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HISTOLOGIA

Informática Biomédica

Introdução a Histologia

Prof. Luis Lamberti P. da Silva


O QUE É HISTOLOGIA?

É o estudo dos tecidos e do modo como os seus


componentes individuais (células e matriz
extracelular) se relacionam estrutural e
funcionalmente. É também o estudo de como os
tecidos se organizam em órgãos e sistemas.
HISTOLOGIA
•  Os tecidos são formados por células e matriz
extracelular

• As células são unidades funcionais dos tecidos

•  Os animais vertebrados possuem 4 tipos


fundamentais de tecido:

–  Tecido Epitelial
–  Tecido Conjuntivo
–  Tecido Muscular
–  Tecido Nervoso

•  Os tecidos formam órgãos e sistemas


HISTOLOGIA
relação entre estrutura e função
A função principal do pulmão
é captação de O2 e eliminação de CO2
pelo sangue

Capilar

Septo interalveolar

Paredes muito A estrutura


finas composta
histológica do
de células A estrutura histológica
epiteliais epitélio intestinal
dos alvéolos do pulmão Facilita a absorção
achatadas
facilita as trocas dos alimentos
gasosas
HISTOLOGIA: importância

•  A histologia é essencial nas ciências biológicas e


médicas (toda doença reside em um tecido)

•  Juntamente com a bioquímica, a biologia


molecular e a fisiologia, a histologia descobre
processos patológicos e os seus efeitos
HISTOLOGIA
Os estudos histológicos se iniciaram com
1600’s
microscópios de luz, muito simples....

1700’s

Antoni Van 1800’s


Leewenhoek

2000’s Capilar

... e avançou com o


desenvolvimento de microscópios
mais complexos.
Componentes básicos de um micrópio óptico moderno

Componentes ópticos
Componentes mecânicos Ocular

Braço
Revólver

Objetiva

Lente frontal
da Objetiva
Charriot
Platina
Parafuso Macrométrico
Condensador
Parafuso Macrométrico
Diafragma-Iris do
Base condensador

Controle Iluminador
iluminação
Trajeto da luz no microscópio

- Olho do observador ou detector


- Lentes da Ocular
- Lentes da Objetiva
- Espécime
- Lentes do condensador
- Diafragma do condensador
- Diafragma de campo
-Iluminador
Funções dos Componentes ópticos

Ocular: Amplia a imagem projetada


pela objetiva e a projeta na retina.

Objetiva: Coleta a luz que passa


pelo espécime e projeta uma
imagem aumentada deste em
direção à Ocular.

Condensador: Concentra a luz e


projetam um feixe luminoso no
espécime
Magnificação

Magnificação total =
Valor de Magnificação da objetiva X
Valor de Magnificação da ocular
Poder de Resolução

A menor distância entre duas partículas que permitam que elas


sejam vistas como dois objetos separados

O poder de resolução máximo ou limite de resolução do microscopio de luz é


aproximadamente 0,2 µm

LR = Limite de Resolução
0.61λ
LR = λ = comprimento de onda da luz usada
A.N.
A.N. = abertura numérica da objetiva
O poder de resolução de um microscopio óptico
depende da objetiva
Abertura numérica: A.N
(capacidade de receber luz/informação do objeto)

A.N. = n sen θ

n = índice de refração do meio

θ = ½ da abertura angular do
cone de raios coletados pela
objetiva a partir de um ponto
tipico do especime)
Informações na armadura das objetivas
Olho nu

Microscópio ó/co

Microscópio
eletrônico

Figure 1-9 Essential Cell Biology (© Garland Science 2010)


HISTOLOGIA

•  O avanço dos microscópios foi seguido pelo


desenvolvimento de técnicas para a preparação
de cortes delgados, para permitir a passagem da
luz ou dos elétrons.

