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A disfunção cognitiva da personalidade borderline é uma desorganização dos pensamentos chega

a tal ponto que o paciente pode apresentar um quadro de desassociação, ou seja, um estado em que
os pensamentos, os sentimentos e as lembranças mostram-se desconexos com a realidade ao
redor. Nessa situação, costumamos ouvir que “a pessoa está fora do ar” ou “ela está em estado de
choque”.

A disfunção cognitiva da personalidade borderline pode ser identificada pelas seguintes


características:

Incapacidade de manter os pensamentos estáveis. Os borders mudam de ideia o tempo todo, o


que gera um desconfor tável estado de indecisão.

Dificuldade de aprender com as experiências passadas. Isso fica bem perceptível quando
observamos as pessoas com as quais os borders costumam se relacionar. Eles tendem a reatar
namoros ou casamentos com parceiros cujas relações já foram desastrosas, ou estabelecer novos
vínculos afetivos com outros que apresentam perfil muito semelhante, ainda que isso signifique
sofrer imensamente outra vez.

Autoimagem instável e com características extremas. Às vezes os borders se acham “o máximo”


e, de repente, se julgam “um nada”, “um zé-ninguém”, sentindo-se incapazes de realizar qualquer
coisa. As formas como veem a si mesmos são extremadas, inseguras e voláteis, sem muita
percepção de quem são realmente e como se apresentam.

Pensamentos antecipados de abandono. Borders costumam ruminar incessantemente sobre a


possibilidade de uma separação. Elas se esforçam, de forma vigorosa, a fim de evitar o abandono e,
com isso, exigem afeto e amor continuadamente. Tal característica costuma gerar alterações
profundas na autoimagem, sentimentos depressivos ou hostis, ansiedade e angústia.

Temor excessivo de sofrer rejeição. Os borders são extremamente inseguros, mesmo que não
exteriorizam isso. Em função desse medo exacerbado, tendem a distorcer o conteúdo dos diálogos
e a interpretar determinadas falas como rejeição. E isso é algo que os borders não toleram.

Seus objetivos e valores acompanham suas instabilidades emocionais e afetivas. Como exemplo,
posso citar o fato de muitos borders conseguirem ter bons desempenhos profissionais e
realizações pessoais quando julgam que suas relações interpessoais estão estáveis. Mas em outra
situação podem ficar facilmente entediados, procrastinar seus projetos ou, até mesmo, desistir do
que se propunham a fazer.

Não suportam ficar sozinhos. Os borders necessitam o tempo todo de parceiros amorosos para se
sentirem completos. O temor à solidão é tão intenso nesses indivíduos que são incapazes de ficar
sozinhos consigo mesmos. Eles exigem afeto, amor e apoio de maneira constante, a ponto de se
tornarem excessivamente insistentes. Os borders relacionam, de maneira disfuncional, a solidão
com o fato de não serem amados ou devidamente assistidos por seus parceiros.

Dificuldade de concentração. Provocada pelo turbilhão de emoções que povoam suas mentes.

Seus pensamentos tendem a seguir um padrão rígido, inflexível e impulsivo.

Pensamentos envoltos em auto reprovações e autocríticas. Os pensamentos envolvendo


castigos a si mesmos também são frequentes.
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Baixa tolerância à frustração. Como os borders vivem em turbulência emocional, eles pensam de
forma extremamente passional e pouco racional. Existe uma desproporção enorme entre a razão e a
emoção desses indivíduos. Dessa forma, eles apresentam pouquíssima habilidade racional para
elaborar perdas ou frustrações.

Ideias paranoides transitórias; despersonalização, perda do senso de realidade ou sintomas


dissociativos. Esses sintomas disfuncionais na maneira de pensar (cognitiva) costumam ocorrer
durante situações de estresse agudo ou prolongado. Os borders podem apresentar delírios (ou
ideias deliroides/paranoides) de que estão sendo perseguidos, de que há um complô contra eles
ou, ainda, de que existem pessoas em diversos ambientes falando mal deles. Já na
despersonalização ou nos sintomas dissociativos, observa-se uma desconfor tável sensação de
que a pessoa não é mais ela mesma. Muitas descrevem isso como uma espécie de “incorporação
mental”, ou seja, de que outra pessoa teria se apossado de suas mentes por um período (que em
geral é cur to), obrigando-as a conviver com ideias, pensamentos e emoções que lhes são
estranhas e incômodas.

Aborrecimentos frequentes. O pensamento imediatista e a pouca racionalidade dos borders fazem


com que qualquer coisa não relacionada aos seus desejos e às suas emoções do momento seja
vista como um aborrecimento e um entrave a frustrá-los.

Silva, Ana Beatriz Barbosa. Mentes que amam demais – O jeito borderline de ser (Edição
revista, atualizada e ampliada) . Principium. Edição do Kindle.

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