Você está na página 1de 13

DIDÁTICA

*José Roberto Limas da Silva


DIDÁTICA
CONCEITOS IMPORTANTES NA DIDÁTICA
O QUE É A DIDÁTICA: A palavra didática significa arte de ensinar,
aptidão para ensinar. Ela se preocupa em desenvolver técnicas que
promovem a relação ensino/aprendizagem.
Didática é, também, a somatória de ferramentas que
visam orientar a aprendizagem do aluno. Ela é uma
mediadora do processo de aprendizagem.
Logo ela é uma técnica de transmissão do conhecimento.
Principais matrizes de escolas pedagógicas
Pedagogia tradicional: Processo educacional centrado no professor. Aulas expositivas. O
aluno é somente um paciente. Foco na transmissão de saberes.
Pedagogia renovada: O aluno é o eixo de orientação do processo de aprendizagem. A ideia
de trabalho em grupo e de inclusão. Conteúdos programáticos sugeridos pelos alunos,
baseados no cotidiano.
Pedagogia tecnicista: Processo educacional com vistas á formação de mão de obra para o
mercado. O uso de ferramentas tecnológicas privilegiam o processo em prejuízo do aluno e
do professor.
Pedagogia libertadora: Inspirada em Paulo Freire. Discurso que propõe que o ensino deve
promover libertação e transformação social. Desenvolvimento de espírito crítico dos alunos.
A escola deve enxergar o mundo além-escola. O aluno é um cidadão...
Pedagogia crítico-social: A educação como instrumento de conscientização dos alunos
acerca das mazelas sociais. Capacidade de cruzar a realidade educacional com a situação
social. Baseia-se numa análise sociológica.
PLANEJAMENTO DA AULA DE DIDÁTICA E INTRODUÇÃO Á
METODOLOGIA CIENTÍFICA
Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois
incapazes de ouvir a minha palavra (João 8. 43).
Nem sempre o mestre é entendido pelos discípulos (Mc. 7. 18). A condição
pecaminosa da raça humana impede-a de compreender determinadas verdades.
Há diversos níveis de conhecimento e diversas formas de comunicá-los. A
didática se ocupa do processo ensino-aprendizagem. A palavra didática está
associada á arte de ensinar, não obstante, ela se ampliou ao longo do tempo, se
ocupando das diversas técnicas utilizadas no processo educacional, mas sempre
associada ao ensino-aprendizagem. Não obstante este lastro da didática,
consideramos mais relevante para nosso curso nos atermos a uma discussão
epistemológica do ensino religioso, no sentido de discutirmos qual é o modelo
mais apropriado para ministrarmos o conhecimento religioso.
O que queremos tratar, de fato?
Em suma, queremos discutir qual paradigma metodológico é mais
apropriado para o ensino religioso. A didática é uma consequência do
modelo adotado. Portanto, a didática é fruto do modelo adotado. Nossa
disciplina, então, visa buscar as raízes para uma prática didática. Neste
sentido vamos discutir os modelos científicos históricos: explicativo e
compreensivo. A presente disciplina possibilitará, também, um encontro
saudável entre a teologia e a ciência da religião, vez que as mesmas vivem
as “turras” desde o nascimento da segunda, no final do século XIX. A
discussão acerca dos modelos científicos criará zonas de intercessão
entre as duas áreas do conhecimento.
O modelo explicativo
O modelo explicativo é a abordagem metodológica prevalecente desde os rudimentos do
racionalismo cartesiano (René Descartes), passando pelo empirismo de John Locke (séculos
XVII e XVIII) e desembocando no positivismo de Comte (Século XIX). O método explicativo,
nos moldes racionalista e empirista, privilegia a abordagem racional, objetiva e
generalíssima. Sendo que, nos moldes positivistas, o método explicativo vai avançar mais
ainda, buscando, no exatismo da vida biológica/química e das leis naturais, a base para a
vida social e, “ao contrário dos estados teológico e metafísico, considera impossível à
redução dos fenômenos naturais a um só princípio”, seja este princípio Deus, natureza ou
outro. Resumidamente, no espírito positivista, o método explicativo “instaura as ciências
como investigação do real, do certo e do indubitável, do precisamente determinado e do
útil”, sendo a única forma segura de se chegar ao conhecimento. Este método se caracteriza
pela independência do pesquisador em relação ao objeto, este é abstraído de sua realidade
espacial para ser isolado e estudado. COMTE, Auguste. Curso de Filosofia Positiva, Discurso Preliminar Sobre o
Conjunto do Positivismo, Catecismo Positivista. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 11.COMTE, 1988, p. 12.
Duas questões problemáticas para o método explicativo:

1- Nossa mente é plenamente confiável?


2- Podemos abstrair o objeto da sua realidade espacial?

