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Que condições ou critérios deve um objecto reunir para ser considerado obra de arte?

 Ser produzido pelo Homem;


 Produzir prazer sensível, fruição estética tanto a quem cria como a quem contempla;
 Apresentar uma forma estética harmoniosa, satisfatória;
 Ser acessível ou ser contemplado por um público (grande número) que dele retira uma
emoção estética;
 Ser uma obra aberta – grande variedade de interpretações;
 Ter algo de original e único – inconfundível com outras obras
Nota: não consta a necessidade de ser belo – por exemplo, a arte africana.

Como é que o ser humano produz a Arte? O que faz o artista para criar obras que o
maravilham a si e os outros?
Tradicionalmente considerou-se a capacidade de criar como uma predestinação, um dom que
se manifestava só em alguns.
Atualmente, explica-se a produção artística a partir de processos psicológicos de natureza
consciente a) e inconsciente b).
a) A arte como atividade consciente:
 Longa preparação e aprendizagem (conhecimentos teóricos e domínio de técnicas –
educação da sensibilidade estética – observação de obras de arte em museus …)
 Cuidadosa execução (não se trabalha da mesma maneira a madeira ou o mármore;
não se pintam aguarelas como se pintam óleos …)
b) Arte como manifestação do inconsciente:
 Impulso
 Talento
 Intuição
 Imaginação
 Inspiração

2. Haverá uma fórmula de sucesso para avaliar a arte?


 Tema – morte de Cristo
 Que tipos de sentimentos exprimem as figuras? – Sofrimento, emoção sentida por
Maria, mãe de Jesus. É uma obra de arte sacra mas que pode ser interpretada como a
representação simbólica do sofrimento de todas as mães perante a morte de um filho

Que elementos da composição justificam esses sentimentos? (material,


proporcionalidade, expressividade, postura, pormenores...)
- Obra delicada
- Admirável perfeição, sensação de leveza transmitida pelas pregas do manto
- Organizada segundo um esquema em forma de pirâmide (formato pelo utlizado
pelos escultores do Renascimento)
- Técnica perfeita – colocação do corpo de Cristo morto no regaço de Maria – alterou
propositadamente as proporções – Cisto é menor que a Virgem para dar a impressão de não
esmagar a mãe e mostrar que é seu filho, quer para não sair do esquema triangular). A Virgem
foi representada muito jovem e com nobre resignação. A expressão dolorosa do rosto é
idealizada, contrastando com a angústia que geralmente os artistas lhe atribuíam
- Modelação requintada – mármore polido com marfim
- Uma das mais belas esculturas de todos os tempos
 O que sentimos ao contemplar a escultura?
- Tocados pela dor retratada
- Atraídos pela beleza formal da obra.

*** Chamamos a este tipo de experiência, experiência estética e aos objetos capazes de a
suscitar objetos estéticos.

A «Pièta» é um objeto estético porque a sua contemplação provoca uma emoção estética: um
sentimento de prazer que pode fazer esquecer-nos o que se passa à nossa volta e o
dramatismo da situação retratada na obra.

1- Podemos considerar semelhante a emoção estética provocada pela observação de


uma escultura e de uma paisagem natural?
2- O que significa dizer que uma atitude estética não é condicionada nem por interesses
teóricos nem por interesses práticos?
3- Se gosta de ouvir uma canção porque recorda os tempos da infância ou uma relação
amorosa, está a ter uma experiência estética?
4- Uma comida apetitosa ou um banho reconfortante são experiências agradáveis. Serão
experiências estéticas?

Respostas:
1- Sim, se adotarmos uma atitude desinteressada (não se interessa pela utilidade ou
proveito – por exemplo – de o possuirmos – não se transforma em meio ao serviço de
um fim, não se interessa por considerações morais.
2- Vontade de adquirir e aumentar conhecimentos – exemplo: estudantes de História de
Arte; desejo de posse, utilidade, valor monetário
3- Não…. Relação entre o objeto e os nossos conceitos e princípios morais
4- Não … têm uma dimensão emocional e racional, prazer/satisfação, satisfação das
necessidades do organismo.
Características da experiência estética

1º- É desinteressada: não visa satisfazer necessidades de natureza prática (como guiar um
automóvel, abrigar-se do frio, beber um refrigerante…) – não está ao serviço de resultados
práticos – possui uma finalidade e um valor em si mesma – é marcada pelo desinteresse
utilitário.
Questões: podemos hoje imaginar a criação artística sem o seu interesse económico? Num
mundo dominado por valores financeiros e económicos, podemos imaginar a arte sem esta
finalidade? Quantas vezes fomos já confrontados com testemunhos de criadores musicais que
relatam ter sido aconselhados pela indústria discográfica a seguir tendências mais vendáveis?
A formação do gosto numa determinada cultura não resultará daquilo que os media
promovem como moda? Como compreender que a maioria dos apreciadores de arte passe a
gostar das mesmas correntes e estilos em simultâneo? – a formação do gosto estético é
influenciada pelo interesse económico, obedece a mecanismos do marketing moderno.
2º - É de natureza contemplativa: conjunto de sentimentos (alegria, prazer, êxtase) que nos
envolve numa onda de encantamento e nos desliga da realidade vulgar; é uma libertação –
traduz um prazer puramente contemplativo
3º - É universal: qualquer pessoa pode experimentá-la perante as coisas e os objetos belos. O
belo artístico dá-nos uma realidade transfigurada, distanciada do carácter vulgar das coisas e
do dia-a-dia.
É difícil compreender a harmonização da experiência estética entre todos os seres humanos –
a experiência que cada um tem com uma obra de arte ou com a natureza não é experimentada
da mesma forma por todos.

