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BÁSICO DA FILOSOFIA
e
Sobre o tema da clareza da li ;uagem sua importância, o
ensaio de George Orwell “Politics and the English Lan-
guage”, em The Penguin Essays of George Orwell (Londr Deus existe? Esta uma pergunta fundamental sobre a qual
é
Penguin, 1990), vale a pena ser lido. Para conselhos práti- todos paramos para pensar em algum momento de nossa
cos nessa área, experimente The Complete Plain Words, de vida. À resposta afeta não somente a maneira como nos
Ernest Gowers (Londres: Penguin, 1962), e Plain English, comportamos, mas também o modo como compreende-
de Diané Collinson, Gillian Kirkup, Robin Kyd e Lynne mos e interpretamos o mundo e o que esperamos para o
locombe (Milton Keynes: Open University Press, 1992), futuro. Se Deus existe, há um propósito para a vida huma-
ambos exceler es. na, e podemos até ter esperança de vida eterna. Se não, é
preciso criar por nós mesmos algum sentido para nossa vida;
A Open U rersity oferece uma série de cursos de filosofia nenhum sentido com origem exterior será dado a ela, e a
distância. Para mais informações consulte www.open.ac.ul morte é provavelmente definitiva,
"ou escreva para Course Enquiry Service, The Open Uni ando consideram a religião, os filósofos costumam
versity, FREEPOST,** PO Box 625, Milton Keynes, MK7 examinar os vários argumentos apresen: idos a favor e con-
GAA, Inglaterra. tra a existência de Deus — tanto as evidências qua:
estrutura e a implicação de cada argumento, Examin:
igualmente conceitos como fée crença para comprovar se
há algum sentido no que as pessoas falam sobre Deus.
O ponto de partida para boa parte da filosofia da religião
TA ser publicado em breve peia editora José Olyimpio. (1 de E,
*"Franqueado, ivre de taxas. (N. da E) E uma doutrina mais geral sobre a natureza de Deus conhecida
6
O BÁSICO DA FILOSOFIA DEUS
como teísmo, É o ponto de vista segundo o qual existe um de objetos naturais, como o olho, são evidência de que
Deus onipotente (capaz de fazer qualquer coisa), onisciente devem ter sido criados por Deus. De que outra maneira
(conhece tudo) e benevolente (supremamente bom). Em ge- poderiam ter ser como são? Assim como ao olhar
vindo a
ral, é a visão sustentada por cristãos, judeus e muçulmanos, para urá relógio podemos dizer que foi projetado por um
A , vou me concentrar na visão cristã
de Deus, e: bora a relojoeiro, também, afirmam, podemos dizer, examinando
maioria dos argumentos se aplique igualmente outras religiões o olho, que foi feito por alguma espécie de Relojoeiro Di-
teistas e alguns sejam relevantes para qualquer religião. " o. É como se Dets tivesse deixado sua marca registrada
Porém, esse Deus descrito pelos teístas de fato existe? em todos os objetos que fez.
Podemos provar que n? Há muitos
argumentos diferen- Trata-se de um argumento que obtém, a partir de um
tes para provar à Sua existência, Considerarei os mais im- c to, olhamos para o efeito (o relógio ou o olho)
à causa:
portantes neste capítulo. €, por seu exame, nos arriscamos a dizer o que o causou
(um relojoeiro ou um Relojoeiro Divino). Ele se apoia na
O Argumento do Desígnio ideia de que um objeto projetado, como um relógio, asse-
melha-se de certa forma a um objeto natural, como o olho.
Um dos argumentos usados com mais frequência para afir- Esse tipo de argumento, baseado na semelhança, é conhe-
mar a existência de Deus é o Argumento do Desígnio, tam- cido como argumento por analogi
bém conhecido como Argumento Teleológico (da palavra de que, se duas coisas são semelhantes em alguns
aspectos,
mui to provavelmente serão semelhantes em outros,
grega “telos”, que significa “propósito”).* Este afirma que,
se olharmos para o mundo natural à nossa volta, não po- Os que aceitam Argumento do Desígnio nos dizem
o
deremos deixar de notar como tudo nele se adequa à fun que, para qualquer lugar que olharmos, particularmente no
ido natural — seja
(ção que executa: tudo traz a evidência de ter sido projetado m para árvores, colinas, an mais, es-
trelas ou o que for —, podemos encontrar ainda mais con-
para um fim. Supõe-se portanto que isso demonstra a exis-
tência de um Cr iador, Se, por exemplo, examinarmos o olho firmações da existência de Deus. E, porque essas coisas são
muito mais engenhosamente construídas do que um reló-
humano, veremos como suas mínimas partes se encaixam,
gio, o Relojoeiro Divino deve ter sido correspondentemente
cada parte inteligentemente adequada àquilo para o que foi
feita: ver.
