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BAIRROS

AMIGÁVEIS
À PRIMEIRA
INFÂNCIA

3 DIRETRIZES
PARA DESENHO
URBANO
1
2
ESTRUTURAÇÃO DE
POLÍTICAS PÚBLICAS

3
BAIRROS
 AMIGÁVEIS
BAIRROS
AMIGÁVEIS
À PRIMEIRA
À PRIMEIRA
INFÂNCIA MANUAL DE

 INFÂNCIA POLÍTICAS PÚBLICAS

DIRETRIZES PARA
DESENHO URBANO

4
INDICADORES PARA
MONITORAMENTO
UM BOM COMEÇO PARA
TODAS AS CRIANÇAS

Fundação Bernard van Leer


Fundado em 1921, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) é uma entidade
de livre associação de arquitetos e urbanistas que se dedica a temas de

S
interesse da profissão, da cultura arquitetônica e de suas relações com a
e você mudar o começo da história de uma criança,
sociedade. É a mais antiga instituição na área de arquitetura e urbanismo no
poderá transformar positivamente sua trajetória de vida
Brasil, tendo contribuído historicamente para a formulação dos capítulos da
e o final de sua história.
política urbana expressos na Constituição Federal.
Pesquisadores, cientistas, psicólogos, especialistas em
Entre as bandeiras que defende, está a garantia irrestrita do direito
saúde pública e economistas concordam: bebês e crian-
à cidade, incluindo a construção de territórios inclusivos para crianças e
ças na primeira infância (entre 0 e 6 anos) são os melhores
jovens, e garantindo sua escuta, sua participação e seu reconhecimento
aprendizes do planeta. Durante os primeiros seis anos de
como cidadãos. Para efetivar essas ações em políticas públicas, o IAB pro-
vida, seus cérebros se desenvolvem mais rapidamente do
move debates com a sociedade civil e com gestores de diferentes setores,
que em qualquer outra época, e as experiências vivenciadas
investe na produção de conteúdos, e conta com uma rede qualificada de
têm um impacto profundo e duradouro sobre sua saúde
arquitetos e urbanistas que se capilariza nos departamentos estaduais do
física e mental, sobre sua capacidade de aprender e de se
instituto em todos os estados do Brasil.
relacionar com os outros.
Para que uma criança cresça, ela precisa de uma boa
nutrição e bons cuidados médicos, proteção contra danos,
oportunidades de brincar e interações amorosas com adul-
tos. As crianças precisam de cidades com espaços seguros
e saudáveis, onde serviços essenciais são de fácil acesso.
Cidades que permitam interações afetuosas frequentes e
responsivas com adultos carinhosos, e que ofereçam um
entorno seguro e fisicamente motivador para brincar e
explorar. Estes são os alicerces de um bom começo de vida,
e têm sido a missão da Fundação Bernard van Leer há mais
Na Fundação Bernard van Leer nós acreditamos que dar a todas as crianças de 50 anos.
um bom começo na vida é tanto a coisa certa a fazer, quanto a melhor Intervenções na primeira infância são uma prioridade
forma de construir sociedades saudáveis, prósperas e criativas. Somos uma porque centenas de milhões de crianças ao redor do mundo
fundação privada que busca desenvolver e compartilhar o conhecimento não têm acesso a um bom começo de vida, o que impede
de experiências que funcionam no desenvolvimento da primeira infância. que alcancem seu potencial.
Fornecemos apoio financeiro e expertise para parceiros de governos, Atualmente, mais de um bilhão de crianças moram em
sociedade civil e privada para ajudar no teste e ampliação de serviços que cidades. As cidades representam uma oportunidade única
efetivamente melhorem a vida de crianças mais novas e suas famílias. para ajudar bebês e suas famílias a prosperar. Como pode-
Nos últimos 50 anos, investimos mais de meio bilhão de dólares e mos garantir que ofereçam mais oportunidades de lugares
trabalhamos em todas as regiões do planeta. Nossas parcerias notificaram seguros, saudáveis e interessantes – com possibilidades
as políticas públicas em mais de 25 países, levaram a inovações na de aprendizagem, interação, criação, imaginação, diversão
prestação de serviços e treinamento, amplamente adotados por governos e crescimento – em todos os bairros, alcançando o maior
e organizações sem fins lucrativos, e geraram ideias revolucionárias que número possível de famílias?
mudaram a maneira como as partes interessadas, dos pais aos formulado- Uma cidade que conta com planejamento e design
res de políticas, pensam sobre os primeiros anos de uma criança. urbano que incorpora as necessidades de bebês e crianças
GLOSSÁRIO

na primeira infância e de seus cuidadores, as ajuda a se ⚫⚫ ADL Área de Desenvolvimento Local

desenvolver e a ficar mais saudáveis, e empodera seus ⚫⚫ BAPI Bairro Amigável à Primeira Infância

cuidadores. Tendo isso em mente, a Fundação Bernard van ⚫⚫ BCC Bebês, Crianças nos primeiros anos de vida
e Cuidadores
Leer criou a iniciativa Urban95.
⚫⚫ BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
⚫⚫ Conanda Conselho Nacional da Criança e do Adolescente
Se você pudesse vivenciar uma cidade a partir de 95 cm – a
⚫⚫ DOTS Desenvolvimento Orientado ao Transporte
altura de uma criança de 3 anos – o que mudaria?
Sustentável
⚫⚫ EC Estatuto da Cidade
Esta é a questão chave que a iniciativa Urban95 procura
⚫⚫ ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
responder em nome dos bebês, crianças mais novas e cui-
⚫⚫ FBVL Fundação Bernard van Leer
dadores que raramente têm voz no planejamento, no design
⚫⚫ FMCSV Fundação Maria Cecília Souto Vidigal
e nas políticas urbanas. Nós fazemos isto apoiando gestores
⚫⚫ FNCA Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente
públicos, planejadores urbanos e urbanistas a compreender
⚫⚫ ITDP Institute for Transportation & Development Policy
como seu trabalho pode influenciar no desenvolvimento
⚫⚫ Nacto National Association of City Transportation
infantil. Também os ajudamos a identificar e a dar escala a Officials
estratégias inovadoras que possam melhorar o modo como ⚫⚫ ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
famílias com crianças na primeira infância vivem, brincam, ⚫⚫ ONU Organização das Nações Unidas
interagem e se movimentam nas cidades. Tradicionalmente, ⚫⚫ Primeira Crianças entre zero e seis anos completos
intervenções na primeira infância têm sido desenvolvidas infância

nas áreas de nutrição, saúde, saneamento básico, educa- ⚫⚫ PNMU Política Nacional de Mobilidade Urbana

ção e assistência social. Com este conjunto de guias para ⚫⚫ PMPI Plano Municipal pela Primeira Infância

o desenvolvimento de Bairros Amigáveis à Primeira Infância ⚫⚫ PCS Programa Cidades Sustentáveis (RNSP)

(BAPI), a Fundação Bernard van Leer e o Instituto de Arqui- ⚫⚫ PCU Plataforma dos Centros Urbanos (Unicef)

tetos do Brasil buscam incluir os primeiros anos de vida ⚫⚫ RNSP Rede Nossa São Paulo

dentro do escopo de outros setores que também afetam as ⚫⚫ Unesco Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura
primeiras experiências de milhões de crianças mais novas,
⚫⚫ Unicef Fundo das Nações Unidas para a Infância
como o de planejamento e de mobilidade urbana.
⚫⚫ WRI World Resources Institute
Esta publicação faz parte de uma coleção de quatro
livros que apresentam diretrizes, orientações técnicas e
boas práticas nas áreas de planejamento urbano, mobili-
dade e espaço público, com foco na primeira infância.
Este material foi inicialmente desenvolvido pelo Minis-
tério da Habitação e Assuntos Urbanos da Índia em parceria
com a Fundação Bernard van Leer. A versão brasileira foi
traduzida e adaptada para o contexto e realidades do País
pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).
ÍNDICE

5 Um bom começo para 81 Parques, praças e


todas as crianças
espaços abertos
7 Glossário
10 Como utilizar estes guias
81 Estratégias de recreação
11 Estruturação dos guias da primeira infância
85 Lugares abertos e seguros
12 Sobre as diretrizes para desenho urbano
89 Espaços verdes abertos
14 Como decidir qual elemento utilizar?
92 Acessibilidade e espaços lúdicos
16 O processo decisório
99 Espaços públicos inclusivos
18 Gestão, manutenção e organização
dos espaços públicos
103 Equipamentos e
21 O desenho do bairro serviços urbanos

27 Ruas 109 Infraestruturas sociais

27 O primeiro espaço público 109 Como abordar projetos de


32 Limitar, interligar e compartilhar equipamentos públicos
38 Diretrizes para componentes de ruas
39 Ruas seguras 124 Diretrizes de design
44 Ruas verdes classificadas por objetivo
47 Ruas acessíveis
52 Lúdico e inclusivo 126 Lista de figuras
58 Escalas de ruas 128 Notas
60 Estacionamento 129 Referências
62 Perfis viários 130 Ficha técnica
COMO UTILIZAR ESTES GUIAS ESTRUTURAÇÃO DOS GUIAS
DA PRIMEIRA INFÂNCIA

Necessidades Desafios

Segurança Modelo centrado no automóvel

Apoio consistente Excesso de obstáculos

Uso qualificado dos espaços abertos Equipamentos e serviços inacessíveis

Conexões com áreas verdes Violência urbana

ESTRUTURAÇÃO MANUAL DE DIRETRIZES INDICADORES Ausência de manutenção


DE POLÍTICAS POLÍTICAS PARA DESENHO PARA
PÚBLICAS PÚBLICAS URBANO MONITORAMENTO Prioridades equivocadas

Objetivos

A s quatro publicações que constituem o


conjunto de guias para o desenvolvimento
de Bairros Amigáveis à Primeira Infância (BAPIs)
referenciais, que resultam em padrões e dire-
trizes de desenho urbano em constante atua-
lização, estabelecendo resultados desejáveis, Inclusivo Acessível Seguro Verde e livre Lúdico

oferecem ferramentas e conhecimentos basea- formando novos patamares de linha de base e


dos na realidade brasileira para que gestores novas metas, em um processo de ciclo contínuo
urbanos e projetistas possam incluir a pers- e sinérgico.
pectiva da primeira infância e de seus cuidado- O primeiro guia, Estruturação de políticas
Referências de nível de serviço
res no planejamento, no desenho urbano e na públicas, traz informações sobre a necessidade
gestão dos bairros. de considerar os requisitos dos bebês, crian-
Ao considerar as dinâmicas dos bebês, crian- ças mais novas e seus cuidadores no plano de
ças mais novas e seus cuidadores na cidade, é um bairro e os objetivos a serem alcançados. MANUAL DE
necessário fazer um diagnóstico dos diversos O Manual de políticas públicas apresenta o POLÍTICAS PÚBLICAS
arranjos, papéis sociais e desafios encontra- cenário normativo no Brasil e as oportunidades
dos. Os desafios mais relevantes para a efeti- daí derivadas na promoção dos BAPIs. O guia
vação do amparo, garantia de direitos e acesso Diretrizes para desenho urbano mostra como
à cidade devem definir os objetivos dos BAPIs. atenuar lacunas e qualificar o espaço urbano DIRETRIZES PARA
DESENHO URBANO
Tais objetivos serão atingidos com projetos e para os BAPIs, enquanto o Indicadores para
programas que visam a melhorar o nível dos monitoramento irá ajudá-lo com os parâmetros,
serviços prestados ao cidadão. indicadores e metas a serem atingidas. Para se
Este conjunto de guias para o desenvolvi- inspirar em projetos reais, a plataforma virtual
Bairro Ruas Parques, praças Infraestrutura Equipamentos
mento dos BAPIs é parte de uma metodologia Arbo.org.br  , organizada pelo IAB, reúne boas e espaços social e serviços
dinâmica de avaliação, monitoramento e apri- práticas de desenho urbano, com uma seção abertos urbanos

moramento, com linhas de base e metas. O voltada à primeira infância que traz exem-
processo de formulação e revisão das políticas plos no Brasil e na América Latina atualizados INDICADORES PARA
públicas é acompanhado de acordo com os constantemente. MONITORAMENTO
marcos regulatórios, documentos e plataformas
SOBRE AS DIRETRIZES PARA
DESENHO URBANO

A s diretrizes para desenho urbano


apresentadas neste manual mostram
como alcançar os objetivos estabelecidos
Neste guia, as diretrizes são divididas entre os
cinco elementos espaciais de um BAPI, forne-
cendo uma lista de fácil leitura com temas rela-
OS OBJETIVOS
DESTE GUIA
no guia Manual de políticas públicas para tivos aos espaços públicos compartilhados.
BAIRROS
AMIGÁVEIS
À PRIMEIRA
INFÂNCIA

o desenvolvimento de Bairros Amigáveis à 1 Definir os componentes

3
Primeira Infância (BAPIs). físicos e as melhores abor-
No Manual de políticas públicas, con- Bairro dagens para garantir a qua-
templamos as normas e leis nacionais, DIRETRIZES
PARA DESENHO
Abrange fatores organizacionais de lidade do espaço público em
descrevendo os âmbitos de atuação e as maior escala, como o caráter geral do
URBANO

relação às necessidades dos


oportunidades para implementar ações bairro, sua densidade, a distância e a BCCs.
relativas ao desenvolvimento de BAPIs, diversidade de equipamentos e de servi-
seja como política pública ou como pro- DIRETRIZES LOCAIS PARA DIRETRIZES DE
ços urbanos dentro de uma mesma área. 2 Ressaltar as inter-relações
jeto localizado de transformação terri- OS ESPAÇOS PÚBLICOS DESENHO URBANO
entre os elementos que
BAPI
torial. No presente guia, Diretrizes para Ruas compõem um bairro, ofere-
desenho urbano, serão desenvolvidos os São espaços voltados à circulação e cendo uma visão integral a
princípios e as estratégias com impacto contêm fluxos dinâmicos relacionados à seus moradores.
no ambiente construído, ou seja, traze- mobilidade, movimentação confortável e
mos uma aproximação da escala para acessibilidade nos espaços públicos. 3 Comunicar os meios pelos
apresentar as boas práticas de desenho Dentre os instrumentos mais adequa- quais os objetivos serão
urbano amigáveis ao grupo dos Bebês, dos, os planos diretores municipais e os Parques, praças e espaços abertos alcançados, bem como fazer
Crianças mais novas e Cuidadores (BCC). planos de mobilidade são grandes alia- São destinos-chave de espaços livres uma conexão clara com as
As diretrizes foram desenvolvidas dos e referências sobre como proceder que compartilham funções importantes metodologias de avaliação e
como um complemento às normativas de de acordo com a realidade local. Alguns para a primeira infância. monitoramento.
desenho urbano existentes no contexto municípios também possuem guias de
brasileiro. O objetivo é oferecer possibi- boas práticas em espaços públicos, Infraestruturas sociais
lidades para as necessidades da primeira manuais de intervenções viárias e legis- Elementos típicos de um bairro que
infância dentro das melhores práticas lações atualizadas para padronização de são relevantes à primeira infância, que
contemporâneas de desenho urbano calçadas, arborização e mobiliário urbano. são acessados cotidianamente e for-
voltadas à criação de espaços públicos de Os governos municipais que ainda não mam uma rede de apoio, como instala-
permanência e de passagem. desenvolveram materiais como esses ções comunitárias, serviços de saúde e
podem se inspirar nas referências de educação.
outras cidades, sempre com o cuidado de
adaptá-las às particularidades regionais – Equipamentos e serviços urbanos
é o caso, por exemplo, da adequação das Serviços básicos de infraestrutura
espécies vegetais em função do clima e urbana como água, eletricidade, lixo,
do regime de chuvas. drenagem e outros fatores ambientais.

12 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 13


COMO DECIDIR QUAL
ELEMENTO UTILIZAR?

O conhecimento dos objetivos BAPI e


dos indicadores atrelados a eles em
cada bairro oferece ao gestor um pano-
↪↪Um simples equipamento torna-se
Em um BAPI, o desenho do espaço
público precisa corresponder aos modos
específicos de sua utilização pela primeira
um ativo para o desenvolvimento
rama claro sobre as deficiências e as infância
oportunidades de intervenção em sua
infantil quando combinado com

O
cidade. outros itens. s espaços públicos podem se tornar
Ainda assim, as intervenções preci- lugares ricos e interessantes para
sam ser planejadas com sabedoria. Por o aprendizado e o desenvolvimento das
mais que um gestor tenha boa intenção, crianças na primeira infância. Para que
há elementos nas esferas políticas locais isso ocorra, é preciso haver integração de
que precisam de controle e atenção para elementos como a sensação de silêncio
tornar um bairro efetivamente amigável e conforto, árvores, arbustos e canteiros, ↑↑Figura 1
à primeira infância – entre eles, a boa além de um bom design e um número Bancos amplos permitem sentar de diversas formas,
comunicação dos projetos, o apoio da adequado de equipamentos e mobiliários seja para descanso ou para uma conversa em grupo.

comunidade, a transparência nas ações, Mais pessoas irão Um gradil com Faixas de urbanos.
utilizar um banco trepadeiras ou pedestres com
a seleção de um bom projeto e materiais, Crianças de zero a seis anos usam o
bem projetado. folhagens em sua marcadores de piso
as fontes de financiamento para constru- Um banco ruim base, ou com são mais seguras, espaço público de maneiras específicas.
ção e manutenção futura, entre outros. pode tornar-se iluminação solar, principalmente no Um simples banco é um exemplo claro do
um banco vazio. é mais amigável. período noturno.
Instalar simplesmente um banco em que a primeira infância precisa: é baixo,
um espaço público pode ser um bom evitando o risco de queda; é amplo e
investimento. Mas quando esse banco é totalmente plano, permitindo que uma
cuidadosamente instalado em um local mãe possa deitar o bebê de costas ou
sombreado de qualidade e é projetado colocar o bebê conforto ao seu lado em
com uma superfície mais larga e plana + + vez de apoiá-lo no chão; fornece um
Valor para o desenvolvimento dos BCCs

para que um bebê possa engatinhar sobre encosto, que faz uma grande diferença
ele, este equipamento genérico torna-se 30 em estadias mais longas, como no caso
específico e uma peça adicional dentro de haver um irmão mais velho brincando
do espaço para contribuir ao desenvolvi- nas proximidades.
mento da primeira infância. O BAPI surge
quando um conjunto de tais elementos,
pensados de forma integral, é realizado.

↑↑Figura 2
1 100
Variações simples no design do banco mudam
completamente a forma com que podem ser usados.
Número de BCCs alcançados

14 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 15


O PROCESSO DECISÓRIO

N ovos projetos de BAPIs podem ter Utilize informações técnicas e dados para
Família com crianças na primeira infância

diferentes pontos de vista sobre o


que instalar, quando começar e onde “ Nossos filhos precisam de mais
espaço para brincar no parque
perto de nossa casa.”
embasar as discussões. Estas informações
são muito úteis no início dos trabalhos.
devem acontecer. Nesse processo, é
importante garantir o uso efetivo da pri-
meira infância (sendo, consequentemente,
Gestor urbano
A lém de auxiliar na decisão sobre o
que construir, informações e dados


um espaço acessível a todos os cidadãos) estabelecem onde as novas intervenções
Quero algo que chame a atenção
e evitar armadilhas como projetos que devem ser implementadas e dão mais
da mídia para nosso BAPI.
chamam a atenção, mas que produzem qualidade aos debates. Também garan-
Precisa ser relativamente
efeitos positivos mínimos no bem-estar tem a uniformidade dos benefícios para a
barato e fácil de instalar.”
dos usuários. primeira infância em novos projetos.
Uma dessas armadilhas é o efeito ↑↑Figura 3
A intervenção BAPI deve contar com a participação
estátua: a prática de colocar uma estátua Representante da associação de bairro


dos interessados, principalmente do grupo BCCs,
em uma praça sem, no entanto, promover Queremos ter certeza de que desde o diagnóstico até a implantação.
melhorias relevantes à população. Para as vagas de estacionamento ao
evitar esse tipo de armadilha, é preciso redor do parque não serão
basear-se em informações técnicas e em ameaçadas pela intervenção.”
dados ao tomar decisões sobre as inter-
venções mais benéficas à primeira infân- EXEMPLO
Comerciante


cia e a seus cuidadores. CONSULTA DOS OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DA PROXIMIDADE
Alargar a calçada ao lado do
A seguir estão exemplos de armadilhas COM A NATUREZA PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA
parque para os pedestres
nas quais gestores podem cair quando há
impede que as pessoas cheguem
falta de informações técnicas para a pro-
facilmente à minha loja.”
moção de espaços para a primeira infân-
 +   +   + 
cia. Frequentemente, o primeiro impulso
é pensar apenas nas necessidades indi-
Diagnóstico Análise da solução Recomendação com foco no BAPI
viduais e rechaçar as ideias de outros
grupos. Por isso, estar munido de boas
↪↪Ações como colocar uma escultura Há um déficit de Proposição de um novo Apesar de um novo parque ou praça ser
áreas verdes e parque, no qual as inter- desejável, não terá a mesma eficácia se
informações e, principalmente, de dados, em um parque, adicionar vagas de
espaços de lazer venções ocorram apenas os frequentadores – principalmente os
garante um diálogo fundamentado, agre- estacionamento ou recuar por medo no bairro dentro da área delimitada BCCs – não puderem chegar ao espaço
gando os diferentes grupos em torno de
de perder negócios, claramente não do projeto (quadra, gleba por ruas seguras, rotas confortáveis e
resultados positivos em vez de disputas.
satisfazem os objetivos ou indi- ou terreno), sem incre- calçadas acessíveis. Por isso, é preciso
mentos ou propostas nas investir também na melhoria dos princi-
cadores BAPI. Os indicadores BAPI
ruas do entorno. pais caminhos para chegar aos parques e
são um primeiro filtro para avaliar praças do bairro.
ideias e níveis de investimento.

16 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 17


GESTÃO, MANUTENÇÃO E ORGANIZAÇÃO
DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

É essencial integrar decisões de gestão, manu-


tenção e de organização do espaço público
desde o início do processo de planejamento e
●● Locais abandonados podem se tornar espaços
verdes, ou ponto de encontro da comunidade.
Gestão do local

●● Programa de manutenção visivelmente ativo


Experiências de resultado rápido

●● Incentivar novas abordagens e catalisar


●● Construções pensadas de forma modular
de desenho urbanos. Isso aumenta os benefí- podem ser adaptadas às necessidades da para oferecer segurança especialmente às melhorias com programas piloto (como brin-
cios das intervenções e garante uma utilização comunidade para atividades em diferentes mulheres e incentivar os BCCs a passar mais cadeiras coletivas em ruas fechadas tem-
alta dos usuários, com consequente sucesso do situações, podendo aumentar ou diminuir tempo em espaços públicos. porariamente ao tráfego de veículos), fazer
espaço implementado. dependendo do número de participantes, por intervenções de baixo custo com urbanismo
●● Políticas direcionadas à conscientização dos
Entre os itens a serem considerados, estão exemplo, ou até mesmo do clima e da área tático ou festivais temáticos – onde as pes-
adultos em relação aos tipos de brincadei-
a organização de funções do espaço, a escolha disponível. soas se envolvem na limpeza das ruas, no
ras infantis e aos riscos para as crianças
de materiais duráveis, a qualidade do design plantio de árvores ou na pintura de fachadas
no espaço público, além de apoio a ideias
dos equipamentos, a boa sinalização e ilumina- Criação compartilhada, coalizão de espaços à medida em que os espaços vão se transfor-
criativas para oferecer espaços seguros para
ção, além de uma programação com atividades públicos e autogestão mando para melhor. As crianças podem ser
crianças mais novas.
públicas gratuitas, como shows, narração de os membros mais ativos em tais eventos.
histórias, feiras gastronômicas e eventos de ●● Políticas inclusivas para atividades impor-
●● O envolvimento da comunidade nos proces- ●● Criar programas de incentivo à adesão de
educação ambiental. tantes para os BCCs, como locais adequa-
sos de criação e de planejamento faz com proprietários e/ou residentes, tomadores
O que levar em conta durante o processo de dos para amamentação, banheiros públicos
que os espaços sejam mais relevantes e res- de decisão e da comunidade em geral, que
planejamento e de desenho urbanos: unissex com trocadores de fraldas e água
pondam de forma mais eficiente às deman- devem estar vinculados a uma estratégia de
potável.
das específicas. Isso aumenta os níveis de longo prazo para avaliação, escalabilidade e
Combinar ações de curto prazo, ações adesão ao projeto e eleva o sentimento de ●● Manutenção, limpeza, gestão de resíduos e replicabilidade.
participativas e estratégias de longo prazo. pertencimento ao lugar. de água, e iluminação que se adapte a dife-
rentes usos e épocas do ano.
●● Estratégias de longo prazo podem incluir ●● Conduzir as discussões em locais familiares
aos participantes ou onde já costumam se
elementos de regulamentação (por exemplo, Custos e benefícios
para aprovação da construção), estímulos reunir é mais eficaz do que fazer essas reu-
diversos (incentivos para que residentes ou niões em locais fora do bairro.
●● Compreender os padrões financeiros estrutu-
proprietários façam melhorias), ativação do ●● Criar incentivos para que as pessoas se apro- rais e os atores que influenciam o desenvol-
espaço público e melhorias físicas, além de priem do projeto faz com que elas cuidem e vimento e a gestão do espaço público – como
campanhas de comunicação focadas em mantenham o local como um bem realmente gestores públicos, lideranças comunitárias,
BCCs. público, para uso de todos. proprietários de imóveis e seus ocupantes,
●● Combinando e intercalando usos, por exem- ●● Criar canais de participação para os morado- empreendedores imobiliários etc.
plo, um estacionamento pode se tornar um res em processos decisórios e de gestão, seja ●● Alocar recursos financeiros para a manuten-
local para a prática de esportes nos finais de direta ou indiretamente, ajuda a consolidar o ção dos espaços e equipamentos e para a
semana. projeto e a garantir sua longevidade. programação de eventos sazonais.
●● Observar os locais onde os residentes já uti- ●● Considerar ações intersetoriais para agregar
↑↑Figura 4
lizam para se encontrar, e os caminhos que atividades diversas, como transporte, educa-
Um espaço público de qualidade atrai diferentes públicos
utilizam para chegar. ção, saúde, cultura, esportes e lazer. e, para isso, a criação compartilhada com a comunidade
local é essencial.

