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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
3.1 Os Séculos XVIII e XIX: Novo caráter do trabalho e suas relações no filme
Tempos Modernos ................................................................................................. 13
7 O POSITIVISMO................................................................................................. 23
17.5 Ideologia para Marx significa de acordo com o sociólogo Michael Lowy: .... 49
18 A LUTA DE CLASSES..................................................................................... 50
Fonte: educacaodialogica.blogspot.com.br
A sociologia é antes de tudo uma ciência. Uma ciência social. Neste sentido
você deve compreender que esta disciplina não pode ser identificada como
simplesmente estudo da sociedade como é comumente definida pelo senso comum.
Deve-se, perguntar, portanto: que estudo e para qual sociedade? Significa dizer que
por ser ciência ela possui um método de investigação. Mas antes de saber sobre os
métodos de investigação e o paradigma do conhecimento da sociologia, é necessário
reconhecer o universo histórico do seu surgimento.
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Grécia, com os Sofistas, chamados também de pedagogos já se discutiam fatos
sociais, políticas e economia. Pode-se dizer, então, que já existia a sociologia como
ciência?
Fonte: pedagogia2015-anhanguera.blogspot.com.br
A sociologia como disciplina científica vai surgir no início do século XIX, como
uma resposta acadêmica para o novo desafio da modernidade: o mundo estava se
tornando cada vez menor e mais integrado, a consciência das pessoas sobre o
mundo estava aumentando e dispersando. Os sociólogos não só esperavam
entender o que mantinha os grupos sociais unidos, mas desenvolver um “antídoto”
para a desintegração social.
O termo sociologia foi criado pelo Francês Auguste Comte, que associou a
palavra sócio do latin socius (associação) e o grego lógus (estudo). Ele pretendia
juntar todos os estudos sobre a humanidade, incluindo história, economia e
psicologia.
Dois eventos foram marcantes para o início desta ciência: A revolução
Industrial e a Revolução Francesa.
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2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Fonte:lingua-bocaberta.blogspot.com.br
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Fonte: www.cinevest.com.br
Fonte: kdfrases.com
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2.3 O sentido do trabalho
Fonte: pt.slideshare.net
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Fonte: kdfrases.com
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3 HOMEM E NATUREZA
Fonte: slideplayer.com.br
3.1 Os Séculos XVIII e XIX: Novo caráter do trabalho e suas relações no filme
Tempos Modernos
A revolução industrial dos séculos XVIII e XIX teve um peso determinante, com
a formação de exércitos de trabalhadores que desprovidos de qualquer propriedade
são obrigados a abandonar a vida do campo, sendo jogados nas cidades em busca
de empregos assalariados junto às nascentes indústrias.
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O trabalho então assumiria um novo caráter, de atividade indigna no passado,
passam a ser vistos como indignos aqueles que não trabalham, taxados como
vagabundos os que não se submetem a trabalhar para o capital, mesmo que o
próprio capital não tenha interesse
em absorver todo o trabalho posto à sua disposição. Assim, os capitalistas
sempre encontram um grupo de trabalhadores à margem do processo produtivo,
mas sempre ávidos por incorporar-se a ele, a estes trabalhadores Marx denominou de
“exército industrial de reserva”.
Em “Tempos modernos” (“Modern times”), filme de Charles Chaplin de
1936, o diretor mostra com maestria os efeitos que o desenvolvimento
capitalista e seu processo de industrialização trouxeram à classe trabalhadora.
Como diz o texto de introdução do filme, “Tempos modernos” é uma história
sobre a indústria, a iniciativa privada e a humanidade em busca da felicidade.
A temática de “Tempos modernos” custou a Chaplin uma série de
perseguições por parte da CIA, juntamente com a acusação de simpatias
comunistas. Além disso, havia recusado naturalizar-se norte-americano
argumentando ser um “cidadão do mundo” o que agrava ainda mais sua situação.
Chaplin passa a constar na “lista negra” de Hollywood durante a perseguição
macarthista, o que torna sua situação de trabalho nos EUA insustentável (seus
filmes eram proibidos), levando-o a abandonar definitivamente os EUA em 1952.
Fonte: mansaodocinefilo.blogspot.com.br
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No filme “Tempos Modernos”, o vagabundo Carlitos, ironicamente, encontra-
se na condição de operário. É ao auge do predomínio do padrão de acumulação
taylorista-fordista, em que os trabalhadores têm suas habilidades substituídas por
um trabalho rotineiro e alienado. É o predomínio da esteira rolante de Ford, do
cronômetro de Taylor, do operário-massa.
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Fonte: historiaeciajg.blogspot.com.br
Fonte: www.youtube.com
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Mesmo com toda a crítica social que é feita, a reação do personagem Carlitos
ao sistema é feita de maneira individual e não coletiva. Quando eclode a Grande
Depressão de 1929, que coincide com a saída do personagem do hospício, é levado
à prisão acusado de ser líder comunista por empunhar uma
bandeira (pretensamente vermelha) em frente a um grupo de trabalhadores
que fazia uma passeata na rua. Carlitos é visto como o cidadão comum, não
politizado, mas que pelo simples gesto de buscar devolver a bandeira que tinha
caído do caminhão é acusado de líder da revolta operária. Em outro momento,
quando eclode uma greve na fábrica em que trabalha, também por acidente é
acusado de agressão a um policial que viria reprimir a greve.
No final do filme, quando sua amiga indignada com a situação de
perseguição, miséria e desemprego pergunta: “para que tudo isso?” ele responde:
“levante a cabeça, nunca abandone a luta”. No entanto, a reação dos dois não é o
enfrentamento contra o capital, é retirar-se da cidade, indo em direção ao campo.
Ao som da belíssima “Smile”, de autoria de Chaplin, Carlitos dá as costas
para a para produção em massa, para as gigantescas máquinas que desempregam
trabalhadores, para as suntuosas lojas com suas escadas rolantes, para o trabalho
alienado. Seria o último filme mudo de Chaplin e também a despedida do
personagem Carlitos, que havia se tornado obsoleto em um momento em que o
cinema falado tomava conta dos cinemas do mundo todo. Era o sinal dos tempos. Os
tais “tempos modernos”. O que representa o tempo da urbanização e do advento dos
problemas sociais.
O que conhecemos hoje como modernidade foi exatamente marcado por
acontecimentos que fundaram e consolidaram o sistema capitalista de produção, ou
seja: a relação capital X trabalho, o trabalho assalariado, a propriedade privada dos
meios de produção, o consumo, o investimento em tecnologia, enfim, fatos
relacionados â revolução científica e industrial.
São as consequências destes acontecimentos sobre a sociedade como
desemprego, desigualdades, injustiças, prostituição, mendicância, etc, que vai fazer
com que Auguste Comte decida por criar a disciplina sociologia.
Sugiro que se você ainda não viu o filme, que veja, ou veja novamente com
um novo olhar a partir do que lido.
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5.1 Revolução Francesa
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5.2 Direitos civis
Fonte: novaescola.org.br
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6 AUGUSTO COMTE: SURGE A CIÊNCIA DA SOCIEDADE
Fonte:articulo.mercadolibre.com.ar
Filósofo do Século XIX, Comte tinha na base na sua filosofia uma visão
evolucionista, ou seja, acredita que a história evolui para o progresso, que a
humanidade caminha para a perfeição. Contudo, como você viu na segunda vídeo
aula o horizonte desta perspectiva era a Europa, demonstrando assim uma visão um
tanto quanto etnocêntrica. E o que é o etnocentrismo?
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Fonte: www.youtube.com
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7 O POSITIVISMO
Fonte: slideplayer.com.br
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7.1 A lei dos três estados
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diferentes partes da humanidade não evoluíram do mesmo modo porque, no ponto
de partida, não tinham os mesmo dons. Mas é evidente que essa diversidade se
desenvolve tendo como pano de fundo uma natureza comum.
8 A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE
Fonte: slideplayer.com.br
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composta por elementos interdependentes formando uma totalidade. Assim como é
impossível estudar o funcionamento de um órgão sem situá-
lo no conjunto do ser vivo, é impossível estudar a política e o Estado sem
situá- los no conjunto da sociedade. Mais tarde Emile Durkheim irá retomar
estes conceitos de Comte, e sob a forte influência desta Durkheim será reconhecido
também como sociólogo das instituições. Isto quer dizer que as instituições
cumprindo cada um sua função contribui para a harmonia social.
