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Guia de Estudo Dos Yoga-Sutras
Guia de Estudo Dos Yoga-Sutras
Yoga é um dos seis sistemas ortodoxos da filosofia hindu. Foi coligido, coordenado e sistematizado
por Patanjali em sua obra clássica, Yoga-sutra. O sistema é chamado de yoga (união) porque ensina os
meios pelos quais o jivatma (espírito individual) pode ser unido, ou ficar em comunhão com o
Paramatma (Espírito Supremo), garantindo desse modo a liberação.
Sutra, palavra sânscrita que significa literalmente “fio”, é uma composição de afirmações
aforísticas que, juntas, dão ao leitor como que um fio com que amarrar todas as idéias importantes que
caracterizam aquela escola de pensamento. Como pérolas num cordão, os sutras formam um colar de
sabedoria. Além disso, o sutra, é um auxiliar da memória, parecido com um nó que se dá num lenço. Os
sutras em geral começam pela tese básica.
Patanjali foi um grande filósofo indiano que viveu por volta do século VI a.C., sendo sua obra a
mais citada e adotada dentre todos os sistemas de yoga, que, por isso, passou a ser conhecida como
Raja-yoga (yoga real) ou também como Astanga-yoga (yoga de oito partes). Ele também foi autor de
um famoso comentário da gramática sânscrita de Panini e de uma obra de medicina. Além disso, é tido
como uma encarnação do deus serpente Shesha, que sustesta o Universo e repousa no oceano cósmico.
Há na Índia seis escolas ortodoxas: Nyaya, Vaisheshika, Vedanta, Mimamsa, Sankhya e Yoga. O
Yoga existe em harmonia com o Sankhya. Apesar de algumas diferenças entre eles, torna-se impossível
separar completamente estas filosofias. Uma série de doutrinas básicas do Yoga são também do
Sankhya, tais como: a dor universal, a criação, a relação do espírito com a matéria, a estrutura da vida
psíquica, a libertação humana e a consciência.
O Yoga-sutra se compõe de 195 aforismos, embora algumas edições tenham 196. Conhecem-se
várias versões um pouco divergentes, mas as diferenças são, no geral, insignificantes e não alteram o
sentido da obra de Patanjali. Os aforismos distribuem-se em quatro capítulos, como segue:
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I. Samadhi-pada (sobre a concentração da mente)
Atha yoganushasanam
(Será feita) agora uma exposição do yoga.
Yogas citta-vrtti-nirodhah
Yoga é a supressão dos turbilhões da mente.
Citta = antah karana = manas (mente) + buddhi (inteligência) + ahankara (ego falso).
Vrtti-sarupyam itaratra
Caso contrário, existe identificação (do observador) com os turbilhões.
3. Vikalpa: fantasia.
4. Nidra: sono.
5. Smrti: memória.
1. Abhyasa: disciplina do astanga-yoga, que deve ser realizada por longo tempo, sem interrupção e com
reverente devoção.
2. Vairagya: desapego.
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I.19,20,23 Diferentes caminhos para o samadhi
1. pelo nascimento.
2. pela fé, energia, memória e grande inteligência.
3. pela entrega completa ao Senhor.
1. Definição de Isvara.
2. Mantra-yoga.
3. Resultados dessa prática:
a) Desaparecimento dos obstáculos.
b) Introversão da consciência.
1. Vyadhi – doença.
2. Styana – apatia.
3. Samshaya – dúvida.
4. Pramada – negligência.
5. Alasya – preguiça.
6. Avirati – incontinência.
7. Bhrantidarshana – ilusão.
8. Alabdhabhumikatva – falta de perseverança.
9. Anavasthitattva – instabilidade.
1. Duhkha – dor.
2. Daurmanasya – desespero.
3. Angamejayatva – nervosismo.
4. Shvasa-prashvasa – respiração difícil.
I.32-39 Métodos para remover esses obstáculos e desenvolver clareza e paz mental
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I.40,41 Resultados da clareza e paz mental
1. Domínio que se estende desde o átomo até a grandeza infinita (aquisição de poderes místicos).
2. Percepção de unidade.
SAMADHI
Asamprajñata (supraconsciente)
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II. Sadhana-pada (sobre a disciplina)
1ª parte: Responde à pergunta “Por que deveria alguém praticar yoga?” e trata da filosofia de kleshas
(sofrimentos)
2ª parte: Trata das primeiras cinco práticas das técnicas do yoga.
1. Avidya – ignorância.
É a causa raiz das outras quatro aflições. É aceitar o impermanente como permanente, o impuro como
puro, a infelicidade como felicidade e o não-eu como eu.
2. Asmita – senso de egoidade.
É a identificação do que vê com o que é visto.
3. Raga – apego ao prazer.
É o apego que acompanha o prazer.
4. Dvesha – aversão à dor.
É a repulsão que acompanha a dor.
5. Abhinivesha – medo da morte; forte desejo de viver.
É o forte desejo de viver que domina até os eruditos.
