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DELIRIUM

HOSPITALAR:
Contribuições da Psicologia

Minicurso Gratuito
Palestrante: Thaís Martins – CRP 06/141079
Parceria: Catavento Instituto e Talia Oliveira
QUEM SOU EU?
Thaís Martins – CRP 06/141079

• Psicóloga referência do Departamento de Pacientes


Graves do Hospital Albert Einstein.
• Especialista em Saúde Intensiva por meio do Programa
de Residência Multiprofissional da Universidade São
Francisco.
• Pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado do Amazonas.
• Formanda em Terapias Cognitivas através da
Psicoeducar Terapias Cognitivas.
• Psicóloga Clínica com base da Terapia Cognitivo-
comportamental.
• Supervisora Hospitalar.
Conteúdo Programático

Definição de Delirium

Classificação de Delirium

Diagnóstico de Delirium

Prevenção do Delirium

Thaís Martins CRP 06/141079


DEFINIÇÃO
DELIRIUM
Thaís Martins CRP 06/141079
Delirium é:

Delirium pode ser definido como uma disfunção


cerebral aguda caracterizada por alterações do
estado de consciência transitórias e flutuantes,
acompanhadas de compromisso cognitivo, que
afeta, com frequência, doentes internados em
unidades de cuidados intensivos (UCI) com
origem orgânica.

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Delirium é:

Uma perturbação da atenção e da consciência


seguida por variação da cognição que não pode mais
ser bem esclarecida por uma demência prévia ou em
desenvolvimento.

Essa perturbação evolui em um curto período de


tempo com propensão a flutuar ao longo do dia

É resultante de uma causa fisiológica direta de outra


condição médica, intoxicação ou abstinência de
substância, de exposição a uma toxina ou decorrente
de múltiplas etiologias.

DSM-5, 2013.

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Delirium é proveniente do verbo em latim delirare, que
quer dizer “estar fora do caminho”, sugerindo,
metaforicamente, que o paciente
“está sem rumo”.

É uma síndrome orgânica cerebral de etiologia não


específica.

CID-10.

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O QUE PODE CAUSAR DELIRIUM?

• Longo período de hospitalização


• Infecção/ Sepse
• Doença crônica descompensada
• Encefalopatia
• Uso de substância químicas – Delirium Tremmes

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FATORES DE RISCO

Escore de
Idade
gravidade da
acima de
doença
70 anos
Déficit elevado

visual ou
nutrição
auditivo Uréia/creati
Consumo de
nica acima
drogas
de 18
Uso de Condições Doença
psicofárma renal ou Condições
cos Pré-existentes hepática
Agudas
Alterações
metabólicas
Consumo História de
(glicemia,
de álcool depressão, Sepse
natremia e
no mês demência e
função
anterior epilepsia
Infecção tireoidiana)
por HIV Hipertemia/
Febre ou
hipotermia

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FATORES DE RISCO
Medicações:
anticolinérgicos,
sedativos e
analgésicos

CVC Restrição física

Ambientais

SVD ou sonda Alimentação


retal por sonda

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QUAIS OS PRINCIPAIS SINAIS E
SINTOMAS DO QUADRO DE DELIRIUM?
• Confusão mental
• Déficit de atenção
o Foco
o Sustentação
o Alternância
• Alteração no padrão do sono
o Insônia – agitação.
o Hipersonia – ficar mais sonolento – muito presente no
Hipoativo
• Medo, insegurança, agressividade e irritabilidade
• Alteração na psicomotricidade – Hipoativo (diminuição) e
Hiperativo (aumento)
• Pode ter alucinações – Passageira
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DELÍRIO DELIRIUM
Trata de juízo patologicamente
falso, uma alteração do juízo e Síndrome relacionada a
do pensamento, em que o desordens orgânicas.
sujeito apresenta uma crença Delirium pode ser definido como
em algo irreal. uma disfunção cerebral aguda
Encontrado na esquizofrenia e caracterizada por alterações do
em outros quadros psicóticos. estado de consciência
De base patológico, aguda e transitórias e flutuantes,
persistente. acompanhadas de compromisso
Pouco modificada. cognitivo, que afeta, com
Ideias falsas praticamente frequência, doentes internados
absolutas. em unidades de cuidados
intensivos (UCI) com origem
Simples, Complexo, Não orgânica e passageiro.
sistematizado, Sistematizado...
DALGALARRONDO, 2008.

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CLASSIFICAÇÃO
DELIRIUM
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CLASSIFICAÇÃO
Hiperativo DO DELIRIUM
HIPERATIVO
Presença de atividade psicomotora
aumentada e agitação proeminente
(Alucinações, irritabilidade e agressividade).

HIPOATIVO
Misto Lentificação psicomotora, apatia, redução
Hipoativo de resposta a estímulos externos.

MISTO OU SUDSINDRÔMICO
Presença de um ou mais dos sintomas de
modo leve – início do quadro.