Compreendendo melhor este ponto acima citado, a sociedade para os autores
positivistas tende à harmonia social, ao equilíbrio. Como ocorre então a mudança
social?
De acordo com Aron (2008), para Comte,
Neste ponto das aulas é esperado que você já compreenda que para Comte,
havia uma grande diferenciação entre o conhecimento científico e o conhecimento
do senso comum. Segundo ele, o conhecimento científico representava um estágio
mais elevado do desenvolvimento da sociedade.
Assim para ele a evolução da ciência, ou seja, do conhecimento, é uma
sucessão de estágios, é assim a mente humana se desenvolve se libertando do
senso comum. Este é o denominado Sistema de Filosofia Positiva. O estágio positivo
da sociedade seria o mais evoluído o pensamento científico e está baseado na
observação e na experiência.
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Iniciando informando que Comte para o desenvolvimento de suas ideias
recebe influências de filósofos. Vamos a eles: Condercet (1666-1790), que defendia
a ideia de que toda e qualquer ciência da sociedade precisa se identificar com o que
ele chamava de matemática social, isto é, precisa realizar
um estudo preciso, rigoroso, numérico dos fenômenos sociais. Percebe a
origem do pensamento de Comte? Veja: Segundo Condorcet, a ciência estava
sendo controlada e submetida aos interesses de senhores feudais, à aristocracia e
ao clero e carecia de objetividade. A intenção era libertar a ciência de subjetividades e
interesses políticos e individuais. Portanto, de acordo com Condorcet, era necessário
tirar o controle das ciências destas classes para que uma ciência natural pudesse se
impor.
Outra influência foi a de Saint-Simon (1760-1852), este o primeiro a usar o
termo positivo na ciência. Então observe que Comte usou o nome sociologia pela
primeira vez, mas não foi o primeiro a usar o termo positivo. Para SaintSimon, o
raciocínio deveria se basear nos fatos observados e discutidos. “Uma vez que nosso
conhecimento está uniformemente fundado em observações, a direção de nossos
interesses espirituais deve ser entregue ao poder da ciência positiva” (COMTE In:
MESQUIDA, 20001, p.27).
Saint- Simon também defendeu a sociedade industrial, dizendo que o que é
favorável à indústria também o será para o homem. Portanto, acreditava na visão de
progresso trazido pela indústria e a sociedade capitalista.
O século XIX recebe então, a formalização do pensamento positivista. É o
século de surgimento da ciência positiva, a sociologia.
Sintetizando assim e concluindo as características do positivismo podemos
citar que:
As sociedades, melhor, a sociedade, é considerada um fenômeno
natural, podendo ser analisada através dos métodos das ciências
naturais.
A compreensão da realidade só é possível pela objetividade que é
alcançada através do rigor empírico e da coerência teórica. Trata-se de
um avanço na capacidade de pensar, da razão.
A ação da ciência, ou seja, o conhecimento, é evolutivo e caminha para
o progresso.
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Desta forma se descobre as leis gerais e diante disso o ser humano pode
prever ações futuras.
9 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO
Fonte: slideplayer.com.br
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preparar as novas gerações para uma nova civilização. A educação, para ele,
significava o mesmo que socialização e tinha por objetivo formar o ser social.
A sua teoria, embora atualmente bastante contestada pelas teorias críticas da
sociedade, serviu de base para o Funcionalismo, corrente de pensamento bastante
desenvolvida e valorizada no Século XX. Veja abaixo a influência de Augusto Comte:
A teoria Funcionalista de Durkheim
Esta é a concepção de funcionalismo de Durkheim. A diversificação de
funções vai gerar a solidariedade entre os seres humanos, e a especialidade
atribuída a cada um ele vai dar o nome de Divisão social do trabalho social. E aqui
podemos conhecer dois conceitos essências em Durkheim: Solidariedade mecânica
e solidariedade orgânica.
10 ENTENDENDO O CONCEITO
Você já deve ter entendido, mas não é demais rever que a sociedade, para
Durkheim, é um organismo exterior e superior aos indivíduos e constituída por um
conjunto de normas, leis e regras que são responsáveis pela formação moral e
social dos indivíduos. Ou seja, ela mesma um fato social, por excelência, da
sociologia. Regida por normas, leis e regras que irão determinar a maneira de ser e
de agir dos indivíduos, bem como, a formação das instituições sociais.
Em seu livro: A Divisão do Trabalho Social, Durkheim descreve o processo de
transformação da sociedade primitiva para a sociedade moderna através da divisão
social do trabalho, na qual estabelece a passagem de um tipo de organização social
com base na solidariedade mecânica (pré-capitalista) para a solidariedade orgânica
(capitalista).
Por que esta obra é importante? Uma de suas preocupações, nessa obra, é
perceber como se dá a relação entre indivíduo e a sociedade. Isso porque, para o
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autor, o objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade que é
conseguida por meio do consenso social. Está fazendo os links possíveis para
entender o pensamento de Durkheim? Viu que ele fala da harmonia social que
ocorre por meios do consenso entre os indivíduos e é garantido por meio das regras
e leis que controlam as ações.
Quando você viu os conceitos de solidariedade mecânica e orgânica
entendeu que se trata de um processo de mudança: de sociedade simples para mais
complexas. Você pode perceber como a questão do consenso é tratada pelo autor, a
partir da análise da mudança nas formas de organização social das sociedades
"primitivas" para as sociedades modernas.
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Entendeu a noção de consenso, ou seja, há um acordo entre nós de que seguir as
regras e as leis é um bem para o todo, para o coletivo.
Você poderia perguntar: mas e quanto há um romper com as regras?
Um não respeito às leis?
Para Durkheim, a existência de valores e laços morais entre as pessoas era
fundamental para a manutenção da harmonia social e da consciência coletiva.
Quando uma sociedade não consegue manter esse estado de harmonia, significa
que a sociedade está ‘doente’. E para isso Durkheim tem o termo: anomia.
Anomia é exatamente quando o consenso se rompe e não há mais
possibilidade de manter a ordem e o respeito às instituições. Anomia, neste caso,
seria o contrário de harmonia.
Pois bem, Augusto Comte e Durkheim são autores expressivos do positivismo
e antes de dar início a mais duas vertentes clássicas da sociologia é importante que
você compreenda a relação entre o positivismo e a educação. Vamos lá?
12 POSITIVISMO E EDUCAÇÃO
Fonte: multigolb.wordpress.com
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O positivismo esteve presente de forma marcante no ideário das escolas e na
luta a favor do ensino leigo das ciências e contra a escola tradicional humanista
religiosa. O currículo multidisciplinar – fragmentado – é fruto da influência positivista.
Certamente você se lembrará.
No Brasil esta influência aparece no início da República e na década de 70,
com a escola tecnicista. Muitos historiadores ressaltam o pensamento positivista no
movimento pela proclamação da república e da elaboração da constituição de 1891.
O movimento republicano apoiou-se em ideias positivistas para formular sua
ideologia da ordem e do progresso, graças particularmente à atuação de Benjamim
Constant (1836-1891).
13 O POSITIVISMO E A ESCOLA
fonte: pht.slideshare.net
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um viés positivista. A ideia de que o aluno se desenvolve de forma linear à medida
que vai se apropriando do raciocínio lógico.
Assim apenas o que é observável interessa ao positivismo. O real,
inquestionável, aquilo que se fundamenta na experiência. Deste modo, a escola
deve privilegiar a busca do que é prático, útil, objetivo, direto e claro. Os positivistas
se empenharam em combater a escola humanista, religiosa, para favorecer a
ascensão das ciências exatas. Compreenda que o positivismo influenciou a prática
pedagógica na área das ciências exatas, influenciando a prática pedagógica na
área de ensino de ciências sustentadas pela aplicação do método científico: seleção,
hierarquização, observação, controle, eficácia e previsão. Observe. Não é difícil de
entender:
Fonte: slideplayer.com.br
Reflita:
Hoje é comum a prática da avaliação baseada nestes princípios. A própria
escola em sua prática seleciona, hierarquiza, observa, controla, busca a eficiência e
busca a previsão. É neste sentido que no Módulo II você irá conhecer autores
críticos do positivismo que apresenta uma perspectiva mais voltada para a sociologia
marxista, que se verá nas próximas aulas.