mais inteligente do que o relojoeiro humano. De fato, o
Relojoeiro Divino deve ter sido tão poderoso e tão inteli-
Defensores do Argumento do Desígnio, como Wi liam
gente que faz sentido aceitar que ele era Deus, como tradi-
Paley (1743-1805), alegam que a complexidade e a eficiência
nalmente entendido pelos teístas
Existem, no entanto, fortes argumentos contra o Ar-
mas aqui, por extensão, “mais à frente”
“,
'projetado para 6 futuro” finalidade”, (N do 1) mento do Desígnio, a maioria levantada pelo filósofo
DEUS
(O BÁSICO DA FILOSOFIA
Evolução
David Hume (1711-1776) em seus póstumos Diálogos so-
não é a única expli-
existência de um Relojoeiro Divino
i
bre a religião
figiãe
natural e na Seção XI de seu livro Investigação
h
A
entendimento humano. de animais e plantas à suas
sobre o cação possível para a adapração
teoria de Charles Darwin (1809-
funções. Em particular, a
Críticas ao Argumento do Desígnio 1882) da evolução por seleção
natural, explicada em seu
livroA das espécies (1859), fornece ao fenômeno uma
origem
aceir Darwin mostrou
Fraqueza da analogia explicação alternativa amplamente
de sobrevivência dos mais bem
Uma objeção ao argumento que acaba de ser apresentado é como, por um processo
mais adequados a seu meio
adaptados, os animais e plantas
que ele se baseia em uma analogia fraca, tomando como adiante suas características a
ambiente viveram para passar
certa a existência de uma semelhança significativa entre ob- posteriores conseguiram ex-
seus descendentes, Cientistas
jetos naturais e objetos que sabemos terem sido projetados. da evolução em termos da herança
Mas não é óbvio que, para voltar a usar o mesmo exemplo, plicar o mecanismo
como adaptações tão mara-
10 olho humano seja realmente como um relógio em alg:
genérica. Este processo explica
são encontradas
n
para que possamos a tir que nbos foram projetados tas, animais e seres humanos
chegarama ser como sá
mecanismo da evo-
des
por relojoeiros. Embora exista alguma semelhança entre um à teoria de Darwin enfraquece
o Argu-
lução. Entretanto,
relógio e um olho — ambos são mecanismos intricados e explica os mesmo efeitos
mento do Desígnio, uma vez que
cumprem suas funções particulares trata-se de uma se- —,
Deus como causa. Como resulta-
sem qualquer menção a
melhança apenas vaga, e quaisquer conclusões baseadas na de adaptação biológica im:
do, a teoria sobre o mecanismo
analogia serão, em resultado, correspondentemente vagas. de ser uma prova conclusiva
pede o Argumento do Desígnio
da existência de Deus.
1Hógio
é do clio viam estende em era; per dirido
do relógio)
ea, Contea esta
EH
oe ÁSICO DA
FILOSOFIA. DEUS
Se, apesar das objeções até agora mencionadas, você não te. O Argumento do Desígnio fornece tantas evidências para
estas conclusões quanto para a existência do Deus descrito
encontra falhas no Argumento do Desígnio, deveria obser-
pelos teístas. Sozinho, o Argum: to do Desígnio não pode
var que ele não prova a existência de um Deus único, oni-
potente, onisciente e benevolente. Um exame mais atento provar a existência do Deus dos teístas, apenas a de algum
mostra que à ideia é limitada em diversos aspectos, tipo de deus inespecífico.
Primeiro, o argumento é completamente incapaz de Finalmente, sobre benevolência e onisciência, é ideia
servir de apoio ao monoteísmo — crença em apenas um comum que o mal que há no mundo — a crueldade hu-
Deus. Ainda que se aceite que o mundo mostra claros in- mana, assassinatos e torturas, sofrimentos causados por de-
dícios de ter sido feito com um propósito, não há motivo sastres naturais, docnças-— atesta contra um deus com essas
para acreditar que foi tudo projetado por um só Deus, Por qualidades. Se, como o Argumento do Desígnio sugere,
que não poderia ter sido projetado por uma equipe de deu- devemos olhar à nossa volta para ver à evidência da obra de
ses menores trabalhando juntos? Afinal, se equipes inteiras Deus, m gente vai achar difícil aceitar que o que veem
são responsáveis por construções humanas complexas e de é ação de Criador benevolente. Um Deus onisciente
grande escala, como arranha-céus, pirâmides, foguetes es- saberia que o mal existe; um Deus onipotente seria capaz
paciais e assim por diante, então com certeza, levando a ana- de impedi-lo de ocorrer; e um Deus benevolente não ia de-
logia à sua conclusão lógica, ela nos conduzirá à crença de sejar que ele existisse. Mas o mal existe. Esse sério desafio à
que o mundo foi projetado por um grupo de deuses traba- crença no Deus dos teístas foi muito discutido por filóso-
Ihando em conjunto, fos. É conhecido como o Problema do Mal. Em uma seção
Segundo, o argumento não corrobora necessariamente posterior nós o exa inaremos mais detidamente, bem como
10
ponto de vista de que o projetista (ou os projetistas) era(m) asdiversas soluções propostas para seu fim, Menciono-o aqui
oniporente(s). Poderia-se argumentar que o u rerso tem um
porque pode nos precaver contra as alegações de que o
bom número de “falhas de projeto”: por exemplo, o olho
Argumento do Desígnio fornece prova conclusiva da exis-
humano tem tendência à miopia e à catarata na velhice — tência de um Deus supremamente bom.
