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INTRODUÇÃO À

INDUSTRIA DO
PETRÓLEO

INTRODUÇÃO À INDUSTRIA DO PETRÓLEO


OPERADOR DE SONDA NOTURNO - 83107
INSTRUTOR: HEBERT PENELUC
AULA 5 – TRANSFERENCIA E ESTOCAGEM
INTRODUÇÃO À INDUSTRIA DO PETRÓLEO

INTRODUÇÃO À INDUSTRIA DO PETRÓLEO


OPERADOR DE SONDA NOTURNO - 83107
INSTRUTOR: HEBERT PENELUC
AULA 5 – TRANSFERENCIA E ESTOCAGEM
AULA 4 – TRANSFERÊNCIA E ESTOCAGEM

Ao lado das atividades de exploração e produção estão, em igualdade de importância,


as operações de transferências e estocagem. Afinal, o petróleo resultante da
prospecção, seja em terra, seja no mar, precisa ser transportado para as refinarias,
onde é processado e transformado em produtos de maior utilidade e valor agregado,
como gasolina, nafta, querosene, diesel, etc.
As operações de transferência e estocagem iniciam-se após a prospecção, quando se
necessita transportar o petróleo, seja por oleodutos ou por navios.
Também acontecem entre navios e terminais, terminais e refinarias, terminais e
terminais, ou seja, sempre que se deseje movimentar volumes de petróleo ou
derivados.
Compreendem técnicas próprias e conhecimentos específicos de que dispõe o
operador para processar o bombeamento com a devida segurança e monitoração,
bem como a estocagem em tanques próprios, de acordo com as características de
cada produto.
Tais operações, embora aparentem certa simplicidade, requerem treinamento e
especialização do operador, por envolverem o manuseio de produtos de elevadíssimo
valor comercial, sem contar a agressividade que poderiam causar ao meio-ambiente
em casos de acidentes, como tristemente tantos já foram vistos, ocasionando
verdadeiros desastres ecológicos.
Por tudo isso, o operador de Transferência e Estocagem necessita ter conhecimentos
de segurança industrial, tubulações e acessórios, instrumentos de temperatura,
pressão, nível e vazão, tipos de bombas e normas de operação, válvulas, tanques, etc.,
bem como boa formação em matemática, física e química, para compreender os
processos e realizar suas atividades com consciência e qualidade.

5.1. Transporte de petróleo e derivados


O petróleo produzido nos poços precisa ser transportado até as refinarias, sendo este
transporte feito por oleodutos para poços em terra, e por oleodutos ou navios para
poços localizados no mar.

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Uma vez refinado e obtendo-se os derivados, estes precisam chegar ao mercado
consumidor, o que é feito através da distribuição.

5.1.1. Transporte por oleodutos


Oleoduto ou, simplesmente duto, é o nome genérico dado às tubulações utilizadas
para transportar grandes quantidades de petróleo e derivados. Consiste no meio mais
econômico e seguro de movimentação de cargas líquidas derivadas de petróleo,
através de um sistema que interliga as fontes produtoras, refinarias, terminais de
armazenagem, bases distribuidoras e centros consumidores.
Os primeiros oleodutos surgiram nos Estados Unidos, há mais de 100 anos, quase ao
mesmo tempo que a indústria do petróleo.
A princípio, os oleodutos, ou pipe-lines, eram reservados ao transporte do petróleo
cru, desde o poço até a refinaria ou até o porto de embarque. Posteriormente, tal
sistema foi aplicado aos produtos refinados (gasolina, óleo combustível).
Algumas tubulações são mistas. Neste caso, insere-se no conduto um dispositivo
destinado a impedir que os produtos se misturem. Os condutos são constituídos de
tubos de aço devidamente soldados e dispostos em montagens na superfície do solo,
em trajetos subterrâneos ou, ainda, instalados sob a água no fundo do mar. A Figura
5.1 ilustra um oleoduto.
O sistema de condução do petróleo é realizado por meio das estações de
bombeamento.