18 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 19


INDICADORES
O desenho
BAIRRO
do bairro
A s oportunidades de implantação das
diretrizes BAPI não se restringem
apenas a novos territórios e a projetos
As diretrizes para o desenho do bairro complexos de desenvolvimento urbano.
Como aprofundado no Manual de políticas
No. Indicador Objetivo Descrição do indicador Categoria focam em fatores organizacionais de maior
públicas, as oportunidades mais corri-
Proximidade de Percentual de residências a uma distância de
escala, seu desenho urbano. É o processo queiras para implantar diretrizes BAPI
1 ★★★
áreas verdes 300 m de uma área verde superior a 125 m². de dar forma e caráter aos espaços públicos acontecem durante a própria manutenção
Percentual de residências a uma distância de 300 m de serviços que têm influência no ambiente físico como da cidade e de seus sistemas.
Proximidade de
2 públicos (creches, escolas, unidades básicas de saúde, unidades ★★★★ As melhorias e intervenções pon-
equipamentos
de pronto atendimento, centro de assistência social etc).
um todo.
tuais devem ser vistas com a mesma
Percentual de BCCs que caminham até serviços potencialidade de um plano específico
3 BCCs que caminham
públicos (creches, escolas, UBS, UPAs).
★★ de transformação urbana. Aumentar
os parâmetros de caminhabilidade, de
Deslocamentos
4
ativos
Percentual de deslocamentos diários não-motorizados. ★ conectividade, a qualificação e a amplia-
ção de calçadas, por exemplo, devem
Deslocamentos Percentual de deslocamentos não-motorizados
5 ★ ser medidas adotadas em toda a cidade
ativos às escolas que se destinam às creches e escolas.
– além de outros elementos que serão
População a
↪↪Além de territórios novos, abordados ao longo deste guia.
Percentual da população atendida por áreas verdes, considerando
6 15 minutos de
raio máximo de 1 km ou 15 minutos de caminhada.
★★★★ as diretrizes BAPI podem ser Geralmente, mudanças mais profun-
áreas verdes
utilizadas para melhorias de das no desenho de bairros existentes só
podem ser implementadas por meio de
7
Área verde por
habitante
Percentual de área verde per capita. ★ áreas já consolidadas.
processos complexos de longa duração.
Parquinhos
Mas é possível fazer mudanças e melho-
8
infantis
Número de parquinhos infantis. ★★★★ rias nas características de um bairro em
prazos mais curtos, incrementalmente,
Sensação de Percentual de pessoas que se sentem seguras
9
segurança em espaços públicos do bairro.
★★★★ passo a passo. Já os projetos de novos
bairros devem partir das diretrizes forne-
cidas a seguir, para garantir a criação de
BAPIs de qualidade em novas áreas de
Objetivos BAPI: Acessível | Seguro | Verde e livre | Inclusivo | Lúdico
desenvolvimento urbano.
Categoria: ★★★★ Prioritário | ★★★ Relevante | ★★ Importante |  ★ Apoio
Nas cidades brasileiras, além do pro-
cesso contínuo de manutenção e qua-
lificação urbanas, há também frentes
específicas de atuação que podem ser
oportunidades para desenvolvimento de
BAPIs, como as Áreas de Desenvolvimento
Local (ADL) e instrumentos como: Opera-
ções Urbanas Consorciadas (OUC), Áreas
de Intervenção Urbana (AIU), além de

20 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 21


planos específicos distritais ou regionais, planos
de bairro ou planos de urbanização de favelas e CONSIDERE CRIAR ZONAS
USO MISTO E BAIRROS
análogos. PRIORITÁRIAS PARA CRIANÇAS
COM DIVERSIDADE
Todos esses instrumentos e oportunidades

O
permitem seguir premissas de desenho urbano A página 50 do Urban Starter
s bairros devem ser planejados para garantir Posicionar estrategicamente instalações
que contribuem com o bom desenvolvimento Kit (FBVL)  explica como
deslocamentos diários e experiências ao ar mistas ao longo de rotas de pedestres usadas
de BAPIs, seja em transformações na cidade estabelecer uma zona priori-
livre de qualidade. Um bairro planejado levando na vizinhança estimula a mobilidade ativa, pois
existente (formal), nas ações nos territórios de tária para crianças e os prin-
em conta os Bebês, Crianças mais novas e Cui- todos estão dentro de uma distância confor-
vulnerabilidade social (informais), nos territó- cipais equipamentos utilizados. Confira
dadores (BCCs) deve ter uma variedade de usos tável para ser feita a pé. Um cuidador costuma
rios novos (redesenvolvimento urbano), ou nas o seu conteúdo para verificar se ele se
e de serviços localizados a distâncias confortá- visitar diferentes lugares em um só desloca-
áreas de expansão urbana (bairros planejados). aplica à sua área, e dê uma olhada nesta
veis para serem feitas a pé e incentivar, assim, o mento: buscar crianças em uma creche pode
Abaixo listamos algumas premissas importantes animação  sobre itens de uma cidade
uso de espaços públicos ao ar livre. ser combinado com a compra de alimentos e
a serem seguidas. que segue o conceito Urban 95, pensada
Isso significa que a localização de postos de com uma ida ao parquinho. Caso esses usos
saúde, creches, parques e outras amenidades para a primeira infância. não possam ser instalados próximos, conecte-
no bairro requer uma consideração cuidadosa. A implementação de uma zona prio- -os com uma rota de pedestres contínua e bem
Quando há mais de um serviço do mesmo tipo ritária para crianças envolve criar uma demarcada.
em um bairro, eles devem ser distribuídos de sinalização específica com mensagens Os diversos equipamentos de uso público
maneira uniforme pela vizinhança. Se há apenas sobre a importância dos primeiros anos também podem ser instalados ao longo ou nas
um equipamento, como um posto de saúde, de vida, dicas para incentivar e ampliar proximidades das paradas de ônibus e de outros
este deve ser instalado em um local de fácil os níveis de interação entre cuidadores e transportes de alta e média capacidade (como
acesso no bairro. crianças, e também atividades e ideias de estações de trens e metrôs). Essa estratégia
Assim como é preciso promover ruas que brincadeiras. Outra sugestão é designar facilita a vida de pais e mães que trabalham
possibilitem o uso diverso de modais e de pes- embaixadores do bairro que promovam o utilizando o transporte público, melhorando a
soas, e adequadas à primeira infância, também espaço como prioridade para as crianças logística de chegar à creche e ao trabalho todos
é preciso planejar bairros com variedade de no dia a dia. os dias.
usos, serviços e equipamentos, além das fun- No Brasil, a quantidade e a escolha da
ções do morar e trabalhar. Isso vale tanto para localização de várias infraestruturas voltadas
os bairros da cidade formal quanto para os ter- aos BCCs estão subordinadas às leis federais
ritórios de vulnerabilidade social, onde as pes- de parcelamento do solo e ao plano diretor do
soas devem encontrar as amenidades básicas município – que, por sua vez, não foram feitas
do dia-a-dia em poucos minutos de caminhada. HIERARQUIA, DISTÂNCIA para atender especificamente a esse grupo. No
E DENSIDADE DE entanto, é preciso sempre considerar que os
EQUIPAMENTOS PARA BCCS deslocamentos cotidianos dos BCCs são ligeira-
mente diferentes dos de um adulto normal. As

C
←←Figura 5 velocidades de caminhada, as distâncias per-
omo os BCCs têm um alcance menor de
Bairros planejados não são sinônimo de monotonia. Feiras
livres, comércios locais e serviços são elementos de
mobilidade, faz sentido agrupar alguns des- corridas e a quantidade de elementos observa-
vitalidade na vida urbana. tinos e serviços complementares. Por exemplo: dos por esse grupo são muito específicas – isso
um playground pode ser posicionado próximo a sem contar a maior vulnerabilidade à poluição
←←Figura 6 do ar e sonora de bebês e crianças mais novas.
uma loja para que possam ser visitados em um
Atividades noturnas como restaurantes, cafés, serviços e
lojas também auxiliam na sensação de segurança.
único deslocamento. Equipamentos de jovens Somado a isso, o clima local e as condições
e idosos podem ser instalados lado a lado para meteorológicas tornam a experiência de usar o
←←Figura 7 promover o contato entre diferentes faixas espaço público bastante desafiadora em algu-
Além de praças e parques, os espaços verdes devem
etárias. mas cidades brasileiras.
integrar a paisagem urbana como espaços acolhedores
que articulem outras atividades e como elementos
de conexão entre equipamentos comunitários.

22 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 23


PROXIMIDADE E ACESSO POR IDADE

AO PROJETAR EQUIPAMENTOS QUÃO


Quão longe LONGE PODEMOS
podemos
PARA BBCs, CONSIDERE: CHEGAR
chegar em EM 10 MINUTOS?
10 minutos? PRIMEIRA
INFÂNCIA
Ensino Fundamental I
●● Instale equipamentos de uso público

os
em lugares bem conectados à vizi- 75-85

an
m/min

6
nhança. Por exemplo: ao longo das

0-
800-1.000 metros Ensino Infantil
principais conexões de pedestres ou PRIMEIRÍSSIMA
em cruzamentos de vias de pedestres; Velocidade média de um adulto caminhando Clínica INFÂNCIA

●● Agrupe vários usos em locais próximos


para que possam ser acessados em um os
30-40 an
m/min Creche 0-3
único deslocamento;

QUA
300 metros

DRA/
●● Cercas no entorno dos equipamen-

RUA
Parquinho Casa

CA
tos podem ser necessárias por ques- Velocidade média de um cuidador com carrinho de bebê

BAIRRO - 600m
SA -
Praça com

- 400m
ou velocidade de passeio com um bebê (0-2 anos).
tões de segurança, mas não devem se brinquedos

200m
transformar em obstáculos. Projete 0-
2
an
os portões com dimensões genero- 20-30 os
m/min
sas e suficientes para várias pessoas
CRIANÇAS
com carrinho de bebê poderem passar 200 metros Mercearia BEBÊS MAIS NOVAS
por eles confortavelmente ao mesmo Velocidade média de adulto com criança (2-3 anos)
Parque local
tempo; de mãos dadas ou ajudando a andar.

●● O paisagismo, isto é, a instalação de Centro comunitário

árvores, canteiros e arbustos, também 15-20 Mercado


m/min
não pode ser um obstáculo à livre e
confortável circulação de pessoas com 150 metros
Ponto de ônibus
carrinho de bebê, ou de cuidadores Velocidade média de adulto e criança (3-5 anos) sem
segurando a mão de uma criança mais estarem de mãos dadas, ou uma criança andando
distraída, ou que dependa de ajuda.
nova;
●● Escolha o tipo de pavimentação no
Áreas comerciais
entorno dos equipamentos com Nota: Estimamos que crianças de 3 a 5 anos se movem mais
foco na acessibilidade: não podem lentamente que as de 2 a 3 anos porque sentem mais confiança

ser empecilhos para a condução de em serem curiosas no mundo público.

um carrinho de bebê, por exemplo,


nem serem escorregadios quando
Este diagrama mostra a hierarquia, a diversidade e o acesso de serviços e equipamentos para crianças de acordo com sua
molhados. mobilidade e idade. Os mundos em expansão progressiva das crianças com menos de seis anos: a casa, a rua, a quadra e o bairro.
A capacidade de locomoção de crianças muito novas, de forma independente ou com cuidadores em carrinhos ou bicicletas, é
limitada a serviços e equipamentos a menos de um quilômetro de distância de suas casas.

24 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 25


INDICADORES
Ruas O PRIMEIRO
ESPAÇO PÚBLICO
RUAS

No. Indicador Objetivo Descrição do indicador Categoria


O primeiro espaço que as crianças
pequenas encontram fora de casa é
a rua. As ruas fazem parte de um sistema
10 Calçadas largas Percentual de calçadas com largura acima de 1,80 m. ★★ de espaços abertos que podem ser bas-
tante atraentes e agradáveis. Na última
População próxima Percentual de moradores próximos à
11 ★★ década, há uma tendência de mudança
a ciclovias infraestrutura cicloviária no bairro.
global no projeto de ruas urbanas, prio-
Cruzamentos Percentual dos cruzamentos com rampa de rizando os pedestres e passageiros de
12
acessíveis acessibilidade e/ou travessia elevada.
★★
transporte público, assim como os meios
Percentual de existência de Zonas 30 (limite de 30 de locomoção não motorizados como as
13 Zonas 30 km/h) no entorno de áreas escolares, espaços de lazer ★★ bicicletas, em um esforço para diminuir o
e unidades de atendimento primário de saúde.
número de veículos de transporte indivi-
Percentual de existência de zonas seguras para primeira dual (principalmente automóveis) circu-
14 Zonas seguras infância no entorno das escolas e creches, com diminuição de ★★★ lando nas ruas das cidades.1
velocidade, rotas seguras e lúdicas entre casa e escola etc.
Entretanto, as ruas dos bairros brasi-
Percentual do intervalo regular entre postes leiros ainda funcionam, principalmente,
15 Iluminação pública ★★
de iluminação abaixo de 30 m. como um lugar de trânsito rápido. As
calçadas são normalmente estreitas, mal
Ocorrências ↑↑Figura 8
16
de trânsito
Números de ocorrências de trânsito fatais e não fatais. ★★ As ruas não devem ser tratadas apenas como elementos construídas e com obstáculos ao longo do
de trânsito rápido, pois são, antes de tudo, a percurso, e recebem pouca ou nenhuma
primeira dimensão pública de convivência. As crianças
17 Ruído nas ruas Percentual de ruas com nível de ruído acima de 55 decibéis. ★★★ manutenção.
como jovens cidadãs também têm o direito de desfrutar
desses espaços de modo agradável e atraente. Em algumas cidades, ruas totalmente
Percentual de ruas arborizadas em relação
18 Arborização viária
ao comprimento linear total.
★★★ dedicadas à circulação de pedestres estão
localizadas apenas em áreas centrais
Mobiliário para
19 Intervalo regular entre mobiliário urbano para descanso. ★★★ onde a atividade comercial é mais intensa.
descanso nas ruas
Mas há outras soluções para responder
Existência de ruas de lazer temporárias abertas à circulação às diversas demandas, como priorizar os
20 Ruas de lazer de pedestres e veículos não motorizados (bicicleta, patins, ★★ pedestres e, ao mesmo tempo, ter espaço
skate, etc.) para inclusão de áreas de recreação.
para veículos e para bicicletas, apro-
Existência de sinalização lúdica para a primeira veitando melhor o espaço disponível e
21 Sinalização lúdica
infância no entorno de escolas e parques.
★★
mantendo os bairros acessíveis a diversos
meios de transporte. Redesenhar ou ade-
quar uma rua pensando nessa diversidade
Objetivos BAPI: Acessível | Seguro | Verde e livre | Inclusivo | Lúdico de usos é uma forma de oferecer aos
Categoria: ★★★★ Prioritário | ★★★ Relevante | ★★ Importante |  ★ Apoio BCCs o espaço vital de que precisam para
um movimento livre e seguro e, ao mesmo
tempo, permitir a circulação de carros.

26 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 27


O primeiro passo ao projetar uma rua Com uma recente adaptação para o por-
boa e equilibrada é considerar os diferen- AO REDESENHAR AS RUAS DE UM BAIRRO, tuguês, o Guia global para desenho de
tes usos e formas de locomoção2: pedes- CONSIDERE COMO PRIORIDADE, EM ORDEM ruas3, organizado pela Nacto-GDCI, (ao
tres, ciclistas, passageiros de transporte DE MAIOR A MENOR IMPORTÂNCIA: lado) é uma iniciativa reconhecida inter-
público, motoristas de carros, vendedores, nacionalmente como referência para o
moradores locais, vagas de estaciona- 1 Espaço de caminhar desobstruído desenho de vias urbanas. Ao estabelecer
mento etc., pois todos disputam o espaço e contínuo para pedestres e BCCs as cidades como locais para pessoas, o
na rua. Ao realocar o espaço disponível devem ser prioritários nas interven- guia busca alterar a forma tradicional de
e compartilhá-lo entre os usuários de ções BAPI. planejar que leva em conta apenas a cir-
forma equitativa, tem-se um desenho culação e a fluidez do tráfego de veículos,
mais equilibrado da rua – desde que os 2 Medidas de traffic calming (elementos para incluir questões de acessibilidade,
espaços para os pedestres sejam sempre e ações que reduzem a velocidade segurança e mobilidade para todos os
priorizados, com ênfase aos BBCs e suas dos veículos) devem ser implantadas usuários, além de ações para a qualidade Guia global para desenho de ruas

necessidades específicas, como carrinhos especialmente em ruas com rotas ambiental e a vitalidade das ruas, com
de bebês. prioritárias e equipamentos públicos consequentes benefícios econômicos. A
frequentados pelos BCCs. publicação traz diversos exemplos inter-
nacionais e brasileiros que, no entanto,
COMO PROJETAR RUAS 3 Projetar travessias e cruzamentos de precisam de atenção do ponto de vista da
PARA UM BAPI ruas seguros. primeira infância.
A mesma entidade, em parceria com

A seção a seguir mostra exemplos de


como ruas com tipologias padrão
podem ser redesenhadas, lembrando que
4 Projetar a rua como um espaço
público que permita a organização
a Fundação Bernard van Leer, desenvol-
veu o manual Designing streets for kids4
(ao lado), ainda sem versão em português,
de atividades sociais.
as normas municipais devem ser observa- mas que contém uma vasta gama de
das para a implantação das intervenções 5 A velocidade dos veículos deve ser exemplos de intervenções e adequações
– estejam elas no plano diretor municipal reduzida sempre que houver desti- dos espaços urbanos e ruas em várias
(que deve conter o regramento sobre o nos para os BCCs nas vias próximas, cidades do mundo, com um olhar atento
tipo de vias e sua classificação hierár- principalmente nos entornos de e criterioso para as questões relaciona-
quica no sistema viário) ou nas normas creches, escolas, praças e parques. das à primeira infância, constituindo uma
municipais de mobilidade, transporte ou É altamente recomendado que importante fonte de informações e exem-
do departamento específico que cuida do essa redução seja encorajada com plos específicos para os BCCs.
gerenciamento de tráfego. intervenções no desenho das vias,
Sugerimos que haja variações e adap- elementos físicos de proteção dos Designing streets for kids
tações, consistindo em projetos flexíveis pedestres e estratégias de redução
e continuamente atualizados, tendo em induzida de velocidade.
mente que cada bairro terá um requisito
diferente. Em todos, os pedestres devem 6 Minimizar e regular vagas de esta-
ter prioridade, segurança para caminhar e cionamento junto ao meio-fio.
acessibilidade.

28 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 29


EXEMPLOS DE COMO RUAS
PODEM SER REDESENHADAS

1. Medidas de proteção em relação ao 1 7


tráfego de veículos motorizados ·
página 40

2. Limitar, interligar e compartilhar ·


página 32

3. Ruas acessíveis · página 47

4. Estratégias de recreação · página 52


8
5. Travessia de pedestres · página 41

6. Sinalização para BCCs · página 43

7. Ruas verdes · página 44

8. Fachadas ativas ao longo do trajeto ·


página 39

9. Escalas de ruas · página 58


2
6

4 9

30 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 31


LIMITAR, INTERLIGAR 30 km/h 8m 13 m
CHANCE DE
E COMPARTILHAR
MORTALIDADE

Tempo de Distância 30 km/h 15%


reação percorrida
40 km/h 30%

14 m 26 m

A
50 km/h
50 km/h 60%
s ruas são uma parte vital de nossas cida- ●● Restringir o movimento desnecessário do
des e facilitam uma variedade de usos, tráfego Proibir totalmente o tráfego de 85%
60 km/h
desde o transporte de veículos até o movimento veículos nas ruas, sempre que possível, para
Tempo de Distância
de pedestres. Mas os usuários das ruas podem dar prioridade aos pedestres e aos BCCs, e
reação percorrida
ter necessidades conflitantes. Em alguns casos, mais espaço para esses usuários caminharem
esses conflitos foram resolvidos com a proibi- livremente, sem medo da velocidade dos car-
ção total de carros em certas ruas na cidade, ros. Nesses casos, é preciso prever o acesso O diagrama mostra a distância necessária para frear um veículo. A probabilidade de uma fatalidade ocorrer
com um veículo trafegando a 60 km/h é em torno de cinco vezes maior do que um veículo trafegando a 30 km/h.
mas nem toda cidade ou bairro estão prontos a veículos de emergência e de abasteci-
para um passo tão grande. Há três maneiras mento, de acordo com as normas vigentes de
para tornar as ruas amigáveis aos BCCs: limitar segurança emitidas pelo corpo de bombeiros.
o uso de ruas para veículos motorizados, inter- ●● Definir e monitorar limites de velocidade departamento de mobilidade e transporte). sem distinção entre a calçada e a via de veí-
ligar destinos-chave dentro do bairro estabele- Globalmente, muitos bairros definiram e Faixas mais estreitas e o tráfego de mão culos, pois ambos são nivelados. Essas ruas
cendo uma rota prioritária, e compartilhar a rua, impuseram limites de velocidade de 15 a única tornam as ruas mais eficientes e tam- são compartilhadas por diversos usuários:
melhorando sua eficiência de usos5. 30 km/h nas ruas locais. Uma pesquisa da bém mais calmas. Uma medida semelhante veículos, bicicletas e pedestres. A prioridade,
Universidade Real de Holloway, de Londres6, é reestruturar a direção de vias, formando no entanto, é sempre do pedestre, seguido
mostra que as crianças são incapazes de binários: uma via vai e outra, paralela, volta, pelos ciclistas, o que reduz a velocidade do
1. LIMITAR medir a velocidade dos veículos que via- condicionadas também pelas vias transver- tráfego na via e em seu entorno.
MEDIDAS DE DIMINUIÇÃO DE jam a mais de 32 km/h e podem acredi- sais. Além de otimizar e organizar o sistema, ●● Sinalização Há diversas maneiras de reduzir
VELOCIDADE PARA PERMITIR tar que é seguro atravessar quando não é. essa organização das mãos únicas é uma a velocidade das vias e dos cruzamentos sem
MAIS CRIANÇAS NAS RUAS Exemplos brasileiros como as Zonas 307 em medida de baixo custo e amplo impacto na grandes mudanças: redutores de velocidade,
Florianópolis e as Áreas 408 em São Paulo segurança dos pedestres. travessias elevadas (lombofaixas) e rotató-

C omo relatamos anteriormente e identifi-


camos no guia Estruturação de políticas
públicas, os bairros brasileiros foram planejados
visam a reduzir as velocidades dos veículos
nos bairros. São Paulo9 e Fortaleza10 também
●● Chicanas São um prolongamento pontual da
calçada em um trecho da quadra (com con-
rias nos cruzamentos não semaforizados
são algumas medidas. Cruzamentos sinali-
desenvolveram outras ações para a segu- sequente estreitamento da rua), que geram zados (horizontal e verticalmente conforme
de forma centrada no uso do automóvel. Um rança viária. Além de estabelecer limites, é diversos benefícios: aumentam a quantidade o Código Brasileiro de Trânsito) e com ele-
dos desafios que esse tipo de planejamento importante que os limites sejam realmente de espaço para o pedestre e, por serem um mentos para a redução de velocidade como
causa é a insegurança da rua, com um tráfego monitorados. obstáculo ao trânsito de veículos, reduzem estreitamento de faixa e sinalizadores nas
constante que limita a mobilidade independente
●● Ruas tranquilas de mão única As ruas de a velocidade do tráfego. As chicanas podem faixas de rolamento (popularmente chama-
da criança. É preciso lembrar que, ainda que
bairro com atividade de BCCs precisam de ser ativadas com bancos, estacionamento de dos de tartarugas) são também boas alterna-
haja tráfego de veículos em uma via, a rua é um
um espaço livre de obstáculos para pedes- bicicletas e outras comodidades aos pedes- tivas quando implementados corretamente.
espaço público e deve oferecer toda a estrutura
tres. Em ruas de acesso, essa medida é tres. Nos bairros e em localidades onde há a Controle semafórico, radares e outros sina-
de segurança a seus usuários – e o pedestre é o
possível com a implantação de faixas de presença pontual de comércios, as chicanas lizadores e monitores de velocidade podem
usuário mais exposto nesse sistema de circu-
rodagem mais estreitas (antes de estipu- podem ser alternadas com vagas de estacio- ser alternativas em ruas de acesso, com
lação, mais ainda quando é um integrante dos
lar as larguras, é importante verificar as namento em um lado da rua. tráfego mais intenso, mas são elementos que
BCCs. O primeiro passo para transformar seu
normativas do plano diretor e do plano de ●● Espaços de rua compartilhados Cada vez requerem manutenção constante e não ofe-
bairro é reduzir o domínio do carro. Abaixo elen-
mobilidade municipais, além de consultar o mais populares em todo o mundo, são ruas recem proteção física aos transeuntes.
camos algumas ações possíveis:

32 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 33


2. INTERLIGAR 3. COMPARTILHAR
ESTABELEÇA ROTAS QUE PERMITIR QUE AS CRIANÇAS
CONECTEM AS ATIVIDADES UTILIZEM A MAIOR PARTE DA RUA
DIÁRIAS DAS CRIANÇAS

P ode-se estabelecer uma rota prioritária para


crianças dentro do bairro identificando os
principais destinos e serviços públicos utiliza-
A s ruas compartilhadas aplicadas a um
contexto residencial, são chamadas de
Woonerfs13 na Holanda ou Homezones14 no
dos por BCCs: creches, escolas de educação Reino Unido. São também comumente cha-
↑↑Figura 9 ↑↑Figura 11
infantil e de ensino fundamental 1, praças e Rotas interessantes para os BCCs devem ter madas de ruas vivas ou quintais vivos. Para os Espaços compartilhados incentivam modos
parques, mercados e assim por diante. Cidades sinalizações lúdicas e eficientes. residentes de um Woonerf, o espaço público alternativos de deslocamento. Pode começar com
idas de bicicleta aos parques nos finais de semana
holandesas adotaram essa estratégia e criaram em frente às suas casas é um lugar para brin-
e se tornar um hábito para uma prática de vida
uma rota chamada Kindlint11 em seus bairros, e car, socializar e se envolver na comunidade. Há mais saudável, utilizando as bicicletas como meio
há versões semelhantes em outros países. Em melhorias substanciais na segurança que os de transporte no dia a dia.

