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Universidade Save

Curso: Licenciatura em Ensino Básico

Cadeira: Carta Escolar

Discente: Nelson Domingos

Tema: Conceitos Fundamentais da Planificação de Educação

A planificação é uma função criadora e, por sua vez, uma das mais difíceis entre todas as
funções de direcção. Só pode conceber-se como bom plano de trabalho o que resulta do
trabalho colectivo, aquele que é resultado do pensamento colectivo.

Saber dirigir, significa antes de tudo saber planificar o trabalho, significa cumprir este plano.
Por isso, cada dirigente deve encontrar o tempo necessário para a planificação do trabalho.
Não se concebe que o mesmo que dirigir não seja, com a ajuda do colectivo, o que elabora o
plano de trabalho, caso contrário, o plano irá um lado e a acção que dirige para o outro. A
organização e planificação de trabalho pressupõe conhecer e dominar os documentos que
normalizam e regulam nossas actividades.

As Origens da Planificação da Educação

Na perspectiva de Tavares (2000:21), as primeiras contribuições para a construção da teoria


sobre planificação surgiram em 1904, por meio da primeira consultora de empresas norte-
americana Mary Parker Follet. Mas foi com Taylor e Fayol, ao estudarem o fenómeno
organizacional, que surgiu na literatura a noção de planificação.

Porém, a revolução industrial deu origem ao estudo sistemático do trabalho e dos princípios
da organização e da planificação. Taylor, pai da administração científica, dedicou-se ao
estudo do fenómeno da produtividade da organização, concluindo pela distinção entre as
funções de direcção das funções de execução. Foi ele quem substituiu a planificação empírico
pela planificação que interviesse como função de direcção e como instrumento de organização
e padronização do trabalho, sendo uma função que caberia aos directores.

A planificação hoje, constitui um dos instrumentos da política dum estado para o alcance do
desenvolvimento. O interesse que ela suscita deriva dos sucessos que se alcançam quando se
adoptam boas práticas de planificação de educação, quer seja sob a forma de indicativa quer
seja imperativa conforme a natureza do sistema económico e social. Alias, vários são os casos
de fracasso, por exemplo, em plano de investimento, por não se ter dado a devida atenção a
problemática de mão-de-obra qualificada.

As origens da planificação são antigas. Por exemplo Platão, na antiguidade no seu livro A
Republica, propôs um sistema de educação ligado aos objectivos políticos.

A Ex-união Soviética foi o primeiro país, na nossa época, a servir-se da planificação de


educação no seu célebre primeiro plano quinquenal (1928-1932), no qual fizeram previsões
das necessidades de mão-de-obra, sobre tudo da qualificada.

Os Soviéticos na planificação que fizeram, foram por uma abordagem integral do


crescimento. Eles procuram relacionar o desenvolvimento da educação da economia, sem se
abstrair dos factores sociais e políticos.

Para se compreender melhor o papel do planificação na actualidade, será conveniente aclarar


os seguintes conceitos:

Uma projecção é o prolongamento no futuro de uma evolução passada de acordo com certas
hipóteses de extrapolação e inflexão de tendências;

Uma previsão é a apreciação da evolução de uma grandeza indexada a um certo grau de


confiança (probabilidade);

Uma prospectiva é um panorama de futuros possíveis, isto é, de cenários prováveis, tendo em


atenção o determinismo do passado e a confrontação dos projectos dos actores;

A planificação consiste na concepção de um futuro desejado, assim como, dos meios reais
para o conseguir.

Diferentes Âmbitos da Planificação

Desenvolvimento da Planificação em Diferentes Situações

Em função dos contextos nacionais e regionais

 Crescimento demográfico e escolar;


 Evolução lenta da economia;
 Expansão do sector informal.

Em função dos sistemas políticos e escolares

 Grau de centralização/descentralização;
 Nível dos sistemas e estruturas de formação;
 Importância do sector público e do sector privado.
Em função dos diferentes tipos de formação

 Ensino geral e ensino técnico,


 Ensino médio e superior,
 Formação profissional.

Acções de Concentração e Utilização das Informações

O Ministério da Educação não tem vocação para planear em função da oferta de emprego,
será necessário um dispositivo de concertação das diferentes entidades para a planificação das
acções de formação:

 Coordenação e entendimento entre ministérios;


 Acordos de cooperação escola/empresa;
 A recolha de dados e de informações deverá permitir:
 A elaboração de sínteses;
 A definição de escolhas e orientações;
 O acompanhamento e avaliação de resultados.

Dimensão Socio-política da Planificação

A grande multiplicidade de actores provoca interesses diferentes que será necessário ter em
conta:

 A lógica de funcionamento interno das instituições é geralmente mais importante que


as necessidades (externas) da economia;
 A lentidão na adaptação da formação à evolução económica e tecnológica reflecte-se,
ao nível dos programas e dos métodos, dos equipamentos e, da recusa à mudança
manifestada por muitos professores e funcionários;
 Os professores são confrontados com a dupla situação de, por um lado, pertencerem ao
corpo docente com interesses próprios (corporativistas) e, por outro, serem pedagogos
com uma visão adequada aos objectivos finais da instituição;
 Os empregadores têm geralmente uma visão de curto prazo das necessidades de
formação e as suas actividades são muito diversificadas;
 Os sindicatos têm, na maioria das vezes, uma visão divergente das empresas,
preocupando-se com questões de longo prazo;
 As famílias exercem pressões para que haja mais e mais educação, sendo esta
exigência função do seu nível social.
Em suma a Planificação da Educação e dos Recursos Humanos é um processo que deve ter
em conta: Os conflitos de interesse dos actores; A inércia dos sistemas de formação. Para se
ultrapassarem estas dificuldades será necessário contar com a existência de uma
administração eficaz de dinamizar orientações e analisar resultados.

Aspectos Técnicos da Planificação e suas Características

A planificação da educação, depende em larga medida da cooperação dos professores, alunos,


pais, administradores, a todos os níveis, em suma da comunidade no seu conjunto. O seu
objectivo consiste em permitir que a educação satisfaça de maneira mais eficaz as
necessidades e os objectivos dos alunos e da sociedade.

Características Fundamentais da Planificação da Educação

Para orientar e gerir um sistema complexo como a educação é necessário adoptar uma forma
específica de planificação.

Este tipo de planificação deverá preocupar-se menos com a descrição de um horizonte preciso
a atingir e mais com a análise das evoluções possíveis e suas implicações sociopolíticas,
financeiras, técnicas e administrativas. Sendo o futuro cada vez mais incerto, devemos
preocupar-nos com a organização de um sistema reactivo capaz de se adaptar à mudança.
Constata-se a necessidade de uma maior descentralização das decisões e de uma maior
concertação entre os numerosos parceiros.

Referencias bibliográficas

ALPIARÇA, João. Textos de apoio - Formação em Carta Escolar, 2000.

MATANGUE, Alipio. Textos de apoio – Micro Planificação da Educação, 2010.

TAVARES, M. C. Gestão estratégica. São Paulo: Atlas, 2000.

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