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24/09/2010

CRISE HIPERTENSIVA

CRISE  Condição clínica caracterizada por elevação


aguda ou crônica da pressão arterial, de forma
absoluta, a nível diastólico > 120 mmHg ou, de
HIPERTENSIVA forma relativa ao nível previamente existente,
em portadores ou não de hipertensão arterial
Em associação ou não com manifestações de
comprometimento de órgãos-
órgãos-alvo –
cardiovasculares, neurológicas e renais
Consenso Brasileiro de
Hipertensão Arterial Prof Dr Pedro Marco Karan Barbosa
FAMEMA

CRISE HIPERTENSIVA CRISE HIPERTENSIVA


 Crise hipertensiva é a elevação, repentina, rápida,
severa, inapropriada e sintomática da pressão arterial,
em pessoa normotensa ou hipertensa.  A prevalência da hipertensão arterial é elevada,
estimando-se que cerca de 15% a 20% da
estimando-
 Os órgãos alvo da crise hipertensiva são: os olhos, rins, população brasileira adulta possa ser rotulada
coração e cérebro. como hipertensa.
 A crise hipertensiva apresenta sinais e sintomas agudos
de intensidade severa e grave com possibilidades de  Considerada um dos principais fatores de risco
deterioração rápida dos órgãos alvo. de morbidade e mortalidade cardiovasculares,
seu alto custo social é responsável por cerca de
 Pode haver risco de vida potencial e imediato, pois os 40% dos casos de aposentadoria precoce e de
níveis tensionais estarão muito elevados, superiores a absenteísmo no trabalho em nosso meio.
110 mmHg de pressão arterial diastólica ou mínima.

CRISE HIPERTENSIVA
 A pressão arterial (PA) é igual ao volume de sangue (VS)
CRISE HIPERTENSIVA
que sai do coração vezes a resistência periférica que ele
encontra ao circular pelo nosso organismo (PA= VS x
RP).  Comprometimento instalado ou iminente de órgão-
órgão-alvo –
coração, artérias, cérebro, rim
 O volume de sangue que sai do coração não sofre
grandes influências, a não ser em casos especiais de
falência do órgão ou excesso de volume sangüíneo
circulante. Assim, a maioria dos casos de hipertensão
ocorre por alteração da resistência periférica. SIM NÃO

 O aumento repentino da resistência periférica ocorre


pela falta de regulação neurodinâmica dos mecanismos
que regulam a pressão arterial. EMERGENCIA URGENCIA
HIPERTENSIVA HIPERTENSIVA

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CRISE HIPERTENSIVA SINAIS E SINTOMAS


 As situações patológicas que atuam sobre a  sensação de mal-
mal-estar
resistência periférica podem ter inúmeras origens:
 ansiedade e agitação

1. neurológicas,  cefaléia severa


2. vasculares,  tontura
3. medicamentosas,
4. drogas  borramento da visão
5. secreção excessiva ou inapropriada de  dor no peito
hormônios.
 tosse e falta de ar

CRISE HIPERTENSIVA – PRINCIPAIS


SINAIS E SINTOMAS
URGENCIAS
hipertensão arterial associada
 A crise é acompanhada de sinais e sintomas em outros órgãos.
 aneurisma dissecante da aorta
 No rim, surge hematúria, proteinúria e edema.
 encefalopatia hipertensiva
 No sistema cardiovascular, falta de ar, dor no peito, angina, infarto,
arritmias e edema agudo de pulmão.  acidente vascular cerebral de qualquer origem isquêmica ou
hemorrágica
 No sistema nervoso, acidente vascular do tipo isquêmico ou
hemorrágico, com convulsões, dificuldade da fala e da  nefrites agudas
movimentação.
 trauma operatório de cirurgia cardíaca, vascular, neurológica
 Na visão, borramento, hemorragias e edema de fundo de olho ou de tumores de supra-
supra-renal

 crise de rebote pela suspensão abrupta de certos


medicamentos anti-
anti-hipertensivos de uso contínuo (clonidina)