São Paulo, por exemplo, há a experiência Rota tornaram um sucesso: nas áreas holandesas
Escolar Segura12 com foco em territórios de vul- que adotaram o conceito, os acidentes de trân-
Ao projetar ruas compartilhadas, lembre-se:
nerabilidade social. sito caíram 40% ou mais.
No conceito de rua compartilhada, carros, ●● Escolha um material que esteja associado a
●● As rotas devem ser uma passagem de pedes-
ciclistas e pedestres compartilham a mesma calçadas para cobrir toda a rua. Isso incen-
tre sem obstáculos. É altamente recomen-
superfície de rua. Nessa situação, os motoris- tiva o trânsito a diminuir a velocidade e envia
dado ter, no mínimo, 1,80 metro de largura
tas ficam mais alertas e dirigem mais devagar. um sinal claro de que é uma zona com priori-
para permitir a passagem de dois carrinhos
O tráfego pode ser ainda mais desacelerado dade para pedestres;
de bebê em direções contrárias; ↑↑Figura 10
Calçadas amplas facilitam os deslocamentos de instalando limitadores de velocidade estrate- ●● Use obstáculos redutores de velocidade para
●● A rota deve levar a um importante destino todos e, principalmente, dos grupos BCCs. gicamente ao longo da rua, de modo que os que os carros os contornem e desacelerem
BCC (escolas, creches, parques e praças) e carros tenham de contorná-los e, assim, reduzir ainda mais;
a um equipamento público de relevância no a velocidade. Ruas compartilhadas preferen-
bairro; ●● Mantenha os canteiros a uma altura baixa, de
●● O uso misto (comércio, serviços e residên- cialmente não têm diferença de nível: um único
modo que as crianças mais novas que brin-
●● As medidas de diminuição de velocidade cias) deve ser incentivado ao longo dessas material de pavimentação é aplicado em todo
cam ou andam atrás deles fiquem visíveis
devem restringir o uso da rua como estacio- rotas, incluindo comodidades como fachada o percurso, sem distinção entre calçada e a via
aos veículos que se aproximam;
namento. O tratamento desejável seria uma ativa, lugares para sentar, iluminação ade- (leito carroçável). Adequações ao contexto local
via compartilhada, ou com remodelação de quada, comércio noturno etc. A presença de são bem-vindas – uma leve diferença de nível ●● Instale uma iluminação voltada aos pedes-
calçada que comporte o trânsito bidirecio- mais pessoas durante diferentes horários do pode facilitar o controle do acúmulo de água da tres, evitando postes com lâmpadas acima
nal de carrinhos de bebê, além de todos os dia auxilia na vigilância passiva e melhora a chuva sem prejudicar a caminhabilidade. Isso da copa de árvores para não causar áreas de
elementos de acessibilidade como rampas, segurança do local; torna as ruas compartilhadas fáceis de usar por sombreamento noturno;
travessias elevadas e guias rebaixadas, e uma crianças e seus cuidadores, já que mesmo com ●● Instale sinalização clara no início da rua para
●● Sinalização e medidas de orientação devem
faixa adicional para mobiliário urbano (lixei- uma diferença pequena de nível, as calçadas indicar aos veículos que eles estão entrando
ser instaladas em uma das extremidades e ao
ras, bancos etc.); não interferem no subir e descer com carrinhos em uma zona de rua compartilhada;
longo da rota para evidenciar sua existência e
de bebê nem podem causar tropeços.
●● Locais para descanso e brincadeiras devem criar consciência; ●● Estipule um limite de velocidade claro;
ser adicionados em intervalos regulares ao ●● A rota deve ser sombreada por árvores para ●● Monitore o uso do espaço por meio dos agen-
longo da rota, preferencialmente com prolon- melhorar o microclima e a sensação térmica tes de trânsito local, orientando, fiscalizando
gamentos de calçada ou adequações seme- ao caminhar, além dos benefícios ambientais e, se necessário, multando os infratores que
lhantes em áreas públicas; e paisagísticos que a ação implica. desrespeitam as normas.

34 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 35


1 2 3 RUAS COMPARTILHADAS

1. Faixa livre
1,20 m (mínimo) – 1,80 m (ideal)

2. Faixa de rolamento
3 m (mínimo)

3. Ampliação de calçada com a maior


extensão possível

4. Diferenças visuais entre o material


da via de passagem e a área livre
para pedestre

5. Bancos e elementos para sentar

6. Faixa de estacionamento
2,70 m (mínimo)

4
4

RUAS COMPARTILHADAS BEM-SUCEDIDAS PODEM:

●● Reduzir ou remover o domínio do carro em ruas residenciais;


●● Promover senso de comunidade;
●● Incentivar mais diversidade nas atividades e no uso da rua pelos moradores;
6
●● Estimular a vivência social;
●● Aumentar as oportunidades para brincadeiras infantis ativas e criativas;
●● Aumentar a vigilância natural, impedindo o crime casual;

Para obter mais informações sobre ●● Reduzir a velocidade do tráfego significativamente – para menos de 30km/h, sendo 15 km/h o
ruas compartilhadas, consulte: ideal para a segurança dos pedestres e BCCs;
Espaço compartilhado, superfícies comparti-
5 lhadas e homezones: uma abordagem de design
●● Melhorar a segurança das áreas residenciais e, talvez mais importante, a percepção de segurança
universal (em inglês) – NDA, Irlanda dos residentes;
Curbless Streets, Filadélfia (em inglês)
●● Incentivar as pessoas a caminhar e a pedalar dentro de sua área e para destinos próximos;
Ilustrações antes e depois: ruas residenciais
3 2 1 compartilhadas e ruas comerciais compartilhadas ●● Melhorar a qualidade do ambiente construído.
para áreas mais densas (em inglês) – Nacto

36 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 37


DIRETRIZES PARA  
COMPONENTES DE RUAS RUAS SEGURAS RUAS SEGURAS

●● Fachadas ativas ao longo do trajeto;


●● Interface entre espaços públicos e privados;
●● Medidas de proteção em relação ao tráfego

M A
uitos elementos precisam estar de veículos motorizados; maior preocupação dos pais e cuida-
integrados para garantir que as ruas ●● Travessias de pedestres sinalizadas e seguras; dores quando as crianças estão fora de
↑↑Figura 12
sejam agradáveis, seguras e inclusivas casa é com a segurança. Somente estando Fachadas ativas podem ser compostas de espaços comerciais.
●● Iluminação com foco no pedestre;
para Bebês, Crianças mais novas e Cuida- e sentindo-se seguras elas podem explorar
dores (BCCs). Tais elementos foram sub- ●● Sinalização identificando elementos para o espaço público para obter o maior bene-
divididos abaixo, com base nos objetivos BCCs. fício ao seu desenvolvimento físico e psico-
para a criação de um BAPI saudável. lógico, com a socialização, a recreação, ou
  estando em contato direto com a natureza.
RUAS VERDES As cidades contemporâneas estão cheias de
perigos para as crianças mais novas e seus
●● Diretrizes para instalação de paisagismo ao cuidadores. Portanto, elementos que criem
longo das ruas; segurança devem ter prioridade no projeto
de ruas ou outros espaços de uso público.
●● Elementos de sombreamento e climatização,
com mobiliário urbano para descanso.
↑↑Figura 13
FACHADAS ATIVAS AO A interface dos espaços privados com o espaço público nem
  LONGO DO TRAJETO sempre precisa ser um muro. Varandas, janelas e demais

RUAS ACESSÍVEIS aberturas compõem outras possibilidades para o espaço

C
urbano.
uidadores procuram evitar levar crianças
●● Materiais de pavimentação de boa qualidade a ruas isoladas ou desertas. A presença
e adequados às várias funções da rua; de pessoas e de atividades ao longo da rua
●● Rampas de acesso nos meios-fios nos cruza- atua como um meio de controle passivo, O CONTROLE PASSIVO PODE
mentos e nas travessias de pedestres; e são o que Jane Jacobs chamou de olhos OCORRER DA SEGUINTE FORMA:
da rua15. Incidentes de vandalismo e crimes
●● Mobiliário urbano instalado de forma a não
podem ser reduzidos por esse tipo de con- ●● Evitar muros altos e sem permeabili-
obstruir a passagem de pedestres, cadeiran-
trole extraoficial dos espaços públicos, por dade visual;
tes e carrinhos de bebê.
parte dos residentes ou transeuntes. Lugares
●● As janelas e portas das casas e dos
para descanso com sombreamento e bancos
  edifícios devem oferecer uma boa visão
são mais seguros se estiverem rodeados por
RUAS LÚDICAS E INCLUSIVAS da rua;
edifícios com janelas voltadas a eles.
●● As fachadas residenciais devem ser
●● Mobiliário urbano para crianças; permeáveis visualmente para produ-
●● Espaços externos para sentar; zir uma sensação de interligação de
Para ideias sobre remoção de muros, consulte:
espaços públicos e privados e, conse-
●● Jogos nas calçadas; Remoção de muros de divisa: recuperação do
espaço público (em inglês) – Uttipec quentemente, dar mais sensação de
●● Fechamento temporário de ruas. O desenho de cidades seguras – WRI segurança para quem passa na rua.
Boletim mobilidados: ruas mais seguras – ITDP

38 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 39


AO PROJETAR TRAVESSIAS DE
MEDIDAS DE PROTEÇÃO EM
PEDESTRES, CONSIDERE:
RELAÇÃO AO TRÁFEGO DE
VEÍCULOS MOTORIZADOS
●● Instale travessias em interva-

O
los regulares, para evitar que os
trânsito de veículos motorizados, mesmo
BCCs tenham de andar mais para
em movimento lento, pode causar mui-
encontrar um ponto de travessia
tos danos a uma criança mais nova e, por-
adequado;
tanto, representar um perigo significativo à
primeira infância. Crianças entre zero e seis ●● Se houver um canteiro central, crie
anos são menos visíveis por um motorista um espaço com largura suficiente
dentro de um carro. Ao mesmo tempo, uma ↑↑Figura 14 ↑↑Figura 15 para que o cuidador e a criança
Balizadores são amplamente bem-vindos para evidenciar As travessias de pedestres podem conter elementos que
criança pode não ver o carro que se apro- esperem no meio do caminho, pois
a delimitação entre os espaços para pedestres ajudem a chamar a atenção dos motoristas. Entre as
xima porque sua visão pode ser obstruída, e os destinados aos veículos motorizados. medidas mais eficientes, está o estreitamento da via
eles podem não conseguir atraves-
por exemplo, por um veículo estacionado para os veículos automotores, que também diminui a dis- sar uma rua larga de uma só vez;
tância realizada pelo transeunte no leito carroçável.
próximo à rua. ●● Mantenha as travessias livres de
Crianças mais novas tendem a agir por obstáculos que obstruam a visão
impulso e sem pressentir o perigo – podem, AS SEGUINTES MEDIDAS DE de crianças pequenas. Não permita
por exemplo, correr atrás de uma bola em PROTEÇÃO DE TRÁFEGO PODEM SER carros estacionados perto de cru-
direção à rua. Medidas de proteção devem IMPLEMENTADAS EM UM BAIRRO: TRAVESSIA DE PEDESTRES zamentos nem vegetação alta junto
ser adotadas nas rotas mais frequentadas aos cruzamentos;
por crianças, com barreiras que as impeçam
de correr para a rua e, assim, protegê-las
do perigo de serem atingidas por um carro
●● Instalar cercas baixas em torno das
áreas do bairro onde as crianças O s BCCs são especialmente vulneráveis
nas travessias porque se movem mais
devagar do que os adultos ou crianças mais
●● Os principais cruzamentos devem
ser visíveis aos motoristas – com
brincam, como parquinhos e áreas luzes piscando, por exemplo;
enquanto brincam. Um veículo a uma veloci- informais de recreação e descanso; velhas. Além disso, a visibilidade de crian-
dade de 30km/h necessita de 8 metros para ças de zero a seis anos pode ser facilmente ●● Semáforos devem oferecer tempo
●● Proibir estacionamento próximo aos suficiente para que cuidadores e
reagir e 5 metros até frear, totalizando 13 bloqueada por vegetação baixa ou por carros
cruzamentos nas ruas mais fre- crianças atravessem com segurança;
metros. estacionados. A interface entre a rua e a
quentadas por crianças;
As medidas de proteção incluem baliza- travessia de pedestres deve ter rampas ou ●● É desejável que haja sinalização
dores, cercas baixas ou a implantação de um ●● Implantar medidas de diminuição de serem feitas em nível com a calçada, como colorida nas travessias de pedes-
canteiro com árvores junto ao meio-fio. A velocidade antes de cruzamentos no caso das lombofaixas, para facilitar a tres, além de um elemento lúdico
velocidade máxima nas ruas compartilhadas de ruas; travessia de cuidadores segurando crian- que instigue o caminhar, tornando a
deve ser de 15 km/h e, em outras ruas, de ●● Cercar áreas onde há atividades ças mais novas ou conduzindo carrinhos de passagem identificável para crian-
30 km/h. com bola para que não escapem bebê. ças pequenas e para chamar a aten-
para a rua; Além das normativas presentes no Código ção dos motoristas.
de Trânsito Brasileiro (Lei Federal nº 9.503,
●● Onde não há meio-fio, instalar obs-
de 23 de setembro de 1997), a resolução nº
táculos entre a calçada e a faixa de
738, de 6 de setembro de 2018 do Conse-
rolamento para evitar que veículos
lho Nacional de Trânsito (Contran) atualiza
desviem acidentalmente para as
os padrões e critérios para a instalação de
áreas de pedestres. O espaçamento
travessia elevada para pedestres em vias
entre os balizadores deve ser de no
públicas, um importante instrumento disse-
Para saber mais mínimo 1,20 metro para dar passa- Para saber mais
minado no País para melhorar a segurança
Estratégias de traffic calming gem a um carrinho de bebê. Intervenção urbana temporária:
(em inglês) – Nacto das travessias de pedestres. Cachoeirinha (2020) – ITDP

40 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 41


PARA UMA RUA BEM SINALIZAÇÃO PARA BCCS
ILUMINADA, CONSIDERE:

●● Escolha um tipo de iluminação


de acordo com o uso do espaço
Q uando crianças mais novas caminham
em seu bairro acompanhadas de seus
cuidadores, elas adquirem um conheci-
público: luzes altas e sem adornos mento importante do mundo ao seu redor,
para iluminar as superfícies das ganham autoestima e aprendem a explorar
ruas e luminárias atraentes e mais o ambiente. Porém, o ambiente urbano nas
baixas para iluminar caminhos e cidades pode ser muito hostil e desconcer-
calçadas; tante para as crianças mais novas.
●● Adicione iluminação baixa onde A capacidade de usar direções como
↑↑Figura 16 ↑↑Figura 17
Na iluminação indireta, especialmente para os pedestres, o pavimento é irregular ou onde esquerda e direita não se desenvolve total- A sinalização de piso com elementos simples é uma das
a luz é difundida uniformemente e sua altura deve ser existem degraus ou desníveis, para mente até os 10 anos16. É difícil, senão maneiras de chamar a atenção dos BCCs, e podem indicar
projetada de forma a não ser encoberta pelas árvores do destinos chave.
iluminar melhor esses obstáculos; impossível, para as crianças circularem e
entorno, criando o mínimo de sombra possível.
explorarem independentemente a cidade se
●● Instale postes de iluminação de
não há uma boa sinalização, pois podem se
rua com espaçamento regular: pelo
perder facilmente. As crianças mais novas
menos um a cada 30 m, como regra AO PROJETAR UMA SOLUÇÃO DE
não conseguem ler os nomes das ruas e, por
ILUMINAÇÃO geral; SINALIZAÇÃO VOLTADA ÀS CRIANÇAS
isso, têm de recorrer a outras medidas para
●● Nenhuma zona de sombra nem MAIS NOVAS, CONSIDERE:

U
encontrar o caminho.
m bom projeto de iluminação com manu- manchas escuras devem ser deixa- Um bom sistema de sinalização e de
tenção adequada e periódica é essencial das ao longo do caminho ao instalar ●● Posicione o sistema de forma que seja
orientação projetado pensando nas crian-
para a percepção de segurança. A boa ilumi- a iluminação; visível a 95 cm de altura;
ças irá ensiná-las a reconhecer onde estão
nação também evita que crianças pequenas
●● Contrate uma empresa de lumi- e mostrar a rota para destinos familiares. ●● Use recursos brilhantes e reconhecí-
tropecem em obstáculos no pavimento ou em
notécnica para calcular o nível de Um sistema de orientação projetado para veis. Crianças mais novas não podem
pavimentos irregulares. Calçadas bem ilumina-
iluminação ao longo de toda a rua. crianças as prepara para a próxima etapa em ler, por isso símbolos claros devem ser
das atraem mais pessoas, são mais seguras e
Idealmente, o nível deve ser cons- seu desenvolvimento, quando sairão para usados em seu lugar;
permitem o uso prolongado da rua até a noite.
tante, com mínimo de 6 a 8 lux; o mundo de forma independente, sem seu
A escolha certa de postes de luz e luminárias ●● O uso de pontos de referência também
cuidador.
contribui para o caráter de uma rua e a torna ●● Evite mudanças significativas nos funciona bem para as crianças encon-
mais interessante e amigável. níveis de iluminação ao longo de trarem caminhos, enquanto a arte de
uma rua; rua pode ajudá-las a se orientar na
●● Considere a posição dos postes e cidade;
Para saber mais
Para saber mais das luminárias em relação à posi- ●● Objetos facilmente reconhecíveis,
O desenvolvimento de habilidades de orienta-
Algumas cidades brasileiras possuem planos diretores de ção das árvores e outras plantas. ção em crianças: rotas de aprendizagem com e instalados em intervalos regulares no
iluminação pública, caso de Barbacena, MG, e de Campinas, sem pontos de referência (2015) (em inglês)
SP. Outras cidades têm capítulos específicos sobre o tema
Certifique-se de que os galhos não pavimento, podem ser usados para
– Journal of Environmental Psychology
em seus planos diretores estratégicos, vinculando as lar- obstruam a luz gerando zonas de indicar rotas. Um sistema de sinaliza-
guras padrões de vias com as diretrizes para iluminação. sombreamento noturno; ção com símbolos em placas também
Lighting design e planos diretores de iluminação pública: pode indicar caminhos;
a requalificação da cidade por meio da luz artificial (2008) ●● Tenha sempre em mente que, além
– 8 o Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em da segurança, a iluminação pode ●● Mapeie e incorpore as rotas informais
Design.
agregar valor a um local de muitas feitas pelas crianças no sistema de
Eficiência energética e guia para iluminação de ruas (em
maneiras criativas. orientação.
inglês) – USAid India

42 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 43


Figura 19 →
Árvores de maior porte podem ser utilizadas para
RUAS VERDES criar um eixo visual linear, direcionando os
fluxos em espaços abertos ou compartilhados.

A qualidade do ar que respiramos, nossa


exposição ao sol, ao ruído e à fumaça de
carros e muitos outros fatores ambientais afe-
DIRETRIZES PARA
PLANTIO DE ÁRVORES

tam drasticamente a maneira como as crianças


agem, vivem e se desenvolvem nas cidades. As
ruas verdes fornecem proteção climática para
O paisagismo é importante para criar sombra
e climatização nas ruas. Árvores e plantas
criam um ambiente agradável e proteção contra
AO PROJETAR RUAS
VERDES, CONSIDERE:
os BCCs e protegem contra ruído e poluição. a luz forte e calor. Áreas verdes junto às facha-
das mitigam o calor absorvido e irradiado das ●● Plante em diferentes alturas – árvores
edificações (fator de resfriamento). Além disso, altas para sombreamento e plantas
canteiros ao longo das ruas funcionam como mais baixas na escala de crianças mais
um amortecedor entre a calçada e a faixa de novas;
rolamento, ampliando a sensação de proteção
●● As plantas podem ser colocadas em
dos pedestres e especialmente das crianças.
várias zonas da rua: junto às fachadas
As plantas permitem que as crianças entrem
dos edifícios ou numa zona entre a
em contato direto com a natureza. Mesmo
via e a calçada. Se não houver espaço
em um contexto de readequação urbana, há
para plantar na calçada, considere criar
oportunidades para adicionar verde ao espaço
canteiros entre as vagas na rua;
público. Canteiros, floreiras ou plantas trepa-
deiras nos muros ou fachadas não exigem muito ●● Onde as ruas são muito estreitas, como
Para saber mais
espaço nem nas ruas mais estreitas. nas áreas centrais da cidade, considere
Diversas cidades possuem cadernos técnicos com
É importante ter um diagnóstico da exata usar plantas trepadeiras nas fachadas. as espécies mais recomendadas para plantio em
localização de infraestrutura subterrânea, como Coloque plantas em vasos ao longo de meio urbano. Caso a sua cidade não o possua,
verifique a existência do manual em cidade
cabos e canos de água pluvial e de esgoto, uma fachada. No entanto, certifique-se
próxima ou da mesma região bioclimática.
antes de planejar e implantar o paisagismo em de que ainda haja largura de pavimen-
Alguns exemplos:
uma rua existente ou em um novo projeto de tação suficiente para um cuidador
Manual de orientação técnica da arbo-
rua – caso contrário, o crescimento das raízes caminhar com um carrinho de bebê; rização de Belém, PA
das árvores pode ser prejudicado ou as raízes ●● Dê preferência a plantas nativas e Manual de arborização urbana de Fortaleza, CE
podem tornar a manutenção da infraestrutura espécies locais; Manual de arborização urbana de Guarulhos, SP
mais difícil. Plano diretor de arborização urbana
●● Tente manter as árvores existentes
Outra questão importante é a escolha da de Porto Alegre, RS
ao reformar uma rua. Árvores grandes
espécie correta de árvore para o meio urbano. Manual de arborização urbana da
dão sensação de conforto e um caráter cidade de Recife, PE
Devem-se evitar árvores cujos frutos podem
↑↑Figura 18 instantâneo a uma rua. Guia de arborização urbana no muni-
A arborização viária não se limita a plantar a interferir na limpeza e na segurança das cal- cípio de Registro, SP
mesma espécie em intervalos regulares no canteiro çadas, ou que possuam raízes que se espa- Plano diretor de arborização urbana da
das vias. A vegetação de forração e a arbustiva
também são importantes em suas funções ambientais
lhem horizontalmente e acabam quebrando o cidade do Rio de Janeiro, RJ

e de composição da paisagem urbana. pavimento. Manual técnico de arborização urbana


da cidade de São Paulo, SP

44 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 45


ELEMENTOS DE CONSIDERE OS SEGUINTES
SOMBREAMENTO E ELEMENTOS DE SOMBREAMENTO:
RUAS ACESSÍVEIS
CLIMATIZAÇÃO
●● O sombreamento ideal é o natural, por

U ma rua bem movimentada por pedes- isso, plante árvores, arbustos e trepa-
tres é aquela que oferece um ambiente deiras onde possível;
confortável a seus usuários. Em algumas ●● Execute o plantio de árvores para que
cidades brasileiras, isso significa proteção
contra chuva ou calor extremo durante os
meses de verão. Fornecer áreas sombrea-
haja sombreamento contínuo ao longo
de toda a rua, ao menos nas rotas mais T al como acontece com um parque ou
uma pequena praça de bairro, as calça-
das também devem ser um lugar onde as
MATERIAIS DE REVESTIMENTO
DE PISO E CORES
frequentadas por pedestres;
das nas calçadas, com árvores ou marquises
nos edifícios para proteção contra a chuva, é
muito importante para o conforto de crian-
●● Além das árvores, considere treli-
ças cobertas com trepadeiras. Elas
pessoas desejam ficar, tornando, assim, as
ruas mais habitáveis e vibrantes. Para garan-
tir que as calçadas sejam acessíveis aos
O s materiais de revestimento usados
para calçadas de uso público devem ser
cuidadosamente selecionados. As crianças
fornecem sombra e são um fator de
ças mais novas e seus cuidadores. As áreas BCCs, é importante considerar componentes mais novas tropeçam e caem facilmente
resfriamento;
de descanso devem ser protegidas do calor e como rampas para carrinhos de bebê, meios- onde o pavimento é irregular e as rodas dos
da chuva para uso durante todo o ano. ●● Forneça locais sombreados onde as -fios baixos que permitam que uma criança carrinhos podem ficar presas em superfícies
crianças e seus cuidadores precisam suba sem ajuda, materiais de revestimento ásperas, por outro lado, superfícies muito
esperar: em pontos de ônibus, em cru- de piso seguros quando molhados, além de lisas tornam-se perigosas quando molhadas.
zamentos de tráfego movimentado e equipamentos seguros nas áreas de lazer e Diferentes tipos de pavimentação podem
em áreas de lazer; de descanso. indicar sutilmente zonas onde é seguro
●● Certifique-se de que os elementos caminhar. Uma mudança no padrão de reves-
de descanso, como bancos, estejam timento em torno de uma peça lúdica de
sombreados nos horários de calor mais mobiliário urbano, por exemplo, pode indicar
intenso. a área de recreação informal na calçada. Da
mesma forma, cores podem ser usadas para
indicar áreas de atenção – esquinas pinta-
das de amarelo, por exemplo, tornam-se um
elemento reconhecível pelas crianças.
É fundamental ter materiais de pavimen-
tação disponíveis localmente, duráveis e de
baixo custo de instalação e manutenção.
Entre esses materiais, destacam-se: granito
não polido, blocos intertravados, piso cimen-
tado, concreto e blocos de concreto, entre
outros.