Figura 5.1 – Oleodutos

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Os gasodutos transportam gases sob pressão. Seu princípio é igual ao dos oleodutos,
porém a manutenção da pressão interna efetua-se por meio de estações de
compressão, instaladas a cada 300 km aproximadamente. A distância entre as
estações deve ser bastante regular, porque o gás é mais compressível que o petróleo
e sua pressão diminui rapidamente com a distância.
A vedação da rede é continuamente vigiada por um controle radiográfico das
soldaduras e por inspeções aéreas (como os gasodutos enterrados estão
sistematicamente cobertos por vegetação, qualquer alteração nesta revela um
escapamento).
A análise dos custos de transporte pelo modal dutoviário indica expressiva vantagem
econômica, permitindo-se a redução de custos com fretes que influenciam os preços
finais dos derivados, diminuição do tráfego de caminhões e vagões-tanque e o
aumento da segurança nas estradas e vias urbanas.

5.1.2. Transporte hidroviário


Compreende os transportes que utilizam o meio aquático, quer seja marítimo ou fluvial.
Diversos são também os tipos de embarcação. O tipo da carga, o percurso, as
condições do porto de origem e destino e outros aspectos irão influenciar a escolha
do tipo apropriado da embarcação. As Figuras 5.2 e 5.3 mostram navios petroleiros.
O transporte de cabotagem é o realizado pelas embarcações ao longo da faixa
costeira. Representa o que há de mais importante no que concerne à movimentação
de cargas pelo modal hidroviário.
É comum para o transporte de petróleo e derivados a utilização de navios de grande
capacidade, de 35 mil, 45 mil, 60 mil e 90 mil t.
Não obstante a supremacia do modal rodoviário, a navegação de cabotagem ocupa
seu lugar de importância, e vem apresentando sinais de avanço, desde o início dos
anos 90, época da abertura comercial do país.

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Figura 5.2 – Navio petroleiro Jahre Vicking Figura 5.3 – Navio petroleiro Irati

Como todos os outros modais, vale aqui ressaltar que a vantagem auferida por este
meio dependerá do caso concreto, em análise do custo/benefício. Mesmo permitindo
movimentar grandes quantidades de derivados em uma única operação, o que faz com
que o custo do metro cúbico transportado seja bem inferior ao dos modais rodoviário
e ferroviário, os altos custos portuários impedem que o frete seja competitivo para
pequenos lotes.
Leve-se também em consideração que atualmente o número de navios vem se
tornando insuficiente, reduzindo a flexibilidade logística e causando
congestionamentos portuários que podem causar sobre-estadias elevadas (até US$
15 mil por dia).

5.1.3. Transporte rodoviário


O transporte de cargas, de um modo geral, no Brasil, é feito preponderantemente pelo
meio rodoviário. Em algumas regiões o índice de utilização ultrapassa 90%.
Isso se explica porque, desde o início, o país investiu na construção de estradas para
interligar as unidades federativas, bem como para escoar a produção agroindustrial.
Desta forma, o transporte rodoviário foi privilegiado, enquanto os demais modais foram
relegados a segundo plano.
A produção de diesel nas refinarias era fundamentalmente para suprir a gigantesca
frota de caminhões e ônibus, criando o cenário de dependência a este modal como se
observa atualmente.
O transporte de derivados de petróleo por este modal é feito em caminhões-tanque.
Alguns apresentam apenas um único tanque, outros já apresentam tanques

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segmentados, possibilitando o transporte de mais de um tipo de produto. As
capacidades dos tanques também variam, e são estabelecidas por ocasião da aferição
pelo INMETRO.
Os derivados oriundos de uma refinaria normalmente são enviados para as
distribuidoras através de oleodutos e armazenados em tanques. Posteriormente, a
distribuidora atenderá a seus clientes (postos) nas quantidades necessárias através
dos caminhões-tanque, como ilustrado na Figura 5.4.

