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Aula do dia 07/19/2020

Texto base: Interlengua, Selinker (1972)


Visualização prática: uso de alguns pronomes pessoais em português e espanhol

Na aula de hoje conversaremos sobre a expressão Interlíngua que não foi criada, mas
sim amplamente desenvolvida pelo americano Larry Selinker. Sua dedicação sempre foi
dada à aquisição de língua estrangeira a partir dos estudos comparados.
O conceito Interlíngua, de uma maneira geral, trata-se do sistema linguístico usado por
aprendizes de outras línguas. É um sistema independente. É o caminho, carregado ainda
de habilidades linguísticas da língua materna. Selinker se propõe a pensar em como a
língua estrangeira opera no cérebro, nas funções que de alguma maneira já foram
habilitadas pela língua materna.
Estrutura psicológica latente: assim denomina a estrutura da língua materna, em
exercício, a partir de um posicionamento psicolinguístico.
Estrutura latente da linguagem: esta nome é dado por Selinker ao/à falante que
conseguiu adquirir todas as habilidades linguísticas na língua estrangeira. Segundo o
autor, este foi o “mecanismo” que, em seu momento, operou no desenvolvimento da
língua materna.
A Interlingua é um estudo relevante, dentro das teorias da Análise Contrastiva, porque
trabalha com o que Wardhaugh chama de versão fraca. A palavra fraca às vezes brinca
com o nosso entendimento. Fraca, aqui, significa suave, tênue. Porque os grandes
desafios para um aprendiz não se encontra na dureza das gramáticas, mas sim no seu
funcionamento, na brevidade de seus enunciados pragmáticos. Como não temos uma
descrição da estrutura psicológica latente, as unidades que a comporia, o autor recorre
à gramática gerativa (princípios e parâmetros) para poder adaptar e pensar na
aplicabilidade dos estudos baseados na IL. E aqui começam as minhas críticas. É
complicado desenvolver uma teoria, com aplicabilidade ao ensino de línguas, que parta
de base de uma teoria que desconsidera, em muitos casos, a falante e valoriza mais a
gramática em si a partir de um universal, mas, o lado positivo, é que a gramática gerativa
de Chomsky oferece as ferramentas para se pensar em uma gramática própria na
Interlíngua (nesta etapa de aprendizagem). Isso sim é interessante!
Outro conceito desenvolvido pelo autor é o da fossilização. Chama-se fossilizado aquilo
da outra língua que a aluna nunca aprende, não desenvolve. Ou a insistente marca da
língua materna, seja na fonética, na estrutura, etc. Mais uma vez vamos às críticas...
Para um estudo desta natureza, é necessário pensar na pessoa, com marcas culturais
que se manifestam através da linguagem, reproduzem padrões do seu entorno e
expressam sua subjetividade marcada, também, por figuras de linguagem e demais
possibilidades que o “jogo linguístico” lhe permite.
Exemplos:
(1)Eu moro no Brasil
(2)Vivo en Argentina

Como explicaríamos a presença/ausência dos pronomes pessoais? Existe algo


gramatical que me impeça dizer Moro no Brasil? Existe uma explicativa gramatical que
desconsidere a emissão Yo vivo en Argentina? Se uma brasileira, depois de muitos anos
morando na Argentina, em comunicação com um hispanofalante, leva seu hábito de
fazer uso dos pronomes antes de verbos conjugados, ela estaria cristalizada, fossilizada?
Por outro lado, nada impede que um hispanofalante, sob a necessidade de se afirmar,
em comparação com outras nacionalidade, diga: ¡YO soy argentino! Estes são exemplos
simples. Sabemos que sim, pode haver impossibilidades, mas que também deve -se levar
em consideração a transposição do que o autor chama de estrutura psicológica latente
à estrutura latente da linguagem.
Estas “impossibilidades”, ou seja, a fossilização pode aparecer em qualquer habilidade
linguística.

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