Espera-se que você tenha entendido que esta postura dá uma ênfase nas
ciências exatas em detrimento das humanas, e a sociologia estaria no ápice da
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classificação de Comte, que seria: Por meio da fundamentação e classificação das
Ciências (Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia e Sociologia).
Fonte:pt.slideshare.net
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Entre Weber e Durkheim há uma diferença, quase oposta. Durkheim é o
pensador social que está imbuído, no seu universo de estudo, da presença de um
Estado nacional e de uma sociedade constituída. Weber vivia numa nação
problemática, desafiadora. O grande desafio era pensar a inserção da Alemanha na
Europa. Na virada do século já unificada, a Alemanha tinha atravessado um
processo rápido de modernização e industrialização com marcar profundas no nível
estrutural. As turbulências políticas e econômicas da industrialização da Alemanha
era a preocupação de Weber.
Fonte: slideplayer.com.br
15 AÇÃO SOCIAL
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Fonte: slideplayer.com.br
Teoria da ação
Ação social, a atividade orientada para um objetivo que dá sentido a ação. As
múltiplas linhas de ação são complexas e tecem o social. Cada ação busca uma
meta, ou metas que se cruzam, as ações se cruzam e podem ser ou não
significativas uma para outras.
Este autor, por exemplo, explicou como a ação do protestante levou (indícios
da salvação, está ou não salvo, o protestante se orienta pelo trabalho para a obra no
mundo capaz de mostrar resultados), ao surgimento do espírito do capitalismo. O
modo de comportamento na área religiosa influenciou a área econômica. Está
confuso isso? Continue lendo...
Para Weber não existe uma ação que determina a sociedade. O sentido a
ação religiosa concedeu importância à ação econômica. Não é uma relação direta,
mas a questão é o sentido que é dado pela ação. O que isso quer dizer? Você já
ouviu falar no livro clássico de Weber: A ética protestante e o espírito do
capitalismo? Ele faz uma interessante análise de como o comportamento de um
destes influencia o outro.
Veja no esquema abaixo:
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Fonte: slideplayer.com.br
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O papel do sociólogo é compreender a sociedade e suas múltiplas
possibilidades de entendimentos.
Para Weber não existe uma causa para um fenômeno social, existe uma
pluricausalidades e estas dadas pela ação social. As ideias condicionam o momento
histórico, e são essenciais para entender o pensamento de Weber.
Vamos fazer uma síntese do que foi visto até aqui. Lembrando que a intenção
aqui é que você entenda a base do pensamento dos clássicos, tendo em vista que o
pedagogo está habilitado para dar aulas de sociologia no ensino médio e estas
noções precisão ser bem compreendidas. Sigamos:
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Para Weber, as estruturas sociais estavam em contato direto com o poder de
ação dos indivíduos, o que significa que os sujeitos, seus valores e ideias possuem
força de ação direta sobre essas estruturas. A tarefa da Sociologia seria então,
segundo o teórico, apreender os significados que norteiam essas ações.
Interessante, não acha? Esta perspectiva é muito utilizada nas pesquisas atualmente
tanto no campo social, como econômico e político. O que move a ação individual?
Weber demonstrou esse princípio em seus estudos comparativos sobre as
distinções entre religiões Ocidentais e Orientais. Em seu livro, “A ética protestante e
o espírito do capitalismo”, conforme já foi mencionado acima, o autor buscou
esclarecer como a lógica cristã foi responsável pelo desenvolvimento do sistema de
produção capitalista. Nisso estaria inserido o contexto cultural e valorativo das
sociedades cristãs, e não apenas seu modelo ou situação econômica.
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Fonte: slideplayer.com.br
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que predominavam até então. Pode-se dizer que o processo de consolidação do
capitalismo é sim um processo de racionalização da vida e da sociedade.
Talvez o mais popular entre os clássicos sejam o alemão Karl Marx e isto se
deve ao fato de terem as suas ideias não só influenciados gerações mas, sobretudo,
fundou as bases para as lutas dos movimentos sociais, especialmente o movimento
operário, além de fundamentar as grandes revoluções socialistas do século XX,
como a revolução soviética e cubana.
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Fonte: www.portalconscienciapolitica.com.br
Percebeu?
Este é de fato o autor que inaugurou o pensamento crítico e o que você verá
nesta disciplina é que grandes sociólogos da educação pautaram suas reflexões
neste pensamento.
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17 CRÍTICA DE MARX AO CAPITALISMO
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17.1 Continua a crítica de Marx ao capitalismo
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Um ponto decisivo da divergência de Marx ante Feuerbach consiste na
determinação do conceito de “alienação”. Esta palavra se tornou popular hoje em
dia, embora o seu sentido muitas vezes tenha se perdido.
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A estratégia de Marx e Engels para submeter à crítica os jovens hegelianos,
evitando o risco de recair no jogo especular de uma crítica da “filosofia crítica”, passa
pela remodelação do conceito de “ideologia” – concebido como um descompasso
entre o que os indivíduos, grupos e sociedades imaginam ser e o que efetivamente
são.
17.5 Ideologia para Marx significa de acordo com o sociólogo Michael Lowy:
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Não é um texto difícil, talvez seja um dos mais fáceis de apreender o sentido. Veja o
que diz o texto abaixo:
18 A LUTA DE CLASSES
Diante de tudo o que você leu até agora já deve estar compreendendo o que
é a luta de classes e que classes são estas. A burguesia e o proletariado, ou seja, o
dono dos meios de produção e o dono da força de trabalho.
Marx tomou como pressuposto no Manifesto apenas um esquema mínimo, a
tese de que “a história de todas as sociedades até o presente é a história das
lutas de classes”. Observe que em toda a história esta foi a conclusão a que
chegou Marx. Trata-se, portanto, de trazer para o centro do relato da história
humana o conflito, a “luta ininterrupta, ora dissimulada, ora aberta”, entre oprimidos e
opressores.
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Em uma comunidade primitiva ou indígena não existe Estado, nem trabalho
assalariado e, acima de tudo não existe propriedade privada, que é o núcleo da
crítica de Marx ao capitalismo.
Apesar do tom panfletário, inerente a seus objetivos práticos, políticos e
pedagógicos (afinal foi lendo o Manifesto que as lideranças criaram os partidos), o
Manifesto mantém a postura crítica em relação à filosofia da história de A Ideologia
Alemã, como você viu acima. Em lugar de estabelecer uma teleologia para o
desenvolvimento geral da espécie humana, Marx, fez uma analise em conjunto do
destino da humanidade e do moderno, apenas aponta duas tendências, extraídas
da observação do passado histórico, procurando evitar recair na ideia de uma
necessidade inerente ao espírito ou em alguma forma de determinismo: “uma
reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou uma derrocada comum
das classes em luta”.
Cazuza: Burguesia
A burguesia fede
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A burguesia quer ser sócia do Country
A burguesia quer ir a New York fazer compras
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
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Não vai haver poesia
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Em seres humanos vivendo como bichos
Tentando te enforcar na janela do carro
No sinal, no sinal
No sinal, no sinal
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
Fonte: eumarxista.blogspot.com.br
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No manifesto comunista como você perceber, Marx mostra a dinâmica da,
característica da modernidade, e apresenta sob a forma de um feixe de expansões
que ocorrem simultaneamente, em direções e sobre domínios diferenciados. A
descrição do papel “eminentemente revolucionário” desempenhado pela burguesia
na história moderna pode ser concebida como uma história dos movimentos do
agente histórico dessa expansão, o que explica, entre outras coisas, a forte carga
irônica dessas passagens, muitas vezes interpretadas erroneamente como uma
apologia da burguesia.
Vamos lá: Está se falando que a Revolução Francesa é uma revolução
burguesa e, de fato, foi uma grande transformação, na medida em que acabou com
aquela sociedade dos senhores feudal, dos vassalos e suseranos e instaurou-se a
sociedade capitalista, de trabalho assalariado.
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Contudo, ao mesmo tempo em que ressalta o domínio do mercado e da
coisificação, reificação sobre o conjunto da vida social, Marx percebe outro
movimento de expansão caracterizado pela colonização, ou melhor, pela penetração
capitalista sobre áreas e regiões econômicas ainda não capitalistas – o que abrange
desde áreas do mundo rural, situadas próximo do centro do capitalismo, até os
territórios pré-capitalistas, situados nos confins do planeta. O que ele vai denominar
de acumulação primitiva do capital.
