Você está na página 1de 25

UNIDADE III

Enfermagem da Família

Profa. Dra. Juliana Amaral


Violência Intrafamiliar

 A violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes é definida como atos ou omissões


praticados por pais, parentes ou responsáveis, podendo provocar dor ou dano de natureza
física, psicológica e/ou sexual na vítima.
 A violência doméstica distingue-se da violência intrafamiliar por incluir indivíduos que não
pertencem à família, mas que convivem no espaço doméstico. Incluem-se aí
empregados(as), pessoas que convivem esporadicamente, agregados.
 A violência intrafamiliar é um problema social de grande dimensão que afeta toda a
sociedade, atingindo, de forma continuada, especialmente mulheres, crianças, adolescentes,
idosos e portadores de deficiência.
 Violência física.
 Violência sexual.
 Violência psicológica.
 Violência econômica ou financeira.
 Violência institucional.
Fatores de risco que o Enfermeiro deve observar para violência intrafamiliar

 Desigualdade de autoridade e poder e questão de gênero.


 Relações e papéis rigidamente definidos.
 Não diferenciação de papéis apagando limite entre os membros.
 Nível de tensão permanente, em que não se permite diálogo.
 Estrutura fechada, em que não há entrada para contatos externos.
 Situação de crise e perdas (desemprego, separação...).
 Padrão de família violenta.
 Comprometimento psicológico/ psiquiátrico/ baixa autoestima, dependência emocional.

Quanto mais contato e interação o profissional de


enfermagem tiver com sua população, mais essa se
sentirá à vontade para denúncias ou queixas de violência.
Geralmente, o profissional de saúde é um dos primeiros a
receber a queixa ou a perceber a violência.
Violência Intradomiciliar

 Criar um fluxo de atendimento avaliando os fatores de risco.

 Importante manter o sigilo.

 Não julgar.

 Tomar cuidado com a forma das perguntas para não afligir mais quem passou pela violência.

 Tentar traçar o melhor caminho.

 Notificar.
Interatividade

A visita domiciliar é um instrumento de trabalho que pode auxiliar na identificação de algum tipo
de violência intradomiciliar. Comente alguns indicadores que podemos observar, que são
indicativos desse tipo de violência.
Resposta

 Alcoolismo e uso de drogas ilícitas.


 Desemprego.
 Família com conflito frequente.
 Família em situação de conflito de alguma fase do ciclo de vida.
 Papéis estipulados de forma rígida.
 Depressão.
 Baixa autoestima, entre outros.
Cuidados paliativos

 Cicely Saunders – assistente social em formação para enfermeira.


 Christopher´s Hospice: uma estrutura que prestou assistência a doentes e auxiliou no
desenvolvimento de pesquisas, com algumas delas voltadas para o controle e redução da
dor, e o uso de analgésicos e opiáceos pelos pacientes.
 Cuidado Paliativo é uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus
familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, através da
prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da
dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual
(CARVALHO; PARSONS, 2012).

Uma das maiores problemáticas entre os profissionais de


saúde é entender que o paciente paliativo não é um paciente
terminal. O paciente paliativo é aquele que é diagnosticado
com uma doença crônica incurável, porém ainda pode
permanecer por muito tempo em tratamento e manutenção
da vida até sua terminalidade.
Cuidados paliativos

 Atualmente, não se fala mais em impossibilidade de cura, mas sim em tratamento


modificador da doença, afastando a ideia de que não temos mais nada a fazer. Temos sim.
É preciso sair do paradigma de que tudo é consequência da doença e não avaliar e tratar.
 Promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis.
 Afirmar a vida e tratar o processo de morte de forma natural da vida.
 Não acelerar e nem adiar a morte.
 Integrar os aspectos psicológicos e espirituais ao cuidado do paciente.
 Oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente quanto
possível, até o momento da sua morte.
 Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares
durante a doença do paciente e a enfrentar o luto.
 Abordagem multiprofissional.
 Melhorar a qualidade de vida.
 Iniciar o mais precoce possível o prolongamento da vida.
Cuidados paliativos no SUS

 Resolução n. 41, de 31 de outubro de 2018.

 Dispõe sobre as diretrizes para a organização dos cuidados paliativos, à luz dos cuidados
continuados integrados, no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS).

 Atenção básica.

 Atenção domiciliar.

 Atendimento ambulatorial.

 Urgência e emergência.

 Acesso a medicamentos.
Interatividade

Paciente em Cuidados Paliativos encontra-se acamado e com dor classificada em 8.


Medicar esse paciente respeita qual princípio dos Cuidados Paliativos?
Resposta

 Promover o alívio da dor e outros sintomas.

 O Enfermeiro deve ser capaz de classificar a dor do paciente, por meio de escalas próprias
para essa prática, com a maior quantidade de características possíveis que o paciente
conseguir expressar ou verbalizar.

