não faço o bem que quero, mas o
mal que não quero. ora, se faço o que
não quero, não sou quem age, mas o pecado que habita em mim”
(romanos, cap. 7, vers. 19-20). Portanto, para o filósofo medieval, a
liberdade humana derivaria de uma vontade viciada que alimenta o
pecado – não da razão que tende a discernir o que é bom do que é
mau.

8- No concílio de Cartago do ano de 417, o papa Zózimo condenou o


pelagianismo como heresia e adotou a concepção agostiniana de
necessidade da graça divina, doada por Deus aos seus eleitos. A
condenação do pelagianismo explica-se pelo
fato de que conservava a noção grega de autonomia da vida moral
humana, isto é, a noção de que o indivíduo pode salvar-se por si só
(isto é, sendo bom e fazendo boas obras), sem a necessidade da ajuda
divina. Essa noção chocava-se com a ideia
de submissão total do ser humano ao Deus cristão, defendida pela
igreja. “o fato de assim a igreja ter se pronunciado por tal doutrina
assinalou o fim da ética pagã e de toda a filosofia helênica.”

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