Você está na página 1de 2

Temas polêmicos:

1) Competência Executória:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO DE EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE


SENTENÇA COLETIVA AJUIZADA PELO SINDIPETRO EM FAVOR DE
TRABALHADOR - POSSIBILIDADE DE ELEIÇÃO DO FORO PELO EXEQUENTE . 1. O
art. 98, § 2º, I, do Código de Defesa do Consumidor permite ao exequente a eleição do foro no qual
será ajuizada a execução individual de direito reconhecido em ação coletiva: o Juízo da liquidação
(que se entende por seu domicílio) ou o Juízo da ação condenatória. 2. In casu , o Sindipetro/NF,
atuando em favor de um exequente favorecido na ação coletiva, houve por bem ajuizar a ação de
execução individual da sentença no foro da condenação (Foro Trabalhista de Macaé-RJ), daí por
que incide a aludida regra legal, firmando-se a competência no foro de Macaé. Precedentes desta
Subseção. Conflito de competência acolhido para declarar competente o Juízo da 2ª Vara do
Trabalho de Macaé-RJ. (CC-2076-04.2014.5.17.0003, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho, Data de Julgamento: 08/08/2017, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais,
Data de Publicação: DEJT 10/08/2017).

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE


SENTENÇA COLETIVA. PROVIMENTO CONDENATÓRIO PROFERIDO EM MACAÉ-
RJ E TRABALHADOR DOMICILIADO EM VILA VELHA-ES. APLICAÇÃO DAS
NORMAS QUE COMPÕEM O SISTEMA PROCESSUAL COLETIVO. OPÇÃO DO
TRABALHADOR PELO JUÍZO DA CONDENAÇÃO . Com inspiração no ideal protetivo que
fundamenta o direito material do trabalho, os critérios legais que definem a competência dos órgãos
da Justiça do Trabalho objetivam facilitar ao trabalhador, reputado hipossuficiente pela ordem
jurídica, o amplo acesso à justiça (CF, art. 5º, XXXV). Essa a diretriz que deve orientar a solução
dos conflitos de competência entre órgãos investidos de jurisdição trabalhista. Cuidando-se, porém,
de sentença proferida em ação civil coletiva (art. 91 da Lei 8.078/1990), proposta por um dos "entes
exponenciais" legalmente legitimados (art. 82 da Lei 8.078/1990), são aplicáveis as normas
jurídicas que disciplinam o sistema processual das ações coletivas (artigos 129, III, e 134 da CF de
1988 c/c as Leis 4.717/65, 7.347/85 e 8.078/90). Nesse sentido, a competência para a execução
caberá ao juízo da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual,
ou, ainda ao juízo da ação condenatória, quando a execução se processar de forma coletiva (art. 98,
§ 2º, I e II, da Lei 8.078/1990). Na espécie, a ação de execução individual foi proposta pelo
sindicato profissional, na condição de representante de um dos trabalhadores beneficiários da
condenação coletiva, perante o juízo prolator da sentença condenatória passada em julgado. Ainda
que o trabalhador beneficiário do crédito exequendo resida em município inserido na competência
territorial de outro órgão judicial, a eleição do foro da condenação está expressamente prevista em
lei, devendo, pois, ser respeitada, sobretudo quando, diferentemente do que foi referido pelo juízo
suscitado, não constou da sentença passada em julgado qualquer definição em torno da competência
funcional para a execução respectiva. Conflito de competência admitido para declarar a
competência do MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Macaé-RJ, suscitado. (CC-2077-
86.2014.5.17.0003, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 13/06/2017,
Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 23/06/2017).