↑↑Figura 20 Para saber mais ↑↑Figura 21 Para saber mais


Marquises, coberturas e toldos são elementos Pisos e materiais de revestimento diferentes podem
Proteção solar para bebês e crianças Decreto de padronização de calçadas de São Paulo
que protegem os pedestres das intempéries, seja setorizar atividades e limites, bem como direcionar os
mais novas (em inglês) – SunSmart
Estatuto do pedestre de São Paulo
proporcionando sombreamento em um dia quente de pedestres a outras localidades de interesse – desde que
sol ou resguardando os transeuntes da chuva. não prejudiquem a caminhada com carrinhos de bebês.

46 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 47


AO ESCOLHER OS MATERIAIS RAMPAS
DE REVESTIMENTO PARA

B
CALÇADAS, CONSIDERE: CCs têm demandas específicas no espaço
público no que diz respeito a diferenças de
●● Evite materiais de pavimentação que nível. Uma pequena diferença de nível, como
sejam irregulares; um meio-fio de apenas 10 cm de altura, é um
●● Se o pavimento for feito de cascalho ou obstáculo para uma criança mais nova e para
terra, adicione uma faixa menor e lisa um carrinho de bebê. Os meios-fios devem ser
de pavimentação sobre a qual os carri- inclinados em todas as travessias de rua para
nhos de bebês possam ser empurrados garantir uma travessia fácil e segura.
facilmente; Degraus nos espaços públicos podem repre-
↑↑Figura 23
sentar um problema intransponível para um Rampas e escadas devem sempre obedecer à NBR 9050. No
●● Use diferentes tipos ou padrões de
cuidador que empurra um carrinho de bebê exemplo acima, foi possível a integração desses elementos,
revestimento para dividir a área do pavi- criando uma nova espacialidade.
e para uma criança mais nova. Adicionar uma
mento em espaços reconhecíveis, como:
rampa onde há diferenças de nível maiores
espaço para caminhar, de recreação e um
garante que todas as crianças e cuidadores com
espaço menos seguro próximo a carros
carrinhos possam ter acesso a toda a exten-
estacionados; DIRETRIZES NBR 9050 SOBRE RAMPAS
são da esfera pública – ação que democratiza
●● Indique espaços de atenção, como cru- o espaço para tantos outros usuários, como
zamentos de ruas ou paradas de ônibus, pessoas em cadeiras de rodas, idosos e pessoas ●● As rampas devem ter inclinação
adicionando cores às calçadas nessas com dificuldade de locomoção. As diretrizes de máxima de 8,33%. Em reformas,
áreas; acessibilidade nos espaços públicos em todo o quando não existe a possibilidade de
●● Outros materiais adequados para crianças território nacional estão condicionadas à Norma atender a essa inclinação máxima, é
incluem: areia absorvente de impacto, Técnica 9050 da ABNT, e só devem sofrer ade- permitida a utilização de inclinações de
piso emborrachado, placas de revesti- quações para melhor acondicionar um projeto até 12,5%;
mento flexíveis (emborrachados, antider- específico caso haja indicação das Comissões ●● Os patamares no início e no término
rapantes e similares), entre outros. Permanentes de Acessibilidade municipais ou das rampas devem ter largura mínima
similares, que tratam também das interven- de 1,20 metro. Entre os segmentos de
ções urbanas significativas. A seguir, elencamos rampa também devem ser previstos
algumas diretrizes gerais sobre as rampas con- patamares intermediários com largura
tidas na NBR 9050, lembrando que a consulta mínima de 1,20 metro. Os patama-
à norma atualizada é obrigatória para os proje- res situados em mudanças de direção
tistas que devem cuidar das especificações do devem ter dimensões iguais à largura
projeto. da rampa.
●● Para rampas com inclinação entre
6,25% e 8,33%, é recomendado criar
áreas de descanso em patamares a
cada 50 metros de percurso;

↑↑Figura 22 ●● Para rampas em curva, a inclinação


Materiais de diferentes cores e texturas
Para saber mais máxima admissível é de 8,33%, com
podem ser utilizados no piso como
NBR9050 – Acessibilidade raio mínimo de 3 metros, medido no
elementos de atenção e sinalização de
mudança de usos.
e desenho universal perímetro interno à curva.

48 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 49


BORDAS CONTÍNUAS TIPOS DE BANCO

L ugares para sentar e descansar podem


ser criados por estruturas ao longo de
calçadas e calçadões, como nas bordas de
E quipamentos de descanso, especial-
mente ao longo das ruas, fornecem os
meios para que bebês, crianças mais novas
canteiros ou em muretas de contenção, onde e cuidadores passem mais tempo ao ar
há diferenças de nível. Mesmo não sendo livre. A qualidade das calçadas ou calça-
bancos formais, tais estruturas geralmente dões aumenta exponencialmente se existe
fornecem superfícies de assento longas e a possibilidade de um cuidador, que está
contínuas e podem criar espaços informais carregando uma criança, poder descansar
de reunião ou de descanso para os cuidado- por alguns minutos sob uma boa sombra no
res e crianças mais novas. intervalo das compras.

Banco de parede rebatível


Em áreas onde o espaço é limitado, como
uma calçada estreita, bancos rebatíveis
AO PROJETAR CANTEIROS OU podem ser um método alternativo de ofere-
PAREDES DE CONTENÇÃO, cer conforto e economizar espaço.
CONSIDERE:
Banco largo para um bebê engatinhar
●● Construir canteiros com uma altura Onde houver espaço, instale bancos largos.
↑↑Figuras 24 e 25
de assento adequada: 40 a 50 cm Lugares para sentar de modo mais informal são também Isso fornece aos cuidadores um local para
de altura para adultos e 20 cm para
importantes para realizar tarefas rápidas, como pegar colocar o bebê com segurança.
algo em uma mochila ou auxiliar a amarrar os sapatos,
crianças; especialmente nos grupos de BCCs.
Banco dividido em altura
●● Projetar as bordas largas o sufi-
Onde houver espaço extra, os bancos podem
ciente para servir como assento,
ter duas alturas para permitir que as crian-
com pelo menos 45 a 60 cm de
ças subam neles com facilidade. Isso pode
largura para apoiar bebês;
ser combinado com larguras maiores dos
●● Projetar as superfícies das bordas bancos.
de canteiros ou muros de arrimo
com uma ligeira inclinação para que Elementos que permitem o descanso
↑↑Figuras 26, 27 e 28
a água da chuva escorra; Outros elementos podem servir de assen- Não há limites para criar e aproveitar espaços para

●● Utilize materiais duráveis e dispo- tos informais em espaços públicos, sem sentar. Os bancos podem ser comuns e simples, mas também
um elemento de destaque. Para os BCCs, quando há um toque
níveis localmente para se tornarem necessariamente terem o formato de bancos
lúdico, o interesse é garantido.
bancos informais. formais.

Algumas sugestões de elementos para descanso Para saber mais

Troncos de árvores, pedras grandes entre o Bancos para todos (em inglês) – Young Foundation
paisagismo, esculturas lúdicas, bordas de Convites para sentar de várias maneiras
fontes com dimensionamento e altura adequa- – Gestão Urbana São Paulo
das para uma criança sentar-se, muretas com
Guia de boas práticas para os espaços públicos
largura para uma criança escalar e sentar.
da cidade de São Paulo

50 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 51


LÚDICO E INCLUSIVO

E xistem muitas possibilidades para incen-


tivar a recreação informal ao longo das
MOBILIÁRIO URBANO
PARA CRIANÇAS
JOGOS NAS CALÇADAS

ruas. Com um planejamento cuidadoso e


objetos simples, as crianças são estimula-
das a usar a imaginação para transformar O mobiliário urbano em espaços públicos
e, principalmente, ao longo das ruas, se
O s jogos de calçada são um excelente exemplo de
como as crianças podem usar sua imaginação para
criar um mundo de brincadeiras dentro dos limites da
qualquer objeto ou espaço em um parqui- bem escolhidos e instalados, podem se tor- rua. Como primeira etapa, é preciso apenas fornecer às
nho perfeito. Cabe aos designers fornecer às nar elementos lúdicos para crianças e bebês. crianças um espaço vazio e protegido, e alguns itens que
crianças as ferramentas criativas certas para A mesma ideia se aplica a objetos de uso estimulem a imaginação para mantê-las reinventando e
criar seu próprio mundo lúdico. cotidiano, como a borda de um canteiro de interessadas por um longo período de tempo.
árvores ou degraus, que podem proporcionar
novas experiências lúdicas para as crianças.
Uma simples viga da estrutura de um ponto
de ônibus, por exemplo, pode funcionar para
a instalação temporária de um balanço para OS JOGOS NA CALÇADA PODEM
crianças mais novas, enquanto esperam o SER ESTIMULADOS POR:
ônibus. Bancos simples e coloridos também
podem se tornar elementos interessantes ●● Introdução de pavimentação padronizada em
para escalar, engatinhar e ter experiências uma área de calçada;
lúdicas diferentes. ↑↑Figuras 32 e 33
●● Uma área plana e lisa na calçada onde as crian-
Os jogos de calçada podem ser elementos
ças possam fazer seus próprios desenhos; permanentes ou efêmeros. Sua utilização
cria pontos de atenção no caminho e são
●● Linhas simples ou quadrados coloridos pintados
atrativos para as mais diversas idades.
AO ESCOLHER MOBILIÁRIO nas calçadas;
URBANO, CONSIDERE:
●● Desenhar o início de um jogo ou algumas formas
na calçada para as crianças preencherem;
●● Veja o mobiliário urbano pelos olhos
de uma criança mais nova. Imagine ●● Jogos contextuais para uma compreensão fácil e
como elas o perceberiam e usariam; universal.

●● Escolha bancos baixos e assentos


planos, para que as crianças pos-
sam usá-los facilmente;
↑ Para saber mais
←←Figuras 29, 30, e 31 ●● Escolha mobiliário urbano coloridos;
Olhe o degrau – Cidade Ativa
Brinquedos infantis
devem ser seguros,
●● Instale canteiros com bordas baixas, ← Para saber mais Pedestrianização para a saúde
corretamente insta- mas largas o suficiente para os pés Batatalab: concurso de mobiliário urbano – São Paulo
cidadã (em espanhol) – Ciudades
sostenibles – BID
lados e a manutenção pequenos das crianças. ErêLab
deve ser feita nos Amarelinhas pela cidade – Jundiaí, SP
prazos especificados.

52 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 53


ESPAÇOS EXTERNOS PARA SENTAR AO PROJETAR ESPAÇOS ÁREAS DE RECREAÇÃO TEMPORÁRIA ALGUNS EXEMPLOS PARA CRIAR
EXTERNOS, TENHA EM MENTE: ÁREAS DE RECREAÇÃO TEMPORÁRIAS:

O s espaços externos de restaurantes e cafés


geralmente invadem as áreas de calçada e
podem obstruir a passagem de pedestres. Ao
●● Deixe pelo menos 1,80 metro
de área livre na calçada17, sem
U ma área de recreação temporária permite que
atividades lúdicas aconteçam em um lugar
que normalmente não é usado para brincar, e pode
●● Utilizar estruturas temporárias para
cercar uma área – por exemplo,
mesmo tempo, são espaços confortáveis ao ar mesas e cadeiras, para permi- durar algumas horas ou um dia inteiro. Tal ação uma vaga de estacionamento – e
livre para comer e normalmente protegidos do sol, tir a livre movimentação dos oferece às crianças mais novas a oportunidade e o trazer objetos de brincar para crian-
vento, chuva ou poluição urbana direta. Se bem pedestres; espaço para brincar ao ar livre perto de casa, reu- ças usarem;
projetados, esses espaços tornam-se locais agra- ●● Forneça sombra usando toldos, nindo cuidadores e ajudando a construir uma rede ●● Itens para recreação temporária
dáveis para os cuidadores e as crianças fazerem guarda-sóis ou árvores; de socialização mais saudável e forte. podem ser colocados em carrinhos
uma pausa e descansarem, além de fornecer abrigo e serem rebocados para diferentes
●● Forneça abrigo e proteção insta-
onde podem ocorrer brincadeiras informais ao ar áreas do bairro;
lando telas ou floreiras ao longo
livre, sob a supervisão dos pais ou responsáveis.
das bordas do terraço. ●● Uma pequena área da calçada pode
receber estruturas temporárias. Isso
pode ser usado para uma pequena
reunião de crianças para assistir a
Para ideias sobre atividades de recreação temporária, consulte:
um show de marionetes, por exem-
Centro Aberto: experiências na escala humana – São Paulo
plo, ou para reuni-las para escutar
Centro Aberto – Largo Paissandú, São Paulo
uma contação de histórias ou parti-
Para informação sobre áreas públicas externas, consulte: Ideias de brincar pop-up (em inglês)
cipar de uma oficina.
Projeto-piloto Ocupa a Rua, São Paulo Centro Aberto – Largo São Francisco, São Paulo Ideias de brincadeiras para crianças de 1 a 3 anos (em inglês)

Consulta pública Ruas SP, São Paulo Centro Aberto – Largo General Osório, São Paulo

SF – Better Streets Zones (em inglês), São Francisco 8 Princípios da calçada – WRI Brasil

Centro Aberto – Largo São Bento, São Paulo Ruas para resposta e recuperação da pandemia – GDCI

←←Figura 34
Espaços abertos para
sentar à mesa ou
apenas desfrutar o
ar livre ganharam
novos patamares
de importância,
principalmente em um
cenário de pós-pan-
demia de Covid-19.
É necessário, no
entanto, sempre
deixar 1,80 metro
livres na calçada
para a movimentação ↑↑Figura 35
dos pedestres. Intervenções lúdicas temporárias nos espaços públicos são bem-vindas para marcar os lugares com brincadeiras possíveis.

54 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 55


←←Figura 36
A abertura de
ruas de lazer
temporárias pode
incentivar as
pinturas lúdicas
para diversas
brincadeiras.

Figura 37 →
Diferentes
escalas e tipos
de ruas devem
receber adequações
específicas para
garantir o seu bom
funcionamento.

FECHAMENTO AO ORGANIZAR O FECHAMENTO


TEMPORÁRIO DE RUAS TEMPORÁRIO DE RUAS, LEMBRE-SE:

U ma rua do bairro pode ser temporariamente ●● Considere qual rua é mais viável para
fechada ao tráfego de veículos para que fechar temporariamente e como isso
outras atividades possam acontecer. irá afetar o tráfego do bairro. Fechar
Pode ser um fechamento anual, por exemplo, uma das principais ruas de entrada do
para facilitar uma festa de rua, mas também bairro apenas bloqueará o tráfego e
pode ocorrer com mais frequência. Uma rua do causará irritação;
bairro pode ser fechada semanal ou mensal- ●● Informe todos os residentes com ante-
mente, para dar às crianças a oportunidade e cedência sobre o fechamento da rua;
a liberdade de brincar com segurança nas ruas
●● Organize eventos a serem realizados no
enquanto os pais e responsáveis podem socia-
dia em que a rua estiver fechada. Jogos
lizar. Muitas vezes, esses fechamentos são um
de rua, arte de rua, oficinas e música
teste para o futuro e podem levar a um fecha-
criam uma vibração positiva e atraem
mento permanente.
as pessoas;
Disseminadas em várias cidades do País, de
Curitiba a Salvador, de São Paulo a Brasília com ●● Considere como o tráfego será des-
o nome de Ruas de Lazer, há uma diversidade viado nos dias em que a rua estiver
de modos de fazer e de itens disponíveis para fechada. Instale sinalização clara para
que o fechamento das vias para carros e con- direcionar o tráfego desviado.
sequente abertura para as pessoas seja ainda
mais incentivado e ganhe mais simpatia dos
residentes do entorno. São Paulo destaca-se Para saber mais
por tê-la realizado na sua mais simbólica ave- Ruas de lazer – Instituto Alana
nida (a Paulista), e há um relatório completo do Avaliação de impacto da Paulista
ITDP Brasil sobre o Programa Paulista Aberta. Aberta na vitalidade urbana – ITDP

56 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 57


ESCALAS DE RUAS

O planejamento e a implementação de ruas


requerem a consideração de múltiplas
escalas do desenho urbano, permeando dife-
Projetar ruas na escala da quadra permite
levar em conta dados específicos do con-
texto local para informar as decisões de dese-
rentes disciplinas e competências. Da escala nho urbano. A mesma rua pode ter diferentes
da cidade à escala humana, há muitas formas abordagens de desenho ao longo das quadras,
de desenvolver ruas mais amigáveis à primeira dependendo da densidade e dos usos dos
infância. edifícios adjacentes, do volume de pessoas
Projetar ruas com enfoque no grupo BCC na caminhando, da quantidade de ciclistas e de
escala de uma cidade ou região significa garantir trânsito, da necessidades de carga e descarga
que o planejamento do transporte seja coor- para negócios locais, dos desafios de gestão da
denado com o uso do solo e zoneamento. É água ou da necessidades de espaço público no
importante identificar onde as crianças moram, bairro.
de que serviços precisam e onde e como aces- Projetar na escala humana significa também
sam esses serviços, e usar esses dados para pensar nos detalhes, inclusive os técnico-cons-
planejar o acesso equitativo a opções e serviços trutivos. Crianças vivenciam a rua em uma
de mobilidade. altura e velocidade menores do que os adultos,
O desenho urbano na escala do bairro se o que significa que elas também vivenciam os
↑↑Figura 38
concentra sobre como crianças e cuidadores detalhes mais intimamente. Cercas no entorno dos equipamentos
podem acessar facilmente principais destinos Uma rua sem um local adequado para a podem ser necessárias por questões
de segurança, mas não devem se
e serviços, como escolas, creches, parques, travessia de pedestres ou rampas torna a
transformar em obstáculos – garantir a
unidades de saúde, e opções de alimentação caminhada uma opção mais insegura para as permeabilidade visual é sempre muito
saudável, no dia a dia. Isso também envolve crianças e pessoas com mobilidade reduzida, importante para a sensação de segurança.

a identificação de oportunidades para a cria- mas um novo mural em uma parede em branco
ção de novos espaços públicos de qualidade e pode desencadear uma conversa entre uma
experiências positivas perto de suas casas (e da criança e seu cuidador, um banco bem instalado
rede entre eles). pode fornecer um local para os tão necessários
As ruas são os canais que unem as comuni- momentos de descanso.
dades e devem ser redesenhadas para respon- Ao redesenhar as ruas, é importante identi-
der às necessidades e contextos das comuni- ficar áreas para melhorias detalhadas ou adi-
dades locais. Cada bairro tem várias tipologias cionar mobiliário, e revisar cuidadosamente os
de ruas que variam em tamanho, atendem a projetos e dimensões antes da construção para
Para mais informações sobre as várias
diferentes necessidades e têm prioridades dife- garantir que tudo esteja adequado, desde as fai- escalas das ruas como elemento
rentes. Dentro desse conjunto diverso, é impor- xas livres nas calçadas até o dimensionamento condutor de manutenção e adequação da

tante desenvolver projetos que garantam que das calhas de drenagem. cidade para a primeira infância, veja:

as infraestruturas para pedestres, bicicletas e Desenhando ruas para crianças


(em inglês) – Nacto/FBVL
transporte público sejam priorizadas, em detri-
mento às vias para veículos particulares.

58 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 59


ESTACIONAMENTO

O estacionamento é uma das questões


urbanas mais críticas nas grandes
cidades brasileiras, onde uma boa parte
●● Não é desejado que ruas com menos
de 9 metros de largura sejam de mão
dupla;
AO PENSAR OS
ESTACIONAMENTOS, CONSIDERE
do espaço público é ocupada por faixas AS CARACTERÍSTICAS LOCAIS
●● O comprimento das vagas de estacio-
de estacionamento junto ao meio-fio.
namento deve ser limitado a 60 metros
Reduzir o estacionamento de rua em um Cada cidade possui autonomia para legis-
para criar intervalos para paisagismo e
BAPI é fundamental para liberar espaço lar sobre o espaço público da rua desde
espaços de recreação na calçada;
público para pedestres. O estacionamento que respeite as premissas básicas do
também é a atividade que mais obstrui ●● Os bicicletários devem ser concen-
Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Um
a visibilidade para bebês e crianças mais trados no entorno de destinos-chave,
exemplo disso é o manual desenvolvido
novas. como terminais de transporte. Perto
pela Companhia de Engenharia de Trá-
As principais considerações para criar de outros equipamentos e de comér-
fego (CET) da cidade de São Paulo, que
estacionamentos em um bairro podem cios locais, a instalação dos paraci-
em uma ação intersetorial buscou com-
ser: clos deve acontecer de modo a não
pilar projetos para padronizar as inter-
obstruir a faixa livre das calçadas.
●● Desenvolver um plano de gestão de venções viárias na cidade, que vão desde
Sempre que possível, bicicletários
estacionamento; limitações de faixas de estacionamento,
fechados com boa infraestrutura para o
implantação de parklets, prolongamento
●● Designar áreas de estacionamento ciclista devem ser implantados e, para
de calçadas, até infraestrutura verde de
pago sempre que possível; isso, parcerias público-privadas são
drenagem, como jardins de chuva.
bem-vindas;
●● Regulamentar o estacionamento com Os planos municipais de mobilidade
horários específicos – proibir, por ●● No caso de calçadas mais largas, os trazem normativas a respeito tanto da
exemplo, estacionamento nos horários paraciclos podem ser instalados de política de estacionamento de veículos
de entrada e saída das escolas; forma perpendicular ao meio-fio. Em quanto para os modos ativos de desloca-
calçadas mais estreitas, prefira posi- mento (a pé e de bicicleta). Portanto, as
●● Em ruas de 9 a 12 metros de largura, é
cionar os paraciclos de forma paralela particularidades locais devem ser sem-
recomendável que seja permitido esta-
ao meio-fio. pre observadas ao definir as diretrizes de
cionar apenas em um dos lados, e em
áreas designadas; estacionamento.

●● Em ruas com estacionamento bilateral,


é preciso interrompê-los de tempos
em tempos por áreas com paisagismo
e travessias de pedestres; Para saber mais

Manual de desenho urbano e obras viárias – CET/SP

↑↑Figuras 39, 40 e 41 Paraciclos – CET/SP


Designar áreas específicas e estabelecer a gestão do
Manual para instalação de paraciclos na cidade de São Paulo – CET/SP
sistema de estacionamento rotativo nas ruas é uma
Guia prático: estacionamento e políticas de gerenciamento de mobilidade (GDM) na América Latina – ITDP, 2015.
prioridade para reduzir espaços mal utilizados.