dificilmente se poderia dizer que isso é a obra de um Criador (Como se pode ver por esta discussão, o Argumento do
onipotente desejoso de criar o melhor mundo possível, Tais Desígnio só pode nos proporcionar, no melhor dos casos,
observações dão a entender que o Projetista do universo,
a muito | in itada conclusão de que o mundo foi projeto de
longe de ser onipotente, foi um deus, ou deuses, de com-
algo ou alguém. Ir além disto seria exceder o se se pode
parativa fraqueza, ou talvez um jovem deus fazendo expe- concluir logicamente a partir do argumento.
Tiências com seus poderes, Talvez o Projetista tenha morrido
EA
O BÁSICO DA FILOSOFIA DEUS
sígnio, alguns pensadores recentes tentaram defender uma plausível. Nossa presença no mundo pode ser adequada-
É
variante dele, conhecida como Princípio Antrópico. Este é mente explicada sem o recurso a causas sobrenaturais,
0 ponto de vista de que a sobrevivência e o desenvolvimen- muito natural estarmos em um universo onde as condições
to humano eram possibi idades tão mínimas eram exatas para que surgissem seres de nossa espécie, uma
que o mundo
só pode ser obra de um vez que não haveria qualquer chance
de surgirmos em ou-
o
Es]
DEUS
O BÁSICO DA
FILOSOFIA
No entanto, assim como se dá com o Argumento do efeitos projerando-se infinitamente, assim como não existe
Desígnio, existe um grande número de críticas a ele. um número mais elevado que todos, porque sempre po-
demos adicionar um a qualquer número. Se é de todo
Críticas ao Argumento da Causa Primeira possível a existência de uma série infinita, por que,
então,
Os efeitos e as cáusas não poderiam
estender-se infinita
Autocontraditório mente pelo passado?
O Argumento da Causa Prime ira
começa com a
pressupo-
sição de que cada coisa isolada foi causada por alguma ou-
Limitações à conclusão
tra, mas logo se contradiz, afirmando que Deus foi a Mesmo que essas duas críticas ao argumento pudessem ser
des-
primeiríssima causa; e que existe uma causa não causada: rebatidas, ele não prova que a causa primeira é o Deus
Deus. Isso sugere a pergunta: “E o que causou Deus?” to pelos tefstas. Assi como vimos com o Argumento
Alguém convencido pelo Argumento da Causa Primeira do Desígnio, há sérias rações ao que se pode concluir a
poderia objetar que não se havia sugerido que tudo tinha da Causa Primeira.
partir do Argumento
uma causa, apenas que tudo, excero Deus, tinha uma cau- Primeiro, é verdade que a causa primeira deve ter sido
movimento
sa. Mas isso não melhora a situação, Se a série de efeitos e extremamente poderosa, a fim de criar e pôr em i:
causas vai parar em algum ponto, por que deve parar em asérie de causas e cfeitos que resultou no universo
Deus? Por que não pode parar mais cedo na regressão, com tal como o co: recemos. Então poderia haver alguma jus-
o surgimento do próprio universo? tificativa para sustentar que o argumento demonstra a exis-
tência de im Deus muito poderoso, se não onipotente,
Não é prova Mas não qualquer prova a fa-
o argumento apresenta
be-
O Argumento da Causa Primeira pressupõe que efeitos e vor da existência de um Deus que seja onisciente ou
causas não teriam a possibilidade de recuar para sempre no nevolente. Nenhum desses atributos seria necessário a
do Desig-
que é chamado de um regresso infinito: uma série inces- uma causa primeira. E, como no Argumento
sante recuando no tempo. Ele pressupõe que houve uma nio, um defensor do Argumento da Causa
Primeira ain-
a
causa primeira que deu origem todas as outras coisas. Mas da teria de lidar com o problema de como um Deus
tolerar o mal
deve ter sido realmente assim? onipotente, onisciente e benevolente pode
Se usássemos um argumento semelhante sobre o fu- que existe no mundo.
