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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Direito

Curso de Licenciatura em Direito

2º Ano

Resolução de Casos Práticos

Suraia da Esperança Mário José: 81210368

Nampula, Março de 2022.


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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Direito

Curso de Licenciatura em Direito

2º Ano

Resolução de Casos Práticos

Trabalho de Campo a ser submetido


na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Direito do ISCED.

Tutor: Mestre, Francisco Maneca


Marronco

Suraia da Esperança Mário José: 81210368

Nampula, Março de 2022.


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Índice
Introdução………………………………………………………………...................................
………….....…………….....4

1.Resolução de Casos Práticos...............................................................................................5

1.1.Caso Prático I......................................................................................................................5

1.1.1.Resolução.........................................................................................................................5

1.1.1.1.Elementos subjectivos.................................................................................................5

1.1.1.2.Elementos objectivos...................................................................................................6

1.2.Caso Prático II.....................................................................................................................8


1.2.1.Resolução.........................................................................................................................8

1.2.1.1.Elementos Subjectivos.................................................................................................9

1.2.1.2.Elementos objectivos...................................................................................................9

Conclusão.......................................................................................................................................13

Referências Bibliográficas..............................................................................................................14
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Introdução

De acordo com Mazzuoli (2015), o Direito regula a actividade humana, tendo o condão de
modificar as relações sociais, sempre buscando o bem-estar social e o gozo dos direitos humanos
fundamentais em um mundo globalizado e em constante mudança. Os acontecimentos sociais
exigem respostas novas do direito enquanto constituição conscienciosa do homem, sempre em
movimento, não há como dissociar o direito da organização da vida em sociedade baseada na
observância de princípios e valores.

Desse modo, a aplicação do direito ao caso concreto merece uma atenção especial, pois a lei deve
ter o condão especial de regulamentar efectivamente a sociedade em busca da pacificação social,
pois o homem não vive sozinho em uma ilha deserta, mas ele está em relação constante com
outros indivíduos e vive em uma sociedade com normas, regras e preceitos bem definidos para
dirimir conflitos e assegurar a efetiva convivência social assentada na construção de relações
harmoniosas entre os povos, evitando-se, portanto, a “lei do mais forte”, (ibdi).

E é com base nessa premissa que o presente trabalho tem como objectivo geral resolver casos
práticos, e objectivos específicos fazer o levantamento dos sujeitos, tipo subjectivo e tipo
objectivo, e para a concretização destes objectivos utilizou-se como metodologia, as referências
bibliográficas.

1.Resolução de Casos Práticos


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1.1.Caso Prático I

1.1.1.Resolução

Em primeiro lugar deve-se ter em conta que segundo o artigo 1 do código penal, que salienta que
"Crime ou delito é o facto voluntário declarado punível pela lei penal", para o caso de João que
tentou matar António, e por falha na distinção das características, acabou alvejando Moisés; e o
médico que em seu dia de trabalho não esteve presente no local de trabalho, tratam-se de crimes.

1.1.1.1.Elementos subjectivos

a) Tipicidade

Quanto a tipicidade, o crime efectuado por João é doloso, pois ele já tinha intenção de de vingar-
se do seu desafecto por António, por isso decidiu executar um plano de vingança, tirando a vida
de António, que por semelhanças da aparência física entre este e Moisés, acabou confundindo e
tirando a vida de Moisés, e de acordo com o artigo 3 do Código Penal:

1. Age com dolo aquele que, representando um facto que preenche um tipo legal de crime, actua
com intenção de o realizar.

2. Age, também, com dolo aquele que representar a realização de um facto tipificado como crime,
sendo este consequência necessária da sua conduta.

3. Há ainda dolo quando na sua actuação o agente conforma-se com a realização de um facto
tipificado como crime, sendo este consequência possível da sua conduta.

E quanto a acção ou crime praticado pelo médico é culposo, e de acordo com o artigo 13 do
Código Penal, trata-se de um crime por negligência, e o mesmo artigo diz:

"1. Age com negligência aquele que, sendo capaz, segundo as circunstâncias, não proceder com o
cuidado a que está obrigado a:

a) representar como possível a realização de um facto tipificado como crime, mas actuar sem se
conformar com tal realização;

b) não chegar sequer a representar a possibilidade de realização do facto.


