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Universidade católica de Moçambique

Instituto de Educação à distância


Centro de Recurso de Nampula

Tema: Resistência da África Ocidental

Nome: Calisto Faque

Código do Estudante: 708200100

Tutor MA:

Curso: Ensino de História


Disciplina: História das Sociedades
Turma: C
Ano de Frequência: 3º ano

Nampula, Junho 2022


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bibliográfica
nacional e
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internacionais
relevantes na área
de estudo
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dados
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Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento
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Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
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Bibliográficas citações e citações/referênci
bibliografia as bibliográficas
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Índice
Introdução ..............................................................................................................................5
Tema: Resistência da África Ocidental .................................................................................. 6
Conquista e reacção na África Ocidental Francesa, 1880‑1900 ............................................ 6
Senegambia ............................................................................................................................7
O império Tukulor .................................................................................................................. 7
Samori Toure e os franceses ..................................................................................................8
Daome ....................................................................................................................................9
Os Baule e os franceses ....................................................................................................... 10
Conquista e reacção na África ocidental inglesa, 1880‑1900 ..............................................11
O pais Ashanti (Costa do Ouro) ............................................................................................11
Sul da Nigéria ....................................................................................................................... 12
Conquista e reacções no norte da Nigéria ...........................................................................12
Reacções dos africanos na África ocidental, 1900‑1914 ..................................................... 13
As causas do insucesso ........................................................................................................ 14
Conclusão .............................................................................................................................14
Bibliografia ........................................................................................................................... 16
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Introdução

Muito tem se debatido sobre a historiografia da resistência africana, isto nos dois
sentidos: europeístas e africanistas couberam aos estudos recentes sobre o grau
de preparação e organização colonial e do africano.

Durante época de 1880-1920, muitos povos africanos foram humilhados, catequizados


e impedidos de realizar seus ritos e seus costumes. Alguns desses conhecimentos foram
incorporados à novos estudos que surgiam e outros se extinguiram para sempre.
Podemos constatar que de igual forma que resistimos a ocupação colonial mesmo sem
meios equiparáveis do agressor demos o nosso máximo, Alguns povos ficaram
conhecidos pela força de sua resistência na época do imperialismo na África, como
outros que também colaboraram com o Europeu. Nesse trabalho irei abordar as
resistências da África ocidental e como elas foram concebidas pelos europeus.
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TEMA: Resistência da África Ocidental

De 1880 a 1914, toda a África ocidental se acha colonizada, com excepção da Libéria.
Esse fenómeno, que para os africanos se traduziu essencialmente na perda da sua
soberania, de sua independência e de suas terras, desenrolou‑se em duas fases. A
primeira vai de 1880 aos primeiros anos do século XX, a segunda ate a irrupção da
Primeira Guerra Mundial, em 1914.

No decorrer da primeira etapa, os europeus recorreram ora a diplomacia ora a invasão


militar, senão as duas. Em toda a África ocidental, praticamente, e o grande período da
corrida aos tratados, seguidos, na maior parte dos casos, de invasões, conquistas e
ocupação por exércitos mais ou menos importantes e disciplinados.

A conquista e a ocupação europeias na África ocidental alcançaram o apogeu no


período 1880‑1900. Memoráveis, entre outras, foram as campanhas francesas no
Sudão ocidental, na Costa do Marfim e no Daome (actual Benim), entre 1880 e
1898, bem como as dos britânicos no Ashanti (actual Gana), na região do delta do
Níger (Nigéria) e no norte da Nigéria, entre 1895 e 1903. Durante essa primeira fase,
praticamente todos os africanos visavam o mesmo objectivo: salvaguardar a
independência e seu estilo tradicional de vida.

Para conseguir isso, tinham de optar entre três soluções: o confronto, a aliança ou a
aceitação e a submissão. A estratégia do confronto implicava a guerra aberta, cercos,
operações de guerrilha e a politica de terra queimada, assim como o recurso a
diplomacia. Como se vera, as três soluções foram adoptadas

1- Conquista e reacção na África Ocidental Francesa, 1880‑1900

Os documentos disponíveis demonstram claramente que, a partir de 1880, os franceses


adoptaram uma politica de ampliação de sua zona de influência sobre toda a região, do
Senegal ao Níger e dai ao Chade, unindo os territórios conquistados graças aos postos
avançados do golfo da Guine, na Costa do Marfim e no Daome. A aplicação dessa
politica foi confiada aos oficiais da marinha que, de 1881 em diante, tornaram‑se
responsáveis pela administração da área do Senegal.
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1.1- Senegambia