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II.17-25 Observador e observado
1. Ahimsa – não-violência.
Estabelecida a não-violência, não haverá hostilidade ao redor.
2. Satya – veracidade.
Estabelecida a veracidade, a ação e seus frutos terão uma base válida.
3. Asteya – abstinência de roubo.
Estabelecida a abstinência de roubo, todas as riquezas estarão à mão.
4. Brahmacharya – continência, castidade.
Estabelecida a continência, ganha-se potência.
5. Aparigraha – não-cobiça.
Estabelecida a não-cobiça, compreende-se a razão do nascimento.
1. Shaucha – purificação.
Da purificação, surgem a aversão ao corpo, a pureza do ser, alegria, foco, vitória sobre os sentidos,
auto-conhecimento e qualificação para o yoga.
2. Santosha – contentamento.
Da satisfação, obtém-se a maior felicidade.
3. Tapas – austeridade.
Da austeridade, obtém-se a perfeição do corpo e sentidos.
4. Svadhyaya – estudo das escrituras e auto-estudo.
Desse estudo, alcança-se a comunhão com a divindade desejada.
5. Isvara-pranidhana – entrega ao Senhor.
Da entrega ao Senhor, alcança-se a perfeição do samadhi.
Características do asana:
1. Sthira – estabilidade.
2. Sukha – conforto.
3. Prayatna-shaithilya – relaxamento do esforço.
4. Ananta-samapatti – meditação no Infinito.
Efeito:
1. Ficar livre da dualidade.
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II.49-53 Descrição e efeitos do pranayama – controle da respiração / bioenergia
Definição:
Pranayama é a cessação de inspiração e expiração.
Efeitos:
1. Remoção da cobertura da iluminação.
2. Capacitação da mente para a concentração.
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III. Vibhuti-pada (sobre os poderes místicos)
Dharana – concentração
Concentração é prender a consciência em um único lugar.
Dhyana – meditação
Meditação é fixar a consciência em um único objeto.
Samadhi – transe
Transe é a meditação que ilumina apenas o objeto, ao ponto que o sujeito parece perder sua forma.
Samyama – integração
Esses três [concentração, meditação e transe] focados em um único ponto constituem a perfeita
disciplina.
Explica o que acontece nos momentos mais avançados, onde o praticante já conquistou os primeiros
cinco componentes do yoga e agora está agindo internamente nos últimos três. Nesta etapa o yogi já
conseguiu vislumbrar o estado iluminado de consciência transcendental mas não consegue manter-se
nele, e essa impressão o impele a cada vez mais se situar assim e cada vez menos se manter nos estados
distraídos dos condicionamentos mundanos.
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18. Visão de seres perfeitos.
19. Conhecimento de tudo por intuição.
20. Percepção completa das propriedades da consciência.
21. Conhecimento de purusha (a alma).
22. Faculdades divinas extrasensoriais.
23. Poder de entrar num corpo alheio.
24. Poder de caminhar sobre as águas, pântanos e espinhos.
25. Avivamento do fogo gástrico.
26. Audição superfísica.
27. Viagem no éter.
28. Destruição do que encobre a luz.
29. Domínio dos elementos da natureza.
30. Desenvolvimento dos oito grandes poderes místicos.
31. Imunidade contra as restrições da matéria.
32. Excelência corpórea.
33. Domínio dos órgãos dos sentidos.
34. Rapidez de raciocínio, percepção extra-sensorial e domínio sobre pradhana (a natureza primordial).
35. Supremacia sobre todos os estados de existência.
36. Onisciência.
Pelo desapego até mesmo desses poderes, surge a liberação, que é o equilíbrio entre a qualidade lúcida
da natureza e o espírito.
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IV. Kaivalya-pada (sobre a liberação)
Este capítulo expõe todos os problemas filosóficos essenciais envolvidos no estudo e na prática do
yoga.Trata de forma resumida, mas sistemática, da natureza da mente e da percepção mental, do desejo
e seus efeitos aprisionadores, da liberação e seus resultados, de modo que se tenha uma base adequada
de conhecimento teórico. Todos esses tópicos estão ligados de um modo ou de outro com a conquista
de Kaivalya.
1. nascimento.
2. ervas.
3. mantras (hinos).
4. austeridade.
5. samadhi (meditação profunda).
Aludem a essas duas leis fundamentais da natureza que regem o fluxo dos fenômenos que constituem o
mundo material.
IV.12 Tempo
Analisa o tempo e suas mudanças, os quais já não afetam o yogi conectado com o eterno.
IV.26-29 Cuidado
Fornecem alguma indicação da luta nos estágios finais, antes que se alcance a plena auto-realização.
Esta luta culmina, afinal, em desapegar-se até mesmo do mais elevado estado de iluminação. Só então
se atinge a última fase do samadhi.
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IV.30-34 O despertar da luz espiritual
Apenas indicam algumas das conseqüências da conquista de kaivalya e fazem alusão à natureza da
excelsa condição de consciência e liberdade de limitações em que o yogi plenamente auto-realizado
vive.
BIBLIOGRAFIA
Contato:
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