O que é uma experiência estética?

 “Não nos situamos de modo indiferente”, “são estimulantes”, “despertam a nossa


curiosidade”, “estimulam os nossos sentidos”, “apelam à nossa interpretação”
 Ler um romance, assistir a uma representação teatral ou a um concerto, deslocar-se a
uma exposição, viajar a fim de apreciar monumentos e novas paisagens são atividades
a que as pessoas se entregam voluntariamente e por livre escolha (quando têm
disponibilidade de tempo e de dinheiro). Estas atividades irão proporcionar
experiências estéticas
 A experiência estética é uma atividade mental que tem na sua origem determinado
tipo de objetos – os objetos estéticos – que nos afetam sensorialmente provocando-
nos sentimentos de agrado, admiração, entusiasmo, espanto, alegria, etc.
 Vivência emocional que resulta da contemplação de certos objetos sensíveis e provoca
uma satisfação muito especial – agrado, admiração, espanto, alegria…
 Relação de contemplação e de prazer entre um sujeito que observa e um objeto
(natural ou artístico) sobre o qual se projeta a atitude contemplativa

O objeto estético

 O objeto estético pode ser um objeto natural (por exemplo, o pôr do sol, uma
tempestade no alto mar) ou pode ser um objeto produzido (por exemplo, uma
sinfonia, um espetáculo de dança) com o objetivo de se dirigir à sensibilidade das
pessoas para ser apreciado e revela certas propriedades estéticas.
Quais são as três modalidades da experiência estética?

Podemos ter uma experiência estética:


 Ao contemplar os seres e as coisas da natureza
 Ao contemplar uma obra de arte
 No processo de criação artística

Quais os elementos que podem fazer parte da experiência estética? (Serralves – exposição e
Parque)
 Artista e espectador
 Obra de arte e natureza
 O resultado da contemplação da natureza e da obra de arte: a emoção estética
 O processo de criação artística
 O contexto cultural

O que é a estética?

A palavra “estética” provém do grego “aisthesis” com o sentido de sensibilidade e foi


utilizada pela primeira vez por Alexandre Baumgarten (filósofo alemão do século XVIII)
para designar o conhecimento sensitivo ligado à contemplação das obras de arte. (O
termo tem assim ligação com o conceito de sensibilidade, ainda hoje detetável em
palavras como “anestesia”, que significa literalmente perda de sensibilidade)
Podemos considerar o termo estética em dois âmbitos:
 Sentido amplo – desde a Antiguidade até aos nossos dias – todas as reflexões
filosóficas sobre o belo e todas as manifestações artísticas, quer se trate do belo
natural, quer do belo artístico.
 Sentido restrito – depois do século XVIII, constituindo-se como disciplina filosófica, a
doutrina do conhecimento sensível sobre o belo e a arte.
A multiplicidade de manifestações estéticas impede-nos de criar uma definição completa e
acabada. Hoje, o termo estética deixou de ser uma mera filosofia do belo e passou a designar
qualquer análise, investigação ou especulação que tenha por objeto o belo, o feio, a arte ou outras
manifestações sensíveis.

 Como podemos submeter à mesma definição de estética uma pintura abstrata de


Kandinsky ou o teto da Capela Sistina de Michelangelo? A Tocata e Fuga de Bach com
The Four Horsemen dos Metallica?
 Já todos passamos por experiências de acharmos que, por exemplo, toda a gente gosta
de uma determinada música e, afinal, não conseguimos o acordo de todos. – A
diversidade de opiniões (“gostos não se discutem”) demonstra que o gosto é subjetivo
o que dificulta a definição de arte e a definição de estética.
A que se referem os valores estéticos?

 Apreciação do belo e do fenómeno artístico


 “Belo, gracioso, bonito, sublime, maravilhoso, soberbo – alguma coisa que nos agrada”
 Belo é diferente de Bom
 “Um bem que não suscita o nosso desejo”; o Belo é diferente do desejo

Pietà (Miguel Ângelo -1499) Pensador (Rodin -1880)

Em ambas foi necessário talento, inspiração, imaginação, criatividade…


A criação artística é sempre um processo complexo.

Por que razão é específica a experiência estética? – página 221– imagens das páginas 242, 247,
261
 É uma experiência criativa, passional e inesperada
 Reflexo da vida – artificialmente acelerada – cultura de consumo de produtos
descartáveis

Considerando que é consensual atribuir-se às obras de arte características que apontam no


sentido da novidade e da originalidade, podemos perguntar: que características/aptidões
deverão ter os artistas para conseguirem criar essas obras e se distinguirem dos restantes
mortais?

 Capacidade imaginativa – não consiste tanto em formar imagens mas em ter a


capacidade para as deformar, isto é, através de associações, cria imagens que não
correspondem diretamente à realidade percepcionada, antes a enriquecem de novas
propriedades e de um novo sentido

IMAGINAÇÃO
Imaginação comum Imaginação criativa
Capacidade de formar imagens Capacidade de deformar imagens e obter novas
combinações

A imagem dá uma perspetiva diferente de uma


A imagem reproduz a realidade realidade anteriormente percepcionada,
anteriormente percepcionada, é-lhe fiel. enriquecendo-a com novos atributos.

 Talento, dom (pelo uso que faz da capacidade imaginativa)


 Inspiração
 Habilidade e trabalho

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