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Latim e Grego

Clássicos vs. Modernos

«Cansaste-te finalmente desta vida


anciã /
Pastora ó torre Eiffel o rebanho das
pontes bale esta manhã /
Já viveste demais na Antiguidade
dos gregos e romanos /
Aqui até os automóveis têm um ar
de muitos anos…»

Guillaume Apollinaire,
“Zona”, 1913
Mas para que é que
servem o latim e o grego?

«Quando me perguntam: “Para que é que serve o grego?”,


não tenho vontade de responder. Tenho vontade de pegar na mão
do interlocutor e levá-lo a uma aula ou a uma sala da Sorbonne.
Aí, poderia dizer-lhe: “Vê! Há isto e isto ainda. Vê este rigor na
análise. Vê estas nuances subtis. Vê esta riqueza de pensamento.”
Ou, melhor ainda, tenho vontade de ir buscar um livro e de lhe
pedir para ler uma página, uma frase, algumas palavras, que eu
lhe comentaria sem fim. Devo talvez isto à minha profissão de
professora de letras: prefiro mostrar a demonstrar.»

Jacqueline de Romilly, Nous autres professeurs, 1969


O elogio do Homem (I)

«πολλὰ τὰ δεινὰ κοὐδὲν ἀνθρώπου δεινότερον πέλει»

Muitos prodígios há: porém nenhum


maior do que o homem.
Esse, co’o sopro invernoso do Noto,
passando entre as vagas
fundas como abismos,
o cinzento mar ultrapassou. E a terra
imortal, dos deuses a mais sublime,
trabalha-a sem fim,
volvendo o arado, ano após ano,
com a raça dos cavalos laborando. […]
O elogio do Homem (II)

A fala e o alado pensamento,


as normas que regulam as cidades
sozinho aprendeu;
da geada do céu, da chuva inclemente
e sem refúgio, os dardos evita,
de tudo capaz.
Na vida não avança sem recursos.
Ao Hades somente
não pode fugir.
De doenças invencíveis os meios
de escapar já com outros meditou.
O elogio do Homem (III)

Da sua arte o engenho subtil,


p’ra além do que se espera, ora o leva
ao bem, ora ao mal;
se da terra preza as leis e dos deuses
na justiça faz fé, grande é a cidade;
mas logo a perde
quem por audácia incorre no erro.

Sófocles, Antígona, vv. 332-371


(tradução de M.ª Helena da Rocha Pereira)
O que fazem Aristóteles e Platão
à entrada de uma igreja?

«Aprendemos que Cristo é o


primogénito de Deus e
recordámos antes que é o Logos,
do qual participa todo o género
humano. E aqueles que viveram
segundo o Logos são cristãos,
ainda que tenham sido
considerados ateus, como, entre
os gregos, Sócrates e Heráclito e
outros semelhantes […] aqueles
que viveram segundo o Logos
são cristãos e não têm medo
nem se deixam perturbar.»

São Justino Mártir, Primeira Apologia,


cap. XLVI, 2-4 (séc. II d.C.)
(tradução de Isidro Lamelas)
Fortiter suaviterque…
Ó Sabedoria, que saístes da boca do Altíssimo, e atingis os confins de
todo o universo e com força e suavidade governais o mundo inteiro:
vinde ensinar-nos o caminho da prudência!

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