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1.1.1.2.Elementos objectivos

a) O sujeito activo deste crime é o João, isso pois o João praticou a conduta descrita no
Código Penal, artigo 157, no seu número 1, na sua alínea "a" diz; "1. Será punido com
pena de prisão maior de vinte a vinte e quatro anos o crime de homicídio voluntário
declarado no artigo 155 quando concorrer qualquer das circunstâncias seguintes: a)
premeditação;". E o médico conforme o artigo 412, na sua alínea 1 que diz; " Aquele que
se recusar a prestar ou deixar de prestar qualquer serviço de interesse público, para que
tiver sido competentemente nomeado ou intimado, ou que faltar à obediência devida às
ordens ou mandados legítimos da autoridade pública ou agentes dela, será punido com
pena de prisão até três meses, se por lei ou disposição de igual força não estiver
estabelecida pena diversa." O médico também considera-se o sujeito activo por ele
favorecer a morte do motorista que estava gravemente ferido e precisava de auxílio
médico, e o médico em seu dia de plantão de serviço estava fora do serviço assistindo
jogo, e além disso, ele é o protagonista do crime, e aliando-se a isso o artigo 27 do Código
Penal, na sua alínea 1 sustenta dizendo: "Somente pode ser sujeito da infracção criminal a
pessoa que tem a necessária inteligência e liberdade."
b) O sujeito passivo material é o Moisés pois foi vítima do disparo com a arma de fogo
feito por João, acertando-o na região da caixa torácica.
c) O objecto jurídico é a vida de Moisés, pois a vida humana faz parte dos bens protegidos
por direito penal.
d) O objecto material é o corpo de Moisés, visto que este foi atingido por um disparo de
arma de fogo.
e) A conduta de João é considerada típica e antijurídica, pois o facto natural está previsto no
tipo penal, pela tentativa de homicídio, segundo o artigo 156 do Código Penal que diz:
Será punido como tentativa de homicídio ou como crime frustrado, segundo as
circunstâncias, todo o ferimento, espancamento ou ofensa corporal, feita com intenção de
matar, nos casos em que a morte se não seguiu, ou em que a morte se seguiu por efeito de
causa acidental, e que não era consequência do facto do criminoso.
f) Autor: O João é o agente do crime pois segundo o artigo 21, no número 1, na sua alínea
a), diz: 1. São autores: a) os que executam o crime ou tomam parte directa na sua
execução;
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g) Resultado
O resultado do crime de homicídio praticado por João é naturalístico com o desvalor do
resultado jurídico, ou seja, o resultado naturalístico ocorre quando há efectiva lesão de um
bem jurídico tutelado da vítima, por exemplo neste crime de homicídio praticado pelo
João interrompeu a vida de Moisés, e isso obviamente causou um resultado naturalístico,
pois modificou o mundo exterior.
h) Nexo de Causalidade
Para se encontrar a causa adoptou três ferramentas; a teoria da equivalência dos
antecedentes, utilização do elemento subjectivo (Culpa ou Dolo) como filtro para evitar a
regressão infinita, e a teoria da causalidade adequada, na hipótese de superveniência de
causa relativamente independente que produz por si só, o resultado. Para este caso, a
causa do crime é a inimizade entre João e António, ou seja, é o desafecto de João por
António.
i) A teoria da imputação objetiva, segundo Jesus (2014), “significa atribuir a alguém a
realização de uma conduta criadora de um risco relevante e juridicamente proibido e a
produção de um resultado jurídico”. A imputação objetiva sustenta que só é imputável
aquele resultado que pode ser finalmente previsto e dirigido pela vontade. Portanto, os
resultados que não forem esperados ou direcionados pela vontade humana, não são
típicos.
A imputação objectiva neste caso deu-se pelo facto de João ter desferido com arma de
fogo a Moisés, tendo-o atingido na região da caixa torácica. E o Médico também infringiu
a lei por não ter se feito presente no serviço, no horário que ele estaria de plantão
prestando serviços para os pacientes.

i) Responsabilização penal

O João e o médico terão que ser responsabilizados pelos seus actos criminais, cumprindo penas
que correspondem com os seus crimes, pois segundo o artigo 28 do código penal; "A
responsabilidade criminal consiste na obrigação de reparar o dano causado na ordem jurídica,
cumprindo a medida ou a pena estabelecida na lei." E segundo o artigo 22 do Código Penal; "A
responsabilidade criminal recai, única e individualmente, no agente do crime ou de
contravenção."
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O João, segundo o artigo 157, no número "1", e na alínea "a)" do Código Penal, será
responsabilizado e punido pelo crime de homicídio qualificado que corresponde a pena de prisão
maior de vinte a vinte e quatro anos.

