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SUMÁRIO
• Nota Introdutória
• Bibliografia
• Conceito
• Objetivos
• Tipos de Penso
• Material
• Preparação do ambiente e do doente
• Princípios gerais da execução de penso
• Técnica de penso
• Penso a ferida com sistema de drenagem
• Normas gerais de vigilância de sistemas de drenagem
• Remoção de pontos ou de agrafos
• Ensino ao doente
• Registos
OBJETIVOS
• Identificar os tipos de pensos
• Enumerar os objetivos da realização de penso
• Identificar o material necessário à execução do penso
• Caracterizar a preparação do ambiente e do doente
• Enumerar os princípios gerais da técnica de execução de penso
• Descrever os procedimentos relacionados com a técnica
• Identificar os aspetos específicos da execução do penso com drenagem, da remoção de
pontos ou agrafos e do ensino ao doente.
BIBLIOGRAFIA
Afonso, Cristina; Afonso, Gustavo; Azevedo, Manuel; Miranda, Marta; Alves, Paulo
(coordenadores). 2014. Prevenção e Tratamento de Feridas – da Evidência à Prática. Parceria
ACES Braga e APTF.
Potter, Patricia A.; Perry, Anne Griffin. 2008. Fundamentos de Enfermagem - conceitos e
Procedimentos, 5ª ed., Loures, Lusociência.
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NOTA INTRODUTÓRIA
CONCEITO
OBJETIVOS
TIPOS
Podemos considerar vários tipos de penso consoante o material e/ou a técnica que
usamos na sua execução. A designação do tipo de penso vai depender do tipo de material
utilizado (hidrocolóide, poliuretano, hidrofibra, alginato, ou outro), o qual pode ter várias
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funções em relação à ferida, tais como proteger, humedecer, absorver, ou promover o
desbridamento, sobretudo, no caso das feridas a cicatrizar por 2ª intenção. Podemos ainda
encontrar designações, tais como:
- Penso Oclusivo – a ferida fica tapada com material de proteção, tipo compressa;
- Penso Aberto – a ferida fica exposta, sem material de proteção;
- Penso Compressivo – quando é necessário proceder a hemostase e se faz o penso de
forma a exercer compressão através da aplicação de ligadura, ou outro material;
- Penso Plástico – quando se aplica uma pequena camada de aerossol (“pele plástica”);
- Penso Transparente – no caso do material do proteção ser transparente, permitindo a
visualização da ferida (ex. Opsite, Tegaderm);
- Penso Absorvente – no caso de existir drenagem de líquido;
- Penso por Vácuo (vacuoterapia) – no caso de feridas muito exsudativas.
Os pensos devem ser executados em sala própria, designada de sala de pensos nas
instituições de saúde, que deve estar devidamente equipada e preparada para o efeito. Nos casos
em que não é possível, poderá ser realizado na unidade do doente, ou no domicílio, sendo que
em qualquer situação é necessário ter sempre em consideração o seguinte:
- Providenciar temperatura ambiente adequada, para promover o conforto do doente e,
também, de forma a evitar diminuição de temperatura do leito da ferida, uma vez que atrasa o
processo de cicatrização;
- Preservar a privacidade do doente, colocando biombos, ou fechando cortinas ou a porta
do quarto onde se encontra, e expondo apenas o local onde a ferida se situa;
- Verificar se a sala (ou local) possui todo o material indispensável e se foi previamente
arejada;
- Realizar o penso sempre fora do horário das refeições, por razões óbvias relacionadas
com o conforto do doente.