Fonte: slideplayer.com.br
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Essas duas “expansões” são assinaladas, ao mesmo tempo, como
expedientes a que a burguesia recorre para tentar superar as crises do capitalismo.
Marx indaga: “Por quais meios a burguesia supera as crises? Por um lado, pelo
extermínio forçado de grande parte das forças produtivas; por outro lado, pela
conquista de novos mercados e da exploração mais metódica dos antigos
mercados”.
A frase “exploração metódica dos antigos mercados”, outra vertente da
expansão capitalista, fala da reformulação dos meios e das formas de produção, o
que abrange desde a tecnologia empregada na produção até as formas de manejo
da mão de obra no interior do processo produtivo. Esse processo, no entanto, não
pode ser levado adiante sem a derrubada de obstáculos (jurídicos, culturais etc.) e
sem uma intensificação da padronização específica da economia capitalista sobre as
demais esferas do mundo social.
Todo aquele ou aquela que vende a sua força de trabalho, que não é dono/a
dos meios de produção. A exposição do proletariado, no decorrer do manifesto,
embora possa ser remetida ao quadro histórico-econômico próprio do mundo
moderno, não privilegia as mediações econômicas, mas antes a história de sua
formação política. De modo geral, Marx salienta que, na mesma medida em que a
burguesia, ou melhor, o capital se desdobra, também o proletariado se desenvolve.
A proposta de Marx é a tomada do poder político pelo proletariado.
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Fonte: pt.slideshare.net
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A dinâmica da expansão, própria do capitalismo, afeta o proletariado no
âmago da sua inserção (e integração) social, como força de trabalho, consolidando-
se como um dos principais obstáculos à sua organização e formação política. Esse
processo foi destacado por Marx como uma forma de reificação típica da situação do
trabalho no capitalismo. E você já sabe o que significa a palavra reificação.
Primeiro, o trabalhador perde sua autonomia, pela via da expansão da
máquina e pela ampliação da divisão de trabalho no interior do processo de
produção, tornando-se quase um mero acessório da máquina. Mas, sobretudo, ele
encontra-se submetido, no interior da fábrica, ao “despotismo” do capital:
Observe que Marx tem uma visão do Estado atrelado aos interesses da
burguesia. O Estado como diz Althusser, um teórico marxista é um aparelho
ideológico. O que significa dizer que longe de atender aos interesses de todos o
Estado existe para manter e proteger a propriedade privada dos meios de produção.
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Isto não é difícil de entender. O que você deve fazer é ler estes conceitos não
como uma atitude de alguém que está recebendo um conhecimento mas numa
atitude de reflexão. O objetivo aqui é que você desenvolva a sua autonomia para
pensar junto com Marx, concordando ou não com ele.
Fonte: produto.mercadolivre.com.br
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Assim criou-se partidos comunistas e movimentos revolucionários em várias
partes do mundo.
Por que é importante você se situar em relação ao papel revolucionário da
classe trabalhadora? Exatamente porque será esta classe que irá para as escolas
públicas e, neste sentido, é a partir dela que se desenvolverá os estudos sociológicos
em educação. Para tornar este conteúdo um pouco mais prático, faça você mesmo
um retrocesso na sua história de vida e avalie em que medida a sua identidade foi se
constituindo a partir das condições materiais de existência da sua família.
O que diz Karl Marx é que o povo está alienado, ou seja, não conhece e nem
reconhece tais processos históricos. Neste ponto entre a escola como instituição
capaz de praticar o exercício crítico e a conscientização do aluno enquanto um ser
histórico.
No entanto, como você também verá, a escola pode também e quase sempre
o faz, reproduzir a situação de classes. Ou seja, a escola pode manter tudo como
está atuando em uma educação desprovida do pensamento crítico o que levaria, de
acordo com Marx, a um processo de reificação cada vez maior.
Esse engajamento da classe operária em um projeto de transformação social
não é apresentado como um resultado automático e necessário decorrente das
condições econômicas e sociais da sociedade burguesa. Marx adverte que os
incessantes esforços para organizar o proletariado em um movimento político são, a
cada instante, contrariados pela concorrência entre os próprios operários, bem como
pela reificação, condições inerentes a sua situação no capitalismo.
O que se vê é que com o processo de globalização acelerado pelo impulso da
internet e, sobretudo, pela nova forma de produção e as características do capital
hoje, o trabalhador não é mais aquele da fábrica do século XVIII e XIX. Não há o
predomínio do coletivo de trabalhadores em um só lugar, o que existe é uma
pluralidade de formas de trabalho nem sempre assalariado.
Assim a nova dinâmica social coloca em cheque as ideais de Marx, no sentido
de que estas conduzirá inevitavelmente à ditadura do proletariado. A generalização
da forma-mercadoria dificulta não só a afirmação do proletariado como sujeito
histórico, mas a própria reflexão acerca dos problemas inscritos no cerne da
sociedade capitalista, uma vez que a reificação, originariamente atuante no mundo
do trabalho, estende-se para todos os setores da sociedade.
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Se você ainda não entendeu o que significa o termo reificação, olha com
atenção a citação abaixo.
23 REIFICAÇÃO, O QUE É?
Fonte: slideplayer.com.br
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E os principais teóricos da educação tem como referência esta teoria, a exemplo, já
citado, de Paulo Freire.
Fonte: jornalggn.com.br
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alunos, assim como seus sindicatos e associações a uma reforma estrutural da
educação, buscando superar a herança do elitismo, do autoritarismo e da exclusão
social e/ou racial, e introduzindo métodos pedagógicos libertários.
Viu? A proposta de educação está vinculada a uma proposta política de
transformação social, então neste sentido, não existe uma escola neutra. O que
significa dizer que a escola deve optar de que lado está. Ao lado da burguesia ou do
lado do trabalhador. Sigamos em frente!
66
Fonte: slideplayer.com.br
67
26 WEBER E A EDUCAÇÃO
Fonte: pt.slideshare.net
Estas conclusões não são literais de Weber, o tema da educação nunca foi
exaustivamente desenvolvido pelo autor, como o foi em Durkheim. Todavia, no texto
conhecido como “A religião da China”, quando Weber trata do papel dos letrados ou
mandarins chineses naquela sociedade, encontramos uma explícita menção do
pensador a diferentes tipos ideais de educação. Pode-se apresentar os tipos ideais
de educação de Max Weber da seguinte forma:
68
Fonte: slideplayer.com.br
69
processo de produção da sociologia brasileira, considerando a relação entre
sociologia e os problemas sociais, você aluno/a poderá por meio deste
reconhecimento compreender o Brasil em suas especificidades sócio cultuais.
É por esta razão e, sobretudo, para contribuir com uma formação próxima da
realidade brasileira é que vamos concluir o módulo I, com uma série de abordagens
e reportagens sobre o papel que a sociologia brasileira exerceu no processo de
construção do pensamento cientifico. Respire fundo e vamos lá!
É em 1930 na Era Vargas teve início no Brasil a construção da ideia de nação
e dos processos incipientes de industrialização. Foi também neste período que surge
a discussão sobre a educação universal, pública e gratuita.
70
27.2 O pai da sociologia brasileira
Fonte: nossapolitica.net
72
28 DARCY RIBEIRO: O BRASIL COMO MISSÃO
Fonte: pt.slideshare.net
73
28.1 Gilberto Freyre: autor de Casa Grande & Senzala
Fonte: pt.slideshare.net
74
A análise da vida cotidiana é a grande contribuição de Freire. Teria sido ele,
então, um dos primeiros a pensar em "patrimônio imaterial". Ele foi o precursor do
conceito de patrimônio imaterial, conceito este que se concretizou com enorme
sucesso.
Fonte: slideplayer.com.br
75
de índios e negros na formação do povo brasileiro é valorizado de forma
praticamente inédita.
Fonte: slideplayer.com.br
76
Fonte: pt.slideshare.net
Significa dizer que o brasileiro age mais pelas emoções do que pela razão. A
forma de solucionar os problemas é ligada a vínculos familiares ou de amizade. Um de
seus principais trabalhos, intitulado “Raízes do Brasil” aborda aspectos centrais da
formação da cultura brasileira e do processo de formação da sociedade, que
como vimos, é a preocupação mais recorrente dos grandes sociólogos do Brasil.
Nesta obra, mais uma vez aparece em lugar de destaque, a importância do legado
português no Brasil e a dinâmica de transferências culturais que se dava entre
metrópole e colônia.