No Senegal, onde a conquista teve inicio em 1854, a Franca dispunha em 1880 de


sólidos pontos de apoio, com a anexação de Walo, da parte setentrional de Cayor e de
Jander. O protectorado francês tinha sido imposto aos Estados do Alto Senegal desde
1860. Por magros que fossem, estes resultados não haviam sido alcançados sem
dificuldades. Embora expulso em 1864 pela Franca, o damel de Cayor, Lat‑Dior, nem
por isso deixou de optar pela estratégia do confronto, prosseguindo na luta contra os
franceses. Em 1871, com a derrota deles pela Prússia, o governador do Senegal
renunciou a anexação de Cayor e reconheceu novamente Lat‑Dior como damel. Desde
então, estabeleceram‑se entre Lat‑Dior e a administração francesa do Senegal relações
cordiais.

1.2- O império Tukulor

Tal como a maior parte dos chefes africanos, Ahmadu, filho e sucessor de Al Hadj
Umar, fundador do império Tukulor, estava decidido a defender o seu império e a
preservar a sua independência e soberania. Para atingir esses objectivos, optou por uma
estratégia de aliança e de confronto militar.

No entanto, ao contrario da maior parte dos chefes da região, apoiava‑se mais na aliança
do que na resistência.

Como era de esperar, Ahmadu deu portanto prioridade ao reforço de sua própria posição,
fazendo um acordo com os irmãos – na verdade, alguns tentaram derruba‑lo em 1872 e,
depois, para garantir a sobrevivência do seu império, pondo fim as activas rebeliões dos
diversos grupos avassalados, particularmente os Bambara.

Embora este tratado não tenha sido ratificado pelo governo francês, Ahmadu não tenha
recebido nenhum canhão e os franceses não tenham cessado de ajudar os rebeldes
(chegando ate a atacar Sabusire, fortaleza tukulor de Kuasso, em 1878), Ahmadu não
deixou de manter uma atitude amistosa com os franceses. Isso lhe foi muito útil, pois
assim conseguiu sufocar as tentativas de rebelião dos irmãos em 1874, bem como as dos
territórios de Segu e Kaarta no final da década de 1870. Por isso, concordou
prontamente quando os franceses, que precisavam da sua cooperação para preparar a
conquista da região situada entre o Senegal e o Níger, solicitaram a reabertura de
negociações, em 1880.
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Em 1888, porem, os franceses, sufocada a rebelião de Lamine e celebrado outro tratado


com Samori Toure, como veremos adiante, já não precisavam da aliança com Ahmadu.
Esta evolução do quadro e a agressividade do comando militar francês explicam a
irrupção de novas hostilidades contra Ahmadu, cujo sinal foi o ataque, em Fevereiro de
1889, contra a fortaleza tukulor de Kundian, “esse molesto obstáculo na estrada de
Siguiri e de Dinguiray”.

1.3- Samori Toure e os franceses

Ao contrário de Ahmadu, Samori Toure optou por uma estratégia de confronto e não de
aliança. Embora recorresse igualmente a diplomacia, deu acima de tudo destaque a
resistência armada. Em 1881 já tinha feito da “parte meridional das savanas sudanesas,
ao longo de toda a grande floresta do oeste da África”, entre o norte da actual Serra
Leoa e o rio Sassandra, na Costa do Marfim, um império unificado sob a sua
incontestada autoridade. Ao contrário do império Tukulor, o império Mandinga estava
ainda numa fase ascendente em 1882, quando se deu o primeiro embate entre Samori
Toure e os franceses. A conquista desta região também havia permitido a Toure criar
um poderoso exercito, relativamente bem equipado a europeia

O principal confronto entre os franceses e Samori Toure se deu em 1892. No desejo de


por fim a questão, Humbert invadiu a parte central do império em Janeiro de 1892, a
frente de um exército de 1300 atiradores de elite e 3 mil carregadores. Samori Toure
comandava em pessoa um exército de 2500 homens escolhidos para enfrentar o invasor.
Embora seus homens “se batessem como diabos, defendendo pé a pé cada milímetro do
terreno com feroz energia”, para repetir as palavras de Person, Samori foi batido e
Humbert tomou Bisandugu, Sanankoro e Kerwane. Salientemos, porem, que o próprio
Humbert devia achar o resultado bem magro, em vista das pesadas perdas que sofreu.
Alem disso, Samori ordenara a população civil que abandonasse o local a chegada dos
franceses.