 Deverá identificar a causa da dor e junto à equipe tratar a causa o quanto for possível.
Cuidados Paliativos – Avaliação

 Conhecer a fisiopatologia da doença.


 Exame físico.
 História da doença: cronologia.
 Análise dos sintomas em qualquer fase da doença: investigar e tratar causa.
 Atenção às expressões verbais em não verbais.
 Genograma e ecomapa.
 Auxiliar a equipe na avaliação das prioridades de cuidado individual.
 Comunicar-se efetivamente com o paciente e família.

Saber lidar com a dor: escada analgésica da dor.


Saber e atuar com feridas tumorais.
Saber e atuar conforme protocolo com Hipodermóclise.
Avaliação do paciente em cuidados paliativos – Karnofsky

O KPS é uma escala de NÚMERO SIGNIFICADO


performance a princípio 100 Normal, nenhuma queixa, nenhuma evidência de doença
empregada em oncologia, que
90 Capaz de continuar atividade normal, pequenos sintomas
classifica o paciente numa
pontuação de 0-100 dependendo 80 Atividade normal com esforços, alguns sintomas
de sua performance clínica 70 Cuidados para si, incapaz de continuar sua atividade normal
(100 = normal, ausência de
Requer ajuda ocasional, cuidados para a maioria das
queixas e sem evidência de 60
necessidades
doença; e 0 = morte).
50 Requer ajuda considerável e cuidado frequente
40 Incapacitado, requer cuidado especial e ajuda
30 Severamente incapacitado, hospitalizado, morte não iminente
20 Muito doente, precisa de cuidado intensivo
10 Moribundo, processo de fatalidade progredindo rapidamente

Fonte: adaptado de: Ministério da Saúde, 2017.


PPS

 Permite estabelecer prognóstico e funcionalidade do doente.

 A Escala PPS varia de 100%, que significa máxima atividade funcional, até 0%,
indicando morte.

 Em qualquer uma das classificações existe a necessidade do gerenciamento intensivo dos


sintomas e das demandas que o paciente e a família apresentam.

Indicadores de avaliação:

- Deambulação;
- Atividade/evidência da doença;
- Autocuidado;
- Ingestão;
- Nível de consciência.
PPS

 Tabela de referência DEAMBULAÇÃO


ATIVIDADE/EVIDÊNCIA
AUTOCUIDADO INGESTÃO
NÍVEL DE PONTUAÇÃO
DE DOENÇA CONSCIÊNCIA (PORCENTAGEM)
ATIVIDADE E
TRABALHO
COMPLETA NORMAIS/SEM COMPLETO NORMAL COMPLETA 100
EVIDÊNCIA DE
DOENÇA
ATIVIDADE E
TRABALHO
COMPLETA NORMAIS/ALGUMA COMPLETO NORMAL COMPLETA 90
EVIDÊNCIA DE
DOENÇA
ATIVIDADE NORMAL
COM
NORMAL OU
COMPLETA ESFORÇO/ALGUMA COMPLETO COMPLETA 80
REDUZIDA
EVIDÊNCIA DE
DOENÇA
INCAPAZ PARA O
NORMAL OU
REDUZIDA TRABALHO/DOENÇA COMPLETO COMPLETA 70
REDUZIDA
SIGNIFICATIVA
INCAPAZ PARA OS COMPLETA
HOBBIES/TRABALHO ASSISTÊNCIA NORMAL OU COM
REDUZIDA 60
DOMÉSTICO/ DOENÇA OCASIONAL REDUZIDA PERÍODOS DE
SIGNIFICATIVA CONFUSÃO
MAIOR PARTE INCAPACITADO PARA COMPLETA
DO TEMPO QUALQUER ASSISTÊNCIA NORMAL OU COM
50
SENTADO OU TRABALHO/ DOENÇA CONSIDERÁVEL REDUZIDA PERÍODOS DE
DEITADO EXTENSA CONFUSÃO

Fonte: adaptado de: Ministério da Saúde, 2017.