CRISE HIPERTENSIVA – PRINCIPAIS CRISE HIPERTENSIVA – PRINCIPAIS


URGENCIAS URGENCIAS
 gestação complicada pré-
pré-eclâmptica ou eclâmptica  Tratamento
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) acompanhada de grande e
 consumo excessivo de estimulantes, como anfetaminas, cocaína, repentina elevação da pressão arterial requer que os pacientes
medicamentos para resfriados que contenham vasoconstritores sejam protegidos de lesão dos órgãos alvo: olhos, rins, coração e
(descongestionantes nasais) cérebro.
Os níveis de pressão arterial devem ser imediatamente diminuídos
 uso excessivo de corticóides ou produção aumentada por com medicações especiais orais e intravenosas, usadas pelos
tumores da supra-
supra-renal e excepcionalmente, em alguns casos, médicos sob controle rigoroso em unidades de tratamento intensivo.
pelo uso de anticoncepcionais A internação com sucesso evita danos severos e lesões irreversíveis
que podem levar o paciente ao óbito, como infarto agudo, edema
agudo de pulmão, encefalopatia hipertensiva e acidentes vasculares
 feocromocetoma cerebrais isquêmicos ou hemorrágicos graves.
A intervenção deve ser de intensidade correspondente à gravidade
 alterações vasculares renais agudas em pacientes da crise para evitar as complicações e também para impedir que a
ateroscleróticos, com piora da hipertensão renovascular. hipertensão se torne acelerada ou "maligna".

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CRISE HIPERTENSIVA – PRINCIPAIS


URGENCIAS
 Entretanto, a verdadeira crise hipertensiva
requer hospitalização, atendimento
intensivo e imediato com medicações e
cuidados especiais, quase sempre do
gênero de vasodilatadores potentes que
diminuam bastante a resistência periférica
alterada.

Martin JFV; Higashiama E; Garcia E;Luizon MR;Cipullo JP


São José do Rio Preto, SP

Medida Indireta da Pressão Arterial


Medida Indireta da Pressão Arterial
1 Explicar o procedimento ao paciente.

 A medida da pressão arterial, pela sua importância, deve 2 - Certificar-


Certificar-se de que o paciente:
ser estimulada e realizada, em toda avaliação de saúde, - não está com a bexiga cheia;
por todos os profissionais da área de saúde. - não praticou exercícios físicos;
- não ingeriu bebidas alcoólicas, café,
 O esfigmomanômetro de coluna de mercúrio é o ideal alimentos, ou fumou até 30 minutos antes
para essas medidas. Os aparelhos do tipo aneróide, da medida.
quando usados, devem ser periodicamente testados e
devidamente calibrados.
3 - Deixar o paciente descansar por 5 a 10 minutos
em ambiente calmo, com temperatura agradável.
 A medida da pressão arterial deve ser realizada na
posição sentada, de acordo com o procedimento descrito
a seguir: 4 - Localizar a artéria braquial por palpação.

Medida Indireta da Pressão Arterial

 5 - Colocar o manguito firmemente cerca de 2


cm a 3 cm acima da fossa antecubital,
centralizando a bolsa de borracha sobre a
artéria braquial. A largura da bolsa de borracha
do manguito deve corresponder a 40% da
circunferência do braço e seu comprimento,
envolver pelo menos 80% do braço. Assim, a
largura do manguito a ser utilizado estará na
dependência da circunferência do braço do
paciente (Tabela
(Tabela I).
I).

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Medida Indireta da Pressão Arterial Medida Indireta da Pressão Arterial


11 - Solicitar ao paciente que não fale durante o
6 - Manter o braço do paciente na altura do coração. procedimento de medição.
7 - Posicionar os olhos no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do
mostrador do manômetro aneróide. 12 - Inflar rapidamente, de 10 mmHg em

8 - Palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, 10 - mmHg, até o nível estimado da pressão arterial.
para a estimativa do nível da pressão sistólica, desinflar
rapidamente e aguardar de 15 a 30 segundos antes de inflar
novamente. 13 - Proceder à deflação, com velocidade constante inicial
de 2 mmHg a 4 mmHg por segundo, evitando congestão
9 - Colocar o estetoscópio nos ouvidos, com a curvatura voltada para a venosa e desconforto para o paciente.
frente.