Entalado entre os britânicos e os franceses, depois de tentar em vão malquistar uns com
os outros, cedendo a estes o território de Bouna, cobiçado por aqueles, Samori Toure
resolver regressar a Libéria, para junto de seus aliados Toma. Já a caminho, foi atacado
de surpresa por Gouraud em Gelemu, no dia 28 de Setembro de 1898. Capturado, foi
deportado para o Gabao, onde morreu em 1900. Sua captura pôs termo aquilo que um
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historiador moderno chamou de “a mais longa serie de campanhas contra o mesmo


adversário em toda a história da conquista do Sudão pelos francesesʺ.

1.4- Daome

Behanzin, o rei do Daome (Abomey), tal qual Samori, decidiu recorrer a uma estratégia
de confronto para defender a soberania e a independência do seu reino. Na última
década do século XIX, o Daome entrou em conflito aberto com a Franca, que havia
imposto seu protectorado a Porto Novo, vassalo de Abomey. Era um serio golpe nos
interesses económicos de Abomey. Em 1889, o herdeiro do trono, príncipe Kondo,
informou ao governador das Rivieras do Sul, Bayol, que o povo Fon jamais aceitaria
semelhante situação. Em Fevereiro de 1890, Bayol ordenou a ocupação de Cotonou e a
detenção dos Fon notáveis que lá se encontrassem. O príncipe Kondo, que tomara o
poder em 1889 com o nome de Behanzin, reagiu mobilizando as suas tropas.

Em 3 de Outubro, o padre Dorgere apresentava‑se em Abomey com propostas de paz.


Os franceses comprometiam‑se a pagar a Behanzin uma renda anual de 20 mil francos,
em troca do reconhecimento de seus direitos sobre Cotonou, onde poderiam arrecadar
impostos e estabelecer uma guarnição. O rei aceitou as condições e o tratado foi
assinado em 3 de Outubro de 1890. No entanto, preocupado com a defesa do restante de
seu reino, tratou de modernizar o exército, adquirindo de empresas alemãs de Lome,
entre Janeiro de 1891 e Agosto de 1892.

Mas os franceses, decididos a conquistar o Daome, aproveitaram o pretexto de um


incidente ocorrido em 27 de Marco de 1892; nesse dia, com efeito, soldados Fon
abriram fogo contra a canhoneira Topaz, que descia o Weme com o residente francês de
Porto Novo a bordo. A missão da conquista foi confiada a um mulato senegalês, o
coronel Dodds, que chegou a Cotonou em Maio de 1892.

Em vez de submeter‑se ou de ser deposto por seu povo, como os franceses esperavam,
ele cuidou imediatamente de reorganizar o exército, com irrestrito apoio popular. Em
marco de 1893, conseguira reagrupar 2 mil homens, que realizaram vários ataques de
surpresa contra as zonas mantidas pelos franceses.

Em Abril de 1893, os notáveis fizeram novas propostas de paz. Estavam prontos a ceder
a Franca a parte meridional do reino, mas não aceitavam a deposição de Behanzin,
encarnação dos valores de seu povo e símbolo da existência de seu Estado independente.
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Os franceses lançaram então, em Setembro, outro corpo expedicionário, sempre sob o


comando de Dodds, promovido a general; a expedição acabou por conquistar o norte do
Daome. Goutchilli foi nomeado e coroado rei em 15 de Janeiro de 1894 e, quanto a
Behanzin, foi preso em consequência de uma traição no dia 29 de Janeiro de 1894.

1.5- Os Baule e os franceses

Era costume pensar que a oposição aos franceses, nas regiões florestais da Guine e da
Costa do Marfim, só se manifestou depois de 1900. Pesquisas recentes, no entanto,
realizadas em particular entre os povos da Laguna e os Baule da Costa do Marfim,
demonstram que essa concepção estava errada: a penetração francesa a partir do litoral
provocou desde o inicio reacções hostis entre os povos do interior. As primeiras missões
francesas no pais Baule foram lançadas por duas expedições: uma, militar, comandada
pelos tenentes Armand e Tavernost, em Fevereiro de 1881; a outra, comercial, dirigida
por Voituret e Papillon, em marco de 1891. Decidido a deter a penetração, Etien
Komenan, chefe dos Baule de Tiassale, recusou‑se a fornecer a Armand e a Tavernost
um interprete para acompanha‑los ao norte. Tiveram de regressar pelo litoral, enquanto
Komenan mandava matar Voituret e Papillon, antes mesmo que eles tivessem alcançado
Tiassale. Para castigar os Baule, os franceses enviaram uma expedição militar
comandada pelo tenente Staup. A expedição foi atacada pelas forcas de Etien Komenan
em 11 de Maio de 1891 e teve de bater em retirada, ignominiosamente, para a costa.
Malogrando pela forca, os franceses recorreram a diplomacia e conseguiram celebrar
um tratado com os Baule de Tiassale e de Niamwe em 29 de Dezembro de 1892, nos
termos do qual aceitavam pagar um tributo de 100 onças de ouro em troca da liberdade
de comércio com os africanos e os europeus do litoral.