E o médico, segundo o artigo 266 do Código Penal, no número 1, "O médico ou outro
profissional da saúde que em caso urgente recusar o auxílio da sua profissão, e bem assim aquele
que, competentemente convocado ou intimado para exercer acto da sua profissão, necessário,
segundo a lei, para o desempenho das funções da autoridade pública, recusar exercê-lo, será
punido com pena de prisão de dois meses a um ano e multa correspondente.

1.2.Caso Prático II

1.2.1.Resolução

Em primeiro lugar deve-se ter em conta que segundo o artigo 1 do código penal, a conduta de
Marcela, a farmacêutica Roberta e a empregada doméstica são considerados crimes.

1.2.1.1.Elementos Subjectivos

a) Tipicidade
Quanto a tipicidade, o crime praticado por Marcela é doloso ou intencional, isso justifica-
se pela decisão por ela tomada de fazer de tudo para interromper esse relacionamento e
evitar que o bebe viesse ao mundo, além de vingar-se do seu marido traidor, e isso
comprova-se de acordo com o artigo 3 do Código Penal:
E quanto as acções ou crime praticado pela Roberta e a empregada doméstica são
culposos. E de acordo com o artigo 166 trata-se de um crime contra a vida intra-uterina,
neste caso, interrupção de gravidez, ora vejamos o que diz o artigo:
1. Quem, de propósito, fizer abortar uma mulher grávida, empregando para este fim
violência ou bebida, ou medicamento, ou qualquer outro meio, se o acto for cometido sem
consentimento da mulher, é condenado na pena de prisão de 3 meses a 2 anos; se for com
consentimento da mulher, é punido com a pena de prisão até 1 ano.
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2. A mulher que consentir e fizer uso dos meios subministrados, ou que voluntariamente
procurar o aborto a si mesma é punida com pena de prisão até 2 anos.
3. O médico, farmacêutico, enfermeiro ou qualquer outro profissional de saúde que,
abusando da sua profissão, tiver voluntariamente concorrido para a execução do aborto,
indicando ou subministrando os meios, incorre na pena de prisão até 2 anos.
E segundo o artigo 13 do Código Penal, o crime praticado pela Roberta e a empregada
doméstica trata-se de crime de negligência, pois essas acções são sustentadas pelo artigo.

1.2.1.2.Elementos objectivos

a) Os sujeitos activos são a Marcela, a Roberta e a empregada doméstica, visto que eles
praticaram a conduta descrita no Código Penal, artigo 166, na alínea 1 e 3.

b) O sujeito passivo material é o Luís, pois foi vítima de uma dose de um líquido inócuo no chá,
que fez com que parasse no hospital; a Claúdia, que por sinal era sua amante, está última foi
vítima pois foi dada um comprimido que pudesse causar um aborto, e o feto ou embrião.

c) O objecto jurídico é a vida de Luís, Claúdia e do feto, pois a vida humana faz parte dos bens
protegidos por direito penal.

d) O objecto material é o corpo de Moisés, de Claúdia e do feto visto que estes foram alvos da
vingança movida por motivos passionais oriunda de Marcela, que por sinal é esposa de Luís.

e) As condutas de Marcela, Roberta e a empregada doméstica são consideradas típicas e


antijurídicas, pois o facto natural está previsto no tipo penal, pela participação na tentativa de
aborto, que segundo o artigo 166, na sua alínea "1" e "3" do Código Penal.

f) Autor:

A Marcela, a Roberta e a empregada doméstica são as agentes do crime pois segundo o artigo 21
do Código Penal, no número 1, na sua alínea a), diz: 1. São autores: a) os que executam o crime
ou tomam parte directa na sua execução;

E além disso, a Roberta e a empregada doméstica, segundo o artigo 25 do Código Penal, são
cúmplices do crime arquitetado pela Marcela, pois o artigo sustenta: 1. É punível como cúmplice
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quem, dolosamente e por qualquer forma, prestar auxílio material ou moral à prática por outrem
de um facto doloso.

2. É aplicável ao cúmplice a pena prevista para o autor, especialmente atenuada.

E além disso, a Roberta e a empregada doméstica, de acordo com o artigo 26 do Código Penal,
são comparticipantes do crime planejado por Marcela, pois o artigo diz:

1. Se a ilicitude ou o grau de ilicitude do facto dependerem de certas qualidades ou relações


especiais do agente, basta, para tornar aplicável a todos os comparticipantes a pena respectiva,
que essas qualidades ou relações se verifiquem em qualquer deles, excepto se outra for a intenção
da norma incriminadora.