–  Fixadores
–  Meio de inclusão
–  Micrótomos
–  Corantes
HISTOLOGIA
Técnicas histológicas

A preparação de amostras para observação ao microscópio de


luz transmitida, em geral, envolve as seguintes etapas:

1. Fixação

2. Inclusão (desidratação, diafanização, impregnação)

3. Microtomia (obteção de cortes muito finos)

4. Coloração

5. Montagem da lâmina
HISTOLOGIA
Fixação
•  O tecido é imerso em uma solução fixadora

•  A principal função dos fixadores é induzir a formação de ligações cruzadas


“crosslinking”, desnaturar ou precipitar as proteínas dos tecidos

•  Enrijecimento do tecido, penetração de substâncias insolúveis e a coloração

•  Um dos melhores fixadores para trabalhos com o uso de microscópio de luz


é o formaldeido a 4% em solução tamponada

Formaldeido PONTE METILENO


HISTOLOGIA
Inclusão

- Impregnar tecidos com uma substância de consistência firme que permita


cortá-los em fatias finas
- Maioria das inclusões é feita em Parafina

Etapas do processo:
Tecido - Desidratação: substituição de água por
álcool (parafina não é miscível em água)
- Diafanização (clarificação): Substituição
do álcool por Xilol (xilol é miscível em
álcool e parafina)
- Impregnação: substituição do Xilol por
Parafina (tecido mergulhado em parafina
fundida 60oC)
HISTOLOGIA
Microtomia: obtenção de cortes

•  O tecido é seccionado em cortes delgados

•  Os cortes têm cerca de 5-8µm de espessura

•  Os cortes são feitos com micrótomo

Bloco de
parafina
com
tecido
Fita de
cortes

Após a microtomia, o tecido é tratado com xilol novamente para a remoção


da parafina e reidratado, para que possa ser submetido à coloração
HISTOLOGIA
Montagem

Fita de Lamina
cortes

Os cortes que saem do Os cortes são esticados


micrótomo possuem em banho-maria com
ondulações água quente
HISTOLOGIA
Coloração

•  Os cortes são corados para permitir que sejam


observados os detalhes dos tecidos e suas células

•  Os corantes coram as diferentes estruturas dos tecidos


e as diferentes partes das células que os formam.
HISTOLOGIA
Coloração

•  A maioria dos corantes funcionam como ácidos ou bases

•  Corantes básicos: carregam carga positiva e reagem com


componentes celulares carregados negativamente:
coram estruturas basófilas

Ex. grupos fosfato, ácidos nucléicos, grupos sulfatos de


glicosaminoglicanos e grupos carboxila das proteínas

Ex de estruturas coradas: heterocromatina, RNA


ribossômico, matriz extracelular da cartilagem

Alguns corantes básicos: hematoxilina, azul de metileno,


verde metil e azul de toluidina
HISTOLOGIA
Coloração

•  Corantes ácidos: carregam carga negativa e reagem com


componentes das células carregados positivamente:
coram estruturas acidófilas

Ex de estruturas coradas: citoplasma, filamentos


citoplasmáticos, fibras extracelulares

Alguns corantes ácidos: eosina, fucsina ácida, azul de


anilina e orange G
HISTOLOGIA
Hematoxilina e eosina

•  A combinação Hematoxilina e Eosina é a coloração mais


usada em histologia e também em patologia para o
diagnóstico de tumores

•  Hematoxilina é um corante básico


Cora estruturas com componentes
ácidos como o núcleo

HE do adrenal medula

•  Eosina é um corante ácido


Cora componentes básicos como o citoplasma
HISTOLOGIA
Tricômico de Masson

Constituintes de Tricrômico de Masson :


•  Hematoxilina
•  Fucsina ácida
•  Ponceau de xilidina
•  Verde-luz

Músculo: Colágeno: Queratina:


vermelho verde vermelho

Colágeno:
verde

Núcleo:
azul/preto
HISTOLOGIA
Interpretação de cortes
Distorções e artefatos causados pelo processamento dos tecidos