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FORMA HIPERATIVA
Fonte de preocupação com a segurança do paciente,
podendo ocasionar extubação acidental, remoção acidental
de catéteres e outras lesões auto-inflingidas podem levar a
consequências graves.

FORMA HIPOATIVA
Triplo de chance de serem reintubados e também seu risco
de mortalidade em 6 meses é o triplicado.

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FORMA SUBSINDRÔMICO
Se associa com maior tempo de permanência na unidade de
terapia intensiva e no hospital.

FORMA PROLONGADA OU
PERSISTENTE
Depois a alta, permanece sintomas do delirium, em casa ou
home care.

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DIAGNÓSTICO
DELIRIUM
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MAS PORQUE
DIAGNOSTICAR
DELIRIUM?
O delirium tem sido associado ao maior tempo de

DELIRIUM NA UTI permanência do paciente no hospital e ao


aumento da mortalidade.

80% 50% 32% 66%

Prevalência de De menor
Porcentagem de pacientes que são
Delirium gravidade
corretamente diagnosticados
nos pacientes
e tratados
internados
na UTI em uso de
ventilação mecânica
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CONSEQUÊNCIAS DO
DELIRIUM OS FUNCIONÁRIOS SÃO
MOTIVADOS POR:
Comorbidades de curto e longo prazo:

• Autoextubação;
• Remoção de cateteres;
• Mortalidade aos 6 meses e 1 ano;
• Aumento do tempo de hospitalização – com maiores
necessidades de medicações;
• Aumento dos custos;
• Atraso na constituição de um encadeamento de experiências
que signifique os eventos vividos;
• Alterações psicológicas negativas;
• Desenvolvimento de sintomas psiquiátricos e sofrimento
psíquico;
• Prejuízos cognitivos – especialmente na qualidade do nível de
Consciência e nas Memórias disponíveis;
• Impedimentos para a retomada da vida.
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POR QUE TANTOS PACIENTES COM
CORONAVÍRUS SOFREM DE DELIRIUM?

• Em meio à pandemia, alguns pesquisadores dizem que as unidades de terapia intensiva se


transformaram em "fábricas de delirium".

• Em uma entrevista ao New York Times, uma paciente COVID-19 de 31 anos que sofria da doença
relatou visões perturbadoras: em vários momentos durante sua hospitalização, ela acreditava que
havia sido queimada viva, submetida a testes de laboratório no Japão e foi transformada em uma
escultura de gelo.

• Embora a pesquisa sobre a prevalência de delirium entre pacientes com coronavírus ainda seja limitada,
alguns médicos acreditam que as pessoas hospitalizadas com COVID-19 podem ser mais suscetíveis à
doença devido a vários fatores, incluindo a maneira como o vírus afeta o cérebro e os medicamentos
prescritos aos pacientes com coronavírus, bem como as medidas preventivas que os hospitais
instituíram para retardar a propagação do vírus.

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POR QUE TANTOS PACIENTES COM
CORONAVÍRUS SOFREM DE DELIRIUM?
• Alguns relatos observam que os sedativos administrados aos pacientes com coronavírus
apresentam alto risco de delirium.

• Além disso, quanto mais uma pessoa estiver em um ventilador, maior será a
probabilidade de começar a ficar agitada ou confusa, principalmente quando
tratada com sedativos.

• Enquanto os pacientes geralmente passam entre três e quatro dias em um ventilador, sabe-se que
os pacientes com COVID-19 precisam de assistência respiratória por um período entre 11 a 21 dias
e, às vezes, até 30 dias (de acordo com Dickerman, os pacientes com coronavírus podem
experimentar delirium antes, durante ou após a ventilação).

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Os instrumentos validados para a


avaliação do delirium em ambiente de
cuidados intensivos são o Confusion
Assessment Method-ICU (CAM-ICU) e o
Intensive Care Delirium Screening
Checklist (ICDSC).

Ambas as escalas foram traduzidas para


português (Brasil).
ESCALA CAM-ICU
Escala de Identificação de Delirium

Avalia presença e flutuação das seguintes


manifestações:

• Inatenção;
• Pensamento Desorganizado;
• Prejuízo da memória;
• Disturbios perceptuais;
• Agitação ou lentificação psicomotora;
• Alterações do ciclo sono-vigília.

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ESCALA CAM-ICU

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RASS – ESCALA DE AGITAÇÃO-SEDAÇÃO DE
RICHMOND

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RASS – ESCALA DE AGITAÇÃO-SEDAÇÃO DE
RICHMOND

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ESCALA ICDSC

• Na ICDSC é atribuído um ponto por


cada item, quando presente uma
manifestação óbvia do mesmo, para
uma pontuação máxima total de oito.

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PREVENÇÃO
DELIRIUM
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DE DELIRIUM NÃO SE
FAZ PIADA,
SE AVALIA, ESTIMULA
E TRATA!