60 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 61


PERFIS VIÁRIOS RUAS ESTREITAS,
PASSAGENS E VIELAS
ATÉ 9 METROS DE LARGURA

A pesar de incomuns nos loteamentos urba-


nos regulares, as vias estreitas com até 9
metros de largura aparecem em todo território

A s ruas são classificadas dentro da hierar-


quia viária de uma cidade segundo a sua
função na malha urbana. São elas:
Outros tipos de ruas:

Ruas permanentemente fechadas


nacional dependendo da formação e ocupa-
ção dos bairros. Para contemplá-las com boas
diretrizes de intervenções urbanas, é necessário
Podem ser vias adaptadas (eram de passagem, estudar caso a caso, mas sempre com elemen-
Vias arteriais agora são de acesso restrito). Existe a possibi- tos para a proteção dos BCCs. Se há espaço
Conectam regiões da cidade. São vias largas lidade de parceria com agentes privados para insuficiente para o caminhar, por exemplo, e
com múltiplas faixas de rolamento de veículos a adequação, com elementos que atendam a for de alguma forma perigoso para a primeira
e, em alguns casos, incluem faixas ou canaletas primeira infância, desonerando a manutenção infância, sugere-se optar pelo compartilha-
exclusivas para transporte público e ciclofaixas. da municipalidade. mento da via (mesmo havendo restrições nas
↑↑Figura 42
Geralmente existe uma separação do sentido de normativas municipais), seguindo todas as Em vias com menos de 9 metros de largura, é
tráfego por um canteiro central. Podem ou não Ruas compartilhadas indicações de segurança para uma rua compar- aconselhado o compartilhamento total do espaço.

ter estacionamento lateral. São vias com compartilhamento de usos entre tilhada (página 36), principalmente a veloci-
pedestres, ciclistas e veículos diversos. É uma dade reduzida dos veículos, a fim de garantir o
Vias coletoras das soluções para vias com calçadas ou faixas bem-estar dos BCCs.
Conectam bairros ou áreas geradoras de trá- de rolamentos estreitas demais para sofrerem Nessa escala de ruas de bairro, ciclistas,
fego dentro da cidade e estão diretamente ampliações. Ao compartilhar os usos, porém, é pedestres, BCCs, pessoas com deficiência,
conectadas às principais vias arteriais. São vias necessário reduzir a velocidade de tráfego (esti- todos dividem potencialmente todo o espaço
de largura média e com duas a quatro faixas pula-se 15 km/h) para proteção dos pedestres. com veículos.
de rolamento e estacionamento lateral. Geral- O conceito de ruas compartilhadas tam-
mente são rotas de transporte público e podem bém é relevante em bairros densos e em áreas
incluir uma ciclofaixa. centrais da cidade. Nas cidades holandesas, o
↑↑Figura 43
conceito é chamado de Woonerf 18, e as ruas Nas transições para vias mais largas, é necessário
Vias locais são vistas como um espaço social, não apenas utilizar elementos que indiquem o espaço comparti-
lhado. No projeto da imagem, o balizador automá-
São as vias internas de um bairro, e a via de como um canal para a mobilidade de veículos.
tico se recolhe mediante a aproximação devagar de
acesso ao interior do bairro está diretamente Sem desnível entre as calçadas e as faixas de um veículo autorizado.
conectada a uma via coletora. São ruas estrei- rolamento, a rua torna-se de todos, obrigando
tas, geralmente com duas pistas de rolamento e os automóveis a diminuírem a velocidade.
estacionamento lateral.

Vias de pedestres
São vias com pavimentação especial para uso
exclusivo de pedestres, ocorrendo geralmente
nas áreas centrais e comerciais das cidades
brasileiras, com acesso por veículos de emer-
gência e de carga e descarga em horários espe- ↑↑Figura 44
A sinalização vertical também é essencial para
cíficos do dia.
indicar que o espaço é compartilhado. Na imagem,
a placa sinaliza uma rua compartilhada.

62 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 63


RUAS DE ATÉ 9 M DE LARGURA

1. Até 9 m de largura.

2. Arborização constante e outros


elementos criam barreiras para os
veículos motorizados. É preciso
estudar sua localização para auxi-
liar no conforto dos pedestres e o
acesso aos lotes.

3. Bancos e jardins auxiliam na mode-


1 ração de tráfego, e sua localização
deve respeitar a faixa livre mínima
de 1,20 m – e, sempre que possível,
ampliar para 1,80 m.

4. Arborização com intervalo regu-


2
lar auxilia a criação de barreira em
relação aos veículos e protege a
área exclusiva dos pedestres.
3
5. Blocos intertravados (ou outro
pavimento que seja contínuo e
apropriado ao caminhar) funcio-
nam como medidas de redução de
4
velocidade.

6. Segregar o espaço da área de


pedestres com bancos e jardins
ajuda no início da intervenção de
remodelação da via, sendo um
espaço de transição entre a via
comum e a compartilhada, que pro-
5 tege os pedestres e BCCs no espaço
de desaceleração dos veículos.
6
7. Bancos e assentos sombrea-
dos melhoram a qualidade da
intervenção.
7

64 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 65


RUAS LOCAIS RUAS DE 9 M DE LARGURA
9 METROS DE LARGURA
1. Faixa livre de 1,8 m (mínimo)

N o Brasil, uma rua local de bairro de 9


metros de largura é projetada prioritaria-
mente para a circulação de veículos. Porém, em
2. Leito carroçável de 5,40 m

3. Prever faixa de serviço para infraestru-


se tratando de um BAPI, a solução ideal é que tura e instalações. Onde houver neces-
uma rua residencial de acesso local priorize sidade de caixas de inspeção, postes de
a circulação de pedestres, com a redução da iluminação e sinalização, prever faixa livre
largura da faixa de rolamento e a ampliação da adjacente mínima de 1,20 m
faixa de calçada para dar comodidade aos BCCs
e permitir uma área de paisagismo com plantio
de árvores.
Em um cenário alternativo, o meio-fio pode
ser eliminado, nivelando toda a rua, com dife-
rentes materiais de pavimentação demarcando
a faixa de rolamento, as vagas de estaciona-
mento, a zona de atividade informal, o espaço
de transição para tráfego de mão dupla, as
áreas de recreação etc. Neste caso, a faixa de
rolamento pode ser sinuosa e de mão única
para diminuir ainda mais a velocidade dos
veículos.
É aconselhável manter as faixas de rola-
mento o mais estreitas possível, especialmente 1 2 1
se houver a necessidade de mão dupla, para CALÇADAS DOS DOIS LADOS DA RUA COMPARTILHADA
que mais espaço possa ser alocado aos pedes- RUA – TRÁFEGO DE MÃO DUPLA
tres e para que a velocidade do tráfego dimi- ●● Incentivar a diversidade de atividades e
nua. Preveja, porém, as exigências mínimas de ●● Calçadas com uma largura livre de 1,80 de uso da rua pelos moradores;
acesso de veículos de manutenção, de emer- metro dos dois lados da rua com meio- ●● O tratamento uniforme da superfície
gência e de carga e descarga, como caminhões -fio de, no máximo, 15 cm de altura; pavimentada aumenta as áreas de
de coleta de lixo, ambulâncias e bombeiros. ●● Minimizar a largura da faixa de rola- recreação e a área de atividades espe-
mento como medida de traffic calming cíficas para as crianças;
3 (diminuição de velocidade), priorizando ●● A qualidade do material de pavimen-
BCCs e pedestres; tação, as áreas de atividades múltiplas
●● Utilizar preferencialmente lombofaixas e a faixa de rodagem estreita ajudam a
sinalizadas para travessia segura nos reduzir significativamente a velocidade
cruzamentos; do tráfego;
●● Canteiros de flores e arbustos instala- ●● As pessoas são incentivadas a cami-
dos junto ao meio-fio atuam como um nhar e a pedalar com segurança para
elemento de proteção para os pedes- destinos próximos dentro de seu
tres e principalmente para os BCCs. bairro.

66 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 67


RUAS DE 9 M DE LARGURA 1 2 3 RUAS DE BAIRRO
(COMPARTILHADAS) 12 METROS DE LARGURA

A
1. Faixa livre s ruas mais largas conectam o bairro ao pedestres e bicicletas, já que a velocidade dos
1,20 m (mínimo) – 1,80 m (ideal) restante da cidade e precisam oferecer veículos é maior do que nas ruas menores. Em
2. Faixa de rolamento segurança e espaço contínuo para o movimento ruas de mão única, uma calçada mais ampla
3 m (mínimo) dos BCCs. Estas ruas apresentam tanto tráfego pode ser projetada em um dos lados da rua,
local quanto de passagem e podem ser rotas podendo acomodar áreas de paisagismo, des-
3. Ampliação de calçada com a maior importantes de transporte público. Portanto, canso e recreação. Alternativamente, calçadas
extensão possível a circulação de veículos motorizados precisa de mesma largura dos dois lados podem ser
4. Diferenças visuais entre o material ser bem planejada, principalmente para evitar planejadas para acomodar vagas de estacio-
da via de passagem e a área livre congestionamentos e atrasos na circulação do namento principalmente em ruas de caráter
para pedestre transporte coletivo. O movimento nos dois sen- comercial. Nestes casos, as vagas podem ser
tidos pode ser aceito nesses casos, mas sempre interrompidas de tempos em tempos para
5. Bancos e elementos para sentar seguindo medidas adequadas para controle de adicionar paisagismo e áreas de descanso ou
6. Faixa de estacionamento velocidade e segurança para pedestres, para até área para mesas de restaurantes e bares. O
2,70 m (mínimo) 6 que os BCCs possam circular nas calçadas e estacionamento em ambos os lados só pode ser
nas travessias com mais segurança. acomodado em ruas com tráfego de mão única
Uma rua de bairro com 12 metros de lar- onde não há circulação de transporte público.
gura deve acomodar uma área segura para
4
4

↑↑Figura 45
A aplicação de materiais diferentes na pavimentação,
todos no mesmo nível, contribuem com a acessibilidade
universal.
3 2 1

68 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 69


RUAS DE MÃO DUPLA COM CICLOFAIXA RUAS DE MÃO DUPLA
1
E/OU ESPAÇO DEDICADO PARA ANDAR COM CICLOFAIXA
COM CARRINHOS DE BEBÊ (SEM VAGAS
DE ESTACIONAMENTO NA RUA): 1. Iluminação pública viária e
para o pedestre
●● Calçadas protegidas por canteiros com 1
2. Via segregada para bicicletas
arbustos e árvores ou outras barreiras 2,40 m (nos dois sentidos)
físicas;
3. Calçada
●● Pode-se projetar uma calçada mais larga 1,80 m (1,20 mínimo)
com áreas de recreação e bancos, sempre
garantindo uma área de passagem livre 4. Canteiros ajardinados
mínima de 1,20 metro (1,80 metro ideal); 0,60 m (mínimo)
5. Faixas de rolamento 3 2 5 3
●● São projetadas para áreas que não reque-
rem estacionamento na rua; 5,60 m (nos dois sentidos) 4

●● Bancos instalados em intervalos regulares; 6. Material com diferenciação


para ciclovia
●● Previsão de áreas de recreação na calçada;
7. Bancos e assentos sombrea- 6
●● Calçadas precisam ter superfície e mate- dos melhoram a qualidade da
rial adequados para caminhar com carri- intervenção
nhos de bebê;
8. Incluir brincadeiras de cal-
●● Áreas contínuas para canteiros e paisa- çada sempre que possível no
gismo atuam como protetores para os ↑↑Figura 46 lado com maior dimensão 7
BCCs. O nivelamento correto dos pisos, além de obedecer
à NBR9050, garante a boa passagem de cadeirantes
e facilita o deslocamento de BCCs. Quando há um
desnível grande a ser vencido, é preciso garantir
rotas seguras e fáceis de serem percorridas por
pessoas com necessidades especiais de locomoção.

↑↑Figura 47
Exemplo de ciclovia resguardada por
canteiro com vegetação.

70 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 71


RUAS DE MÃO DUPLA
COM CHICANAS

1. Calçada
1,80 m (1,20 m mínimo)

CHICANAS 2. Faixa de estacionamento


2,70 m (mínimo)
●● Chicanas são um prolongamento 3. Faixa de rolamento
pontual da calçada em um tre- 1 2 3 3 1 3 m (mínimo)
cho da quadra (com consequente
4. Incluir brincadeiras de cal-
estreitamento da rua), criadas
çada sempre que possível no
para formar um obstáculo em
lado com maior dimensão
uma rua com o intuito de reduzir
a velocidade dos veículos; 5. Chicanas

●● A rua de 12 metros pode ter chi-


canas dos dois lados;
●● As áreas verdes projetadas nas ↑↑Figura 48
Exemplo de aplicação de chicanas em forma
chicanas podem se tornar espa-
de canteiros com vegetação.
ços multifuncionais;
●● Os espaços verdes também
funcionam como uma zona de
5
arte interativa para as crianças,
enquanto as árvores do lado vol-
tado para a rua são uma barreira
de segurança contra o trânsito;
●● Uma passagem livre de no
mínimo 1,20 metro de largura
(1,80 metro sendo ideal) deve ser
mantida nas calçadas em cada
lado da rua. 4
5

Para mais informações sobre chicanas, consulte:

Guia global de desenho de ruas – Nacto-GDCI

Chicanas (em inglês) – Nacto

Chicanas (em inglês) – San Francisco Better Streets

72 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 73


RUAS DE MÃO ÚNICA COM
ESTREITAMENTO DA VIA

1. Calçada
1,80 m (1,20 m mínimo)

TRECHOS DE ESTREITAMENTO 2. Faixa de estacionamento


DE VIA COM SENTIDO 2,70 m (mínimo)
ÚNICO DE TRÁFEGO 3. Faixa de rolamento
1 4 1 3 m (mínimo)
●● Podem ser projetados em ruas de
4. Estreitamento da via para
mão única com estacionamento
travessia de pedestres e faixa
contínuo em ambos os lados;
elevada
●● Prever calçadas com pelo menos
1,20 metro de caminho livre
(1,80 metro sendo ideal), e
canteiros;
●● Pontos de estreitamento da via a ↑↑Figura 49

cada 60 metros, para criar uma Exemplo de lombofaixa para travessia de pedestres nivelada 2 2
com a calçada em ambos os lados.
zona de passagem segura, calça-
das mais amplas com área para
recreação, árvores maiores para
sombreamento e bancos;
3
●● Travessias em lombofaixa com
sinalização segura e materiais de
superfície amigáveis para cami-
nhar com carrinhos de bebê.

1 4 1

Para saber mais:

Guia global de desenho de ruas – Nacto-GDCI

Exemplos de estreitamentos de vias que diminuem a velocidade


do carro sem colocar em perigo as ciclofaixas (em inglês)

74 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 75


RUAS COLETORAS
15 A 18 METROS DE LARGURA

A rua coletora é a principal via de acesso a


um bairro, interligando-o a outros pon-
tos da cidade. Costumam ter tráfego de mão
dupla com estacionamento contínuo em ambos
os lados. Em cidades maiores, faixas de rola-
mento exclusiva para a circulação de ônibus em
determinados horários fazem com que estas
vias assumam um caráter de corredores de
transporte.
Em qualquer um dos casos, é necessário que
haja calçadas largas e contínuas em ambos os
lados da rua, com largura suficiente para permi-
tir a instalação de pontos de ônibus e permitir
passagem de BCCs e carrinhos de bebês. Isto
RUAS DE 15 M A 18 M
pode ser obtido com a interrupção de áreas de
DE LARGURA
estacionamento nestes pontos. Travessias de
pedestres seguras e sinalizadas devem aconte-
1. Calçada
cer no máximo a cada 60 metros.
1,80 m (1,20 m mínimo)
2. Faixa de estacionamento
2,70 m (mínimo)
3. Faixa de rolamento
3 m (mínimo)
RUA DE MÃO DUPLA, COM
ESTACIONAMENTO, CALÇADAS LATERAIS
E PONTOS DE ESTREITAMENTO:

●● Calçadas contínuas;
●● É extremamente aconselhável criar
várias travessias de pedestre seguras
em pontos de estreitamento;
●● O estreitamento da via permite uma
pausa visual nas áreas de estaciona-
mento, e cria espaços para vegetação e
descanso;
●● A lombofaixa atua como uma medida
de segurança, e o revestimento de piso
deve ser amigável para caminhar com
1 2 3 2 1 carrinhos de bebê.

76 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 77


RUAS DE 15 M A 18 M INTERSECÇÃO DE VIAS COM DIFERENTES HIERARQUIAS
DE LARGURA

Bancos e assentos
1. Introduzir faixas ele-
1 Travessias elevadas
preferencialmente sombreados
vadas para a traves-
(padrão faixa de
sia de pedestres em pedestres, CTB)
Estacionamento
cruzamentos e pontos paralelo
Quando possível,

relevantes próximos eleve todo o


cruzamento: além
aos destinos-chave de facilitar a
travessia de BBCs,
2. Bancos e assentos
é uma importante
distribuídos medida de mode-

2 uniformemente ração de tráfego

3. Estacionamento
paralelo
4. Estreitamento da
via para travessia
Aproveite espaços As ampliações de calçada
de pedestres e faixa devem conter bancos e
residuais para criar
3 elevada áreas de brincar para a assentos sempre que possí-
primeira infância, com vel, respeitando a faixa
equipamentos lúdicos livre desejável (1,80 m)
ou a mínima (1,20 m)
3

As áreas de brincar devem


conter materiais e equipamen- Os espaços de brincar
tos específicos para os BCCs devem ser sombreados e,
se possível, implantados
regularmente nos bairros onde
Aproveite extensões de há grande presença de BCCs
calçada para integrar espaços
de brincar e de descanso

As ruas compartilhadas devem


ter pavimentação específica,
que as diferencie das demais,
como blocos intertravados, o
que facilita o caminhar de
BCCs e é uma eficiente medida
4 de redução de velocidade
Ruas
compartilhadas

Ampliação de calçada com


espaço para quiosques
É importante integrar os vários temporários ou equipamentos

elementos de desenho urbano para


que cada item complemente os
demais, e incluir medidas
de redução de velocidade.

78 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 79


INDICADORES
Parques, praças e ESTRATÉGIAS DE
RECREAÇÃO
PARQUES, PRAÇAS E ESPAÇOS ABERTOS
espaços abertos

No. Indicador Objetivo Descrição do indicador Categoria


A lém das ruas, os espaços públicos
como parques de bairro e parquinhos
infantis são espaços importantes da vida
22 Horas no parque Número de horas por visita que os BCCs utilizam os parques/praças. ★★★★ urbana diária para os BCCs. Enquanto
as ruas são usadas principalmente para
Índice de qualidade do ar – concentração de
23 Qualidade do ar ★★★ movimento e conexão, os espaços abertos
material particulado em suspensão (MP-10).
são destinos de recreação.
Percentual de áreas de recreação sombreadas Bebês e cuidadores precisam de ar
24 Áreas sombreadas
dedicadas à primeira infância.
★★
fresco e do estímulo de plantas, árvores,
Dias de lazer Média de dias por mês que BCCs utilizam vento e conexão com a natureza. Crian-
25 ★★★
nos parquinhos parquinhos perto da residência. ças de zero a seis anos precisam de um
espaço seguro ao ar livre para brincar,
Mobiliário para
26 descanso dos BCCs
Percentual de parques/praças que possuem bancos no
★★ pois esta é uma atividade primordial para
entorno das áreas dedicadas à primeira infância.
nos parques ↑↑Figura 50 o desenvolvimento nessa faixa etária.
Parques, praças e espaços abertos são configurados
Brincar é uma forma de se divertir,
em diversas escalas e cada uma exige um tratamento e
equipamentos diferente, seja para a comunidade local seja de socializar, mas também de aprender
Objetivos BAPI: Acessível | Seguro | Verde e livre | Inclusivo | Lúdico para o público mais diversificado que o espaço atrai. e de se desenvolver. Grande parte desse
Categoria: ★★★★ Prioritário | ★★★ Relevante | ★★ Importante |  ★ Apoio valioso tempo de recreação acontece
em parquinhos onde o ambiente é proje-
tado especialmente para brincar, mas é
importante ter espaços de brincadeiras
não estruturadas, ou seja, em que é a
imaginação da criança quem dita como a
brincadeira se desenvolve, seja em áreas
verdes, em praças ou em parques. Se
uma cidade investe em áreas de recrea-
ção de melhor qualidade para as crianças,
também investe no desenvolvimento de
qualidade para essas crianças e em sua
conexão com o espaço urbano público e,
assim, essas crianças se tornam adul-
tos que se sentem mais responsáveis
pela manutenção do espaço e por buscar
melhorias.
As brincadeiras ao ar livre proporcio-
nam às crianças exercícios físicos, um
contato mais próximo com a natureza e

80 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 81


BOLSÕES VERDE PARQUINHOS INFANTIS LEMBRE-SE

N C
um meio de socializar. Mas se não há pla- os bairros onde não há espaço para adicionar rianças de zero a seis anos não precisam de ●● Projete ao menos três tipos de equipa-
nejamento suficiente e uma intervenção parques e jardins públicos devido à falta de grandes áreas para brincar. Em vez disso, mentos no parquinho;
eficiente, o espaço pode trazer perigos – espaço aberto, alguma forma de verde ainda pode precisam de áreas verdes menores com parqui- ●● Escolha objetos lúdicos especialmente
motivo pelo qual o desenho de áreas de ser adicionada em pequenas áreas. São pequenos nho e a uma distância facilmente caminhável de concebidos para a primeiríssima e a
recreação para crianças requer considera- bolsões verdes que melhoram e suavizam visivel- suas casas. É altamente recomendado, por isso, primeira infância;
ção especial. mente o caráter da rua e podem assumir diferentes que um bairro tenha diversos parquinhos para
●● Uma cerca baixa ao redor de um
Os destinos para BCCs configu- formas: uma fachada verde em um edifício, peque- garantir que mais pessoas se beneficiem com
parquinho é suficiente para proteger
ram uma rede de mobilidade diária que nos canteiros, uma abertura numa esquina, uma essa medida.
as crianças. Os cuidadores relaxam
conecta mães, pais e cuidadores ao seu rotatória, vasos posicionados junto às edificações
melhor se não precisam ficar constan-
entorno. Os destinos são múltiplos: espa- ou mesmo um antigo estacionamento abandonado
temente de olho nas crianças;
ços abertos, postos de saúde, escolas, transformado em uma área verde. Embora indivi-
creches e outros serviços comunitários. dualmente pequenos, em conjunto esses bolsões ●● Tente criar parquinhos onde há árvores
Esses espaços também precisam criar podem ter um grande impacto e ajudar a melhorar ou plante árvores para sombreamento;
uma atmosfera amigável aos BCCs para a qualidade do ar de um bairro e contribuir para a ●● Instale os parquinhos ao longo de rotas
que tenham um impacto positivo em todo mitigação do efeito de ilha de calor das áreas pavi- que são frequentemente usadas por
o bairro. Aqui vão algumas diretrizes: mentadas. Isso, por sua vez, melhora o ambiente BCCs. Por exemplo, a rota para as lojas
para a primeira infância e seus cuidadores. ou a caminho de um centro de saúde;
●● A distância que um integrante do grupo
BCC percorre em um determinado ●● Considere como os cuidadores espe-
período de tempo é menor do que a de ram enquanto as crianças brincam.
Para saber mais:
um adulto sozinho no mesmo tempo. Instale bancos ou projete um canteiro
Ideias para parquinhos para
crianças de 0 a 3 anos – FBVL com uma borda larga, por exemplo.
●● Os espaços precisam ser definidos PRAÇAS EM ÁREAS RESIDENCIAIS
para grupos de diferentes idades. Isso

P
garante que tanto os requisitos especí- raças em áreas residenciais são os principais
ficos da primeira infância quanto o de espaços recreativos para crianças da primeira
crianças mais velhas sejam atendidos. infância. Esses locais servem para fortalecer os
●● É necessário criar um espaço de inte- laços sociais em um bairro e criar comunidades
ração entre pais, mães e cuidadores mais coesas, além de oferecer uma excelente
para apoiar a comunicação e estimular forma de recreação e aproximar as crianças da
o contato entre eles. natureza.

←←Figura 52
Imagem 51 → Estruturas com
As praças em áreas residenciais são importantes para materiais naturais
a vida dos BCCs. Além do espaço de socialização, as estimulam os dife-
áreas de recreação também devem ser pensadas para as rentes sentidos na
crianças menores que precisam de mais cuidados. primeira infância.

