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FACULDADE PRESBITERIANA MACKENZIE RIO

ALESSANDRA SOARES NUNES DA SILVA

CLAUDIA PEREIRA DE SOUZA

KATRINE DOS SANTOS SILVA

LUCAS MENDEL BRAZIELLAS PEPE TAVARES

RENATA MONIQUE DAMASCENO ARAÚJO

RESENHA DO CAPÍTULO 9 DO LIVRO JUSTIÇA

Rio de Janeiro
2018
ALESSANDRA SOARES NUNES DA SILVA

CLAUDIA PEREIRA DE SOUZA

KATRINE DOS SANTOS SILVA

LUCAS MENDEL BRAZIELLAS PEPE TAVARES

RENATA MONIQUE DAMASCENO ARAÚJO

RESENHA DO CAPÍTULO 9 DO LIVRO JUSTIÇA

Trabalho referente a segunda avaliação matéria


de Ética e Cidadania II do curso de Direito da
Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio.
Prof.º Jouberto Heringer.

Rio de Janeiro
2018
SANDEL, Michael J. Justiça: O que é fazer a coisa certa. 24ª edição. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2017.

Michael Sandel, professor e filósofo, nasceu em Minneapolis nos Estados


Unidos da América. Produziu em 2009 o livro Justiça: O que é fazer a coisa certa, do
original Justice: What’s the right thing to do?, baseado no curso Justice que ministra
desde 1982 na Universidade de Harvard. O objetivo do livro é abordar conceitos de
justiça, sobre a perspectiva de filósofos, conteúdos sociais atualizados e política.

O capítulo 9 é titulado por: O que devemos uns aos outros?/ Dilemas de


lealdade, dividido nos subcapítulos: Desculpas e indenizações; Devemos pagar
pelos pecados de nossos predecessores?; Individualismo Moral; O governo deve ser
moralmente neutro?; Justiça e liberdade; As reivindicações comunitárias; Seres que
contam histórias; Obrigações que transcendem o consentimento; A Solidariedade e
a condição de membro de um grupo; O patriotismo é uma virtude?; A solidariedade é
uma forma de parcialidade em favor do grupo ao qual pertencemos?; A fidelidade ao
grupo pode sobrepor-se a princípios morais universais?; A justiça e a vida boa;
Notas.

Ao introduzir O que devemos uns aos outros?/ Dilemas de lealdade, Sandel


(2017, p.259) diz que:

Pedir desculpas nunca é fácil. Mas desculpar-se em público, perante a


nação, pode ser ainda mais difícil. As últimas décadas trouxeram uma
enxurrada de questões polêmicas sobre desculpas públicas por injustiças
históricas (2017, p.259).

No desenvolvimento do capitulo 9, exemplifica as dificuldades sociais,


políticas e filosóficas para reconhecimento e responsabilização de erros
predecessores. Ao longo do tempo, países com a Alemanha, Japão, Estados Unidos
da América, Austrália reconheceram que existem crimes indesculpáveis durante sua
história.

Assumiu-se pela Alemanha o Holocausto, além da responsabilidade moral de


culpa assumiu-se a responsabilidade das indenizações a sobreviventes e ao Estado
de Israel. O Japão, em primeiro momento, negou-se a assumir os estupros
causados por soldados japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, entretanto,
em 1990 além de desculpar-se formalmente criou um fundo para pagamento às
vítimas ainda que alguns políticos insistissem que não eram responsáveis.
Segundo Michael (2017), a questão Aborígine Australiana gerou uma
problemática política intensa. Em 1910, iniciou com consentimento do governo a
prática de afastar crianças Aborígine mestiças das suas mães, com a finalidade de
integrar os índios a sociedade branca e dizimar a cultura indígena. Nas décadas
posteriores, o núcleo de direitos humanos recomendou ao governo australiano um
pedido de desculpas formal, porém o primeiro ministro da época recusou-se a
assumir o erro e somente em 2008 o novo primeiro ministro pronunciou o pedido de
desculpas formal.

Nos Estados Unidos da América, o pedido de desculpa e a indenização é


referente a escravidão. No entanto, as pesquisas mostraram que a maioria dos
negros eram favoráveis a indenização e apenas 4% dos brancos eram favoráveis,
ou seja, o movimento indenizatório foi cessado pela vontade da maioria populacional
estadunidense.