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1 - Modificação dos estímulos visuais ou auditivos
- Redução de ruídos
- Tampões auriculares
ESTRATÉGIAS NÃO - Controle da luz

FARMACOLÓGICAS
- Máscara ocular
- Tratamento com brilho da luz
PARA PREVENÇÃO - Musicoterapia
2 - Educação
- Para a família do paciente
- Para os profissionais de saúde
3 - Orientação
- Uso de relógios e calendários
4 - Terapia cognitiva
5 - Fisioterapia ou exercícios
- Protocolos de mobilização precoce
6 - Protocolo ou revisão dos fármacos
7 - Despertamento, coordenação respiratória e
monitoramento de delirium
- Implantação do conjunto ABCDE
Thaís Martins CRP 06/141079
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ESTIMULAÇÃO
COMO
PREVENÇÃO
ESTIMULAÇÃO COGNITIVA

Orientação tempo/espaço, em que se informa ao paciente sobre o dia da


semana, do mês, sobre a hora ou período do dia, sobre o local onde se
encontra naquele momento. Ambientação, serve para auxiliar no processo de
conhecimento do ambiente e conforto do paciente, orientando sobre o
ambiente de UTI, falando sobre os sons comuns naquele local (bips e alarmes),
sobre rotinas de exames e procedimentos básicos, temperatura, etc.

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ESTIMULAÇÃO AFETIVA

Falar com o paciente sobre coisas que fazem parte de sua rotina, que são
particularmente importantes para ele, estimulando que a família faça o mesmo
durante a visita. Estimular o contato físico dos membros da família, como o
toque nas mãos, possibilidade de hidratação dos pés/mãos do paciente com
massagem estimulante, toques no rosto, áudios de pessoas importantes e que
não podem ter acesso ao hospital. Dizer ao paciente quem foram os familiares
que estiveram o visitando no dia anterior, quais foram as novidades trazidas
pela família, orientá-lo sobre os motivos da ausência física dos familiares,
também podem auxiliar no controle da ansiedade e conforto do paciente
incapaz de comunicar-se.

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ESTIMULAÇÃO MANUTENÇÃO DE PERSONALIZAÇÃO

Dirigir-se ao paciente pelo nome civil (ou social), orientando para que toda a equipe o
faça sempre que se aproximar dele. Falar com o paciente durante momento de
higienização, curativos, procedimento, medicação, realização de intervenções da equipe,
explicando brevemente o que está sendo feito. Considerar, sempre que possível, as
preferências do paciente (mencionadas pela família), tentando mantê-lo o mais próximo
possível de sua rotina habitual. Ex: o paciente só tomava banho a noite, costuma ser
bastante friorento, gosta de música… são coisas simples mas, que se possíveis de
adaptação, podem beneficiar o paciente em seu tratamento.

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PREVENÇÃO EM UTI

• A monitoração do delirium na UTI é importante não apenas


como um indicador de uma disfunção orgânica inicial, mas
também para prevenção de lesões acidentais;
• Promover um cuidado seguro;
• As baixas incidências de delirium devem ser objetivo
frequente para a melhoria da qualidade em UTI e pode
representar um melhor processo de cuidado e otimização
dos desfechos centrados no paciente.

Thaís Martins CRP 06/141079


NÃO SABEMOS COMO A
EXPERIÊNCIA DO PACIENTE
PODE SER DETERMINANTE
PARA SUA QUALIDADE DE
VIDA PÓS-ALTA.

PREVENIR DELIRIUM É
QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA!

Thaís Martins CRP 06/141079


Referências
American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American
Psychiatric Association, 2013.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2008.

COSTA, Mariana de Almeida Silva. Contribuições da Psicologia na intervenção de delirium em UTI. Monografia (Especialização em
Psicologia e Saúde) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

TOSTES, ICGO; PEREIRA, SRM; ALMEIDA, LF; et al. Delirium e terapia intensiva: utilização do Confusion assessment method for the
Intensive Care Unit pelo enfermeiro. Rev Fund Care Online. 2018 jan/mar; 10(1): 2-8.

Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev.
São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997. vol.2.

PESSOA, Renata Fittipaldi e Nácul, Flávio Eduardo. (2006). Delírio em pacientes críticos. Revista Brasileira de Terapia
Intensiva , 18 (2), 190-195.

PITROWSKY, Melissa Tassano; SHINOTSUKA, Cássia Righy, SOARES, Marcio; LIMA, Marco Antonio Sales Dantas, & SALLUH, Jorge
Ibrain Figueira. (2010). Importância da monitorização do delirium na unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira de Terapia
Intensiva, 22(3), 274-279.

Tobar, Eduardo, Alvarez, Evelyn, & Garrido, Maricel. (2017). Estimulação cognitiva e terapia ocupacional para prevenção de
delirium. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 29(2), 248-252.
CURSO ONLINE – PSICOLOGIA INTENSIVISTA

CUPOM DE DESCONTO: FIDELIDADE10


Muito
obrigada!

Psicóloga Thaís Martins


CRP 06/141079
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