Entre 1895 e 1898, o pais Baule viveu em paz. Mas, depois de ter batido e capturado
Samori Toure em Setembro de 1898, os franceses decidiram ocupar a região e instalar
um posto militar permanente em Bouake, sem consultar os Baule. Também começaram
a libertar os escravos, capturando e executando depois Katia Sofi, chefe de Katiakofikro,
por ter fomentado sentimentos antifranceses na região. Em grande parte por causa
dessas provocações, os grupos Baule desta zona sublevaram‑se de novo e, em 22 de
Dezembro de 1898, lançaram um ataque generalizado contra as guarnições francesas.
Todavia, empregando uma táctica de guerrilha, os Baule continuaram a fustigar as
forcas francesas, e a paz somente foi restaurada quando Francois‑Joseph Clozel, que se
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tornou governador interino da colónia em Novembro de 1902, compreendeu que o


emprego da forca era inútil e ordenou a paralisação das operações militares.

2- Conquista e reacção na África ocidental inglesa, 1880‑1900

Ao contrário dos franceses, cuja ocupação na África ocidental, entre 1880 e 1900, foi
resultado principalmente da forca, os britânicos não hesitaram em recorrer igualmente a
negociação pacífica, concluindo tratados de protecção com os Estados africanos, por
exemplo, no norte de Serra Leoa e da Costa do Ouro (actual Gana), bem como em
diversos pontos dos pais Ioruba. Em outras áreas, como no pais Ashanti, no território
dos Ijebu na Iorubalandia, no delta do Níger e, particularmente, no norte da Nigéria,
empregaram sobretudo a forca. Tal como na África Ocidental Francesa, os povos da
região reagiram das maneiras mais diversas a ocupação, optando por uma política de
confronto, de aliança, de submissão ou pela combinação das diferentes opções. Vamos
examinar mais de perto o que se passou no pais Ashanti no sul e norte da Nigéria.

2.1- O pais Ashanti (Costa do Ouro)

Em nenhuma outra parte da África ocidental houve tão longa tradição de luta entre os
africanos e os europeus como entre os Ashanti e os britânicos na Costa do Ouro. Os
conflitos surgiram por volta de 1760 e culminaram com um choque militar em 1824: os
Ashanti bateram as forcas britânicas e seus aliados, matando‑lhes o comandante, sir
Charles MacCarthy, então governador da Costa do Ouro. Dois anos mais tarde, os
ingleses foram a desforra na batalha de Dodowa. Em 1850 e 1863, a guerra foi evitada
por pouco, mas entre 1869 e 1872 os Ashanti lançaram um ataque triplo que redundou
na ocupação de praticamente todos os Estados costeiros e meridionais da Costa do Ouro.
Para rechaçar os Ashanti, o governo britânico lançou por sua vez uma das campanhas
mais bem organizadas da época, sob o comando de um dos mais célebres oficiais
ingleses do seu tempo, o general Garnet Wolseley. Equipados com as armas mais
modernas, seus soldados conseguiram fazer recuar o exército dos Ashanti para a outra
margem do rio Pra, ocupar e saquear Kumasi em Fevereiro de 1874, após uma
derradeira tentativa de resistência desesperada do exercito Ashanti em Amoafo, perto de
Bekwai. A derrota decisiva dos Ashanti pelos britânicos, em 1874, haveria de ter graves
consequências para eles, condicionando em grande medida as suas reacções entre 1880
e 1920.
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2.2- Sul da Nigéria

As iniciativas e reacções dos nigerianos em face dos britânicos foram tão multiformes
como os ardis e os meios empregados por estes últimos para estender a sua dominação
ao conjunto da Nigéria actual. O pais Ioruba foi conquistado pelos missionários e pelas
autoridades de Lagos, os Oil Rivers pelos missionários e pelos cônsules, e o norte da
Nigéria ao mesmo tempo pela National African Cornpany (que se transformaria, em
1886, na Royal Niger Company – RNC) e pelas autoridades britânicas. As principais
armas utilizadas pelos britânicos foram a diplomacia e a intervenção militar. As
reacções dos nigerianos, por consequência, vão da luta aberta as alianças e submissão
temporárias.