Toda a preparação quer física, quer psicológica tem por finalidade transmitir ao doente
o máximo de conforto, segurança e confiança, assim como promover a sua colaboração. Assim,
é importante:
- Avaliar as necessidades de informação do doente;
- Avaliar o significado da lesão para o doente;
- Avaliar a necessidade de analgesia antes do procedimento;
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- Explicar o tipo de colaboração pretendida e o procedimento que se vai realizar;
- Ensinar medidas tendentes a minimizar o desconforto (ao sentar, ao deitar, ao
levantar, ao virar, ao tossir, etc.);
- Colocar o doente na posição mais cómoda possível, se necessário recorrer a material
de suporte e apoio (ex. almofadas);
MATERIAL
O material usado tem vindo a ser substituído consoante vai surgindo no mercado,
resultante da experiência e busca constante em melhor servir o doente. Em cada um dos serviços
de uma instituição de saúde deverá existir, pelo menos, um carro de pensos devidamente
equipado1 com os seguintes materiais:
Material não esterilizado
o Tesoura;
o Adesivo;
o Ligaduras;
o Malha tubular em rede;
o Recipiente para sujos (próprio para lixo contaminado);
o Recipiente para colocação de material recuperável usado (ex.: pinças inox);
o Contentor de agulhas / material cortante;
o Luvas de vários números; batas e/ou aventais descartáveis;
o Resguardo impermeável;
o Máscaras faciais;
o Avental descartável;
Material esterilizado
o Soluções várias, tais como soro fisiológico, solução de Ringer, outras;
Kit de penso (descartável ou não) com:
• Campo, de preferência irrecuperável;
• Cápsula ou cuvete para o soluto de lavagem;
• Compressas de vários tamanhos (10 x 10cm, 7,5 x 7,5cm, 5 x 5cm);
• Pinças de disseção simples (1 a 2)2;
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No caso de deslocação ao domicílio o carro de pensos é substituído por mala própria para o transporte do material.
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Em inox, ou descartáveis
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• Pinça de disseção de dente de rato ou pinça de kocher3;
• Tesoura.
Outro tipo de material:
• Material para medição da ferida;
• Material para diagnóstico microbiológico;
• Material relativo ao tipo de ferida e à opção terapêutica adequada (ex. pensos
pré-formatados para suturas, pensos transparentes, hidrogel, pensos de alginato,
hidrofibras, hidrocolóides, outros);
• Luvas esterilizadas; batas esterilizadas;
• Lâminas de bisturi ou pinça de remoção de agrafos;
• Seringas de 5cc, 10cc, 20cc, 30cc para irrigação da ferida;
• Agulhas e abocaths de vários calibres para aspiração dos solutos;
• Sacos ou frascos coletores (ex. no caso de pensos com drenagens).
Os princípios básicos que o enfermeiro deve respeitar em qualquer tipo de penso, são:
1. Planear a frequência de execução do penso, de modo a reduzir o número de
manipulações da ferida às estritamente necessárias; em cada caso, a frequência de execução do
penso, é variável, estando condicionada por vários tipos de fatores, como o tipo de penso
(húmido, absorvente, compressivo, etc.), os produtos usados para a execução do mesmo
(alginatos, hidrofibras, hidrocelulares, etc.), o tipo e condições da ferida (cirúrgica, úlcera, com
drenagem, infetada, etc.), o estado do doente e a prescrição médica, entre outros4; o penso deve
ser substituído sempre que esteja repassado;
2. Na sala de pensos, executar em 1º lugar os pensos limpos e secos e só depois os pensos
de feridas infetadas;
3. Não realizar pensos infetados na enfermaria; a realização de pensos na enfermaria deve
ser sempre evitada;
4. Utilizar técnica assética cirúrgica em todo o procedimento;
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Em inox ou descartável
4
No caso do penso cirúrgico sem drenagem e não infetado, a frequência deve ser reduzida, de modo que a
manipulação da ferida seja mínima, podendo o 1º penso ser feito entre 48h a 72h após a cirurgia, se não apresentar
sinais de infeção ou de qualquer outra alteração (ex. febre);
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5. Embora, em cada caso, o kit de penso seja individual (só para aquele doente), deve
manter-se, sempre que seja possível, uma pinça para o campo e outra para o doente, sendo o
ideal, uma pinça para o campo e duas para o doente;
6. Remover os adesivos com cuidado e suavidade, se necessário usar solventes não
irritantes como o soro fisiológico;
7. Considerar contaminado todo o material de penso retirado;
8. Observar a ferida e proceder à sua avaliação e caracterização de forma a identificar a
fase de cicatrização em que se encontra e respetiva evolução ou, no caso de uma sutura, verificar
se os bordos estão perfeitamente unidos; verificar se há sinais de infeção; observar presença de
exsudado ou drenagem e respetivas características;
9. A lavagem e a secagem das feridas deve efetuar-se, preferencialmente, a partir das zonas
consideradas menos contaminadas para as mais contaminadas;
10. Minimizar o desconforto do doente durante e após o procedimento;
11. Proceder aos registos acerca do penso, os quais são imprescindíveis para a informação
dos restantes elementos da equipa e para a continuidade do plano de cuidados ao doente;
deverão conter o tipo de penso realizado e local, as características do material de penso
removido (ex. se estava repassado), as características da ferida, a descrição dos procedimentos
realizados, indicação dos solutos e restantes produtos aplicados na ferida, diagnósticos
identificados, ações de educação para a saúde e outras observações consideradas pertinentes.