PPS – continuação

ATIVIDADE/EVIDÊNCIA NÍVEL DE PONTUAÇÃO


DEAMBULAÇÃO AUTOCUIDADO INGESTÃO
DE DOENÇA CONSCIÊNCIA (PORCENTAGEM)
COMPLETA OU
INCAPAZ PARA A
MAIOR PARTE ASSISTÊNCIA SONOLÊNCIA
MAIORIA DAS NORMAL OU
DO TEMPO QUASE (PRESENÇA OU 40
ATIVIDADES/DOENÇA REDUZIDA
ACAMADO COMPLETA NÃO DE
EXTENSA
CONFUSÃO)
COMPLETA OU
INCAPAZ PARA
SONOLÊNCIA
TOTALMENTE QUALQUER DEPENDÊNCIA NORMAL OU
(PRESENÇA OU 30
ACAMADO ATIVIDADE/DOENÇA COMPLETA REDUZIDA
NÃO DE
EXTENSA
CONFUSÃO)
COMPLETA OU
INCAPAZ PARA
MÍNIMA A SONOLÊNCIA
TOTALMENTE QUALQUER DEPENDÊNCIA
PEQUENOS (PRESENÇA OU 20
ACAMADO ATIVIDADE/DOENÇA COMPLETA
GOLES NÃO DE
EXTENSA
CONFUSÃO)
SONOLÊNCIA
INCAPAZ PARA
OU COM A
TOTALMENTE QUALQUER DEPENDÊNCIA CUIDADOS
(PRESENÇA OU 10
ACAMADO ATIVIDADE/DOENÇA COMPLETA COM A BOCA
NÃO DE
EXTENSA
CONFUSÃO)

MORTE ---------- ------------ ------------- ------------ 0

Fonte: adaptado de: Ministério da Saúde, 2017.


Esas – Escala de avaliação de Sintomas de Edmonton

 A Escala Esas é composta por Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS-r)


indicadores visuais e numéricos
Por favor, circule o número que melhor descreve como você está se sentindo agora
que variam entre zero e dez, sendo
0 (zero) a ausência do sintoma e Sem dor 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior dor possível

10 (dez) o sintoma em sua maior Sem cansaço 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior cansaço possível


Cansaço = falta de energia
intensidade. Os dados podem ser
Sem sonolência 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior sonolência possível
preenchidos, tanto pelo profissional Sonolência = sentir-se com sono
de saúde quanto pelo paciente e Sem náusea 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior náusea possível
seu cuidador.
Com apetite 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior falta de apetite possível

Sem falta de ar 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior falta de ar possível


Sem depressão 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior depressão possível
Depressão = sentir-se triste
Sem ansiedade 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior ansiedade possível
Ansiedade = sentir-se nervoso
Com Bem-Estar 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior mal-estar possível
Bem-estar/Mal-estar = como você se sente em geral
Sem _________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior_____ possível
Outro problema (por exemplo, prisão de ventre)

Fonte: adaptado de: Ministério da Saúde, 2017.


Interatividade

As escalas apresentadas nesta aula, Karnofisky, PPS e Esas, podem ser utilizadas pelas
equipes de acolhimento na atenção básica em pacientes sob cuidados paliativos?
Resposta

Sim, pois no acolhimento o Enfermeiro deverá avaliar o paciente e ouvir suas queixas e o
resultado das escalas auxiliará o profissional na tomada de decisão mais adequada
naquele momento.
Um paciente, por exemplo, com Karnofsky 50, é um paciente indicado para internação, seja
esta domiciliar ou hospitalar, pois demanda cuidado direto em sua maior parte do tempo.
Cuidados Paliativos – ortotanásia e eutanásia

 Ortotanásia.
 Distanásia.
 Eutanásia.
 Sedação paliativa.
 Últimas 24h: O enfermeiro deve fazer com que paciente e família sintam-se acolhidos e
tenham seus desejos possíveis realizados, assim como pessoas significativas ao seu lado. O
auxílio de uma equipe multidisciplinar, tais como psicólogo e assistente social, podem auxiliar
muito nesse momento.
Hipodermóclise

 Administração de medicamentos por via subcutânea.


 Indicada para pacientes paliativos com dificuldade de acesso venoso e idosos.
 Indicada para soluções hipotônicas não cristalizadas, densas ou oleosas.
 SF, SG, morfina, entre outros. Subclavicular
(até 250 ml/24h) Deltoidea
 Infusão entre 60 e 125 m/h. Abdominal (até 250 ml/24h)
(até 1000 ml/24h)
 Troca de sítio de punção a cada 72h.
 Atenção às contraindicações.

Interescapular
(até 1000 ml/24h)
Anterolateral da
coxa(até 1500 ml/24h)

Fonte: adaptado de: https://sbgg.org.br/wp-


content/uploads/2014/11/SBGG_guia-subcutanea_2aedicao.pdf
Locais para punção de hipodermóclise

Fonte: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2014/11/SBGG_guia-subcutanea_2aedicao.pdf
Orientação para Atividade do chat

 Nessa unidade, o chat trará a reflexão sobre a Hipodermóclise. Técnica utilizada em


pacientes idosos e pacientes em cuidados paliativos sem possibilidade de outras vias para
administração de volume e medicamentos.

 Leia sobre esse procedimento e venha compartilhar seu conhecimento e perspectiva no


nosso chat. Espero você.
Referências

CARVALHO, R. R.; PARSONS, H. A. (org.). Manual de cuidados paliativos ANCP. 542 f. Rio de
Janeiro: Diagraphic, 2012.
ATÉ A PRÓXIMA!

Você também pode gostar