82 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 83


UTILIZAÇÃO DE ESPAÇOS SEMI- EXAMINE A VIZINHANÇA EM
PRIVADOS OU REMANESCENTES BUSCA DOS SEGUINTES TIPOS DE
ESPAÇOS PARA TRANSFORMAR:
LUGARES ABERTOS E SEGUROS

N os bairros, muitas vezes encontramos


pequenos espaços subutilizados. São espa-
ços residuais, não construídos porque têm uma
●● Existem áreas subutilizadas na vizi-
nhança, por menores que sejam?
forma estranha, ou não são usados para esta- Proteja-os para uma utilização positiva;
cionar porque não têm as dimensões corretas.
Essas áreas podem estar próximas a entradas
de edifícios, em áreas de estacionamento ou
●● Existem áreas em lugares de estacio-
namento esquecidos, que raramente O projeto de um parque pode ter um
impacto direto na percepção de um
cuidador sobre sua segurança e sua vontade
PARA UM PARQUE COM BOA
são usados? SINALIZAÇÃO, CONSIDERE:
como uma área de paisagismo negligenciada. As de usar o espaço. Se os pais ou responsáveis
●● Existem áreas verdes negligenciadas
crianças não precisam de grandes parquinhos sentem que seus filhos estão seguros dentro ●● As entradas e saídas devem ser fáceis
que podem ser transformadas em uma
e, muitas vezes, é possível transformar esses dos limites de uma área de recreação, eles de localizar para um usuário iniciante e,
pequena área de recreação de bairro?
pequenos espaços residuais desocupados ou relaxam e ficam mais tranquilos. A segu- especialmente, para os BCCs;
subutilizados em uma área de lazer para a pri- ●● Espaços residuais urbanos como áreas rança em parques precisa levar em conta sua
embaixo de viadutos ou passarelas, ●● Faça com que os caminhos que conectam
meira infância. característica geral, ângulos de visão claros,
áreas de formato irregular, área junto os destinos sejam bem sinalizados;
vigilância passiva e ativa, visibilidade per-
à fachada de um edifício semipúblico, meável nos limites e um sistema de sinaliza- ●● Coloque as principais atividades em áreas
espaço residual em estacionamentos, ção e de iluminação eficientes.19 de grande visibilidade para estimular a
espaço em torno de lojas de bairro, vigilância frequente;
pátios e linhas ferroviárias não utili-
●● Certifique-se de que não haja muros, bor-
zadas etc. podem ser convertidos em LEGIBILIDADE, LINHAS DE das de canteiros ou outros elementos que
espaços abertos pequenos, mas utili- VISÃO E SINALIZAÇÃO obstruam as linhas de visão ao longo das
záveis para crianças.
rotas principais;

A abordagem dos olhos da rua em relação


ao planejamento de parques e espaços
abertos garante que estejam rodeados por
●● Use linhas de visão para orientar o usuário
a chegar ao seu próximo destino;

fachadas ativas e vigilância informal (a pre- ●● Para tornar os percursos mais interes-
sença de outros usuários). Em parques maio- santes, o paisagista pode projetar um ou
res, ou com uma paisagem densa de árvores vários pontos focais (um objeto, edifica-
e bosques, torna-se mais difícil conseguir ção, escultura) que se tornem pontos de
vigilância natural em toda parte. O projeto referência para melhor orientação dos
do parque deve então ser claramente com- usuários dentro do parque;
preensível para um usuário iniciante. ●● Localize a sinalização nos principais
Visibilidade e linhas de visão claras são pontos de entrada e áreas de atividade.
um fator essencial para aumentar a percep- Certifique-se de que a sinalização é infor-
ção de segurança. A sinalização para orientar mativa, eficiente e bem iluminada;
o usuário para destinos e atividades interes-
●● Sinalizações afixadas na área do parqui-
santes também é importante. Ela deve ser
nho ou no equipamento em uso devem
simples, legível e de fácil manutenção, com
orientar os cuidadores quanto à adequada
←←Figura 53 uso de materiais resistentes ao vandalismo.
Na imagem, é possível ver a adequação de um baixio de utilização de acordo com a faixa etária.20
viaduto rodoviário para receber um espaço de convivência
com áreas ajardinadas, piso nivelado e boa iluminação.
Viaduto Matunga Flyover em Mumbai, Índia, 2018.

84 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 85


ILUMINAÇÃO PARA UM PARQUE BEM DELIMITAÇÃO COM CERCAS AO PROJETAR CERCAS EM TORNO DAS
ILUMINADO, CONSIDERE: E PERMEABILIDADE ÁREAS DE LAZER, CONSIDERE:

A boa iluminação em um parque for-


nece ao cuidador uma visão geral da ●● Estabeleça uma hierarquia de tipos e
VISUAL NO PERÍMETRO
●● Um ambiente cercado não significa

A
situação, enfatizando caminhos, pontos intensidades de iluminação; cerca ao redor de um parquinho ou necessariamente o uso de cercas reais.
de interesse, entradas e saídas e locais ●● Agrupe atividades noturnas de forma área de recreação é necessária como Dependendo das necessidades de um
de encontro. O espaço deve ser iluminado que sejam conectadas por rotas bem medida de segurança, pois evita que as espaço público, a vedação pode ser reali-
adequada e esteticamente, de maneira iluminadas; crianças acidentalmente se afastem e se zada com cercas vivas, por exemplo, com
uniforme, com baixa poluição luminosa. percam ou corram em direção ao trá- objetos e mobiliário urbano, ou com a
●● Forneça iluminação no perímetro para simples demarcação de terreno;
A iluminação deve ser de fácil manu- fego – além disso, um parquinho cercado
complementar a iluminação pública e
tenção e feita de materiais resistentes a pode ser trancado à noite, para dissuadir ●● Avalie de onde vem a maioria dos pedes-
garantir que o parque seja convidativo
vandalismo. Os sistemas de iluminação e prevenir o vandalismo. Mas, ao mesmo tres e como eles chegam ao parquinho
para entrar pela rua;
podem ser coordenados para fornecer um tempo, o perímetro do parquinho deve ser e posicione os portões e entradas de
senso de ordem e clareza em um parque. ●● Escolha um tipo de iluminação que visível e convidativo da rua, assim as pes- acordo;
Quanto ao desempenho e valores referen- comunique o uso do espaço público que soas estarão mais inclinadas a entrar.
está sendo iluminado: luzes altas e sem ●● A altura ideal: uma cerca com o objetivo
ciais de iluminação a NBR 5101:2018 deve
adornos para iluminar superfícies grama- de evitar que os animais de rua entrem
ser observada de acordo com as caracte-
das e luminárias mais baixas e de design ou que crianças mais novas se afastem
rísticas em questão.
atraente para trilhas e calçadas; acidentalmente pode ser mantida a uma
altura baixa. Uma cerca ao redor de um
●● Instale postes de iluminação em interva- campo onde há jogos de bola precisa ser
los frequentes nas áreas pavimentadas alta;
das principais rotas. Como regra geral,
implante de forma uniforme, pelo menos ●● Mantenha a cerca permeável, com abertu-
a cada 20 metros, postes com nível de ras frequentes a cada 50 a 80 metros;
iluminação de 20 lux. ●● Torne as entradas acolhedoras e de
●● Considere a posição das luminárias em dimensão mínima de 1,80 metro de lar-
relação à posição das árvores e outras gura. Cuidadores carregando crianças
plantas. Certifique-se de que os galhos mais novas ou empurrando um carrinho
não obstruem a luz; de bebê precisam de portões largos para
passar;
●● Certifique-se de que as áreas de lazer
estão bem iluminadas. Além disso, os ●● A cerca pode ser um elemento atraente
níveis de iluminação não devem causar para agregar valor a um espaço, podendo
brilho excessivo; ter floreiras ou treliças com trepadeiras e
bancos incorporados a ela;
●● Tenha sempre em mente que, além da
segurança, a iluminação pode agregar ●● As cercas também podem ser vistas como
valor a um local de maneiras criativas. um elemento para o desenvolvimento da
criatividade: outros usos podem ser com-
binados com cercas como oportunidades
↑↑Figura 56
de brincar e de escalar para crianças, ou
←←Figuras 54 e 55 Os elementos de cercamento devem ser visualmente
A iluminação adequada para os parques deve considerar a permeáveis, permitindo um horizonte mais livre, com arte de rua.
altura das espécies vegetais, para não gerar grandes áreas de principalmente para as crianças, e evitando
sombra. Também é desejável que haja mais pontos de iluminação criar pontos cegos de visualização dos caminhos
além dos postes – na figura acima, por exemplo, os caminhos são e das áreas de lazer, aumentando a segurança e a
destacados pelas luminárias embutidas no muro de contorno. vigilância.

86 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 87


PROJETANDO PARA
VIGILÂNCIA PASSIVA
ESPAÇOS VERDES ABERTOS

E m parques e locais públicos, a instala-


ção de um sistema de monitoramento
por câmera deve ser uma decisão de último
recurso. Estudos mostram de forma consis-
tente que a presença de câmeras de vigi-
lância impacta negativamente os visitantes
que cumprem a lei, e não tem impacto
O contato direto com a natureza tem
impacto positivo no desenvolvimento
geral da criança.21 Da mesma forma, para os
AO ADICIONAR VEGETAÇÃO
↑↑Figura 57 AOS BAIRROS, CONSIDERE:
forte na prevenção ao crime. O desenho de parques também deve ser pensado para manter cuidadores, o acesso a um espaço verde tem
Parques ativos, que podem ser usados linhas visuais desobstruídas. impacto direto em sua saúde mental.22 Um ●● Escolha uma vegetação com variedade
à noite, onde as famílias estão presentes o estudo realizado por pesquisadores finlan- de cores, texturas, formas e uso;
tempo todo e a atividade é constante, são a deses mostrou que uma visita rápida de dez
●● O espaço aberto deve ser interessante
maneira mais eficaz de limitar o crime e de minutos a um parque ou bosque urbano
para visitar em diferentes momentos
fazer os visitantes se sentirem à vontade. melhora significativamente os indicadores de
do dia e do ano, portanto pense em
Os parques ativos são criados geralmente estresse. Parques e espaços abertos devem
variedades sazonais que sejam atrati-
com um desenho simples, mas que garante ter uma paisagem diversificada e vegetação
vas em diferentes estações do ano;
que pessoas de todas as idades se sintam variada, cobertura natural do solo, sombrea-
confortáveis. mento e materiais naturais para brincar. ●● Observe diferentes escalas: avenidas
Bancos localizados onde há vistas inte- de árvores, canteiros grandes com
ressantes fazem com que as pessoas quei- flores e até bosques, dando dinamismo
ram ir ao parque. Fontes de água divertidas VEGETAÇÃO ao parque;
para brincar e equipamentos de aventura ●● Escolha plantas nativas, que se adap-
estimulam crianças de diferentes idades.
Crie bastante sombra, mantendo linhas de
visão desobstruídas, e se certifique de que
P lantas e árvores fornecem abrigo do sol,
mitigam os efeitos do estresse térmico
e limpam o ar. O clima brasileiro é bastante
tem às condições climáticas da região.
Forneça informações sobre elas para
incluir um aspecto educativo ao
os assentos, caminhos e quadras esporti- variado, mas, em qualquer clima, árvores projeto;
vas, se houver, sejam iluminados à noite. e vegetação sempre oferecem o benefí-
●● Planeje para o futuro: considere quanto
Desenvolva uma programação noturna cio de minimizar os impactos negativos da
espaço as árvores e plantas totalmente
nos parques – mesmo nos infantis. Isso urbanização.
desenvolvidas precisam (incluindo
envia a mensagem de que este é um lugar A preocupação em melhorar a segurança
espaço para suas raízes) e projete os
familiar, diminuindo a chance de potenciais em parques pode às vezes resultar em
espaços com dimensões suficientes
infrações e situações de perigo. uma paisagem estéril, o que provavelmente
para o tamanho das plantas em sua
resulta em um uso menos frequente do par-
maturidade.
que. É importante que os parques tenham
uma mistura diversificada e visualmente rica
de elementos da paisagem que sejam equili-
↑↑Figuras 58 e 59
Uma praça totalmente fechada, mesmo com gradil vazado, é lida brados ao longo das várias estações.
como um espaço restrito e pode afastar pessoas de seu uso
cotidiano. O mesmo espaço, redesenhado para conter apenas
uma cerca baixa em áreas específicas de delimitação de usos,
Para saber mais:
é muito mais convidativo. Esse estudo de transformação de
Como 'Parks Without Borders' visa a tornar os praças foi realizado em Nova York como um novo modelo para
parques de Nova York mais seguros. Citylab. essas áreas verdes.

88 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 89


SOMBREAMENTO E CLIMATIZAÇÃO ELEMENTOS NATURAIS
PARA RECREAÇÃO

U m espaço aberto bem utilizado precisa


oferecer um ambiente confortável durante
todo o ano para seus usuários. Em muitas cida- A s crianças têm uma imaginação ilimi-
tada e nunca perdem a oportunidade de
des brasileiras, isso significa proteção contra usá-la, especialmente quando estão brin-
calor extremo principalmente no verão. cando. Além dos equipamentos de recreação
É menos provável que os cuidadores levem tradicionais, objetos menos óbvios oferecem
uma criança mais nova a um parque se não muitas possibilidades de brincadeiras.
há um local à sombra que seja confortável Elementos encontrados na natureza são
↑↑Figura 60
Em um país de clima tropical como o Brasil, elementos para descansar enquanto as crianças brin- flexíveis e podem ser utilizados como espa-
como a água em parques e praças devem ser sempre cam. Fornecer sombra em áreas de lazer ao ar ços de brincar. Um pedaço de galho pode ser
considerados: sua utilização pode acontecer na maior
livre é crucial para crianças mais novas e seus usado para desenhar no chão ou se tornar
parte do ano, contribuindo para a criação de um
microclima agradável. cuidadores. um barco em uma poça. Nesse processo de
Estruturas de sombreamento podem ser reinvenção e ressignificação dos objetos, é
↑↑Figura 62
projetadas em áreas de estar, para proteger os possível mobilizar habilidades relacionadas Criança brinca com elemento desenvolvido com troncos de
equipamentos do parquinho, e permitem que ao pensamento divergente, à criatividade, à madeira – uma solução simples, segura e uma experiência
rica para o desenvolvimento das crianças.
os visitantes passem mais tempo nas áreas resolução de problemas23, contribuindo com
externas. o desenvolvimento na primeira infância.
Os materiais naturais são ecológicos,
baratos, fáceis de encontrar e oferecem às
crianças uma experiência única: entrar em
AO UTILIZAR ELEMENTOS NATURAIS
contato com a natureza e suas texturas,
PARA BRINCADEIRAS, CONSIDERE:
cheiros, propriedades e cores. O contato
CONSIDERE OS SEGUINTES com esses elementos pode estimular a sua
ELEMENTOS DE SOMBREAMENTO: ●● Há uma abundância de materiais
capacidade de aprendizagem de forma muito
simples a preços baixos: água, areia,
↑↑Figura 61 criativa, ao mesmo tempo em que desen-
Elementos de sombreamento são bem-vindos, sejam eles ●● O sombreamento ideal é o natural, galhos e troncos de árvores, pedras e
volve desde tenra idade uma sensibilidade
naturais ou artificiais. Deve-se lembrar de projetar
onde possível: use árvores, arbustos e seixos, diferentes plantas, entre muitos
conjuntamente espaços de descanso. para a preservação da natureza.
trepadeiras; outros;

●● Além de toldos, considere treliças ●● Certifique-se de que os materiais usa-


cobertas de trepadeiras, que fornecem dos são higienizados e antialérgicos;
sombra e têm fator de resfriamento. ●● Lembre-se de que os materiais natu-
No entanto, é preciso ter manutenção rais têm necessidades diferentes de
periódica para ser eficaz; manutenção, em comparação com os
●● Forneça locais sombreados onde os materiais artificiais;
cuidadores possam esperar, com linhas ●● Certifique-se dos regulamentos de
de visão das áreas de brincar; segurança;
●● Sombreamento nas áreas e equipa- ●● Alguns materiais naturais podem ser
mentos de recreação garantem que as utilizados nos pisos: raspas de casca
crianças brinquem mais confortavel- Para saber mais: de árvore macia, cascalho e areia, por
mente durante os meses quentes. Ideias para parquinhos para exemplo.
crianças de 0 a 3 anos – FBVL

90 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 91


EQUIPAMENTOS DE PARQUINHO TIPOS DE BANCOS
ACESSIBILIDADE E ESPAÇOS LÚDICOS
O s parquinhos brasileiros ainda são domi-
nados por equipamentos fabricados em
aço ou plástico, que consistem no conjunto
M obiliário urbano bem escolhido e bem
projetado pode incentivar as pessoas
a utilizar o espaço por mais tempo. Para
padrão de escorregadores, gangorras, balan- os cuidadores, os espaços públicos devem
ços e trepa-trepa. oferecer lugares confortáveis onde possam

E spaços públicos abertos devem ser É importante considerar outros equipa- sentar e observar as brincadeiras das crian-
acessíveis a bebês, crianças mais novas mentos que promovam brincadeiras senso- ças. Além disso, os parques são locais ideais
e seus cuidadores. Isso inclui equipamento riais e de aventura, além do uso de elemen- para os adultos se conhecerem, e bancos
de recreação adequado para a idade, locais tos naturais, como vigas de madeira, casas agrupados tornam possível o relaxamento e
confortáveis para descanso, rampas de incli- na árvore, ou uso de objetos que produzam a socialização.
nação para carrinhos etc. Da mesma forma, algum tipo de som. Crianças mais novas precisam de mais
as instalações devem permitir brincadeiras Outro ponto a evitar são os parquinhos tempo de inatividade do que crianças maio-
sensoriais e de aventura para o desenvolvi- enfadonhos, resultado de uma excessiva res e por isso precisam descansar entre as
mento geral da criança, e serem acessíveis abordagem de aversão ao risco.25 Equilibre a brincadeiras. Considere bancos de altura
a todas as crianças, incluindo aquelas com segurança com elementos e desenhos que mais baixa e mais largos do que o normal
algum tipo de deficiência. permitam que as crianças corram, escalem e para que crianças pequenas possam se dei-
descubram. tar e engatinhar de forma segura sobre eles.
Mobiliário urbano vandalizado ou danifi-
cado por falta de manutenção faz com que
Figura 63 →
Prefira brinquedos de mate-
um parque ou espaço aberto pareça negli-
riais naturais, que oferecem genciado. Escolha itens de mobiliário urbano
experiências sensoriais mais
de fácil manutenção, robustos e à prova de
relevantes para os BCCs.
vandalismo.
AO PROJETAR ELEMENTOS DE Cuidadores e crianças mais novas pas-
PARQUINHOS, CONSIDERE: sam mais tempo em um parque do que em
uma rua. Eles podem ficar com sede ou com
SUGESTÕES PARA PLAYGROUNDS DE 75 M² 24 ●● Combine-os com o revestimento de fome. Considere onde e como crianças e
piso adequado: macio, elástico, bor- cuidadores podem fazer pequenas refeições
racha artificial, areia, cortiça etc; ao ar livre de forma confortável, preferen-
●● Verifique cuidadosamente os regu- cialmente em um local sombreado, seguro
lamentos de segurança; e próximo a uma fonte de água potável para
que possam higienizar as mãos antes e
●● Incluir equipamentos que promo-
Espaço para Engatinhar depois da refeição.
sentar e escalar vam brincadeiras sensoriais e de
Espaço para sentar aventura, especialmente para crian-
Escorregar e se equilibrar ças com deficiência e crianças com
distúrbios de aprendizagem;
Caminhar Saltar
●● Sempre combine um mínimo de três
equipamentos com funções diferen-
Equilibrar-se Levantar-se
tes para um parquinho interessante
e funcional.

92 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 93


ALGUMAS SUGESTÕES PARA SENTAR: ACESSOS E RAMPAS AO PROJETAR ACESSOS E
PARA BCCS RAMPAS, CONSIDERE:
●● Agrupe os bancos para que os cuidado-

O
res possam socializar entre si26; s espaços abertos precisam conside- ●● As entradas devem ter uma passagem
●● Posicione os bancos de forma que rar que as crianças têm acessibilidade livre de pelo menos 1,80 metro para per-
tenham uma visão clara da área onde limitada – estejam sozinhas ou com seus mitir que uma pessoa com carrinho de
as crianças pequenas estão brincando; cuidadores. Entradas estreitas, uma dife- bebê se mova facilmente;
rença de nível acima de 10 cm de altura, e ●● Os meios-fios devem ser rebaixados
●● Escolha bancos que possam ser
degraus são obstáculos para uma criança sempre que houver uma entrada para o
usados por cuidadores e crianças
mais nova e para um cuidador levando parque para garantir um acesso fácil e
pequenas. Os bancos devem ter pelo
um carrinho de bebê. Qualquer desnível seguro;
menos 65 cm de largura para aco-
acima de 3 cm deve conter uma rampa de
modar uma criança que se senta ●● Rampas são necessárias onde há diferen-
8,33% de inclinação máxima, conforme a
confortavelmente27; ças de nível, para garantir fácil passagem
NBR9050/2020.
●● Considere o material do mobiliário. para todas as crianças, cadeirantes e cui-
Bancadas de concreto e aço absorvem dadores com carrinhos de bebê (além de
o calor e podem ser desconfortáveis pessoas com dificuldade de locomoção,
para sentar no verão. A madeira é mais
↑↑Figura 64 cadeirantes e idosos);
A união entre um espaço para sentar com um elemento de
confortável, porém requer manutenção aproximação com a água é um convite a brincadeiras e ●● As entradas devem se conectar direta-
constante; ao descanso. mente a uma calçada contínua dentro do
●● Além dos bancos, pense em como parque, pavimentada com material ade-
uma bebida ou um lanche podem ser quado para carrinhos de bebê;
consumidos no parquinho. Considere ●● Deve haver uma provisão de aberturas
colocar mesas de piquenique em uma maiores nas entradas para um grupo de
área adjacente, com uma fonte de água ↓↓Figura 66 15 a 20 crianças entrarem juntas, quando
potável e para higienização das mãos; Nesse exemplo, rampa e escada para vencer necessário.
o desnível se unem para criar um ambiente
●● Instale lixeiras perto, mas não imedia- de espacialidade diferenciada.
tamente junto dos bancos, para evi-
tar mau odor ou insetos nas áreas de
descanso;
●● Posicione os bancos em áreas som-
breadas considerando a posição do
sombreamento em vários períodos do
dia, mas principalmente nos horários
de calor mais intenso.

↑↑Figura 65
Um banco pode oferecer diversas combinações de
aproveitamento: sentar ou deitar sozinho, brincadeiras
de equilíbrio para as crianças ou um convite para uma
reunião em grupo.

94 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 95


ARTE NO ESPAÇO PÚBLICO QUANTIDADE E COMBINAÇÃO AO PROJETAR COMBINAÇÕES
DE ATIVIDADES E USOS DE ATIVIDADES EM

E xiste uma sinergia natural entre combi- PARQUINHOS, CONSIDERE:


nar arte pública com espaços lúdicos. Arte Projetar um espaço público de sucesso é mais
pode dar identidade a um parquinho e o tornar do que apenas selecionar objetos lúdicos em ●● Crianças de diferentes faixas etárias
um destino ainda mais atrativo. As crianças se um catálogo. Pensar nas diversas formas com devem usar o parquinho. Escolha obje-
envolvem naturalmente com a arte e as obras que o espaço poderá ser utilizado e projetá- tos lúdicos que atendam às necessida-
podem estimular sua imaginação. Arte pública -lo para acomodar todos esses usos de forma des de faixas etárias diversas;
pode ter um caráter interativo e elementos indi- harmônica deve ser o principal objetivo dos ●● Como regra geral, é preciso ter pelo
↑↑Figura 68
viduais podem estar integrados com os espaços Parque Rio Branco em Boa Vista, RR: a temática de explorar projetistas. menos três tipos de atividades em
de recreação. Às vezes, os espaços do parque os animais como brinquedos atrai a atenção das crianças. Crianças de diferentes faixas etárias utilizam cada parquinho;
têm paredes que podem ser uma excelente tela as áreas de lazer dos bairros, e mais ainda se o
●● Forneça assentos para os cuidadores
para crianças mais novas pintarem ou se envol- espaço foi projetado para incluir todas: é pre-
que permitam supervisão, mas longe
verem com questões artísticas. Lixeiras e pare- ciso selecionar jogos e equipamentos de recrea-
o suficiente para que as crianças se
des de banheiro também podem oferecer opor- ção de acordo com as necessidades de grupos
sintam livres;
tunidade para intervenções artísticas. Envolver de diferentes idades, sem nunca se esquecer
as crianças e seus cuidadores na co-criação de da primeiríssima e primeira infâncias. Além ●● Uma lanchonete próxima à área de
arte pode ter um impacto positivo poderoso em disso, planejar brincadeiras para idades variadas recreação é uma adição positiva e ofe-
sua formação artística. significa oferecer mais oportunidades de apren- rece espaço para os cuidadores rela-
dizagem – crianças mais novas aprendem mais xarem e se encontrarem com outros
brincando também com amigos mais velhos do adultos, ao mesmo tempo em que
que apenas com amigos de sua idade28. ficam de olho nas crianças;
↑↑Figura 69 A maneira como os espaços de um parqui- ●● Design para uso flexível: certifique-se
Envolvimento das crianças para desenvolver a pintura
de superfícies no parque Lodhi, Nova Déli, 2013.
nho são alocados entre os diferentes usuários de que uma parte do parquinho tam-
também deve ser considerada, para que brinca- bém esteja livre de equipamentos,
deiras específicas de um grupo não atrapalhem deixando espaço para atividades tem-
o outro. Somente uma boa combinação de ativi- porárias: pular corda, fazer piquenique,
AO PROJETAR ÁREAS PARA ARTE EM dades e uma organização cuidadosa do espaço jogos de equilíbrio etc. Isso maximiza o
ESPAÇOS PÚBLICOS, CONSIDERE: podem garantir um espaço público de sucesso, uso do espaço.
para ser usado por todos.
●● Pense na aparência da obra de arte ao
nível dos olhos de uma criança (95 cm);
●● Retrate cenas que se relacionam e
interessam a crianças mais novas,
como animais ou atividades cotidianas,
mas não se esqueça da ludicidade e
imaginação;
●● Considere como as crianças podem
aprender por meio da arte; adicione
números, letras e formas geométricas; Veja mais exemplos:

↑↑Figura 67 ●● Envolva cuidadores e crianças ao proje- Orquestra Mágica do Sesc Itaquera,


projeto da Teuba Arquitetura e
A escultura também é um escorregador, além de um tar arte de rua. Urbanismo em São Paulo ↑↑Figura 70
elemento artístico e de marco de localização em
É importante setorizar o parquinho para que brincadeiras
Isamu Noguchi, Atlanta, Estados Unidos.
de um grupo não atrapalhem a brincadeira de outros grupos.