77
exerceu a advocacia por alguns anos. Durante sua formação universitária e prática
advocatícia, vivenciou toda a efervescência política, social e cultural no Brasil,
durante as décadas de 20 e 30.Iniciou suas atividades políticas ingressando no
Partido Democrático (1928). Participou ativamente da Revolução (1930) e filiou-se
ao Partido Comunista Brasileiro. Fez uma viagem de estudos à União Soviética
(1933) e publicou um livro de viagens, URSS, um novo mundo (1934).
Assumiu a vice-presidência da Aliança Nacional Libertadora, motivo por que
foi preso (1935) por dois anos. Exilou-se na Europa (1937-1939) e de volta ao Brasil
(1940), lançou sua obra mais importante: Formação do Brasil Contemporâneo (1942)
um clássico da historiografia brasileira, discorrendo sobre a formação histórica do
Brasil.
78
30 FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
79
Fonte: pt.slideshare.net
31 SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Vamos lá?
81
Fonte: www.scielo.br
82
Fonte: albertovillas.com.br
83
32 CONCEITO DE EDUCAÇÃO
Fonte: slideplayer.com.br
84
Fonte: www.todocoleccion.net
Neste livro, Marx desenvolveu uma concepção de homem como ser natural,
universal, social e consciente. Isto é, embora ao nascer, ele conte com uma base
biológica, natural, para se objetivar como gênero humano – para vir a ser humano –
os homens, todos os homens, necessitam de um processo de humanização, que
seja direto e intencional, um processo social e consciente.
A finalidade imediata da educação (muitas vezes não cumprida) é a de tornar
possível um maior grau de consciência, ou seja, de conhecimento, compreensão da
realidade da qual nós, seres humanos, somos parte e na qual atuamos teórica e
praticamente.
Então, se a espécie humana necessita de um processo de humanização,
histórico e social de formação humana – de educação –, a educação tem como
objetivo realizar esta tarefa. Isso implica em um processo de conscientização que
significa conhecer e interpretar a realidade social e atuar sobre ela, construindo-a.
O primeiro processo de socialização, primária, ocorre na família. É neste
ambiente que a criança desde o seu nascimento aprende por meio da interação com
o meio e com a intervenção de um mediador adulto, as primeiras lições de vida. A
noção do certo e do errado, a se comportar, a reconhecer as pessoas, os valores da
família.
85
No segundo processo, o secundário, que ocorre principalmente na escola, a
criança começa a ter conhecimento do mundo que a envolve e a produção coletiva
que forma a estrutura social do seu ambiente.
Fonte: pt.slideshare.net
86
33 CAMPO DA SOCIOLOGIA
Fonte: melhorcomsaude.com
87
Com esta referência, podemos buscar a tese de que a escola, tal como a
conhecemos hoje, é uma instituição social nova, moderna. E como instituição é a
principal responsável pela formação dos jovens para sua integração ao mundo social
adulto na modernidade.
Fonte: soparamaes.wordpress.com
Fonte: blogdaebi.blogspot.com.br
88
Foi a partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial,
que o capitalismo consolidou-se. Do ponto de vista econômico, tem início um
processo intenso e contínuo de exploração do trabalho em grandes
proporções, geração de lucro e acumulação de capital. Aqui você pode se lembrar
também da reflexão do filme Tempos Modernos, de Chaplin, visto no Módulo I.
Do ponto de vista político e social, a aristocracia perde o poder político para a
burguesia urbano-industrial, surgindo ainda uma outra classe: os trabalhadores (ou
operários). Isso tudo implicou em profundas modificações nas práticas sociais, em
especial, no modo de produção.
Foi a preparação para essas novas relações sociais que modificou também a
organização do processo de formação humana, elegendo a escola como principal
instituição preparatória para a vida social.
Se, desde a antiguidade, temos algumas manifestações de um processo
educativo um pouco mais sistematizado, o qual nos acostumamos a chamar de
escola, somente na modernidade, a escola assume o papel de uma instituição
educativa significativa na sociedade para a organização do processo educativo
socialmente representativo.
Portanto, a escola é uma instituição da sociedade moderna, assim como a
sua correlata: a infância, tal como a entendemos hoje. Você já sabia, não é mesmo?
De acordo com o “sentimento da infância”, que “corresponde à consciência da
particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança
do adulto, mesmo jovem” (1981, p. 156). Na idade média, a infância se limitava ao
período inicial da vida no qual a criança dependia do constante cuidado do adulto,
mãe ou ama.
89
34 DESCOBERTA DA INFÂNCIA
Fonte: pt.slideshare.net
90
Fonte: slideplayer.com.br
91
Fonte: pt.slideshare.net
92
35 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
Fonte: slideplayer.com.br
93
Fonte: www.inclusive.org.br
94
(LUCKESI, 1990).
Observe bem como estas funções acima citadas são vistas por Demerval
Saviani. Para este autor a escola vive o antagonismo destas três funções.
Fonte: pt.slideshare.net
95
que ainda gera, analisa a impossibilidade teórica e prática das propostas educativas
denominadas por ele como “teorias não-críticas da educação”.
Fonte: www.egov.ufsc.br
Observe bem como Saviani conceitua as três funções da escola. Tozoni- Reis
(2010) utiliza-se da categoria desigualdade social para analisar a função social da
escola, especialmente para compreender as relações entre educação e sociedade.
Assim a autora pergunta: Diante desta característica definidora da sociedade
capitalista moderna, como sustentar a tese das teorias não críticas de que a
educação escolarizada é um instrumento de equalização social?
Teorias não críticas são aquelas que não consideram a escola na relação com
a sociedade e seus conflitos.
Em outras palavras, como conceber a escola como um instrumento de justiça
social analisada por teorias que não fazem a crítica às relações conflituosas que
existem na sociedade. Percebe?
96
Neste sentido, “a sociedade é concebida como essencialmente harmoniosa,
tendendo a integração de seus membros” (SAVIANI, 2008, p. 4).
Lembra da teoria de Durkheim, em que a sociedade tende para a harmonia?
Assim, de característica definidora da sociedade capitalista moderna, a desigualdade
social – e, consequentemente, a marginalidade – é concebida como uma distorção
que, pela educação, pode ser superada. Numa perspectiva durkheimiana a
desigualdade social seria uma anomia social.
Assim pensada a escola mostra o caráter “redentor” nas relações entre a
educação e a sociedade: A marginalidade é, pois, um fenômeno acidental que afeta
individualmente um número maior ou menor de seus membros, o que, no entanto,
constitui um desvio, uma distorção que não só pode como deve ser corrigida.
Fonte: pt.slideshare.net
97
garantir a construção de sociedades igualitárias, de corrigir essas distorções
eventuais.
Perguntas:
1. A educação e, particularmente, a escola, como instituição social, define,
por si, a superação da desigualdade social?
2. A desigualdade social não é uma das mais importantes características
– definidora, fundante – da sociedade capitalista moderna? Nesta
questão você consegue perceber a perspectiva marxista?
Fonte: tempossafados.blogspot.com.br
98
37 REPRODUÇÃO NA ESCOLA
Fonte: praticassocioeducativas.blogspot.com.br
99
Fonte: pt.slideshare.net
100
Bourdieu faz uma análise das desigualdades escolares e sua relação com a
estrutura das desigualdades sociais, revela o que ele chama de violência simbólica,
ao mostrar como as desigualdades e dificuldades dos alunos podem ser
compreendidas a partir da observação da estrutura social em que vivem e, o que é o
mais importante, como a escola contribui para a reprodução destas desigualdades.
No texto, A Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à
cultura, o sociólogo francês Pierre Bourdieu (1966), desenvolve um de seus
principais conceitos teóricos, o capital cultural; através do qual explica o atraso
“educacional” das classes populares. Bourdieu (1966) faz uma crítica vigorosa à
função desempenhada pelas instituições escolares francesas. Salvo às
especificidades da realidade escolar da França, da pesquisa sociológica científica e
da época em que Bourdieu escreve, acredito que, a partir de seu texto, podemos
ainda pensar algumas questões à política e à educação contemporânea no Brasil.
Você pode perceber aqui que o autor chama a atenção para o fato de que a
escola legitima a desigualdade social, na medida em que não questiona as relações
de conflito que estão no seu interior.