turo, pressuporíamos que haveria algum efeito final, que
não seria causa de coisa alguma. Mas, embora seja de fato
difícil de imaginar, parece plausível pensar em causas e
OO
BÁSICO DA FILOSOFIA DEUS
como segue-se da definição de um triângulo cuja soma dos ou e que for, são apenas exemplos de tipos particulares
de coi as. Mas Deus é um caso especial: Deus não é só
de
[E
DEUS
O BÁSICO DA
FILOSOFIA
Ontológico, vemos que seu erro é tratar a existência de Deus agora foram todos, ocasionalmente, apresentados como pro-
como ms uma propriedade, como onisciência, ou onipo- vas, Espera-se deles que transmitam o
conhecimento da exis-
tência. Mas Deus não poderia ser o isciente ou onipoten- tência de Deus,
Conhecimento, nesse contexto, pode ser definido como
te sem existir; sendo assim, ao dar uma definição completa
de Deus, já estamos reconhecendo que ele ou ela existe, Re- uma espécie de crença verdadeira, justificada, Para termos
hecimento de que Deus existe, teria de ser verdade que
lacionar a existência como mais uma propriedade essencial
Deus de fato existe, Mas nossa crença de que Deus existe
de um
ser
perfeito é cometer o erro de tratar a existência
também teria de ser justificada: reria de ser baseada no tipo
como uma propriedade, em vez de uma condição prévia
essencial para que algo possua qualquer propriedade. certo de evidência. Há crenças verdadeiras, porém injus-
tificadas: por exemplo, eu posso acreditar que é terça-feira,
Mas, e quanto como unicórnios? Certa-
a seres ficcionais,
acredito ser o jornal de hoje,
porque olhei o cabeçalho do que
mente podemos falar sobre as propriedades de um unicórnio,
Mas na verdade eu estava olhando um jornal velho que por
tais como o chifre e as quatro pernas, sem que unicórnios
acaso saiu em uma terça-feira. Embora eu acredite que ter-
é
tenham que de fato existir. Uma frase como “Unicórnios
ça-feira (o que de fato &), não adquiri minha convicção de
têm um chifre” equivale a "Se unicórnios existissem, eles
tum modo confiável, uma vez eu poderia, com igual fa-
que
teriam um único chifie”, Em outras palavras, “Unicórnios têm
cilidade, er me deparado com um jornal velho que teria me
um chifre" é na realidade uma afirmação hipotética. Então, a 'nta-feira. Isso significa que eu não
convencido de que era qui
inexistência de unicórnios não é um problema para a concep-
tinha realmente o conhecimento, embora achasse que sim.
ção de que existência não é propriedade.
“Todos os argumentos
a
favor da existência de Deus que
examinamos até aqui estavam abertos a um grande número
[a
O BÁSICO DA FILOSOFIA
2 s
um
(O BÁSICO DA LOSOFIA DEUS
de triunfo sobre o sofrimento humano. No entanto, essa Primeiro, ela é simplesmente difícil de se acreditar, Por
solução fica aberta a pelo menos duas objeções. Primeiro, exemplo, é difícil entender como se pode afirmar que al
o grau e a medida de sofrimento são muito maiores do que guém morrendo em agonia, em uma cerca de arame farpa-
seria necessário para permitir que santos e heróis execurem do, em uma terra de ninguém na Batalha do Somme, esteja
É
suas ações de grande bondade moral. extremamente di- contribuindo para a harmonia geral do mundo, Se a ana-
mortes horrendas de vários milhões de logia com uma obra de arte realmente explica por que Deus
fícil justificar as
pessoas em campos de concentração nazistas com esse ar- permite tanto mal, isto é quase uma admissão de que o mal
Além disso, boa parte desse sofrimento passa des-
gumento. não pode ser satisfatoriamente explicado, uma vez que a
percebido e sem ser registrado, Em alguns casos, o indivíduo sua compreensão é situada muito além do alcance huma-
sofredor é a única pessoa capaz de aperfeiçoamento moral
no. Somente do ponto de vista de Deus é que essa har-
nessa situação, e seria altamente improvável que esse pro- monia poderia ser observada e apreciada. Se isso é o que
gresso ocorresse em casos de dor extrema, os teístas querem dizer quando declaram que Deus é be-
Segundo, não é óbvio que um mundo no qual existe nevolente, sua noção de “bem” é muito diferente da nossa
grande mal seja preferível a um mundo em que houvesse
ção habitual.
menos mal e, como resultado, menos santos e heróis. De
Segundo, um Deus que permite tanto sofrimento para
fato, existe algo ofensivo, por exemplo, em tentar justificar
fins meramente estéticos — a fim de apreciá-lo do modo
à agonia de uma criança pequena morrendo de uma doen- como se aprecia uma obra de arte — parece mais sádi-
ça incurável, afirmando que isto permi aos que testemu-
co do que a divindade benevolente descrita pelos tefstas.
te
[25] [5
DEUS
O BÁSICO DA FILOSOFIA
de escolha. Se não tivéssemos livre-arbítrio, seríamos como. ilusão déle. Algum psicólogos acreditam que podemos ex-
robôs, ou autômatos, sem qualquer poder de decisão pes- plicar cada decisão ou escolha tomando como referência
soal. Os que aceitam a Defesa do Livre-Arbítrio afirmam algum condicionamento antigo que o indivíduo tenha so-
ser o mal uma consequência necessária da liberdade de es- frido, de forma que, embora o indivíduo possa se sentir livre,
colh 1a; caso contrário, não seria de fato livre-arbítrio, Afir- sua ação é na verdade inteiramente determinada pelo pas-
sado. Não podemos saber com certeza se não é este 0 caso.