O cônsul, Johnston, mandou‑o parar com a exigência de tributos aos seus compatriotas,
mas Jaja de Opobo, em vez disso, enviou uma missão junto do Foreign Office para
protestar contra essa ordem. Como Jaja não queria ceder, apesar de o cônsul ter
ameaçado bombardear a sua cidade com as canhoneiras britânicas, em 1887 Johnston
atraiu‑o a bordo de um navio, portando um salvo‑conduto, e o deteve, expedindo‑o para
Acra, onde foi julgado e deportado para as Antilhas. Estupefactos com esta forma de
tratar um dos chefes mais poderosos e mais ricos da região, e sofrendo já de dissensões
internas, os outros Estados do delta – Velho Calabar, Novo Calabar, Brass e Bonny –
renderam‑se e aceitaram as comissões administrativas impostas por Johnston.

Outro chefe que também desafiou os britânicos foi Nana, governador do rio no reino de
Itsekiri. A exemplo de Jaja, quis regulamentar o comercio no rio Benim, o que levou os
britânicos a formar um exército para lhe tomar a capital.

2.3- Conquista e reacções no norte da Nigéria

Se a conquista e ocupação do sul da Nigéria foi obra do governo britânico, ajudado


pelos comerciantes e pelos missionários, no norte da Nigéria isso foi realizado pela
National African Company (Royal Niger Company – RNC – desde 1886) e pelo
governo. No norte, o principal método empregado foi, como fizeram os franceses no
Sudão ocidental, a intervenção armada. No entanto, ela foi precedida por uma serie de
tratados subscritos pelos chefes do norte da Nigéria e pela RNC. Para ela, era uma
forma de reservar a região para os britânicos e de contrariar os apetites franceses e
alemães, que avançavam, respectivamente, do oeste e do leste.
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Tendo sido o princípio da ocupação efectiva estabelecido pela Conferencia de Berlim, a


RNC foi obrigada a intervir, para se antecipar aos franceses e alemães. O caminho para
o norte atravessava Ilorin e Nupe, ambos determinados a defender a sua independência e
soberania. Nupe foi invadido, portanto, em 1897. Segundo D. J. M. Muffett, os
efectivos da coluna “compunham‑se do major A. R. Arnold.

Depois, foi a vez de Ilorin, ainda no mesmo ano. Após se bater valentemente, o Estado
teve de submeter‑se a RNC.

3- Reacções dos africanos na África ocidental, 1900‑1914

Conforme vimos, em 1900 todos os esforços envidados pelos africanos para


salvaguardar a sua soberania e independência foram inúteis. No decurso do período
estudado, compreendido entre 1900 e o começo da Primeira Guerra Mundial, diversos
sistemas e métodos seriam empregados para administrar e sobretudo explorar as novas
possessões. Como diria Angoulvant, nomeado governador da Costa do Marfim em
Agosto de 1908: O que tem de ser colocado antes de tudo e o principio indiscutível da
nossa autoridade.

Da parte dos indígenas, a aceitação de tal princípio deve se traduzir pela deferência na
acolhida, pelo respeito absoluto aos nossos representantes, sejam eles quais forem, pelo
pagamento integral do imposto a taxa uniforme de 2,50 francos, pela boa cooperação
dada a construção de caminhos e de estradas, pela aceitação do pedagio pago, pela
observação de nossos conselhos relativos a necessidade do trabalho, pelo recurso a
nossa justiça. As manifestações de impaciência ou de falta de respeito para com a nossa
autoridade, as faltas deliberadas de boa‑vontade, tem de ser reprimidas sem demora

Em todas as novas colónias, os objectivos acima definidos foram levados a cabo


mediante os métodos que acabam de ser expostos. Foram nomeados administradores de
distrito e administradores itinerantes, promulgados novos códigos e novas leis, chefes
confirmados ou depostos e outros designados, baixados impostos directos e indirectos e
exigido o trabalho forcado para a abertura de estradas e vias-férreas. Todas essas
medidas, naturalmente, suscitaram as mais variadas reacções.