TÉCNICA DE PENSO
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No caso de feridas a cicatrizar por 1ª intenção
• Calçar luvas esterilizadas se necessário5;
• Proceder à lavagem da ferida, de preferência, com soro fisiológico;
• Manter, sempre que possível, uma pinça para ir ao campo e uma ou duas para ir ao
doente;
• Com duas pinças, pegar numa compressa pequena, dobrar e proceder à
lavagem da ferida; repetir o procedimento, se necessário;
• Com duas pinças pegar numa compressa pequena, dobrar e secar ferida; repetir o
procedimento se necessário;
• Proceder à proteção da ferida;
• Fixar o penso conforme indicado (adesivo, ou ligadura, ou malha tubular em rede),
deixando uma margem de 3 cm de pele intacta.
No caso de feridas a cicatrizar por 2ª intenção
• Calçar luvas esterilizadas se necessário;
• Proceder à lavagem da ferida, com soluto (ex. soro fisiológico) aquecido a 36º/37ºC,
recorrendo ao método mais adequado de lavagem, tendo em conta o tipo de ferida (ex.:
irrigação, imersão, chuveiro), de forma a remover toda a sujidade;
• Evitar o atrito na limpeza da ferida para não danificar os tecidos em vias de cicatrização;
• Após a lavagem da ferida, apenas secar os bordos e a pela circundante;
• Proceder à aplicação do penso primário, ou seja, dos produtos e materiais que vão estar
em contacto direto com a ferida (ex. alginato de cálcio, poliuretano, carvão ativado,
etc.);
• Se necessário, proceder à aplicação do penso secundário destinado à proteção da ferida,
utilizando o material indicado (ex. hidrocolóide, película de poliuretano, etc.);
• Fixar o penso conforme indicado (adesivo, ou ligadura, ou malha tubular em rede), se o
material de proteção utilizado no passo anterior não possuir fixação, deixando uma
margem de 3 cm de pele intacta.
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A utilização de luvas esterilizadas pode ser necessária em determinadas situações, como: penso do local de
inserção de um cateter venoso central; feridas extensas (ex. queimaduras); casos dos doentes imunodeprimidos;
em todos os casos em que é necessária a manipulação direta da ferida.
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PENSO A FERIDA COM SISTEMA DE DRENAGEM
ENSINO AO DOENTE
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- Recorra à instituição de saúde indicada, no caso do penso se encontrar repassado ou
descolado, se sentir aumento da dor ou do desconforto no local afetado e no caso de
aparecimento de febre;
- Siga as orientações médicas quanto ao grau de atividade.
Se o doente já removeu pontos ou agrafos, é importante que:
- Siga as orientações médicas quanto ao grau de atividade;
- Se alimente adequadamente e perceba que isso favorecerá a cicatrização;
- Saiba avaliar o estado de cicatrização da ferida e reconhecer os sinais de infeção,
assim como comunicar ao médico qualquer alteração que observe, como alteração da cor da
pele, manifestação ou sensação de calor localizado, aparecimento de exsudado, edema, ou dor
aumentada na ferida e nos tecidos envolventes;
- Mantenha a linha de sutura limpa, evitando esfregar com força e mantendo-a seca;
- Massaje a ferida suavemente, utilizando creme hidratante, 2 vezes por dia;
- Saiba que é habitual os bordos da ferida poderem apresentar-se durante algum tempo
vermelhos e salientes;
- Informe o médico se após 8 semanas, o local continuar avermelhado, espessado e
doloroso à pressão.
No caso do doente que apresenta ferida a cicatrizar por 2ª intenção ou ferida crónica, os
aspetos a focar no ensino deverão estar relacionados com o tipo de ferida e a sua etiologia (ex.
úlcera de perna, ferida em pé diabético, …), os materiais utilizados na realização do penso, a
existência ou não de dor, a idade e a condição do doente.
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