mam que um mundo em que os seres human os possuem
essa escolha, o que às vezes leva ao mal, é preferível a um Entretanto, deve-se destacar em favor da Defesa do Li-
vre-Arbítrio que a maioria dos filósofos acredita que temos
mu: ndo em que a ação humana é predeterminada, um mun-
do no seríamos como robôs, programados apenas para livre-arbítrio em alguma medida, e que este seria um dos
qual
realizar boas ações. De fato, se fôssemos pré-programados traços definidores do ser humano.
desse modo, não poderíamos nem mesmo chamar nossas
Livre-Arbítrio sem o mal
ações de moralmente boas, uma vez que a bondade moral
depende da opção que fazemos, De novo, há várias obje- Sendo onipotente, Deus teria o poder de criar um mundo
ções a essa proposta. houvesse livre-arbítrio, mas isento do mal.
em que
verdade, esse não é um mundo pa icularmente
Críticas à Defesa do Livre-Arbítrio se imaginar. Embora o livre-arbítrio sempre inclua a possi-
bilidade do mal, não há motivo para que chegue a existir.
Dois pressupostos É possível ter livre-arbítrio ao mesmo tempo que se decide
frimento pode ser tão doloroso que sem dúvida muita gente,
Deus poderia intervir
dada a escolha, iria preferir que o fosse, Esses seres pré-pro-
gramados poderiam até ser projetados para acreditarem ter Os teístas acreditam que Deus pode e de fato intervém no
livre-arbítrio, embora não otivessem; poderiam ser manti- mundo, basicamente realizando lages. Se Deus intervém
dos na ilusão do livre-arbítrio, com todos os benefícios de às vezes, por que escolhe fazer o que pode parecer a um des-
se crer livres, mas sem nenhum dos reveses. crente “truques” relativamente menores, tais como produzir
buracos de
Isto nos leva ao segundo pressuposto da Defesa do Li- estigmas (marcas nas mãos das pessoas, como os
vinho?
vre-Atbítrio, o de que realmente o temos, e não apenas a pregos nas mãos de Cristo) ou transformar água em
47]
“
DEUS
O BÁSICO DA FILOSOFIA
Por que Deus não interveio para impedir o Holocausto, ou grande dificuldade para prever o que iria acontecer em
qualquer ocasião em que quiséssemos chutar uma
toda a Segunda Guerra Mundial, ou a epidemia de aids? bola. À
Mais uma vez, os teístas respondem que tal interven- falta de regularidade em outros aspectos do mundo pode-
ção negaria o livre-arbítrio, Mas isto seria abandonar um ria tornara própria vida impossível. À ciência, bem como
aspecto da crença da maioria dos reístas em Deus: a ocor- a vida cotidiana, apoia-se na enorme regularidade que ca-
rência esporádica de intervenção divins a. racteriza a natureza: causas semelhantes tendendo a pro-
duzir efeitos semelhantes.
Não explica o mal natural que, como essa regularidade geral
Às vezes afirma-se
mente nos é benéfica, o ma! natural está justificado, uma
Uma crítica importante Defesa ao Livre-Arbítrio é que
à
colateral das leis
vez que é apenas um infortunado efeito
ela, na melhor das hipóteses, só pode justificar a existência
da natureza continuando a operar de modo regular, Acre-
do mal moral, isto é, o mal causado diretamente por seres
dita-se que os efeitos benéficos gerais dessa regularidade su-
humanos. Não há qualquer ligação concebível entre o li-
peram os prejudiciais, Mas esse argumento é vulnerável de
vre-arbítrio existência do mal natural, como terremo-
e a
pelo menos duas maneiras,
tos, doenças, erupções vulcânicas e assim por diante, a não
Primeiro, ele não explica por que um Deus oniporente
ser que se aceite algum tipo de doutrina como a da Queda,
não poderia ter criado leis da natureza que jamais levassem
pela qual acredita-se que a traição da confiança de Deus
de fato a algum mal natural. Uma possível resposta a isto é
por Adão e Eva causou todos os diferentes tipos de mal que limitado pelas leis da natureza; mas isto
há no mundo, À doutrina da Queda torna os seres huma- que até Deus é
sugere que Deus na realidade não onipotente,
é
nos responsáveis por toda forma de mal no mundo. Entre-
Segundo, ele não consegue explicar por que Deus
ainda
s [ss
O BÁSICO DA FILOSOFIA DE us
todos milagres que Cristo supostamente realizou, mas tanto À maior parte das religiões alega que Deus realizou
os cristãos quanto pessoas de outras religiões alegam que milagres, e que esses relatos deveriam ser tratados como con
milagres ainda ocorrem hoje, e em profusão. Aqui, vamos frmação de /que Deus existe. No entanto, há fortes argu-
considerar se a alegação de que milagres ocorreram pode- tnentos contra a atitude de bascar-se uma crença em Deus
ria fornecer evidências suficientes para se acreditar na exis- nesses relatos de milagres,
tência de Deus,
Um milagre pode ser definido como uma espécie de
Hume e os milagres
intervenção divina no rumo normal dos acontecimentos,
o que envolve nfringir uma lei estabelecida da natureza.