- Aparecimento de espaços:
Retração
- Dobras no corte Perda de moléculas (lipídeos, glicogênio,...)
- Precipitado de corantes

Amostras bidimensionais de estruturas tridimensionais


HISTOLOGIA
Interpretação de cortes

Corte transversal

Corte
transversal de
um ducto Ducto de
glândula
exócrina
Corte logitudinal

Corte
logitudinal
do mesmo
ducto
HISTOLOGIA

Informática Biomédica

Tecido epitelial

Prof. Luis Lamberti P. da Silva


TECIDO EPITELIAL
Funções

•  Absorção
Epitélios: intestinal, alvéolo pulmonar, endotélio
vascular, e epitélio dos túbulos renais

•  Revestimento e Proteção
Epiderme e revestimento do cólon

•  Secreção
Células caliciformes, fossetas gástricas, glândulas
exócrinas e endócrinas
TECIDO EPITELIAL
Características
•  Geralmente avascularizado
•  Escassez de matriz extracelular
•  Membrana basal (lamina basal + componentes do tecido
conjuntivo) separa e prende o epitélio ao tecido conjuntivo
•  Células polarizadas e justapostas com junções intercelulares

Trama terminal

Células
polarizadas
e
justapostas Membrana basal
Tecido conjuntivo
Traquéia
Tecido Epitelial Tecido Conjuntivo

•  Células fortemente unidas •  Células esparsamente distribuídas


•  Células suportam o estresse mecânico •  Matriz suporta o estresse mecânico
•  Matriz escassa: lâmina basal •  Matriz abundante

Figure 19-1 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)


Classificação Funcional das Junções Celulares

Junções Ocludentes
“Selam” o espaço entre células em um epitélio
evitando a difusão indiscriminada de moléculas

Junções de Ancoramento
Conectam mecanicamente as células (e seu
citoesqueleto) às células vizinhas ou à matriz
extracelular

Junções Comunicantes
Criam estruturas que permitem a passagem de sinais
elétricos ou químicos de uma célula à outra em interação
Mecanismos de adesão juncionais e
não-juncionais

Complexo
Juncional

Lamina basal
20-100 nm
de espessura
TECIDO EPITELIAL
Classificação

De acordo com sua estrutura e função os epitélios


podem ser classificados em:

Epitélios de Revestimento

Epitélios Glandulares
TECIDO EPITELIAL
Classificação

Tecido Epitelial de Revestimento:


•  Células aderem umas as outras formando camadas que
revestem superfícies externas e cavidades do corpo.

–  Exemplos: A epiderme e epitélio intestinal

Epiderme
Epitélio
intestinal

Pele Jejuno
TECIDOS EPITELIAIS DE REVESTIMENTO
Estratificado
Simples
Pavimentoso
Pavimentoso

Estratificado
Simples Cúbico Cúbico

Simples
Prismático Estratificado
(Colunar Prismático
ou
cilíndrico)
Célula Membrana
Caliciforme Basal
Epitélios de revestimento mais comuns no corpo humano
TECIDOS EPITELIAIS DE REVESTIMENTO

SIMPLES: Alvéolo

Pavimentoso

Pulmão
Cúbico

Tubulos coletores
Constituído de uma só
camada de células

Rim
TECIDOS EPITELIAIS DE REVESTIMENTO
Pseudoestratificado:
Simples: Prismático
Prismatico

Cílio
Borda em
escova
Célula
Caliciforme

Célula
Caliciforme

Intestino Traquéia
TECIDOS EPITELIAIS DE REVESTIMENTO
Epitélio Estratificado - Constituído por mais de
uma camada de células