96 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 97


BRINCADEIRAS INCLUSIVAS: ESPAÇOS LÚDICOS E
PÚBLICOS PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA
ESPAÇOS PÚBLICOS INCLUSIVOS
Não há dois bebês ou crianças iguais. A acessibilidade de espaços para crianças mais novas
com alguma deficiência é limitada devido à falta de desenho universal no espaço público. É
fundamental considerar as crianças com necessidades especiais e distúrbios de aprendiza-
gem ao projetar o espaço público de uma cidade. A seguir estão algumas ideias sobre espa-
ços inclusivos de jogo:
O s espaços inclusivos garantem que os parques,
praças e espaços ao ar livre atendam a todos
em um bairro de forma igualitária. Um espaço
AO PROJETAR BANHEIROS
●● Superfície sintética acolchoada que aco- ●● Balanços com assentos moldados; E ESPAÇOS COM ÁGUA
inclusivo é o que dá suporte de forma consistente POTÁVEL, CONSIDERE:
moda cadeiras de rodas e outros dispositi- ●● Um planador acessível a cadeiras de rodas; a todos os seus usuários. Instalações como água
vos auxiliares;
●● Paredes rochosas e equipamentos de potável, banheiros e locais confortáveis para ama- ●● Rampa de acesso aos banhei-
●● Rampas largas para fácil acesso de cadei- escalada; mentação, por exemplo, são um dos pontos que ros com largura mínima de 1,80
ras de rodas em todo o playground; garantem que as necessidades dos BCCs sejam
●● Áreas de lazer independentes em todo o metro;
●● Vários tipos de pontes, trave de equilíbrio atendidas. Os parques inclusivos devem atender
parquinho; ●● Disponibilização de corrimãos;
e degraus para trabalhar as habilidades de crianças com diversas habilidades, níveis de apren-
coordenação e equilíbrio; ●● Áreas sombreadas, mesas de piquenique, dizagem, de desenvolvimento e classes sociais. ●● Sanitários limpos, seguros e con-
muitos assentos e banheiros; venientes aos BCCs;
●● Atividades lúdicas sensoriais e táteis para a
aprendizagem; ●● Uma cerca de segurança no perímetro do ●● Bebedouros de água potável com
parquinho. BANHEIROS E ÁGUA POTÁVEL fácil acesso para crianças mais
●● Áreas especializadas para pessoas com
novas;

O
autismo; s BCCs são especialmente vulneráveis à falta
●● Acesso eficiente para cami-
de banheiros dentro e ao redor dos parques.
nhar com carrinhos de bebê até
Crianças mais novas frequentemente precisam de
bebedouros de água potável e
água potável enquanto estão engajadas em ativi-
banheiros;
dades de alta energia no parque. Seus cuidadores
também. Assim, é necessário ter bebedouros de ●● A manutenção das instala-
água potável em todos os parques, que também ções é tão importante quanto
possam ser acessados de forma independente instalá-las;
pelas crianças. ●● O fornecimento de banheiros
só deve ser realizado se há um
programa claro de manuten-
ção; caso contrário, a instalação
afasta as pessoas, em vez de
atrair;
●● Devem ser disponibilizados
fraldários com plataformas
seguras e limpas, e com acesso
tanto para homens quanto para
↑↑Figura 71
mulheres.
↑↑Figura 72
Brinquedos inclusivos podem ser facilmente integrados aos espaços públicos.
Oferecer sanitários e bebedouros é parte da infraestrutura
mínima dos espaços públicos.

98 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 99


ESPAÇOS PARA DESCANSO
E AMAMENTAÇÃO

E spaços de descanso e confortáveis para a


amamentação são parte integrante de um
bairro amigo da criança. A amamentação está
associada desde a uma melhor resistência a
doenças até ao peso corporal mais saudável.
Com cidades em todo o mundo integrando
espaços confortáveis para a amamentação no
design de seus bairros, é necessário ter em
mente alguns dos aspectos importantes para a
sua configuração.

CONSIDERE O SEGUINTE:

●● Prover assentos confortáveis, com


encostos e apoios;
●● Prover sombra natural ou artificial;
●● Garantir a manutenção e limpeza;
●● Deve ser um lugar silencioso;
●● Deve ser amigável e deve ter área para
acomodar um carrinho de bebê;
●● Idealmente, deve ter vista para o
parquinho;
●● Prover instalações sanitárias perto.

↑↑Figuras 73, 74 e 75
Espaços que oferecem abrigo de ventos mais fortes,
chuva ou sol intenso em conjunto com infraestrutura
sanitária são desejáveis para promover o bem-
estar dos BCCs e incentivar a amamentação.

Figura 76 →
Brincadeiras com água são um atrativo
para crianças e adultos, incentivando-os
a utilizar o espaço público, e são
ótimas em dias de muito calor.

100 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 101
INDICADORES
Equipamentos e
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS URBANOS
serviços urbanos
N o Brasil, a provisão e a gestão ade-
quadas dos serviços públicos em um
bairro são tão relevantes quanto o seu
aspecto físico.
A falta de infraestrutura de coleta de
No. Indicador Objetivo Descrição do indicador Categoria
água pluvial, por exemplo, produz empo-
Sanitários e çamento e alagamento que se tornam
27
bebedouros
Percentual de parques com banheiros públicos e bebedouros. ★★★
criadouros de doenças transmitidas por
População com mosquitos, como a dengue e chikungunya,
28 acesso à água Percentual da população servida com água potável. ★★★★ doenças virais debilitantes, ainda mais
potável
para as crianças. A destinação inadequada
População com dos resíduos, além de amplificar doenças
29 acesso à coleta Percentual da população com coleta de lixo. ★★★ e a presença de agentes transmissores de
de lixo
doenças, pode acarretar em problemas
relacionados ao desenvolvimento físico e
intelectual infantis.
Objetivos BAPI: Acessível | Seguro | Verde e livre | Inclusivo | Lúdico A má gestão de resíduos urbanos (lixo
Categoria: ★★★★ Prioritário | ★★★ Relevante | ★★ Importante |  ★ Apoio orgânico e recicláveis, além dos hospi-
talares e industriais, em conjunto com
os efluentes, esgotos e águas servidas)
aumenta a poluição urbana, diminui a
qualidade do ar e pode ser fonte de doen-
ças, especialmente em áreas vulneráveis.
As concessionárias para recolhimentos
↑↑Figura 77 dos resíduos precisam de provisão ade-
Educação ambiental começa cedo: é importante qualificar
quada e gerenciamento constante. Cons-
a formação das crianças como cidadãs transformadoras de
realidades. truir confiança é fundamental em ambos
os sentidos, tanto a partir do sistema
de gestão quanto pelos residentes para
usar o serviço adequadamente. O novo
Marco Legal do Saneamento Básico (Lei
Federal nº 14.026, de 15 de julho de 2020)
foi formulado de modo a obter resulta-
dos melhores para a universalização dos
serviços e objetiva também uniformi-
zar regras, definir padrões da atividade
regulatória e da formulação de políticas
públicas, bem como aumentar a com-
petição, sendo obrigatória a abertura de
licitação para a concessão do serviço

102 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 103
GERENCIAMENTO E COLETA
DE ÁGUAS PLUVIAIS

de coleta de lixo. É essencial estabelecer um


sistema de coleta de recicláveis com destinação
da coleta seletiva dos resíduos sólidos domés-
ticos29 padronizando lixeiras por cor de acordo
A gestão da água é uma questão constante
nas cidades, seja a conservação da água
nas zonas secas ou a prevenção de alaga-
apropriada, incluindo ações de educação para a com a natureza do material. mentos durante os períodos de chuva. Even-
população e estímulo à separação do lixo. Em Desde os primeiros estágios de desenvolvi- tos climáticos extremos devido às mudanças
algumas cidades, cooperativas de reciclagem mento, as crianças mais novas devem se sentir climáticas estão agravando os problemas de
podem operar em parceria com o poder público. parte da manutenção das ruas, dos parques e secas e alagamentos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei dos parquinhos, deixando-os sempre organi- Nos bairros, é importante ter uma boa
Federal nº 12.305, de 2 de agosto de 2010) já zados e livres de lixo após utilizá-los e contri- drenagem para evitar a estagnação da água
coloca importantes pontos em relação à gestão buindo para o uso econômico dos recursos. e a formação de poças no espaço público,
integrada e ao gerenciamento de resíduos sóli- Ensinar às crianças desde cedo sobre os onde os mosquitos podem se reproduzir.
dos (incluídos os perigosos), às responsabilida- conceitos de reduzir, reutilizar e reciclar é Para evitar falta de água em épocas de
des dos geradores de lixos e do poder público, necessário para o futuro saudável das cidades. seca, casas e edifícios podem adotar siste-
e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Uma Os três Rs se aplicam à gestão de resíduos, de mas de coleta e armazenamento de água da
das medidas mais conhecidas é a instituição água e de energia. chuva, que pode depois ser usada em limpe-
zas e rega, por exemplo.
Nos parques, planeje áreas de alta per-
meabilidade, como jardins de chuva – espa-
ços verdes que recolhem fluxos de água
CADEIA DE PRODUÇÃO, REÚSO E RECICLAGEM ↑↑Figura 78 superficial em caso de chuvas fortes. Tan-
Parques lineares devem integrar soluções de drenagem às
paisagens, com espécies vegetais apropriadas e técnicas
ques de coleta de água pluvial também
ambientais de aproveitamento desses espaços. Imagem do ajudam a prevenir alagamentos. Nas ruas,
Ladywell Fields em Lewisham, em Londres, Reino Unido. certifique-se de que as inclinações sejam
Convertedores Distribuição
Produção Varejo calculadas com precisão para permitir que
Reúso a água da chuva seja drenada de maneira
adequada. Áreas permeáveis, feitas com
FLUXO DE NEGÓCIOS
pavimentos porosos, ajudam a absorver o
Processamento Consumidores
excesso de chuva ao longo das vias. Garanta
a segregação entre a tubulação de esgoto e a
da água da chuva.

Lixão
Matéria prima Aterro
Outros materiais PLANO NACIONAL DE Incineração
RESÍDUOS SÓLIDOS Compostagem

Para saber mais:

Reciclagem Guia metodológico para implantação


de infraestrutura verde – Instituto
de Pesquisas Tecnológicas (IPT)

104 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 105
MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS CONSIDERE AS SEGUINTES ETAPAS FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEL PARA INSTALAÇÃO DE ENERGIA
COMO PARTE DE GESTÃO DE RESÍDUOS RENOVÁVEL NO BAIRRO, CONSIDERE:

E H
stabelecer um sistema de gestão de resí- SÓLIDOS SAUDÁVEL E RESPONSÁVEL: á dois principais benefícios para o uso de
duos eficiente é um dos primeiros passos fontes de energia renovável (FER) em BAPIs: ●● Utilize tecnologia barata, o que inclui
para criar bairros saudáveis. O sistema de ges- ●● Disponibilize lixeiras perto de bancos, O primeiro é ser uma ótima opção em luga- não apenas o preço de compra do
tão deve destinar os resíduos de forma siste- pontos de descanso e ao longo das vias res ou situações que normalmente sofrem com equipamento, mas principalmente o
matizada, regulamentada e confiável para os de pedestres mais utilizadas no bairro; a falta de energia vinda de sistemas tradicionais. custo de manutenção, que pode ser
moradores. ●● Forneça lixeiras adequadas em áreas Iluminação de espaço público, sensores inteli- uma despesa contínua e pesada para
de lazer, parques, praças e outras gentes e sistemas de resfriamento e de som- as comunidades locais;
áreas onde as pessoas se reúnem; breamento podem ser alimentados facilmente ●● Iluminação de espaço público, senso-
com um custo que se reduz ano após ano, res e aplicativos inteligentes ou siste-
●● Escolha lixeiras que as crianças tam-
tornando a energia renovável uma tecnologia mas de resfriamento e sombreamento
bém possam alcançar;
acessível. Esses sistemas têm sido usados em podem ser alimentados por FER com
●● Recolha o lixo periodicamente, e projetos ao redor do mundo com sucesso, espe- muita facilidade;
observe se há áreas que necessitem cialmente em países em desenvolvimento.
de mais frequência de recolhimento do ●● Encontre maneiras criativas de incor-
O segundo benefício é o papel educativo que
que outras; porar fontes renováveis de energia. O
podem ter, principalmente entre os jovens. A
resultado sempre pode ser lúdico e não
●● Preveja manutenção constante das consciência ambiental que a energia renovável
apenas técnico;
lixeiras e substituição das que estão desperta é o investimento mais importante para
quebradas; o futuro de uma sociedade com um enorme ●● Sempre siga as regras de segurança ao
impacto nas próximas gerações. implementar a FER para evitar aciden-
●● Use símbolos nas lixeiras para indicar tes com crianças;
que tipo de lixo deve ser descartado
em diferentes lixeiras; ●● Pense com sabedoria ao usar FER de
acordo com cada tipo de clima.
●● Informe os moradores de uma vizi-
nhança sobre a importância do des-
carte adequado de resíduos. Incentive
os residentes a fazerem compostagem
dos resíduos de cozinha;
●● Organize a coleta de resíduos compos- Para saber mais:
táveis domésticos e biodegradáveis em Guia para uso eficiente de energia na ilumi-
áreas abertas para compostagem em nação das ruas (em inglês) – Usaid India

conjunto com toda a vizinhança. Desafios e oportunidades para a geração de


energia elétrica por fontes renováveis no
Brasil – Fundação Getúlio Vargas

Para saber mais:

Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei


Federal no 12.305, de 2 de agosto de 2010
↑↑Figura 79 ↑↑Figura 80
O Brasil conta com a Política Nacional de Resíduos Guia para a implantação da Política Nacional Parque na Cidade do México utiliza tecnologias
Sólidos que, dentre diversas medidas, estabeleceu de Resíduos Sólidos nos municípios brasileiros modernas de LED para iluminação e painéis
o padrão nacional de coleta seletiva. de forma efetiva e inclusiva fotovoltaicos para captação da energia utilizada.

106 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 107
Infraestruturas COMO ABORDAR PROJETOS DE
EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

sociais

←←Figura 81
Crianças tocam
A lém dos espaços abertos, as crianças
também frequentam outros destinos
dentro de um bairro: o mercado acompa-
instrumentos na
instalação em nhando seu cuidador, por exemplo, além
espaço público de creches e centros de saúde. Esses
do artista Jim
Brenner, no
equipamentos públicos também precisam
Mt. Greenwoord ser projetados tendo em mente as neces-
Park, Chicago, sidades da primeira infância.
Estados Unidos.
Cada bairro, quando planejado, deve
oferecer amenidades básicas de acordo
com as diretrizes e normas estabelecidas
←←Figura 82 pelo sistema de governança. Estas são, na
Espaços cobertos maioria das vezes, as soluções mínimas
em áreas abertas
incentivam encon-
possíveis. É importante notar que ameni-
tros e construção dades como compras diárias, cuidados de
de laços, como saúde, equipamentos culturais e utilitá-
reuniões para
exercícios em con-
rios como banheiros são os espaços mais
junto ou debates. frequentados em um bairro. Pais, mães
e cuidadores geralmente realizam esses
percursos diários com pouca ou nenhuma
assistência. Portanto, é necessário pro-
←←Figura 83
A proximidade
jetar o acesso a tais destinos para serem
com a natureza e compatíveis com os BCCs.
ambientes verdes As regras gerais neste sentido são:
alivia o estresse
e tem impacto
bons acessos, uma gama interessante de
positivo no desen- usos compartilhado, um ambiente que
volvimento geral estimule a imaginação, um espaço tran-
das crianças.
quilo e amigável para os cuidadores. Se
os cuidadores também aproveitarem seu
tempo ao ar livre, serão incentivados a
sair mais de casa com as crianças mais
novas, o que, por sua vez, lhes dará mais
tempo para brincadeiras ao ar livre e
←←Figura 84 oportunidades de aprender e se divertir.
Espaços abertos que permitam a criação de
atividades ao ar livre, reunindo grupos, são
um incentivo para o uso da cidade e para a
socialização das crianças e cuidadores.

108 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 109
INTERFACE COM EQUIPAMENTOS CULTURAIS
EDIFÍCIOS PÚBLICOS

←←Figura 85
Bancos de espera E difícios públicos podem criar e manter
espaços cobertos na frente de suas
A s crianças precisam ter acesso a equi-
pamentos culturais desde cedo para
maximizar seu desenvolvimento: a música ou
na área coberta da
entradas para oferecer aos cuidadores o teatro ajudam as crianças a aprender sobre
escola garantem
conforto aos
alguns lugares para sentar. A vantagem o mundo enquanto também se divertem.
cuidadores. dessas áreas é que são sombreadas e sob Os espaços ao ar livre, especialmente nas
supervisão, o que as torna seguras. Esses cidades com clima ameno, são ideais para a
espaços podem ser combinados com implantação de locais especialmente conce-
outros usos interessantes, como peque- bidos para facilitar as atividades culturais.
nas barracas de comida ou atividades de
recreação. Além disso, áreas verdes junto
←←Figura 86 a edifícios residenciais também são uma
Pinturas lúdicas
possibilidades de descanso para um tran-
que compõem as
brincadeiras das
seunte em um contexto mais informal.
crianças podem
ser feitas nos
muros da escola.

↑↑Figura 89
Exemplo de um teatro ao ar livre construído para receber
atividades culturais para o público infantil.
←←Figura 87
Amarelinhas pin-
tadas na calçada,
em frente a um
edifício público,
são uma forma de
criar brincadeiras AO PROJETAR ESPAÇOS OS ESPAÇOS AO AR LIVRE PODEM
na calçada de EXTERNOS DE EDIFÍCIOS SER PLANEJADOS PENSANDO EM
forma rápida e
com custo baixo.
PÚBLICOS, CONSIDERE: ATIVIDADES CULTURAIS COMO:

●● Construir ou instalar bancos nas ●● Teatro ao ar livre;


paredes junto à fachada onde as ●● Pódios para pequenas
pessoas possam descansar; apresentações;
←←Figura 88 ●● Projetar um espaço com dimen- ●● Posicionamento de objetos de
Uma pintura sões generosas, para que as arte;
lúdica, como uma
pessoas sentadas não bloqueiem
pista de corrida, ●● Museus ao ar livre;
pode transformar a entrada do edifício;
o muro da escola
●● Se houver degraus, projete-os ●● Teatro de marionetes;
em espaço de
brincadeira. com uma altura suficiente para ●● Leitura e de contação de história;
que sirvam para sentar; ●● Bibliotecas móveis.
●● Fornecer rampas para carrinhos
de bebê.

110 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 111
UTILIZE OS RECURSOS DAS AO UTILIZAR AS INSTALAÇÕES DAS ESCOLAS CRECHES E CENTROS DE
ESCOLAS EM HORÁRIOS COMO ESPAÇOS DE ENCONTRO, CONSIDERE: EDUCAÇÃO INFANTIL
EM QUE NÃO HÁ AULA

C
●● Trabalhar com administradores, conselhos reches e centros de educação infantil

M uitos bairros podem não ter espaços escolares e autoridades para que a escola para bebês e crianças mais novas devem
abertos adequados para crianças esteja aberta fora do horário escolar para ser bem planejados e oferecer um ambiente
mais novas. Nestes casos, uma opção atividades físicas da comunidade; estimulante ao desenvolvimento da primei-
são as escolas com espaços internos e ●● Enviar folhetos para a casa dos alunos ríssima infância. Precisam também criar uma
externos, que podem abrir suas instala- com atividades, publicar anúncios nos sensação de bem-estar e propósito para os
ções fora do horário escolar para fornecer jornais locais e alertar a mídia para notifi- BCCs e suas famílias.
um espaço seguro às crianças, às suas car a comunidade sobre a disponibilidade
famílias e à comunidade do entorno. Algu- de instalações escolares e os próximos
mas escolas de tempo integral, além dos programas;
territórios CEU 30, em São Paulo, e o Com-
●● Certificar-se de que a iluminação, tanto
paz 31, em Recife, exercem um papel social
natural quanto artificial, é adequada e que
fundamental na formação das crianças.
a escola possua mobiliário específico para
os BCCs;
●● A área de recreação dedicada para crian-
ças de zero a três anos deve ser projetada
como parte do pátio escolar aberto e
acessível.
↓↓Figura 90
Abrir os equipamentos de recreação e
infraestrutura básica de escolas no
contraturno escolar é fundamental para ampliar
a sociabilidade saudável das crianças.

←←↑ Figuras 91, 92, 93, 94 e 95


Creches e centros de educação infantil devem sem
ricamente equipados para oferecer as melhores con-
dições de desenvolvimento e a diversidade de expe-
riências que uma primeira infância saudável exige.

112 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 113
CONSIDERE O SEGUINTE: ELEMENTOS FUNDAMENTAIS CRECHES E CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL
PARA OS BCCS:
●● Tetos, paredes e luzes precisam ser agrada-
velmente coordenados. Evite cores fortes, ●● Calçadas pavimentadas
padrões e lâmpadas sem proteção com ele- contínuas
mento translúcido; ●● Áreas abertas 1
●● Áreas para brincar, trocar fraldas, alimentar e ●● Pisos emborrachados ou com 10
dormir devem ser instaladas para maximizar 2
materiais macios
o contato entre o cuidador e o bebê. Essas
áreas devem permitir que a interação seja ●● Áreas verdes naturais
3
tranquila e sem pressa; ●● Sombreamento
●● As áreas de recreação para crianças que já ●● Bancos com encosto, locais de 5
engatinham ou andam devem ser separadas apoio e de descanso 4
daquelas para bebês que ainda não enga- ●● Instalações sanitárias
tinham. Ao começar a se movimentar, as
crianças mais novas precisam de espaço inin- ●● Sem estacionamento adjacente à
terrupto suficiente para explorar e descobrir; entrada

●● A área de descanso deve ser fisicamente


9
separada de outras áreas de atividade, para
garantir o sono dos bebês e crianças mais 8
novas;
●● A área de atividades ao ar livre deve ser ade- 7
quadamente revestida e bem drenada;
6
●● A área de atividades ao ar livre deve ser
equipada com uma variedade de brinquedos
e equipamentos apropriados para a idade e o
desenvolvimento das diferentes fases da pri-
meiríssima infância, incluindo jogos motores 1. Bancos para os cuidadores 7. Fechamentos/cercamentos visualmente
de grande porte e jogos sensoriais; 2. Áreas com sombreamento natural permeáveis, e com baixa altura

●● A área de atividade ao ar livre deve ser cer- 3. Equipamentos e brinquedos adequados 8. Acesso separado para a edificação da cre-
cada por uma barreira (cerca, parede ou edi- para a primeiríssima infância che e outra para a área de brincar, pos-
ficação) de pelo menos 1,50 metro de altura; sibilitando uma maior gama de horários
4. Pavimento adequado para carinhos de para uso da comunidade
●● A área de atividades ao ar livre deve ter bebê
alguma parte bem sombreada; 9. Área de espera segredada do espaço de
Para saber mais: 5. Iluminação adequada brincar
●● As instalações devem ser equipadas com ProInfância – Fundo Nacional para o
6. Misturar áreas próximas com diferen- 10. Diversidade de arborização e vegetação
áreas para troca de fraldas, alimentação Desenvolvimento da Educação (FNDE)
tes materiais e texturas e incluir pisos que possibilite a interação e descoberta
e zona de dormir. É preciso também ter Manual de boas práticas para
atendimento na educação infantil, emborrachados ou com materiais macios pelas crianças
espaço para preparação e armazenamento de
Prefeitura de Jundiaí
alimentos.