Por que a escola não é um fator de mobilidade social? Bom, para o autor,
existe uma série de aspectos culturais que precisam ser levados em conta para
explicar a mobilidade social (aquilo que pode fazer com que uma pessoa saia de uma
classe social inferior para uma superior). Dentre os aspectos das relações sociais
que levam ao êxito escolar e à ascensão social, são perceptíveis algumas formas
grosseiras:
a) Recomendações, quer dizer, o famoso “Quem Indica”.
b) Ajuda no trabalho escolar ou ensino suplementar. Pais, familiares e
outros que auxiliam os alunos nas tarefas escolares; e as atividades fora do âmbito
da escola, como cursos de idiomas ou de disciplinas específicas como português e
matemática (famoso Kumon) e de pré-vestibulares, no atual caso brasileiro.
c) Informação sobre o sistema de ensino e perspectivas profissionais. Este
ponto se refere ao conhecimento detalhado de profissões e de particularidades de
estudos conforme as exigências de uma prova classificatória, como no vestibular ou
ENEM.
102
Fonte: eliperochasociologia.blogspot.com.br
103
Fonte: pt.slideshare.net
Podemos dizer então que o capital cultural possui uma relação direta com
os atributos familiares (cultura e renda), logo, com a rede sociocultural da qual a
criança participa. A herança cultural deve levar em conta não somente o nível cultural
do pai ou da mãe, mas também o dos demais componentes da família,
especialmente, o dos avós.
As localidades regionais onde se residiu para os estudos na adolescência e
na juventude também precisam ser colocadas nesse cálculo. Pois em determinados
lugares existe uma maior disponibilidade de bens simbólicos, como museus, teatros,
parques culturais, cinemas, instituições escolares de melhor qualidade, centros de
cultura e etc. Soma-se a estes dois aspectos o conjunto das características do
104
passado escolar, como o tipo de curso secundário e o tipo de estabelecimento – se
municipal, estadual, federal ou privado. Você está entendendo? Se não, volte à
leitura e faça reflexão, ou pare um pouco de depois retorne.
Fonte: marisaserikako.iibnn.com
Fonte: wol.jw.org
105
Contudo os níveis de instrução da família são apenas indicadores e não
mostram quais conteúdos são transmitidos às crianças. Nisso as pesquisas
demonstram que o capital cultural mais rentável para o sucesso escolar é constituído
pelas informações e conhecimentos relacionados ao mundo universitário, à
facilidade verbal e à cultura livre adquirida nas experiências extraescolares.
Quer dizer que a transmissão cultural eficaz é a que não está separada da
vida comum do aluno e que não se trata de uma tarefa específica que ele fará
metodicamente, mas um eixo de relações culturais que participa de sua vida de
maneira integral sem parecer forçosa. Neste sentido, os alunos de família rica e culta
interagem numa cultura de gostos, de linguagens e de fazeres propícios
ao que é cobrado nas instituições formais. Por conta de haver essas relações
desde “berço” acredita-se, enganosamente, que as qualidades destas crianças,
transmitidas quase por osmose, são dons naturais. Olha que interessante!
Ao contrário desta crença, Bourdieu (p. 46) escreve que: “o êxito com os
estudos literários está estreitamente ligado à aptidão para o manejo da língua
escolar, que só é uma língua materna para as crianças oriundas das classes cultas”,
enquanto as crianças das classes populares precisam se desdobrar para fugir do
linguajar próprio ao seu cotidiano.
Faz sentido para você, estas reflexões?
106
professores, para que ele continuasse os estudos e/ou concorresse a uma vaga nas
melhores escolas.
As pesquisas de Bourdieu mostram que “a escolha da escola e das maneiras
do ensino (técnico ou teórico) tem a ver com as lembranças das experiências direta e
imediata pela estatística intuitiva das derrotas ou dos êxitos parciais das crianças de
seu meio”. A desesperança, não raras vezes, tomam as classes populares e então
dizem: “Isso não é para nós”. O que significa: “Não temos meios para isso”.
Fonte: ambientalistamarcioluiz.blogspot.com.br
107
O capital cultural e o ethos combinam-se na concorrência para definir as
condutas escolares que excluirão os alunos das classes populares. A questão da
desesperança e do ethos aparece de modo paradoxal para as crianças pobres, pois
se espera que compensem suas carências de capital cultural através de um
desempenho melhor que aqueles que possuem melhores condições econômicas e
culturais.
Fonte: slideplayer.com.br
Desta maneira, aponta Bourdieu (p. 50): “o princípio geral que conduz à
superseleção das crianças das classes populares e médias estabelece-se assim: as
crianças dessas classes sócias que, por falta de capital cultural, têm menos
oportunidades que outras de demonstrar um êxito excepcional, devem, contudo,
demonstrar um êxito excepcional para chegar ao ensino secundário”.
108
42 COMO A ESCOLA CUMPRE A FUNÇÃO DE CONSERVAR AS
DESIGUALDADES SOCIAIS?
Agora que você compreendeu o que significa capital cultural converse com os
seus colegas no fórum ‘do aluno’ e amplie ainda mais o se conhecimento de forma
interativa. Este é um ótimo exercício.
E, agora? Como o capital cultural interfere no processo de aprendizagem?
Fonte: slideplayer.com.br
109
Fonte: educaja.com.br
110
Segundo a lição de Bourdieu, não é possível haver igualdade diante das
desigualdades pré-existentes.
111
alunos em cada (360 alunos ao todo), fazendo com que seu tempo fosse bastante
pequeno para que pudessem preparar melhor as aulas.
Aulas as quais a direção da escola e o governo não deram apoio nenhum
além do livro didático de História escrito por um bacharel em Direito. Ou então talvez
porque os alunos tiveram que trabalhar de atendente de telemarketing para ajudar
nas despesas de casa. Vai saber!
43 VIOLÊNCIA SIMBÓLICA
Nas próximas aulas você continuará a ter contato com o conceito de capital
cultural, entretanto, aliado a outro não menos importante conceito de Bourdieu:
violência simbólica.
112
individuais, quando na prática devem ser compreendidas analisando a exclusão que
a própria sociedade impõe.
Fonte: nepfhe-educacaoeviolencia.blogspot.com.br
44 BOURDIEU E A EDUCAÇÃO
113
características, sua história, sua cultura, é essencial para pensar em uma educação
transformadora, porque mudar a escola significa também operar mudanças no
próprio ambiente escolar.
Fonte: ccfjm.blogspot.com.br
45 CAPITAL CULTURAL
Fonte: www.google.com.br
115
para a escola o indivíduo traz consigo traços definidores da sua cultura e de seu
desempenho.
Na perspectiva de Bourdieu, os problemas educacionais não podem ser
resolvidos sem antes resolver os problemas sociais para garantir condições de
igualdade de oportunidades. Condições em que a escola deixa de ser uma
instituição reprodutora da cultural dominante para ser uma instituição produtora do
saber.
46 A SOCIOLOGIA NA ESCOLA
116
Fonte: alencarcaroline.wordpress.com
117
Fonte: pt.slideshare.net
Isso significa afirmar que a educação escolar tem como principal função
promover a consciência dos educandos para a compreensão e transformação da
realidade.
Sobre a educação transformadora você aluno e aluna não podem deixar de
conhecer mais de perto as grandes contribuições que o educador brasileiro,
referência em todo o mundo, Paulo Freire trouxe para o pensamento educacional.
Sugiro que registre em seu caderno de notas. Compreender Paulo Freire é
aproximar da história de educação brasileira.
118
Faculdade de Direito do Recife. Enquanto cursava a faculdade de direito, casou- se
com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Com a esposa, tem teve cinco
filhos e começou a lecionar no Colégio Oswaldo Cruz em Recife.
No ano de 1947 foi contratado para dirigir o departamento de educação e
cultura do Sesi, onde entra em contato com a alfabetização de adultos. Em 1958
participa de um congresso educacional na cidade do Rio de Janeiro. Neste
congresso, apresenta um trabalho importante sobre educação e princípios de
alfabetização. De acordo com suas ideias, a alfabetização de adultos deve estar
diretamente relacionada ao cotidiano do trabalhador. Desta forma, o adulto deve
conhecer sua realidade para poder inserir-se de forma crítica e atuante na vida
social e política.
Fonte: www.youtube.com
119
Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, foi lançada em 1969. Nela, Paulo
Freire detalha seu método de alfabetização de adultos. Retornou ao Brasil no ano de
1979, após a Lei da Anistia
Durante a prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo, exerceu o cargo de
secretário municipal da Educação. Depois deste importante cargo, onde realizou um
belo trabalho, começou a assessorar projetos culturais na América Latina e África.