Epitélio Estratificado

Epitélio estraficado
pavimentoso

Queratina
Epitélio
estraficado
pavimentoso

Esôfago Pele
Não queratinizado (cavidades umidas) Queratinizado (pele)
TECIDO EPITELIAL
Classificação
Tecido Epitelial Glandular:
Constituído por células especializadas na atividade de secreção.
Glandulas:
•  Unicelulares - ex. célula caliciforme
•  Pluricelulares - ex. glândulas salivares

Cílios Células
caliciformes
Ducto
Ácino
mucoso
Epitélio colunar pseudo-
estratificado ciliado Ácino
seroso

Traquéia Glândula submandibular


Glândulas Epiteliais

Desenvolvimento das glândulas epiteliais


TECIDO EPITELIAL GLANDULAR
Características
Glândula exócrina Glândula endócrina

Células glandulares

Circulação sangüínea

Origem: Tecido Epitelial de Revestimento

Glândula exócrina Glândula endócrina


•  Presença de ducto •  Ausência de ducto
excretor •  Altamente vascularizada
•  Secreta produtos para o •  Secreta produtos na corrente
meio exterior ou cavidades sangüínea
do corpo
Secreção Endócrina
Secreção de mensageiros químicos
(hormônios) para corrente circulatória

Os mensageiros atuam sobre


Fonte: Stevens and Lowe, Histologia tecidos distantes
GLÂNDULAS ENDÓCRINAS
Tipos

1. Cordonal
•  Células se dispõem em fileiras ou cordões
•  Os cordões ficam separados por capilares
sangüíneos
Zona
Glomerulosa

Capsula

Zona
Fasciculada

Adrenal (suprarenal) - Córtex


GLÂNDULAS ENDÓCRINAS
Tipos

2. Vesicular ou folicular

•  Células se agrupam
formando vesículas

•  Constituídas por uma só


camada de células que
limitam um espaço onde a
secreção se acumula

Tireóide
GLÂNDULAS EXÓCRINAS
Tipos

1. Células secretoras isoladas

Célula Caliciforme

Fonte: Stevens and Lowe, Histologia

•  Estas glândulas não têm


ductos Intestino delgado

•  Secretam produtos direto


na luz do órgão ou na
superfície
GLÂNDULAS EXÓCRINAS
Tipos
Glândula tubular simples reta

ducto

Fonte: Stevens
and Lowe,
Histologia
Cólon

Glândula intestinal ou cripta de


Lieberkühn
GLÂNDULAS EXÓCRINAS

Glândula tubular simples enovelada


Glândula sudorípara

Ducto

Fonte: Stevens and


Lowe, Histologia

•  As células secretoras
estão presentes na parte
distal da glândula Células
secretoras
•  O ducto excretor longo
transporta os produtos de
secreção para o exterior
GLÂNDULAS EXÓCRINAS
Glândula alveolar (ou acinosa) simples

Neste tipo de glândula as células


epiteliais secretoras estão arranjadas
em ácinos
Ácino seroso
Sebaceous gland: Holocrine secretion eTexts Bookstore - The Online Medical Textbooks Library for Students plus USMLE Steps 123 5/6/13 11

– Secreção proteínas (enzimas)


– células com citoplasma basófilo,
núcleo arredondado e luz
pequena
Ácino mucoso
–  produz muco (glicoproteínas)
– células com citoplasma claro,
núcleo achatado e luz ampla
• 
GLÂNDULAS EXÓCRINAS

Glândula com ductos ramificados (composta)

Ducto
Ácino Ácino
seroso mucoso

Fonte: Stevens and Lowe, Histologia Glândula submandibular


Porção secretora mista
(secreção seromucosa)

Porcão secretora
serosa (enzimas)

Porcão secretora mucosa


(muco/glicoproteínas)
Epitélio de transição
Bibliografia
Abraham Kierzembaum. Histologia e Biologia Celular, Elsevier
2007.

Junqueira e Carneiro. Histologia Basica. 1999. Guanabara Koogan

Junqueira e Carneiro. Histologia Basica, Texto/Atlas. 2004.


Guanabara Koogan

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