David Hume, na Seção X de seu Investigação sobre o enten-
a lei da natureza é uma generalização sobre o modo
«dimento humano, afirmou que uma pessoa racional jamais
como certas coisas se comportam: por exemplo, pesos caem
deveria acreditar na informação de que um milagre havia
o chão se os largamos, ninguém
se
levanta de volta dos
ocorrido, a não ser que fosse um milagre ainda maior, que
mortos e assim por diante. Essas leis da natureza basciam-
se em um vasto número de observações.
4
pessoa que relatou o milagre estivesse enganada. Afirmou,
nda, ser altamente impossível que isso um dia viesse a
Milagres deveriam, de saída, ser distinguidos de meras
ocorrências extraordinárias. Alguém pode tentar cometer acontecer. Deverfamos, como uma política pessoal, acre-
suicídio pulando de uma ponte altíssima, Por uma extra- ditar sempre no que seria o milagre menor, Nesta afirma-
vagante combinação de fatores, assim como condições dos ção Hume está deliberadamente jogando com o significado
Ventos, às roupas funcionando como um paraquedas, e as- de “milagre”. Como
já
vimos, um “milagre”, no sentido es-
sim por diante, essa pessoa pode, como já aconteceu, so- ito, é uma transgressão de uma lei da natureza que se pre-
breviver à queda. Embora isto seja extremamente incomum, sui ne ter sido operada por Deus, No entanto, quando
e possa até ser descrito pelos jornais como “um milagre”, Hume declara que deveríamos acreditar sempre no mila-
não é um milagre no sentido em que estou usando o ter- pre menor, está usando a palavra “milagre” no sentido co-
mo. Poderíamos dar uma explicação científica satisfatória tídiano, que pode incluir algo que é meramente fora do
sobre como este indi íduo veio a sobreviver: tratou-se ape- comum.
nas de um evento extraordinário, e não milagroso, uma vez Embora tenha admitido que milagres podem ocorrer,
que nenhuma lei da natureza foi infringida e, até onde po- " e achava que nunca houve um relato desses confiável
demos dizer, não houve intervenção divina envolvida, Se, 0 bastante para nele se basear uma crença em Deus, Ele usou
no entanto, essa pessoa houvesse pulado da ponte e miste- diversos argumentos fortes para apoiar essa opinião,
riosamente quicado na água, voltando para cima da ponte,
isso, sim, teria sido um milagre,
so
O BÁSICO DA FILOSOFIA
lei
jue
poníveis. E, no caso de algum relato de um haverá testemunhar um mifagre, como alguma espécie de profeta.
milagre,
Sempre mais provas para sugerir que ele não ocorreu do que Muita gente gostaria de receber a aprovação que é dada a
para sustentar que ele aconteceu de fato. Isto é apenas uma
«quem alega haver testemunhado algum. Isso pode motivar
consequência de os milagres envolverem a infri ingência de
leis naturais bem estabelecidas.
A
interpretação de eventos meramente extraordinários como
Logo, usando este argumen- milagres reveladores da presença de Deus ou até a inven-
to, o sensato deveria sempre relutar muito em acreditar
no (ão de histórias sobre eventos miraculosos.
relato de um milagre. É logicamente
sempre possível que
alguém possa se levantar dos mortos, mas há um grande
As religiões os invalidam
volume de provas em apoio à opinião de
que isso jamais
ocorreu. Embora não possamos excluir em absoluto a
pos- Milagres foram alegados por todas as
principais religiões.
sibilidade de que a Ressurreição tenha ocorrido, de Há um bom número de evidências listadas por fiéis de cada
acordo
com Hume, deveríamos nos manter bastante relutantes
em uma dessas religiões de que tais milagres realmente aconte-
Acreditar que ela aconteceu de fato. ceram. Assim, o argumento dos milagres, se fosse confiável,
Hume forneceu diversos argumentos adicionais deuses que cada religião
para provaria a existência dos diferentes
tornar essa conclusão mais convincente, alega existir. Mas claramente esses diferentes deuses não
podem rodos existir: não pode ser verdade que existe ape-
Fatores psicológicos
nas o Deus único cristão e os muitos deuses hindus. Sendo
Fatores psicológicos podem levar
pessoas à ser autoiludidas im, os milagres alegados pelas diferentes religiões anu-
ou até fraudulentas sobre a ocorrência de milagres. Por exem- lam uns aos outros como provas da existência de um Deus
plo, é fato bem observado que o assombro e a admiração são ou deuses.
combinação desses fatores deveria funcionar como
1
OVNIS como
prova da existência de vida inteligente em relatos de milagres. Uma explicação natural, mesmo que
E)
O BÁSICO DA FILOSOFIA DEUS
improvável, tem sempre mais probabilidade de ser corre- fornecer provas, mas sim mostrar que um jogador seria sen-
ta do que uma miraculosa. Certame: o relato de um sato em “apostar” que Deus existe.