2) Ilegitimidade Passiva de Sindicato Patronal

ILEGITIMIDADE PASSIVA DO SINDICATO REPRESENTANTE DAS INDÚSTRIAS


FABRICANTES DE ÁLCOOL . AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OBRIGAÇÃO DE FAZER/NÃO
FAZER E PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL COLETIVO, ATINENTE
ÀS HORAS IN ITINERE . AÇÃO AJUIZADA EXCLUSIVAMENTE CONTRA O SINDICATO.
O Ministério Público do Trabalho ajuizou ação civil pública contra o Sindicato da Indústria da
Fabricação do Álcool do Estado do Mato Grosso do Sul-SINDAL , em que pretendeu a condenação
deste e de todas as empresas empregadoras/substituídas pelo sindicato, solidariamente, a
registrarem efetivamente as horas in itinere , a absterem de incluir em instrumento normativo
cláusula relativa à transação/supressão da jornada in itinere (salvo microempresa ou empresa de
pequeno porte) e a pagarem indenização por dano moral coletivo. O Tribunal a quo confirmou a
sentença pela qual foi extinto o feito sem julgamento de mérito por ilegitimidade passiva do
sindicato patronal, SINDAL, registrando que " os artigos 8°, III da CF e 5°, V da Lei n. 7.347/85
dispõem sobre a legitimidade dos sindicatos para a defesa dos direitos e interesses coletivos ou
individuais da categoria " e que , neste caso, a discussão versa sobre a legitimidade do sindicato
patronal para figurar no polo passivo da demanda. Ressaltou que " exclusivamente o Sindicato da
Indústria da Fabricação do Álcool do Estado do Mato Grosso do Sul-SINDAL compõe o polo
passivo da presente ação e a pretensão deduzida da ação civil pública abarca a condenação também
das empresas por ele representadas, em dano moral coletivo e obrigações de fazer e não fazer, sob
pena de incidência de multa cominatória " e que " o fato de o sindicato representar as empresas que
compõem a categoria patronal não é motivo suficiente para responder pelas empresas, relativamente
às pretensões expostas na presente ação civil pública ". Segundo o Regional, " não se trata de
interesses na defesa de uma categoria, mas, pelo contrário, de interesses opostos às empresas que o
sindicato representa, de modo que não se configurar a legitimação extraordinária para atuar como
substituto processual no polo passivo desta demanda, sob pena de cerceamento de defesa da
categoria patronal ". Cabe frisar que a s empresas representadas pela entidade sindical não integram
o polo passivo, tendo a ação civil pública sido ajuizada exclusivamente contra o sindicato patronal.
O artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal, invocado pelo Ministério Público do Trabalho para
fundamentar a legitimidade passiva do sindicato, estabelece que " ao sindicato cabe a defesa dos
direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas ". Contudo, a previsão constitucional da defesa de direitos e interesses da categoria -
indústrias produtoras de álcool - não obriga o SINDAL a figurar no polo passivo de ação em que se
pleiteiam direitos e interesses contrários aos da referida categoria. A Lei nº 7.347/85, por sua vez,
no seu artigo 5º, inciso V, confere legitimidade para propor ação civil pública à " associação " que "
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas
finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre
concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico". Além de o
dispositivo tratar de legitimidade ativa (e não passiva), refere-se à associação, e não a sindicato.
Registra-se ainda que a representatividade das indústrias fabricantes de álcool não se insere em
nenhuma das finalidades mencionadas na lei. Portanto, o Regional, ao entender que o Sindicato da
Indústria da Fabricação do Álcool do Estado do Mato Grosso do Sul-SINDAL não possui
legitimidade para figurar no polo passivo da ação civil pública sub judice , não afrontou os citados
dispositivos. No tocante à legitimidade passiva do sindicato patronal " com relação aos pedidos de
abstenção de incluir em instrumento coletivo ulterior cláusula relativa à transação/supressão da
jornada in itinere e de declaração da inexistência do direito de o sindicato-réu transacionar coletiva
ou individualmente a renúncia ou tabelamento da jornada in itinere ", cabe destacar que os artigos
612 e 613 da CLT apenas estabelecem requisitos para a formalização de acordos e convenções
coletivas de trabalho, sem exigirem ou vedarem a formalização de norma coletiva nos termos
defendidos pelo Ministério Público do Trabalho. Por outro lado, julgados oriundos de Turma desta
Corte ou do Supremo Tribunal Federal não se prestam a demonstrar divergência jurisprudencial, por
ausência de previsão na alínea "a" do artigo 896 da CLT. Agravo de instrumento desprovido "
(AIRR-954-60.2011.5.24.0004, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT
29/03/2019).

Você também pode gostar