Figura 5.4 – Distribuição por modal rodoviário

5.1.4. Transporte ferroviário


O transporte de derivados pelo modal ferroviário é bastante empregado em países
cuja infra-estrutura de transportes privilegia a intermodalidade.
O modal ferroviário representa uma alternativa económica para o deslocamento de
grandes volumes de álcool e derivados de petróleo, visto que, em média, os vagões
possuem capacidade para 60 m3 de produto. No entanto, a velocidade do
deslocamento das composições tem de ser levada em consideração na análise
custo/benefício.
Nos locais onde seja possível a integração com este tipo de modal, a análise do
custo/benefício tem se revelado vantajosa, quando bem planejada, exatamente pela
possibilidade de se transportar grandes quantidades.
Infelizmente no Brasil não se investiu muito na malha ferroviária. Utilizamos
preponderantemente o modal rodoviário, congestionando a cada dia mais nossas

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estradas; tal fato impossibilita o acesso a muitas regiões, sobretudo as mais distantes,
pelo meio ferroviário.
O resultado do abandono foi praticamente a total deterioração do sistema, o que levou
à privatização do setor no final de 1995.
Os combustíveis líquidos derivados de petróleo, bem como o álcool, são transportados
em vagões-tanque de aço (Figura 5.5), cuja capacidade é, em média, 60 m3.
Tais vagões também sofrem aferição pelo órgão metrológico oficial (INMETRO), que
estabelece sua arqueação, do mesmo modo que nos tanques verticais de
armazenamento de grandes volumes. Assim, também o vagão apresenta sua tabela
volumétrica, que estabelece o volume em função da altura.

Figura 5.5 – Vagão ferroviário

5.2. Armazenamento de petróleo e derivados


Nas bases os derivados são armazenados em tanques apropriados, de acordo com
suas características.

5.2.1. Tanques atmosféricos


São equipamentos destinados ao armazenamento de combustíveis líquidos e gasosos,
sendo construídos em dimensões e formas variadas, dependendo do tipo de produto
e da quantidade a ser estocada. Um exemplo é mostrado na Figura 5.6.

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Figura 5.6 – Tanque atmosférico

O material mais empregado na fabricação dos tanques é o aço carbono, sendo raro o
emprego de outros materiais, a não ser em tanques de pequeno porte, utilizando-se
alumínio ou aço inoxidável.
Tendo em vista a corrosão atmosférica, costuma-se revesti-los com películas
protetoras, como zarcão, tintas especiais, galvanização com zinco, etc., e internamente
com tinta de silicato inorgânico de zinco ou outros materiais específicos.
A construção de um tanque de armazenamento representa um elevado investimento
de capital, devendo, portanto, seguir rígidos padrões de segurança, afinal armazenam
muitas vezes produtos perigosos e/ou com alto valor comercial. Normalmente são
construídos no próprio canteiro de obras por profissionais qualificados para a
realização dos processos de soldagem, radiografia, montagem etc., sendo submetidos
a rigorosos ensaios não destrutivos, tais como ultra-som, partículas magnéticas e
gamagrafia, no intuito de assegurar a máxima segurança operacional quando for
colocado em uso.

5.2.2. Armazenamento sob pressão


Alguns hidrocarbonetos não são líquidos à pressão atmosférica e necessitam ser
armazenados a pressões superiores, para continuarem líquidos. Neste caso, os
produtos são armazenados em vasos de pressão, que podem ser de 2 tipos:
• Cilíndricos: são cilindros com calotas de vários formatos: elipsoidal, hemisférico,
cônico, torocônico e torosférico. Normalmente são usados para volumes
relativamente pequenos (100 a 200 m3).
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• Esféricos: são usados para volumes maiores (2.000 a 3.000 m3).

A Figura 5.7 apresenta um vaso de pressão esférico.


Há também as instalações refrigeradas, onde o próprio produto é usado na
refrigeração. Neste caso, a pressão de armazenamento é baixa, com economia no
material do reservatório (todavia, o custo operacional é maior).