milagre não poderia nur a equivaler a uma prova da exis- O argumento começa partindo da posição de um agnó:
tência de Deus. tico, isto é, alguém que acredita não existir evidência sufi-
Esses argumentos não se restringem aos relatos de ciente para se decidir se Deus existe ou não. Um agnóstico
mila-
gres apresentados por outras pessoas, Se nós mesmos nos acredita que há uma genuína possibilidade de que Deus
encontramos na posição incomum de achar que testemunha- exista, mas que não há evidência suficiente para decidir a
mos um milagre, a maioria deles ainda se aplica. Todos já questão com segurança. Um ateu, em contraste, crê que há
tivemos a experiência de sonhos, de lembrar erroneamente evidência conclusiva de que Deus não existe.
de coisas, ou de achar
que vimos coisas que não estavam real O Argumento do Jogador consiste no segui uma vez
mente presentes, Em qualquer caso em que acreditamos ter que não sabemos se Deus existe ou não, estamos mais ou
testemunhado um milagre, é m is
provável que nos- menos na mesma posição de um jogador que aguarda o des-
sos sentidos nos tenham enganado, do que um milagre te- fecho de uma corrida ou uma carta ser virada. Devemos
ha de fato ocorrido. Ou então podermos ter testemunhado então calcular as chances. Mas para o agnóstico, pode pa-
apenas algo extraordinário e, devido aos fatores psicológicos recer igualmente provável que Deus exista ou não. À linha
já mencionados, achamos que foi um milagre deação do agnóstico é ficar em cima do muro, não tomando
É claro que qualquer
pessoa que ache cer testemunhado uma decisão por qualquer dos lados. O Argumento do Jo-
de fato
um milagre deve, com toda razão, levar essa expe- gador, no entanto, diz que a decisão mais racional a tomar
riência muito a sério, Mas, como é muito fácil estar é buscar as maiores possibilidades de ganhar o prêmio, cui-
engana-
do sobre essas coisas, ta! experiência nunca deveria ser levada dando ao mesmo tempo para que a possibilidade de derro-
em conta como uma prova conclusiva da existência de Deus. ta seja a menor possível. Em outras palavras, devemos
maximizar nossos possíveis ganhos e minimizar nossas pos-
O Argumento do Jogador: a Aposta de Pascal síveis perdas. Segundo o Argumento
umen do Jogador, o melhor
meio de conseguir isso é acreditar em Deus. Há quatro con-
Todos os argumentos a favor e contra a existência de Deus sequências possíveis: se apostarmos na existência de Deus e
que examinamos até agora visavam a provar que Deus existe ganharmos (i. e, se Deus de fato existir), então consegui-
ou não existe. Todos se propunham
mento de
a
nos dar o conheci-
sua existência ou inexistência. O Argumento do
mos avida eterna — um grande prêmio, O que perdemos,
se apostarmos nessa opção e Deus não existir, não é grande
Jogador, derivado dos textos do filósofo e matemático Blaise
Pascal (1623-1662), geralmente conhecido como a “Apos-
coisa, em comparação com
a
possibilidade da vida eterna:
podemos deixar passar certos prazeres mundanos, perder
ta de Pascal”, é muito diferente desses, Seu objetivo não é muitas horas rezando e levar nossa vida sob uma ilusão,
E] ss
na
DEUS
O BÁSICO DA FILOSOFIA
acreditássemos: ir
à igreja, recitar as preces apropria-
co da condenação perpétua, das e assim por diante. Afirmava que, se
déssemos os si-
Pascal afirmou
que, como jogadores diante dessas op- nais exteriores de uma crença em
Deus, então muito
ções, a inha de ação mais racional para nós é acreditar
Deus de fato existe. Desse modo, se estivermos certos,
po-
que rapidamente desenvolveríamos
efetiva crença. Em
independente dos seres humanos, O verdadeiro sentido da Críticas ao não realismo sobre Deus
linguagem religiosa não é descrever um ser objetivamente
existente; emvez disso, é um modo de representar Ateísmo disfarçado
para nós
mesmos a unidade ideal de todos os nossos valores morais
€ espirituais e as prerrogativas
A principal crítica ao não realismo sobre Deus é
que ele
é
que esses valores têm sobre um tipo de ateísmo muito ma! disfarçado. Dizer que Deus
nós. Em outras palavras, quando um não realista desse dizer que
tipo é apenas a soma de valores humanos equivale a
afirma acreditar em Deus, isso não
quer dizer que seu Deus Deus, como tradicionalmente concebido, não existe, sen-
seja uma entidade em uma esfera separada, o tipo de do a linguagem religiosa não mais que um meio útil de
Deus descrito pelos teístas tradicionais. Em vez disso, abordar valores em um mundo sem Deus. Isto pode pare-
que-
Tem dizer que se dedicam a um
conjunto de valores morais cer hipócrita, uma vez que os não realistas rejeitam a ideia
eespirituais, e que a linguagem da
religião proporciona um «da existência de Deus ao mesmo tempo que se apegam à
meio especial rente eficaz de representar esses valores.