10 - Posicionar a campanula do estetoscópio suavemente sobre a 14 - Determinar a pressão sistólica no momento do


artéria braquial, na fossa antecubital, evitando compressão aparecimento do primeiro som (fase I de Korotkoff), que
excessiva. se intensifica com o aumento da velocidade de deflação.

Medida Indireta da Pressão Arterial Medida Indireta da Pressão Arterial

 16 - Registrar os valores das pressões sistólica e


diastólica, complementando com a posição do paciente,
 15 - Determinar a pressão diastólica no o tamanho do manguito e o braço em que foi feita a
desaparecimento do som (fase V de Korotkoff), mensuração. Deverá ser registrado sempre o valor da
exceto em condições especiais. Auscultar cerca pressão obtido na escala do manômetro, que varia de 2
mmHg em 2 mmHg, evitando-
evitando-se arredondamentos e
de 20 mmHg a 30 mmHg abaixo do último som valores de pressão terminados em "5".
para confirmar seu desaparecimento e depois
proceder à deflação rápida e completa. Quando  17 - Esperar 1 a 2 minutos antes de realizar novas
os batimentos persistirem até o nível zero, medidas.
determinar a pressão diastólica no abafamento
dos sons (fase IV de Korotkoff).  18 - O paciente deve ser informado sobre os valores da
pressão arterial e a possível necessidade de
acompanhamento.

Situações Especiais de Medida da


Situações Especiais de Medida da
Pressão Arterial - Crianças
Pressão Arterial - Idosos
 A determinação da pressão arterial em crianças
é recomendada como parte integrante de sua  Na medida da pressão arterial do idoso, existem dois
avaliação clínica. À semelhança dos critérios já aspectos importantes:
descritos para adultos:
1) Maior freqüência de hiato auscultatório, que subestima a
1) A largura da bolsa de borracha do manguito verdadeira pressão sistólica.
deve corresponder a 40% da circunferência do
braço. 2) Pseudo-
Pseudo-hipertensão, caracterizada por nível de pressão
2) O comprimento da bolsa do manguito deve arterial falsamente elevado em decorrência do
envolver 80% a 100% da circunferência do enrijecimento da parede da artéria. Pode ser detectada
braço. por meio da manobra de Osler, que consiste na inflação
3) A pressão diastólica deve ser determinada na do manguito até o desaparecimento do pulso radial. Se a
fase V de Korotkoff artéria continuar palpável após esse procedimento, o
paciente é considerado Osler positivo.

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Situações Especiais de Medida da Situações Especiais de Medida da


Pressão Arterial - Gestantes Pressão Arterial - Obesos

 Considera-se hipertensão arterial na


Considera-
gravidez quando o nível da pressão  Em pacientes obesos, deve-
deve-se utilizar
manguito de tamanho adequado à
arterial for maior ou igual a 140/90 circunferência do braço.
mmHg, em duas aferições, com intervalo
mínimo de 4 horas (se a pressão arterial
diastólica for maior ou igual a 110 mmHg,
confirmada após 1 hora, caracteriza-
caracteriza-se
forma grave de hipertensão)

Critérios Diagnósticos e Classificação

valores abaixo do percentil 90 = normotensão;


• entre os percentis 90 e 95 = normal limítrofe;
• acima do percentil 95 = hipertensão arterial

Rotina Diagnóstica e de Seguimento


De acordo com a situação clínica presente, recomenda-se que as medidas História Clínica
sejam repetidas em pelo menos duas ou mais visitas. As medições na
primeira avaliação devem ser obtidas em ambos os membros superiores. As
posições recomendadas na rotina para a medida da pressão arterial são  São aspectos relevantes da história clínica:
sentada e/ou deitada.

1 - Identificação: sexo, idade, raça e condição


socioeconômica.

2 - História atual: duração conhecida da


hipertensão arterial e níveis de pressão arterial;
adesão e reações adversas a tratamentos
prévios; sintomas de doença arterial
coronariana, insuficiência cardíaca, doença
cerebrovascular, insuficiência vascular arterial
periférica, doença renal e diabete melito;
indícios de hipertensão secundária.