Figura 5.7 – Vaso de pressão esférico

Deve-se notar que estes tanques de armazenamento sob pressão não devem ficar
completamente cheios com o produto, pois com a expansão causada pelo aumento
da temperatura, teremos grande aumento de pressão no vaso, abrindo-se a válvula de
segurança ou rompendo-se o vaso, no caso de haver falha na válvula.
Relativamente às operações nestes tanques, só diferem dos demais no que tange à
pressão, que deve ser controlada com bastante atenção, não devendo nunca alcançar
a abertura das válvulas de segurança, devendo ser mantida sempre abaixo desse
limite.
Quando a pressão do tanque começar a subir muito, o mesmo deverá ser
despressurizado (para outro tanque de pressão mais baixa, para a tocha, ou mesmo,
em último caso, para a atmosfera) ou resfriado.

5.2.3. Bacias de contenção

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Os tanques de armazenamento devem estar contidos dentro de uma bacia de
contenção que possa conter eventuais derrames em caso de sinistros. A NBR 7505,
que regulamenta a armazenagem de produtos, prevê a sua necessidade, bem como
estabelece os critérios para sua construção, principalmente no que tange à sua
capacidade.
Diz a norma que uma bacia de contenção deve conter o volume equivalente ao seu
maior tanque, mais 10% do somatório de todos os demais.
Ressalte-se que, em atendimento às normas hoje vigentes, deverão as bacias ser
impermeabilizadas, de modo a não permitir a contaminação do solo e de possíveis
lençóis freáticos existentes na região.

5.2.4. Classificação na área


De acordo com as finalidades a que se destinam podem se classificar os tanques de
várias formas:
• Tanques de armazenamento – onde são estocados os derivados (gasolina,
querosene, diesel, GLP, etc.) e produtos de alimentação para unidades de
processo, quando for o caso.
• Tanques de recebimento – onde os produtos saídos de uma unidade são
armazenados, podendo ser enviados para outra unidade ou para
armazenamento final, se estiverem dentro das especificações.
• Tanques de resíduo – onde os produtos fora de especificação, ou provenientes
de operação indevida são armazenados, aguardando reprocessamento.
• Tanques de mistura – onde são feitas misturas de produtos ou são adicionados
aditivos, para depois serem enviados para armazenamento final, quando dentro
das especificações.
Relativamente à posição, podem ser verticais (grande porte e capacidade volumétrica)
ou horizontais (baixa capacidade volumétrica, armazena normalmente produtos
especiais, solventes, etc.).
É mais comum a classificação quanto aos tipos de tanque levando-se em consideração
o teto. De acordo com o produto será utilizado o tipo de tanque mais adequado, sendo
que os de aplicação mais comum são os verticais de teto fixo (cônicos, curvos,
esferoidal, etc., com ou sem selo flutuante), e os de teto flutuante. Produtos não

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voláteis, como diesel, óleo combustível e lubrificantes, são armazenados em tanques
de teto fixo, sem necessidade do selo flutuante; já os produtos mais voláteis, tais como
gasolina e nafta, reduzem as perdas por evaporação com a utilização do selo flutuante,
que consiste num selo muito fino, de material especial (espuma de uretano, neoprene)
que não produza faísca por ocasião de atrito, de tal forma que, flutuando sobre o
produto, praticamente elimina o contato da superfície líquida com o oxigênio, o que
contribui para a segurança do armazenamento.
Há também os tanques de teto móvel, muito semelhantes aos de teto flutuante,
residindo a diferença numa câmara de vapor, cuja pressão faz com que o teto se
desloque no sentido vertical, orientado por guias. Sua utilização é mais freqüente para
o armazenamento de gás de rua, propano e amônia.
Já para armazenar gás processado, podem ser utilizados tanques com teto móvel, cujo
funcionamento estrutural é telescópico; à medida que o produto vai entrando no
tanque, o teto vai subindo, e um sistema de encaixe faz as paredes da estrutura
acompanharem o movimento.
A Figura 5.8 ilustra uma base de armazenamento.

Figura 5.8 – Base de armazenamento

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