Como disse Don Cupitt (1934-), um dos não realistas mais
linguagem
e ao ritual religiosos, Parece mais honesto acei-
taras consequências de que Deus não existe e tornar-se ateu.
: de Deus é falar sobre as metas morais e es-
“Falar
pirituais a que deveriamos estar vis indo, e sobre o Implicações para a doutrina religiosa
que de-
verfamos nos tornar.” Uma segunda crítica à abordagem não realista da questão
De acordo com os não realistas, da existência de Deus é que ela tem implicações muito sé-
quem acredita que Deus
existe como algo autônomo esperando para ser descober- tias para à doutrina religiosa. Por exemplo, a maioria dos
to, como um outro planeta ou o Abominável Homem das teístas acredita na existência do céu; mas, se Deus não exis-
Neves, caiu nas garras do pensamento mitológico. O ver- te realmente, então tampouco existe o céu (nem, aliás, o
dadeiro sentido da linguagem religiosa, eles alegam, é
re- inferno). Da mesma forma, se Deus não existe, em um sen-
presentar para nós mesmos os mais elevados ideais humanos. tido realista, é difícil compreender como seria possível
1sso explica como as diferentes religiões vieram a existir: elas fornecer uma explicação plausível para os milagres. No en-
cresceram como uma personificação de diferentes valores tanto, a crença na possibilidade de milagres é crucial para
culturais, mas em certo sentido são todas muitos teístas. Adotar uma posição não realista quanto à
parte do mesmo
tipo de atividade. questão da existência de Deus envolveria uma revisão radi-
cal de muitas convicções religiosas básicas. Isto em si mes-
mo não precisa derrubar a abordagem não realista; se
alguém está preparado para aceitar essas revisões radicais,
pode fazê-lo consistentemente. À questão é que o ponto de
E
(O BÁSICO DA FILOSOFIA
DEUS
Todos os argumentos
para a existência de Deus que exami- Os perígos da fé
namos estiveram sujeitos a críticas. Essas
críticas não são
necessariamente conclusivas, Você pode A fé, como a descrevi, baseia-se em evidências insuficien-
conseguir encon-
trar contracríticas. Mas, se não Se houvesse evidências suficientes para declarar que
conseguir encontrar con
tractíticas adequadas, isso significa Deus existe, haveria menos necessidade de fé, pois tería-
que você deveria rejeiar
Por completo a crença em Deus? Os ateus mos o conhecimento de que Deus existe. Como não exis-
veria. Os agnósticos dariam um veredicto de “ tem evidências suficientes para se ter certeza da existência
de
provas”, Crentes religiosos, entretanto, de Deus, há sempre a possibilidade de que os fiéis estejam
poderiam afir-
mar que à abordagem filosófica, ponderando diferentes
ar-
equivocados em sua fé. E, com acrença em que já ocorre-
gumentos, é inadequada, À ram há um grande imero de fatores psicológi-
crença em Deus, poderiam milagres,
dizer, não é assunto cos que podem levar as pessoas a ter fé em Deus.
para especulação intelectual abstrata,
mas sim para comprometimento pessoal. É
uma questão
Por exemplo, a segurança que advém de
acreditar que
de fé, e não de
emprego inteligente da razão. um ser onipotente está cuidando nós é de
incgavelmente
fé envolve confiança. Se
AA
estou escalando uma mon- atraente. Acreditar em vida após a morte um ótimo antí-
é
ranha e tenho fé na força de minha doto para o medo de morrer. Esses fatores podem ser in-
corda, então confio que
la vai me segurar caso eu perca o apoio para os pés e caia centivos para se entregarem à fé em Deus. É claro
alguns
[6]
O BÁSICO DA FILOSOFIA DEUS
Os fatores psicológicos deveriam nos tornar cautelosos introdução algumas áreas importantes da meta!
a
física,
uma
quanto à nos entregamos à fé em Deus, pois é muito fácil
como a natureza do tempo.
estar enganado quanto à sua motivação
Da
nesta área, No fi-
nal, cada crente deve julgar se Os póstumos Diálogos sobre a religião natural,
oram
sua fé é ou não adequada e
autêntica. lume, publicado primeiramente em
araque brilhante e
sistemático ao
Seas
À prosa do sécul
S Dale:
:
Eoe”
Conclusão nio para a existência de Deus.
pode ser bem difícil de se entender em certos vo
os principais argumentos são
DO
fáceis de
|
Neste capítulo consideramos a maior
parte dos argumen-
ilustrados com exemplos sagazes e memoráveis.
Ha
tos tradicionais a favor e contra a existência de
Deus,
edição é Dialogues and Natural ford:
mos que existem sérias críticas
que os teístas precisam rebater Relcio
Oxford University Press World's Classics, 1993).
=
Se quiserem
manter uma crença em n Deus
onipotente,
us
Leituras adicionais
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