Sandel (2017) acredita que as justificativas para a existência de pedidos de


desculpa seja a honra pela memória, ou seja, são gestos políticos que buscam
manter relações públicas positivas entre as comunidades políticas. Além disto, ao se
desculpar a comunidade ajuda a aliviar a sensação de injustiça nas vítimas e em
seus herdeiros. A maioria dos motivos alegados para não pedir desculpas é a
preocupação de que algumas animosidades retornem, algumas comunidades
política observam o pedido de desculpas como uma ironia ao efeito do erro.
Portanto, um pedido de desculpas ou pode melhorar as relações públicas ou pode
acarretar em um conflito maior, logo deve ser analisado com cautela para ser
exercido.

Outro argumento apresentado no capitulo é o de assumir a responsabilidade


por algo que não participou, uma oposição a moralidade em responsabilizar-se pelos
pecados dos antepassados. Sandel acredita que em um pedido de desculpas, o que
conta é a intenção de reparo e não a ideia de punição, logo o individualismo moral
deve ser combatido.

O individualismo moral é uma doutrina que exclui o egoísmo, ou seja, é uma


isenção de compromissos coletivos e uma tentativa de afirmar uma plena liberdade.
De acordo com o individualismo moral, é inaceitável se submeter a uma coerção
moral social. Por tanto, para se responsabilizar por algo é necessário um ato de
consentimento, a livre escolha, na ausência de um comprometimento livre com um
precedente não há motivo para se responsabilizar.

A concepção de individualismo moral contrapõe a ideia de justiça. Para Kant


(1788), a liberdade está relacionada com uma superação de preferências e desejos.
O conceito da liberdade Kantiana é fundado na autonomia de ser governado por leis
outorgadas, a moralidade da lei é a isenção de desejos e incertezas. John Rawls
(1971) elaborou a teoria de justiça com base na concepção de Kant, observou que
as escolhas frequentemente são baseadas em incertezas morais, exemplificando a
sujeição a um trabalho insalubre, não reflete a livre escolha, reflete a necessidade
econômica. A justiça deve superar os interesses particulares e buscar um bem estar
coletivo.

A neutralidade de um governo é fundamental, porque a sociedade é um corpo


político. As decisões políticas interferem na liberdade, na moralidade, na formação
do cidadão, portanto, o Estado deve ser neutro moralmente para não cercar a
sociedade de ideais individuais e intolerâncias.

Sandel (2017, p. 270), apresenta sobre a justiça o seguinte:

A noção de que a justiça deve manter-se neutra em relação às concepções


da vida boa reflete um conceito das pessoas como seres dotados de livre
escolha e sem amarras morais preexistentes. Essas ideias, tomadas em
conjunto, caracterizam o pensamento político liberal moderno (2018, p.
270).

Os liberais igualitários, segundo Michael (2017), além das liberdades civis


são favoráveis também a direitos sociais e econômicos básico. Dessa maneira, o
governo deve auxiliar nas condições materiais básicas para uma liberdade de
escolha, garantindo que cada individuo possa seguir seus objetivos. São críticos do
Estado de bem estar social, pois fundamentam a ideia de que é direito do indivíduo
permanecer com o dinheiro recebido pelo trabalho. No Estado de bem estar social, o
individuo não possui livre escolha sobre benefícios econômicos, ou seja, são
coagidos a abrir mão de um benefício para o benefício coletivo.

A concepção liberal de liberdade é questionada por a falta de sentido nas


obrigações morais e políticas, ou seja, o excesso de independência rompe com a
identidade, a memória, a crença, a lealdade dos grupos culturais. Constantemente,
as comunidades culturais reivindicam a preservação de suas tradições para manter
a identidade.
Todo individuo possui uma narrativa de vida, ou seja, o individuo é uma
máquina de produção de história. A moralidade é uma interpretação da vivencia de
cada ser humano, superando a vontade individual, escolha embasada em
interpretação do mundo.

Para Michael (2017), existem três categorias de responsabilidade moral, a de


deveres naturais, a de obrigações de vontades e a de obrigação de solidariedade.
Os deveres naturais são coletivos, pois incluem como deve se tratar o outro com
respeito, igualdade, justiça. A partir de um consentimento, um acordo, um contrato
surge a obrigação de vontade de um individuo com outro individuo pré determinado.
Já as obrigações de solidariedade são concepções morais de responsabilidades
com seres não racionais e com quem se divide uma determinada história, por
exemplo a família, uma comunidade de resistência, um resgate.

As nações possuem muitas desigualdades sociais, culturais e econômicas, o


sentimento de patriotismo prejudica a moralidade entre estas desigualdades. O
patriota possui um sentimento de afinidade entre os cidadãos, ignora a perspectiva
do estrangeiro. Por o mundo viver em desigualdades e conflitos, o patriotismo
interfere na questão da justiça, ou seja, excluiu a moralidade de tentar solucionar a
problemática do estrangeiro. Um grupo não pode se sobrepor ao outro, porque anula
o dever natural da sociedade.

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