Morreu na cidade de São Paulo, de infarto, em 2/5/1997
Atualidade de Freire está em colocar o ser humano, aquele que por muito
tempo esteve invisível diante da cultura dominante, como uma categoria central da
sua pedagogia. Se você observar bem verá que a concepção freirianas se insere
nas teorias críticas e pós-críticas, primeiro por denunciar a desumanização e a
opressão como estratégia fundamental para a libertação e transformação social.
Uma Teoria da educação de inspiração freireana necessariamente deverá
contemplar eixos centrais do pensamento de Paulo Freire, quais sejam: o que,
como, para que, para quem, a favor de quem?
Fonte: sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br
120
Neste sentido os conteúdos e em termos gerais o conhecimento, são
questões centrais que vem dominando as discussões curriculares tanto na ótica de
algumas teorias quanto nas políticas públicas, e mesmo nas escolas: quais os
conteúdos que são relevantes frente a contemporaneidade, aos desafios postos pela
globalização.
48 FREIRE E BOURDIEU
Fonte: sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br
121
A diversidade é reflexo da nova configuração social em que o acesso à
educação fruto de lutas por direitos e do fortalecimento da democracia se constitui
uma realidade que não pode ser negada.
Para Freire a organização do conhecimento na escola não passa pelo viés
dos conteúdos mas pelas relações que se possam estabelecer no entorno do ato
educativo; a vida cotidiana da escola como um todo diz respeito ao ato educativo.
Um campo vivo de possibilidades e incertezas. A vida cotidiana está no centro do
currículo.
Freire entende que não se muda a cara da escola por portaria, por pacotes
pensados por uma dúzia de iluminados, para ser aplicado nas escolas. Aqui ele
aponta para a noção do conhecimento como uma construção teórico/prática, sendo
imprescindível a participação, a dialogicidade no processo de elaboração curricular.
Freire compartilhou com Giroux a perspectiva de uma pedagogia radical, libertadora.
Para ele, a linguagem da educação é contextual e deve ser compreendida em sua
gênese e desenvolvimento como parte de uma rede mais ampla de tradições
históricas e contemporâneas, de forma que possamos nos tornar autoconscientes
dos princípios e práticas sociais que lhe dão significado.
Tomando a linguagem como prática de significação, Giroux(1997) coloca a
necessidade de se analisar as condições históricas de construção de um discurso.
Para ele, nenhum projeto teórico está pronto, e cada ensaio tem que ser lido
de novo pela compreensão que pode trazer ao momento presente. Neste sentido,
tomando a educação como prática de significação, o pensamento de Paulo Freire
122
pode ajudar a escola a contribuir na construção de outras subjetividades,
inconformistas, que pervertam os sentidos impostos pelo capitalismo sob a ótica de
valorar a tudo por sua qualidade de troca.
Sob a perspectiva freireana, a luta por significados é uma luta política,
reafirmando-se portanto a urgente politicidade da educação.
Em seu livro A pedagogia da autonomia, Freire (2002), pontua uma questão
que nos interessa de perto e veremos a seguir.
123
49 ESCOLA: UM AMBIENTE POLÍTICO
124
Fonte: images.slideplayer.com.br
125
Esta prática produz um sujeito autônomo que se convence que ensinar não é
transferir conhecimentos mas criar possibilidades para a sua construção. Formação
do indivíduo que é uma característica e função da educação é vista por Freire não
como uma ação que dá forma ou estilo a uma alma ou a um corpo indeciso e
acomodado.
O educador e o educando não são, apesar de suas diferenças, objetos um do
outro. Quem ensina aprende ao ensinar. Por isso é que, do ponto de vista
gramatical, o verbo ensinar é um verbo transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto
direto - alguma coisa - e um objeto indireto - a alguém. Do ponto de vista
democrático, em que o autor declaradamente se situa, na compreensão do homem e
da mulher como seres historicamente inacabados.
50 ENSINAR É TRANSFORMAR
126
Fonte: pensador.uol.com.br
127
onde deveriam acontecer calorosas discussões, no entanto falar, em um sistema
que oprime falar/questionar é um ato de rebeldia, sujeito a punições.
Estaria certo então o educador Moacir Gadotti, ao afirmar que “A educação
para a fala, para a formação do orador (no sentido daquele que defende seus
direitos), seria um suicídio para a sociedade opressiva.” (GADOTTI, FREIRE e
GUIMARÃES, 1995, p. 90).
Fonte: www.blogdopedroeloi.com.br
128
Daí dizer que a palavra verdadeira seja transformar o mundo” (FREIRE, 2005,
p.89). Mas, o que Freire entendeu por palavra? Palavra é o ser humano
transformando em diálogo, palavra é a comunhão com o outro como testemunho e
doação e, consequentemente, como existência, porque existir “humanamente é
pronunciar o mundo, é modificá-lo” (FREIRE, 2005, P.90) porque não é no silêncio
que os homens se fazem e sim na ação reflexão.
130
Esse Manifesto foi mais um documento de política educacional do que um
documento didático-metodológico, como encontramos muitas vezes na literatura
pedagógica. Sua proposta estava plenamente integrada ao contexto social, político e
econômico da consolidação do capitalismo industrial no Brasil, cujo papel da escola
estava voltado para a formação dos sujeitos sociais para esse desenvolvimento. Isso
explica porque o Manifesto trouxe a público da forma mais veemente na história da
educação brasileira a defesa da escola para todos, um dos mais importantes
princípios da educação burguesa. A escola para todos - pública - defendida no
Manifesto em contraponto à escola da Reforma Francisco Campos, era a escola
única (significando igualdade de oportunidades), laica (livre de doutrinas), gratuita
(sob a total responsabilidade do Estado), obrigatória (até 18 anos) e para ambos os
sexos.
Nas próximas linhas você fará uma revisão do que viu em história da
Educação, agora identificando pontos importantes para compreender a sociologia
educacional.
Você já sabe que para os Pioneiros, a função social da escola (campo
específico da educação) explicitava-se pela sua organização como instituição social
limitada na sua ação educativa pela pluralidade e diversidade das forças que
concorrem ao movimento das sociedades, considerando que, entre todos os deveres
do Estado, a educação é o maior.
131
Fonte: slideplayer.com.br
133
53 ENTENDENDO A POLÍTICA DA EDUCAÇÃO
Fonte: sociologiadaeducacaouff.blogspot.com.br
134
capitalismo industrial. O papel dos movimentos sociais sempre marcou uma
diferença no pensamento educacional brasileiro.
Muitos destes influenciados pelo pensamento do educador Paulo Freire que
atuava frente aos Círculos de Cultura, com atenção especial à educação de jovens e
adultos, na intenção de discutir a função da educação no sistema de reprodução das
desigualdades e injustiças sociais.
Fonte: resistenciaemarquivo.wordpress.com
135
Fonte: pt.slideshare.net
Fonte: pt.slideshare.net
136
54 PARA ENTENDER A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
Fonte: slideplayer.com.br
137
eficiência e produtividade, isto é, o máximo de resultados com o mínimo de esforços
na formação humana (investimento) que interessava ao regime político e ao modelo
econômico.
Essas reformas, portanto, inspiraram-se na pedagogia tecnicista, articulando a
organização racional (taylorista) do sistema de ensino brasileiro com o controle de
comportamento nos processos de aprendizagem (behaviorismo).
55 ESCOLA TECNICISTA
Fonte: pt.slideshare.net
138
mecanismo interno de controle. Segundo Romanelli (2009), esse controle recaiu
sobre a progressão no sistema e a qualidade da educação. A dualidade, então, cujos
reflexos vivemos ainda hoje, expressou-se pela oposição quantidade- qualidade, ou
seja, enquanto se expandia o atendimento à educação escolarizada pública
pelo estado autoritário (quantidade), privatiza-se, gradualmente, a
qualidade.
Fonte: kdimagens.com
139
2. A valorização da educação escolar das tendências marxistas em
defesa da escola pública.
140
Fonte: slideplayer.com.br
Essa abordagem fez com que a LDB aprovada (cuja organização popular
sofreu um grande golpe no final de sua elaboração) se tornasse um instrumento para
a política educacional marcada pela inclusão-excludente. Os avanços quantitativos
necessários na inclusão da população em idade escolar na escola pública, não
foram equivalentes à qualidade necessária.