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História Clínica História Clínica


3 - Investigação sobre diversos aparelhos e fatores de
risco: dislipidemia, tabagismo, diabete melito, obesidade 6 - Perfil psicossocial: fatores ambientais e
e sedentarismo; alteração de peso; características do psicossociais, sintomas de depressão, situação
sono; função sexual; e outras afecções concomitantes, familiar, condições de trabalho e grau de
como doença pulmonar obstrutiva crônica e gota. escolaridade.

4 - História pregressa de doença arterial coronariana,


insuficiência cardíaca, doença cerebrovascular,
7 - Avaliação dietética, incluindo consumo de sal,
insuficiência vascular arterial periférica, doença renal e bebidas alcoólicas, gordura saturada e cafeína.
diabete melito.
8 - Consumo de medicamentos ou drogas que
5 - História familiar de acidente vascular encefálico, doença possam elevar a pressão arterial ou interferir em
arterial coronariana prematura (homens < 55 anos; seu tratamento.
mulheres < 65 anos), doença renal, diabete melito,
dislipidemia, morte prematura e súbita.

Exame Físico Exame Físico


 Os itens relacionados a seguir dever ser destacados no 4 - Pescoço: palpação e ausculta das artérias carótidas,
exame físico: verificação da presença de estase venosa e palpação de
tireóide.
1 - Medida de peso e altura, para cálculo do índice de massa
corporal.
5 - Exame do precórdio: icto sugestivo de hipertrofia ou
dilatação do ventrículo esquerdo, arritmias, 3a bulha
2 - Inspeção: fácies e aspecto físico sugestivos de hipertensão (sinaliza disfunção sistólica do ventrículo esquerdo) ou
secundária. 4a bulha (sinaliza presença de disfunção diastólica do
ventrículo esquerdo), hiper-
hiper-fonese de 2a bulha em foco
3 - Sinais vitais: duas medidas da pressão arterial, separadas aórtico, além de sopros nos focos mitral e aórtico.
por intervalo de pelo menos 2 minutos, com o paciente em
posição deitada ou sentada. Deve ser medida também a
pressão após 2 minutos na posição em pé, nas situações 6 - Exame do pulmão: ausculta de estertores, roncos e
especificadas anteriormente. Verificar a pressão do braço sibilos.
contralateral; caso as pressões sejam diferentes, considerar
a mais elevada. A freqüência cardíaca também deve ser
medida.

Exame Físico
Avaliação Laboratorial
7 - Exame do abdome: massas abdominais indicativas de
rins policísticos, hidronefrose, tumores e aneurismas. Avaliação básica
Identificação de sopros abdominais (aorta e artérias  Os exames laboratoriais recomendados como básicos na
renais).
avaliação do hipertenso estão apresentados no Quadro 4
8 - Extremidades: palpação de pulsos braquiais, radiais,
femorais, tibiais posteriores e pediosos. A diminuição da
amplitude ou o retardo do pulso das artérias femorais
sugerem doença obstrutiva ou coartação da aorta.
Verificação de edema.

9 - Exame neurológico sumário.

10 -Exame de fundo do olho: identificar estreitamento


arteriolar, cruzamentos arteriovenosos patológicos,
hemorragias, exsudatos e papiledema.

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Avaliação Laboratorial
Avaliação básica
 Os exames laboratoriais recomendados como básicos na
avaliação do hipertenso são: urina (bioquímica e
sedimento); creatinina; potássio; glicemia; colesterol
total e ECG em repouso

Avaliação complementar
 Monitorização ambulatorial (MAPA); RX de tórax, ECG e
teste de esforço (pacientes com risco coronariano)
HDL – colesterol (sempre que o colesterol e a glicemia
estiverem elevados); triglicérides; ácido úrico; proteína,
Hb e Ht, c´
c´lacio e TSH

TRABALHO EM EQUIPE
 Tratamento Não-
Não-Medicamentoso ou Modificações do
Estilo de Vida
 Redução do peso
 Redução da ingestão de sal / sódio
 Aumento da ingestão de potássio
 Redução do consumo de bebida alcoólica
 Exercício físico regular
 Abandono do tabagismo
 Controle da dislipidemia e Diabete Melito
 Suplementação de cálcio e magnésio
 Medidas antiestresse
 Evitar drogas que elevem a PA

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

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