O que a Bíblia diz:


Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o
conhecerá (Jr. 17. 9).
E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos
pés: Não tenho necessidade de vós (I Co. 12. 21).
Método compreensivo.
Quanto ao método compreensivo, este surge como reação ao
objetivismo racionalista do método explicativo, especialmente, em face da
proposta de validar a abordagem naturalista no conhecimento dos fenômenos
sociais. Logo, o nascimento do método compreensivo está associado ao
estabelecimento do estatuto científico das Ciências Sociais, no fim do século XIX e
início do XX. O método compreensivo está fundamentado numa proposta de
conhecimento sem abstração do objeto de sua realidade espacial, propondo dois
movimentos, um em direção ao subjetivo, outro em direção ao objetivo. Para o
método compreensivo, “a compreensão pressupõe um vivenciar” e este vivenciar
tem, como ponto de partida, um primeiro olhar subjetivo sobre o objeto ou sobre
o fenômeno. No método compreensivo, o conhecimento se estabelece na
comunhão entre objeto e sujeito/pesquisador.
DILTHEY, Wilhelm. Introdução às Ciências Humanas . Rio de Janeiro: Forense, 2010. p.103.
DUAS QUESTÕES QUE O MÉTODO COMPREENSIVO
APRESENTA
1- É possível falar e ensinar sobre religião sem
experienciar a religião?
2- O cientista ateu tem competência para julgar a
religião?
ANTES DE DEFINIR QUAL MÉTODO USAREMOS PRECISAMOS RESPONDER ESSA
PERGUNTA: A RELIGIÃO É SOMENTE UM FENÔMENO CULTURAL IMANENTE?
O modelo explicativo considera como premissa fundamental o fato de que a religião é
“uma manifestação antropológica e histórica que pode e deve, como qualquer outro
fenômeno humano, sujeitar-se aos métodos da pesquisa crítica”. Quanto à abordagem
compreensiva, esta difere diametralmente da explicativa, pois não admite tratamento
generalizante ao objeto religião, mas considera que “a religião começa consigo mesma” e
por isto goza de autonomia absoluta. Na esteira desta abordagem, há, evidentemente, a
pressuposição de que a religião não é um objeto comum como os demais objetos
abordados nas ciências naturais, pois, diante deste objeto (religião), “o intérprete não
pode colocar-se de maneira asséptica e neutra, pois ele, desde o início, está envolvido
num plano de coparticipação vivida, no e com o seu objeto de estudo”.
FILORAMO, Giovanni; PRANDI, Carlo. As Ciências das Religiões. São Paulo: Paulus, 1999. p. 9.
FILORAMO; PRANDI, 1999, p. 9.
OTTO, Rudolf. O Sagrado. São Leopoldo: Sinodal/EST; Petrópolis: Vozes, 2007. p. 14.
FILORAMO; PRANDI, 1999, p. 10.
É POSSÍVEL ESTUDAR A TEOLOGIA E/OU A RELIGIÃO IGNORANDO O
ENTORNO SOCIAL DO FIEL?
Não podendo ser negada a validade das experiências religiosas para a
construção do conhecimento das religiões, o que se pondera, até aqui, é a
ineficácia de um modelo único (explicativo) de abordagem metodológica. No
que foi esboçado, percebe-se que a abordagem explicativa, nos moldes
positivistas, não atende plenamente à demanda das aulas de Ensino Religioso.
Portanto, aulas com foco historicista e expositivo de religiões tendem a se
tornar intragáveis para os alunos, sobretudo pela alienação da realidade atual
(histórica) e espacial (social) dos alunos. O que se percebe, nestes casos, é que
“o cotidiano das pessoas e sua reflexão sobre ele ainda não encontram espaço
na escola. Os conceitos escolares são pouco trabalhados em conexão com a
vida fora da escola, por isso, a subjetividade é pouco contemplada”.
BRANDENBURG, 2010, p. 54.
Por que propomos o modelo compreensivo?
O método compreensivo propõe dois movimentos: um em direção ao
subjetivo, outro em direção ao objetivo. Desta maneira, “a compreensão
pressupõe um vivenciar, mas a vivência só se transforma em uma experiência
da vida quando o compreender nos conduz para fora da estreiteza e da
subjetividade do vivenciar, levando-nos para a região do todo e do universal”.
Logo, o método compreensivo considera que somente posso objetivar o objeto
se primeiro houver uma subjetivação. O estágio inicial é a subjetivação e o final
a objetivação. Entretanto, esta objetivação não é um recorte da realidade
(como no método explicativo), mas o resultado de um processo de apreensão
de conhecimentos ao longo da vivência. Porque, para Dilthey, "o conceito da
vivência forma o fundamento epistemológico para todo o conhecimento do
que seja objetivo”. DILTHEY, 2010, p. 103. GADAMER, 1997, P. 125.
Para casa
1- Resenha do artigo: A encruzilhada metodológica das ciências da religião:
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/ciencia-da-religiao/encruzilhada-
metodologica
2- Trabalho: “A presença do sagrado no cotidiano” (na sociedade, na cultura,
no espaço geográfico, na política etc). Mínimo de 05 laudas.
Fontes de pesquisa:
- O que é religião: Rubem Alves
- o retorno do sagrado: Raissa Cavalcanti;
- A religião na sociedade pós – moderna: Stefano Martelli;
- O sagrado: Rudolf Otto.
- O sagrado e o profano: Mircea Eliade
- O mito do eterno retorno: Mircea Eliade;
- Lugar sagrado: espaço de construção de territorialidades: José Roberto da Silva – Preprint
da plataforma Scielo.

Você também pode gostar