Temos que, pelo aprofundamento da crise de qualidade na escola pública,
uma enorme parte da população é excluída do processo de apropriação da cultura
como instrumento transformador na prática social.
Entenda o que diz a professora Tozoni-Reis:
141
56 E COMO FICA A FORMAÇÃO?
Se por um lado, implica na preparação dos sujeitos sociais para esse modo
de produção que tem dimensão social, política, econômica e cultural, caracterizando
o que a Sociologia identificou como um papel reprodutor das desigualdades sociais,
por outro, a educação escolar pode ser considerada como um processo que oferece
aos sujeitos em formação um dos mais fundamentais instrumentos para o
enfrentamento dessas desigualdades.
Esse enfrentamento ocorre quando a escola se organiza de modo a
sistematizar a transmissão crítica e reflexiva do saber elaborado historicamente pela
humanidade.
Isso significa dizer que a escola, como instituição social, tem o papel de
garantir aos sujeitos com oportunidades contraditoriamente desiguais a apropriação
de conhecimentos, a formação de valores sociais e culturais, a preparação para o
mundo do trabalho e para o desenvolvimento da prática social.
Fonte: www.ocoracaovermelho.com
Esse é o sentido público da escola pública: servir aos interesses públicos, aos
interesses da maioria da população, embora essa seja uma tarefa contraditória.
Superando o senso comum em relação à escola pública e ao poder estatal,
consideremos o importante papel que o Estado tem na formulação e realização da
escola pública. Assegurar escolas que facultem o acesso a todas as crianças, jovens
142
e adultos, bem como sua permanência em igualdade de circunstâncias,
independentemente das suas condições históricas, econômicas, políticas e sociais.
Fonte: slideplayer.com.br
143
É visível o progressivo “desinvestimento” na Educação, nem tanto diretamente
pela aplicação de percentuais orçamentários obrigatórios, mas por uma série de
outros mecanismos que Romanelli (2009) chamou de “mecanismos internos de
controle”. O processo de privatização do ensino, que afirma sua dualidade, é tão sutil
quanto eficiente e se expressa pelos mais diferentes indicadores:
57 PENSANDO NA AVALIAÇÃO
58 FORMAÇÃO DOCENTE
Fonte: slideplayer.com.br
145
De impacto muito negativo para a qualidade da escola pública é, também, o
ataque neoliberal em curso contra os profissionais da Educação, docentes e não
docentes, com a supressão de aspectos fundamentais das suas carreiras. Esse
ataque consolida a instabilidade profissional, articulada a uma campanha pública de
desvalorização social da sua imagem (para isso colaboram, por exemplo, as
campanhas de substituição – direta e indireta – da ação docente na escola).
Sugiro neste ponto que você acompanhe as propostas de reforma do Ensino
Médio.
Essa situação colabora também para o aumento da indisciplina e da violência
nas escola. Então, se a escola pública no Brasil tem uma trajetória histórica marcada
pela tardia implantação de um sistema nacional de ensino caracterizado, nos
diferentes momentos históricos, como excludente e dual, que “lições” essa história
nos traz? Lembremos que Lombardi, Saviani e Nascimento (2005) identificou na
trajetória histórica da consolidação da escola pública no Brasil três projetos de
desenvolvimento da sociedade brasileira em disputa nos dias atuais:
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59 RETRATO DA EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA
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Fonte: pt.slideshare.net
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Fonte: pt.slideshare.net
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60 PARA VOCÊ ENTENDER O QUE SIGNIFICA CAPITAL HUMANO:
Fonte: slideplayer.com.br
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Se na década de setenta, seus princípios eram de racionalidade, eficiência e
produtividade sob o controle direto do Estado, agora, ele aparece sob o controle do
mercado, da responsabilidade da iniciativa privada e das organizações não-
governamentais, reduzindo os investimentos públicos pelas parceiras público-
privadas.
Fonte: slideplayer.com.br
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o avanço neoliberal – e seu componente mais estritamente econômico, a
globalização da economia – trouxe novas exigências, a escola inserida neste mundo
tem o papel de preparar o aluno para conhecê-lo e nele atuar de forma adaptadora.
Isto é, a escola prepara os sujeitos para atuar de forma a se adaptar às exigências
desta doutrina de organização da sociedade e contribuir para seu aprimoramento,
permitindo, principalmente, que o aluno tenha competência em diversas tecnologias.
Fonte: cmapspublic.ihmc.us
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A escola pública deve contribuir na formação plena – crítica – dos sujeitos
sociais. Para tanto, sua “tarefa” filosófico–política é a de assegurar a cultura clássica,
em cujo bojo se encontra o que há de mais universal e permanente das produções
humanas e que, considerada as condições de desigualdade de nossas sociedades
modernas, somente essa escola é capaz de garantir para o conjunto da população.
Em síntese, a escola, articulando o novo com a tradição, será efetivamente
pública se for capaz de trazer para seu interior a responsabilidade de formação
plena dos sujeitos, o que significa garantir a apropriação crítica do conjunto da
produção humana, ou seja: Trata-se aqui da produção de ideias, conceitos, valores,
símbolos, hábitos, atitudes, habilidades. Numa palavra, trata-se da produção do
saber, seja do saber sobre a natureza, seja do saber sobre a cultura, isto é, o
conjunto da produção humana.
Portanto, trata-se da necessidade da escola pública de assumir sua tarefa,
histórica e política, de equalização da sociedade, de superação da desigualdade
social, de realização de seu caráter público no sentido amplo e complexo de
instituição pública de educação.
Concluindo este módulo, desafio você a pensar em tudo que leu e estudou
relacionando com os clássicos da sociologia e buscando identificar quais são os
fundamentos sociológicos que estão na base nas análises aqui apresentadas.
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Fonte: slideplayer.com.br
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E EM WEBER?
Fonte: kdfrases.com
Fonte: slideplayer.com.br
62 OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA
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Fonte: slideplayer.com.br
Fonte: slideplayer.com.br
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Para Durkheim, ela estaria, e deveria estar, unida à ação política e, deste
modo, ao desenvolvimento de uma sociedade orgânica integrada e normativa.
Fonte: slideplayer.com.br
Observe bem o que Edgar Morin diz na sua entrevista na Rede Globo: é
preciso educar os educadores
Vejamos os seus argumentos:
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Fonte: pt.slideshare.net
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O Globo: Quais são os maiores problemas do modelo de ensino atual?
Edgar Morin: O modelo de ensino que foi instituído nos países ocidentais é
aquele que separa os conhecimentos artificialmente através das disciplinas. E não é
o que vemos na natureza. No caso de animais e vegetais, vamos notar que todos os
conhecimentos são interligados. E a escola não ensina o que é o conhecimento, ele
é apenas transmitido pelos educadores, o que é um reducionismo. O conhecimento
complexo evita o erro, que é cometido, por exemplo, quando um aluno escolhe mal a
sua carreira. Por isso eu digo que a educação precisa fornecer subsídios ao ser
humano, que precisa lutar contra o erro e a ilusão.
Fonte: educarparacrescer.abril.com.br
64 MORIN E A EDUCAÇÃO
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O Globo: A literatura e as artes deveriam ocupar mais espaço no
currículo das escolas? Por quê?
Edgar Morin: Para se conhecer o ser humano, é preciso estudar áreas do
conhecimento como as ciências sociais, a biologia, a psicologia. Mas a literatura e as
artes também são um meio de conhecimento. Os romances retratam o indivíduo na
sociedade, seja por meio de Balzac ou Dostoiévski, e transmitem conhecimentos
sobre sentimentos, paixões e contradições humanas. A poesia é também importante,
nos ajuda a reconhecer e a viver a qualidade poética da vida. As grandes obras de
arte, como a música de Beethoven, desenvolvem em nós um sentimento vital, que é
a emoção estética, que nos possibilita reconhecer a beleza, a bondade e a
harmonia. Literatura e artes não podem ser tratadas no currículo escolar como
conhecimento secundário.
Fonte: www.correiodopovo.com.br
Se você se dedicou e chegou até aqui, tenho certeza de que cumpriu com
dignidade os compromissos da sua formação. Você está apto a usar os
conhecimentos aqui construídos no exercício da sua profissão e da sua vida como
cidadão. Parabéns por mais essa conquista!
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65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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