114 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 115
UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE AÇÕES QUE CONTRIBUEM PARA A VENDEDORES AMBULANTES AO PROJETAR QUIOSQUES E
QUALIFICAÇÃO DO ENTORNO DAS UBSS: E QUIOSQUES BARRAQUINHAS DE COMIDA,

A s Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou LEVE EM CONSIDERAÇÃO:

A
postos de saúde, como são popularmente ●● Proximidade aos terminais de trans- lém de viver em cidades saudáveis, as
chamados, são um equipamento público muito porte ou das paradas de ônibus, sendo crianças e seus cuidadores precisam ter ●● Fornecedores, quiosques e provedores
importante, especialmente no desenvolvimento que os abrigos dos pontos e terminais acesso fácil à água potável e a alimentos saudá- de serviços locais não devem bloquear
da primeira infância. Esses espaços recebem a devem ser ampliados para suportar um veis. Nem sempre é possível ter quitandas, mer- o domínio público. As instalações
visita frequente de crianças com seus cuida- número grande de pessoas; cearias ou mercados com alimentos in natura devem estar dentro de áreas desig-
dores e devem ser equipamentos âncoras no ●● Devem estar localizadas nas áreas perto de todas as crianças. nadas, deixando uma largura clara de
bairro. A municipalização da saúde no Brasil onde há maior densidade de pessoas Uma opção para resolver esse problema é movimento de 1,80 metro ao seu redor;
estabelecida pela Lei Federal nº 8080/1990 que residindo; projetar pontos dentro do bairro onde barra- ●● Quiosques temporários de comida
criou o Sistema Único de Saúde (SUS), com- quinhas temporárias com venda de alimentos podem ser projetados para se ajustar
●● É recomendado que haja praças ou
pletou 30 anos em 2020. Em sua trajetória de prontos ou in natura podem funcionar sem com precisão às dimensões de uma
parques no entorno imediato, onde um
imensos desafios, sejam eles de financiamento impactar outras questões urbanas, como trá- vaga de estacionamento, incluindo a
grupo de BCC possa esperar caso seu
ou de gestão, o SUS consagrou-se como um fego de carros ou pedestres. Também podem área necessária para os clientes espe-
irmão mais velho ou mais novo esteja
dos maiores sistemas públicos de saúde do ser definidos locais específicos para barraqui- rarem ou comerem;
precisando de atendimento. Assim, a
mundo e garante atendimento universal a toda a nhas de comidas saudáveis em dias e horários
criança não permanece em ambiente ●● Considere os locais mais adequados
população. controlados dentro de espaços públicos – ao
ambulatorial sem necessidade; nos espaços públicos para vendedo-
Como ponto inicial de atenção primária lado ou dentro de um parque, por exemplo.
●● Intervenções nas ruas do entorno ime- res de alimentos – por exemplo, perto
desse complexo sistema, as UBSs são de total
diato criam rotas seguras e são medi- de parquinhos, escolas ou postos de
prioridade para garantir o desenvolvimento
das que contribuem não somente para saúde;
adequado da primeira infância. De responsabili-
dade do planejamento municipal, a localização a mobilidade dos BCCs mas para toda a ●● Projete locais de descanso para os
de suas unidades, bem como a qualificação do sociedade. cuidadores junto aos quiosques de
entorno são fatores que contribuem fortemente comida.
para o bem-estar dos BCCs.
Desde 2011, existe um programa federal, o
Requalifica UBS, que contém estratégias de
adequação arquitetônica para qualificar as Uni-
dades Básicas de Saúde e facilitar as práticas
médicas e de cuidado.

←←Figura 97
Pontos temporários de serviços, como
barraquinhas de alimentos, estimulam os
cuidadores a ficar no espaço público por
mais tempo. É importante sempre levar em
Para saber mais: conta um espaço livre de pelo menos 1,80
metros para o trânsito de pedestres.
Requalifica UBS – Ministério da Saúde
↑↑Figura 96
UBS típica, com jogos de calçada em seu entorno e
gradil vazado para possibilitar a vigilância passiva.

116 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 117
SERVIÇOS LOCAIS NAS ÁREAS DE SERVIÇOS SERVIÇOS LOCAIS PRÓXIMOS A ÁREAS DE LAZER
LOCAIS, CONSIDERE:

C omo parte dos serviços essenciais em um


bairro, os espaços de alimentação e lazer
devem estar integrados ao dia a dia dos BBCs
●● Áreas de alimentação, quiosques, etc
podem estar integrados às áreas de
e, por isso, devem levar em conta itens para o recreação infantil, permitindo que os cui-
1
bem-estar deste grupo. dadores se reúnam enquanto as crianças
brincam, além de ser uma forma de pas- 2
3
sar mais tempo no espaço público; 11
●● A área de recreação infantil deve ser 4
facilmente acessível a partir da área de
serviços com cercas de baixa altura para
visibilidade contínua;
5
●● Espaços abertos entre os quiosques ser-
vem como áreas de socialização;
●● A área de recreação junto aos quiosques
deve ser planejada com materiais dife-
rentes, como caixa de areia, grama ou
cobertura de borracha;
10
↑↑Figura 98 ●● Bancos largos e projetados com altu-
Preveja a possibilidade de incluir espaços de alimentação 6
próximo a uma área de lazer que atenda ao público BCC.
ras variáveis funcionam para crianças e
cuidadores; 9
7
●● Prever pavimento de superfície adequado
ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA BCCS para carrinhos de bebê em toda a área
de serviços; 8

●● Locais para descanso com bancos e ●● Prever áreas verdes de recreação;


sombra ●● Prever sombreamento natural;
●● Cercamento ●● Deve haver um trajeto contínuo para car- 1. Bancos e locais para descanso 8. Misturar áreas próximas com diferen-
●● Vagas de estacionamento reservadas rinhos da área dos quiosques ao parqui- tes materiais e texturas e incluir pisos
2. Áreas de brincar
para cuidadores com bebês nho, formando um trajeto ininterrupto de emborrachados ou com materiais macios
movimentação do BCCs; 3. Áreas com sombreamento natural
●● Superfícies de calçadas amigáveis a 9. Fechamentos/cercamentos visualmente
carrinhos de bebê ●● Deve ser bem iluminado, garantindo 4. Pisos emborrachados ou com materiais permeáveis, e com baixa altura
que seja acessível e seguro aos BCCs ao macios
●● Rampas de acesso no meio-fio 10. Quiosques, lojas e outros serviços locais
anoitecer; 5. Equipamentos e brinquedos adequados
●● Balizadores devem estar separados do espaço dedi-
●● Rampas devem conectar áreas com dife- para brincadeiras cado ao brincar
●● Iluminação renças de nível; 6. Bancos para os cuidadores 11. Diversidade de arborização e vegetação
●● Equipamentos de parquinhos ●● Incluir zonas de recreação nas calçadas; 7. Iluminação adequada que possibilite a interação e a descoberta
●● Instalações sanitárias ●● Garantir travessia segura nas ruas adja- pelas crianças
●● Proximidade de caixas eletrônicos centes às áreas de serviços.

118 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 119
PROGRAMA DE ARTE URBANA AO PROGRAMAR A ARTE PÚBLICA
EM UM BAIRRO, CONSIDERE:

P or meio da arte urbana, as cidades podem


capacitar os cidadãos a contribuir para
melhorar a aparência do lugar onde vivem. A
●● Usar cores brilhantes, que estimulem
as crianças;
arte pública pode ter um caráter educacional e ●● A obra de arte deve estar visível ao
as crianças podem aprender admirando e convi- nível dos olhos de uma criança (aproxi-
vendo com a arte. madamente 95 cm);
Existe grande sobreposição entre a arte
●● Retratar cenas que se relacionam e
urbana e os modos cinéticos de aprendizagem
interessem a crianças mais novas,
no design do espaço público. A arte urbana
como animais ou atividades cotidia-
pode ser tão simples quanto pintar uma parede
nas, sem se esquecer da fantasia e de
com a comunidade. Mas funciona de forma mais
aspectos lúdicos;
eficaz para BCCs quando a criação de imagens e
de esculturas divertidas em um bairro são reali- ●● Considerar como as crianças podem
zadas como atividades de aprendizagem com as aprender por meio da arte: adicione
crianças. Esses eventos são estimulantes para números, letras e use formas geomé-
o desenvolvimento cerebral e social de BCCs, tricas distintas;
mas também geram comunidades em torno dos ●● Envolver cuidadores e crianças no
objetivos comuns de planejamento de BAPIs. processo de criação conjunta. Isso terá
Fazer arte com as crianças é uma forma de benefícios significativos para conectar
reivindicar espaço para elas, o que contribui a comunidade.
para uma melhor percepção de segurança de
um local. Também estimula o senso de proprie- ↑↑Figura 100 ↑↑Figura 101
dade dos espaços públicos, o que significa que Painel exibe composições elaboradas pelas crianças em Esculturas e outras modalidades de arte podem ser
os visitantes tendem a tratar os equipamentos praça local. fascinantes para as crianças – e são ainda melhores se
permitirem a interatividade.
de uso público com mais cuidado.
Finalmente, gestores devem contratar artis-
tas profissionais para realizar workshops com
os moradores dos bairros e, quando possível,
também participar das atividades.

Figura 99 →
Oficinas participativas com crianças para
desenhar um parque local são uma forma de ←←Figura 102
escutar suas demandas e incentivar sua Locais com pinturas lúdicas podem se
participação na construção das cidades. transformar em locais de encontro.

120 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 121
BANHEIROS E BEBEDOUROS PARADAS DE ÔNIBUS
EM ESPAÇOS PÚBLICOS

A inclusão de banheiros e de bebedouros em


espaços públicos ajuda a ampliar as horas
A localização de creches e de escolas de
educação infantil ou de outros destinos
cotidianos a uma curta distância das paradas de
de permanência dos BCCs na cidade e ao livre. transporte público equilibra a logística de pais,
mães e cuidadores na mobilidade diária entre
a casa, a creche e o trabalho. Tal implantação
aumenta o uso de transporte público para ir e
voltar da escola e para as atividades extracur-
↑↑Figura 105
riculares inclusive de forma independente por Os pontos de ônibus devem configurar abrigo, com proteção
crianças mais velhas. para chuva, sombreamento e o maior número de assentos
possível, resguardando espaços para cadeirantes e
cuidadores com carrinhos de bebê.

AO PROJETAR BANHEIROS PÚBLICOS E


BEBEDOUROS EM ESPAÇOS PÚBLICOS:

AO PROJETAR PARADAS DE TRANSPORTE


●● Projete banheiros próximos a grandes
PÚBLICO PARA BCCS, CONSIDERE:
espaços públicos, onde as pessoas
tendem a se reunir e a passar mais
●● A facilidade de uso do carrinho de bebê
tempo;
no transporte público é um tópico
●● Banheiros protegidos (com porta) são pouco discutido que requer tanta aten-
preferíveis, pois as chances de vanda- ção quanto o uso de cadeiras de rodas
lismo serão menores; e bicicletas;
●● Idealmente, vaso sanitário e pias ●● A altura do meio-fio em um ponto de
menores para crianças mais novas ônibus ou a existência de um canto ↑↑Figura 106
também devem ser fornecidos; ↑↑Figuras 103 e 104 sombreado enquanto se espera por um A utilização do transporte público com carrinho de bebê
Sanitários e bebedouros devem contar com
●● A manutenção e a limpeza periódica ônibus podem ser um incentivo para deve ser facilitada com rampa de acesso, piso rebaixado
acessibilidade universal para garantir o uso por e entrada ampla, da forma mais autônoma possível.
dos banheiros é provavelmente o fator gestantes, cuidadores com carrinhos de bebês, pais, mães e cuidadores usarem ou
mais importante para sua utilização –
crianças e pessoas com mobilidade reduzida. não o transporte público com bebês e
nenhum banheiro deve ser projetado crianças mais novas;
sem que essa questão esteja coberta; ●● Certifique-se de que as paradas de ôni-
●● Crianças mais novas precisam de água bus estejam bem sombreadas, tenham
potável com frequência quando estão lugares adequados para sentar e linhas
fora de casa, por isso é preciso ins- de visão desobstruídas para segurança;
talar bebedouros seguros nos lugares ●● Informações sobre horários e percur-
públicos. sos, além da previsão de chegada dos
próximos ônibus, trens ou metrôs é
Para saber mais →
essencial para os cuidadores.
Guia de ponto de ônibus – FBvL

↑↑Figura 107
Abrigos fechados em países tropicais devem conter
climatização.

122 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 123
Diretrizes  
SEGURO

ACESSÍVEL INCLUSIVO

de design ●● Largura recomendada de ruas · 58 ●● Rampas · 49 ●● Ruas compartilhadas · 36

classificadas
●● Ciclofaixas · 70 ●● Equipamentos para ●● Fechamento temporário de ruas · 56
●● Diferentes tipos de estacionamento · 60 recreação infantil · 92 ●● Recreação temporária · 55

por objetivo ●● Fachadas ativas ao longo


do percurso · 39
●● Bancos · 51
●● Bordas contínuas e canteiros · 50
●● Uso de espaços semiprivados · 84
●● Utilização de espaços públicos
●● Elementos de proteção ●● Interface com edifícios públicos · 110 pequenos e remanescentes · 84
contra o tráfego · 40 ●● Creches · 113 ●● Sanitários e bebedouros · 99
●● Legibilidade e linhas de visão · 41 ●● Áreas de descanso e confortáveis
●● Iluminação · 42 para amamentação · 100
●● Sinalização para crianças · 43 ●● Postos de saúde · 116


LÚDICO

●● Materiais adequados e diversidade de



cores de revestimento de pisos · 47
VERDE
●● Mobiliário lúdico · 52
●● Arborização nas ruas · 44 ●● Recreação na calçada · 53
●● Elementos de sombreamento ●● Relação com arte urbana · 120
e climatização · 44
●● Variedade e combinação
●● Elementos naturais para de atividades · 114
recreação infantil · 91
●● Provisão de parques e parquinhos
●● Gerenciamento de resíduos adequados para primeiríssima
sólidos · 103 e primeira infâncias · 92
●● Drenagem de águas superficiais
e de chuva · 105
●● Uso de fontes renováveis
de energia · 107

124 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 125
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Crédito: Mmcite Group p. 15 Figura 32 Reprodução de What Moms Love  p. 53 Figura 66 Reprodução de BDP.com p. 95 Figura 101 Crédito: Radhika Mathur p. 121
Figura 2 Crédito: Mmcite Group p. 15 Figura 33 Reprodução de Landscape India  p. 53 Figura 67 Crédito: Michio Noguchi p. 96 Figura 102 Divulgação St+Art India Foundation p. 121
Figura 3 Crédito: Michel Corvelo p. 17 Figura 34 Reprodução de BDP.com p. 54 Figura 68 Crédito: Andrezza Mariot/Semuc/PMBV p. 96 Figura 103 Crédito: Franck Fleury p. 122
Figura 4 Reprodução de ITCN Design Guidelines, FBVL e Figura 35 Reprodução de Architizer  p. 55 Figura 69 Delhi Street Art/New Delhi Municipal Corporation Figura 104 Crédito: Radhika Mathur p. 122
Ministério da Habitação e Assuntos Urbanos da Índia p. 19 (NDMC). Reprodução de The Better India  p. 96 Figura 105 Crédito: Manisha Bhartia p. 123
Figura 36 Cortesia da Casa de la Infancia p. 56
Figura 5 Crédito: Radhika Mathur p. 22 Figura 70 Divulgação Base p. 97 Figura 106 Reprodução de ITCN Design Guidelines, FBVL e
Figura 37 Crédito: Edson Alves p. 56
Figura 6 Crédito: Navanil C. p. 22 Figura 71 Crédito: Fernando Teixeira/PMBV p. 98 Ministério da Habitação e Assuntos Urbanos da Índia p. 123
Figura 38 Crédito: Dieny Portinanni/Unsplash p. 59
Figura 7 Crédito: Navanil C. p. 22 Figura 72 Shutterstock p. 99 Figura 107 Crédito: Andrezza Mariot p. 123
Figura 39 ITDP p. 60
Figura 8 Crédito: confusedparent.in p. 27 Figura 73 Crédito: Radhika Mathur p. 100
Figura 40 ITDP p. 60
Figura 9 Crédito: Fernando Teixeira/PMBV/Semuc p. 34 Figura 74 Crédito: PMBV – Prefeitura Municipal de Boa Vista Todos os diagramas foram adaptados pela equipe do Coletivo
Figura 41 Reprodução de Healthy Streets p. 60
p. 100 Oitentaedois com base no ITCN Design Guidelines (FBVL e
Figura 10 Crédito: Ceescamel (licença creative commons)
Figura 42 Johnston Architects p. 63 Ministério da Habitação e Assuntos Urbanos da Índia) e no Guia
p. 34 Figura 75 Crédito: Claudia Ferreira/PMBV p. 100
Figura 43 Reprodução de BDP.com p. 63 global de desenho de ruas (Nacto-GDCI)
Figura 11 Reprodução de ITCN Design Guidelines, FBVL e Figura 76 Prefeitura de Jundiaí p. 100
Ministério da Habitação e Assuntos Urbanos da Índia p. 35 Figura 44 Reprodução de ITCN Design Guidelines, FBVL e
Figura 77 Crédito: Ariel Skelley/Getty Image p. 103
Ministério da Habitação e Assuntos Urbanos da Índia p. 63
Figura 12 ITDP p. 39 Figura 78 Reprodução de BDP.com p. 105
Figura 45 Reprodução de BDP.com p. 68
Figura 13 Reprodução de Guide to the healthy streets: indicators Figura 79 Crédito: Fabio Arantes/Prefeitura de São Paulo p. 106
delivering the healthy streets approach  . Mayor of London/ Figura 46 Getty Images Europe/Get Surrey p. 70
Transport for London p. 39 Figura 80 Divulgação Sol Inc. p. 107
Figura 47 Crédito: Paul Krueger p. 70
Figura 14 ITDP p. 40 Figura 81 Chicago Public Art Group p. 109
Figura 48 Nacto p. 72
Figura 15 Reprodução de Street Plans  p. 41 Figura 82 Crédito: Jackson Souza p. 109
Figura 49 Crédito: Viviane Almeida p. 74
Figura 16 Reprodução de BDP.com p. 42 Figura 83 Crédito: Radhika Mathur p. 109
Figura 50 Crédito: Manisha Bhartia p. 81
Figura 17 Reprodução de Greenews.info  p. 43 Figura 84 Crédito: Mauricio Graiki/Istock p. 109
Figura 51 Crédito: Tibico Brasil p. 82
Figura 18 Crédito: Chuy Altamira/Flickr p. 44 Figura 85 Crédito: Fernando Teixeira/PMBV p. 110
Figura 52 Crédito: Brett Boardman. Reprodução de Aspect Studio
Figura 19 Reprodução de Cure For The Quiet House  p. 45 p. 83 Figura 86 Crédito: Fernando Teixeira/PMBV/Semuc p. 110

Figura 20 Reprodução de Tripgully p. 46 Figura 53 Reprodução de Swatantra Bharat News p. 84 Figura 87 Crédito: Fernando Teixeira/PMBV p. 110

Figura 21 Reprodução de Jensen Architects p. 47 Figura 54 Reprodução de BDP.com p. 86 Figura 88 Arquivo Mais Vida nos Morros p. 110

Figura 22 Reprodução de ITCN Design Guidelines, FBVL e Figura 55 Reprodução de BDP.com p. 86 Figura 89 Divulgação Rangaprabhat Children’s Theatre p. 111
Ministério da Habitação e Assuntos Urbanos da Índia p. 48 Figura 56 Reprodução de BDP.com p. 87 Figura 90 Crédito: Andrezza Mariot p. 112
Figura 23 Crédito: Beau Lebens p. 49 Figura 57 Reprodução de ITCN Design Guidelines, FBVL e Figura 91 Arquivo Mais Vida nos Morros p. 113
Figura 24 ITDP p. 50 Ministério da Habitação e Assuntos Urbanos da Índia p. 88 Figura 92 Divulgação Learning Matters p. 113
Figura 25 Reprodução de BDP.com p. 50 Figura 58 Reprodução de City Lab  p. 88 Figura 93 Divulgação Learning Matters p. 113
Figura 26 Reprodução Archinect  p. 51 Figura 59 Reprodução de City Lab  p. 88 Figura 94 Divulgação The Learning Curve p. 113
Figura 27 Reprodução Archinect  p. 51 Figura 60 Crédito: Brett Boardman. Reprodução de Aspect Studio Figura 95 Divulgação Learning Matters p. 113
p. 90
Figura 28 Reprodução de ITCN Design Guidelines, FBVL e Ministé- Figura 96 Crédito: Andrezza Mariot p. 116
rio da Habitação e Assuntos Urbanos da Índia p. 51 Figura 61 Crédito: Peter Bennetts p. 90
Figura 97 Governo do Estado de São Paulo p. 117
Figura 29 Reprodução de Oasis  p. 52 Figura 62 Crédito: Tibico Brasil p. 91
Figura 98 Reprodução de BDP.com p. 118
Figura 30 Reprodução de Kid Friendly Cities  p. 52 Figura 63 Reprodução de BDP.com p. 92
Figura 99 Divulgação Open Architecture Austin p. 120
Figura 31 Crédito: Yoav Peled p. 52 Figura 64 Crédito: Helene Binet p. 94
Figura 100 Crédito: Jane Rhodes p. 121
Figura 65 Crédito: Navanil C. p. 94

126 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 127
NOTAS REFERÊNCIAS

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02 Como exemplo de propostas de projetos de transformação
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nível em: <https://fundacaotidesetubal.org.br/publicacoes/ org.br/pt/publicacoes/sustentavel-e-seguro-visao-e-diretri-
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no mundo, 2018. Disponível em: <https://itdpbrasil.org/
cidades-de-pedestres/>

128 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA DIRETRIZES PARA DESENHO URBANO 129
FICHA TÉCNICA

Instituto de Arquitetos do Brasil, Direção Nacional (IAB/DN) Equipe do IAB Nacional para acompanhamento do Projeto
Maria Elisa Baptista (MG) – Presidente Nacional IAB / FBvL / Urban95

Rafael Pavan dos Passos (RS) – Vice-Presidente Nacional Maria Elisa Baptista – Presidente do IAB

Cláudio Listher Bahia (MG) – Secretário Geral Luiz Eduardo Sarmento – Diretor Cultural do IAB

Rosilene Guedes Souza (MG) – Diretora Administrativo-Financeiro Rômulo Alves Sales – Secretário do IAB

Luiz Eduardo Sarmento Araújo (DF) – Diretor Cultural


Fernando Túlio Salva Rocha Franco (SP) – Vice-Presidente Fundação Bernard van Leer (FBvL)
Extraordinário de Relações Institucionais Claudia de Freitas Vidigal – Representante da FBvL no Brasil
Luíza Rego Dias Coelho (DF) – Vice-Presidente Extraordinária de Thaís Sanches Cardoso – Gestora de Programas da FBvL no Brasil
Ações Afirmativas
Laís Petra Lobato Martins (DF) – Vice-Presidente Região Coordenação do Projeto IAB / FBvL / Urban95
Centro-Oeste
Gustavo Partezani Rodrigues – Coordenador Geral
Carla de Azevedo Veras (MA) – Vice-Presidente Região Nordeste
Pedro Freire de Oliveira Rossi – Coordenador Técnico
Marcelo Borborema (AM) – Vice-Presidente Região Norte
Flávia Cristina Bassan Saldanha – Representante Local da
Marcela Marques Abla (RJ) – Vice-Presidente Região Sudeste Coordenação do Projeto em Aracaju
Tânia Nunes Galvão Verri (PR) – Vice-Presidente Região Sul Viviane Luise de Jesus Almeida – Estagiária de Arquitetura e BAIRROS
Nivaldo Vieira de Andrade Junior (BA) – Vice-Presidente de Urbanismo
AMIGÁVEIS
Relações UIA 2021 Rio
À PRIMEIRA
Emerson Fioravante – Secretário INFÂNCIA

Conselho Fiscal – Titulares Tradução e adaptação – Stuchi & Leite Projetos e Consultoria
Maria da Conceição Alves de Guimaraens (RJ) Carlos Leite – Coordenador
Solange Araujo de Carvalho (BA) Fabiana Terenzi Stuchi
Odilo Almeida Filho (CE) Fernanda Abreu Moreira
Maria do Rocio Rosario
Conselho Fiscal – Suplentes Tales Eduardo Ferretti
Aida Paula Pontes de Aquino (PB)
Claudia Cristina Taborda Dudeque (PR) Tratamento e edição dos textos – Pistache Editorial
Rael Belli (SC) Bianca Antunes – Jornalista

Comissão Especial do Conselho Superior do IAB para Design Gráfico – Coletivo Oitentaedois
acompanhamento do Projeto IAB / FBvL / Urban95
Bruno Kim – Coordenador
Graciete Guerra da Costa – Conselheira Superior do Instituto de
Arquitetos do Brasil, Departamento de Roraima – IAB/RR Douglas Higa

Fernando Túlio Salva Rocha Franco – Presidente do Instituto de Julia Vannucchi


Arquitetos do Brasil, Departamento de São Paulo – IAB/SP
Renata Dantas Rosário Sachs – Presidente do Instituto de Agradecimentos
Arquitetos do Brasil, Departamento de Sergipe – IAB/SE Maria Madalena Silva Gusen – secretária sênior do Instituto de
Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio Grande do Sul – IAB/RS

130 BAIRROS AMIGÁVEIS À PRIMEIRA INFÂNCIA


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4.0). Pode ser reproduzida com atribuição
ao IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil e
FBvL – Fundação Bernard van Leer e para
qualquer finalidade não comercial. Nenhum
trabalho derivado é permitido.

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