2. Cada comparticipante é punido segundo a sua culpa, independentemente da punição ou do grau


de culpa dos outros comparticipantes.

g) Resultado

O resultado do crime é a tentativa de aborto praticado pela Marcela com auxílio da farmacêutica
Roberta e a empregada doméstica, trata-se de um crime material, pois admite-se no aborto a
figura da tentativa, deste modo, se o agente iniciando as manobras abortivas não atinge o
resultado pretendido por circunstâncias alheias a sua vontade, por isso concluí-se que houve
tentativa. E de outro lado, pela tentativa de prejudicar a saúde de Luís, dando-o um líquido
inócuo que fez com que ele fosse parar no hospital.

h) Nexo de Causalidade

Para se encontrar a causa adoptou três ferramentas; a teoria da equivalência dos antecedentes,
utilização do elemento subjectivo (Culpa ou Dolo) como filtro para evitar a regressão infinita, e a
teoria da causalidade adequada, na hipótese de superveniência de causa relativamente
independente que produz por si só, o resultado.

Para este caso, a causa do crime é a descoberta por parte da Marcela que o seu marido tem uma
amante de nome Cláudia, e que a mesma está grávida do mesmo.

i) A teoria da imputação objectiva


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A imputação objectiva neste caso deu-se pelo facto de Marcela ter tentado efectuar o aborto na
Claúdia, que supostamente era amante de seu marido, sem o seu consentimento, além disso, por
ela ter dado um líquido inócuo ao seu marido, vindo este a ficar hospitalizado. E além disso, são
atribuídos também no crime de aborto sem o consentimento da Claúdia, a farmacêutica Roberta e
a empregada doméstica, por elas terem ajudado na realização e materialização do crime de
aborto.

i) Responsabilização penal

A Marcela, a farmacêutica Roberta e a empregada doméstica terão que ser responsabilizados


pelos seus actos criminais, cumprindo penas que correspondem com os seus respectivos crimes.

A Marcela será responsabilizada por dois crimes, primeiro pela tentativa de aborto, que segundo
o artigo 166, do Código Penal, na sua alínea 1; "Quem, de propósito, fizer abortar uma mulher
grávida, empregando para este fim violência ou bebida, ou medicamento, ou qualquer outro meio,
se o acto for cometido sem consentimento da mulher, é condenado na pena de prisão de 3 meses a
2 anos; se for com consentimento da mulher, é punido com a pena de prisão até 1 ano." E o
segundo crime que praticou, tentado prejudicar a saúde de Luís, que supostamente é seu marido,
o artigo 162, do Código Penal, será responsabilizada e punido pelo crime de envenenamento,
como diz o artigo:

1. Quem cometer o crime de envenenamento é punido com a pena de prisão de 20 a 24 anos.

2. É qualificado como envenenamento todo o atentado contra a vida de alguma pessoa por efeito
de substâncias que podem dar a morte mais ou menos prontamente, de qualquer modo que estas
substâncias sejam empregadas ou administradas e quaisquer que sejam as consequências.

E para o caso da empregada doméstica será responsabilizada pelo crime de tentativa de


interrupção de gravidez, que segundo o artigo 166, na sua alínea 1 diz: 1. Quem, de propósito,
fizer abortar uma mulher grávida, empregando para este fim violência ou bebida, ou
medicamento, ou qualquer outro meio, se o acto for cometido sem consentimento da mulher, é
condenado na pena de prisão de 3 meses a 2 anos; se for com consentimento da mulher, é punido
com a pena de prisão até 1 ano.
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E a farmacêutica Roberta, segundo o artigo 166 do Código Penal, na alínea 3, também será
responsabilizada pelo crime de tentativa de aborto, pois o artigo dita que "3. O médico,
farmacêutico, enfermeiro ou qualquer outro profissional de saúde que, abusando da sua profissão,
tiver voluntariamente concorrido para a execução do aborto, indicando ou subministrando os
meios, incorre na pena de prisão até 2 anos.

Conclusão
Após a análise subjectiva e objectiva dos casos práticos, concluí-se que a importância do estudo
da conduta criminosa reside no fato de evitar acusações temerárias e arbitrárias do Estado,
buscando, sobretudo, a Justiça como valor supremo de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, utilizando-se do Direito Penal como instrumento de garantia das liberdades
públicas, e não como chave do poder arbitrário, da força e da ditadura apelativa e abjeta que
ainda encontram cinzas em nosso meio.
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Referências Bibliográficas

1. JESUS, Damásio de. Direito Penal, volume 1. 35ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2014.
2. O Código Penal, aprovado pela Lei n.º 35/2014, de 31 de Dezembro.
3. MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional Público. 9ªed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2015.

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