Os objectivos essenciais configuravam três tipos: recuperar a independência e a


soberania perdidas, o que implicava a plena rejeição da dominação colonial; procurar
corrigir ou rectificar certos abusos ou certos aspectos opressivos do colonialismo;
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procurar acomodar‑se. A estratégia utilizada neste período não foi a submissão nem a
aliança, mas antes a resistência por várias formas: revoltas e rebeliões, migrações,
greves, boicotes, petições, envio de delegações e, finalmente, contestação ideológica.
Durante esta fase, o poder permaneceu praticamente o mesmo da fase entre 1880 e 1900,
ou seja, ficou nas mãos dos chefes tradicionais. Vamos fazer um breve exame de tais
estratégias. O método mais comum na África ocidental, durante este período, foi a
rebelião ou a revolta.

4- As causas do insucesso

Todas as tentativas de resistência e de insurreição armada fracassaram, portanto, ao


menos se considerarmos apenas os resultados imediatos. Embora não faltassem aos
habitantes da África ocidental coragem nem ciência militar, estavam em grave
desvantagem relativamente aos invasores e não dispunham de nenhuma compensação
para a inferioridade técnica de seu armamento. Claro, conheciam melhor o pais, e a
dureza do clima, que obrigava os europeus a interromper operações em certos períodos
do ano, as vezes lhes proporcionava um pouco de descanso. Por outro lado, os Estados
da Africa ocidentais nunca chegaram a estabelecer uma aliança orgânica, que obrigasse
os inimigos a combater em várias frentes ao mesmo tempo. Certos Estados perceberam
claramente a necessidade dessa aliança, mas as tentativas em tal sentido não deram
resultado.

Se lançarmos uma vista de olhos a este período épico da história africana, a questão que
naturalmente acode ao espírito e a de saber se a resistência não foi uma “loucura
heróica”, ou seja, uma atitude criminosa. Não e essa a opinião dos autores do presente
capitulo. Pouco importa, com efeito, que os exércitos africanos tenham sucumbido
diante de inimigos mais bem equipados, se a causa pela qual os resistentes se imolaram
resta viva no espírito de seus descendentes.

Conclusão
Feito o presente trabalho concluímos que de 1880 a 1914, toda a África estava qua-se
colonizada, com excepção da Libéria e Etiópia. Esse fenómeno, para os africanos se
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traduziu essencialmente na perda da sua soberania, de sua independência e de suas


terras, desenrolou- se em duas fases: a primeira vai de 1880 aos primeiros anos do
século XX, A segunda até a irrupção da Primeira Guerra Mundial, em 1914. A
Resistência na África se revelou mais violenta dependendo do colonizador.

Embora que haja pormenores de traição entre africanos, não podemos erradamente
considerar este termo apologético colonial, apenas foi a tentativa de procura de aliança
entre o africano com o europeu, mas este percebia a tal aliança como forma de
aproximação dos inimigos e acabou derrotando de vez em vez que aproximava do
africano ate o último aliado foi derrotado. De uma ou de outra forma os africanos
lutaram para defender ou ate resgatar sua soberania e liberdade usurpada pelo Europeu,
apesar do domínio europeu os africanos sempre resistiram
continuadamente, por desobediência, sabotagem ou ate rebeliões,
este fenómeno foi se arrastando ate o alcance da independência embora tenha tomado
um outro carácter
16

Bibliografia
BOAHEN, Albert Adu. A África diante do desafio colonial. In: BOAHEN, Albert Adu
(ed.). História Geral da África, VII: África sob dominação colonial. São Paulo: Cortez,
2011a.

BOAHEN, Albert Adu; GUEYE, M’Baye. Iniciativas e resistência africanas na África


ocidental, 1880-1914. In: BOAHEN, Albert Adu (ed.). História Geral da África, VII:
África sob dominação colonial. São Paulo: Cortez, 2011b.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito da História. In: BENJAMIN, Walter. O Anjo da


História. São Paulo; Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

MAZRUI, Ali A. Procurai primeiramente o reino político. In: MAZRUI, Ali; WONDJI,
C. (ed.). História Geral da África, VIII: África desde 1935. São Paulo: Cortez, 2012.

MWANZI, Henry A. Iniciativas e resistência africanas na África oriental, 1880-1914. In:


BOAHEN, Albert Adu (ed.). História Geral da África, VII: África sob dominação
colonial. São Paulo: Cortez, 2011.

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