Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Súmula 640-STJ: O benefício fiscal que trata do Regime Especial de Reintegração de Valores
Tributários para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA) alcança as operações de venda de
mercadorias de origem nacional para a Zona Franca de Manaus, para consumo, industrialização
ou reexportação para o estrangeiro.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 18/02/2020, DJe 19/02/2020.
Art. 1º A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e exportação e de
incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro
industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas que permitam seu
desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram, os centros
consumidores de seus produtos.
As indústrias que se instalam na Zona Franca de Manaus gozam de incentivos fiscais, como a isenção total
ou parcial de alguns impostos e contribuições federais, como é o caso do IPI, do imposto de importação, do
imposto de renda e do PIS/PASEP.
Conforme já expliquei, essa Zona Franca foi criada com o objetivo de levar o desenvolvimento para a
Amazônia, fomentando a formação de um centro industrial e comercial na região. Com isso, os habitantes da
localidade possuem alternativas econômicas para não precisarem utilizar, de forma devastadora, os recursos
ambientais.
A Zona Franca de Manaus não viola esse princípio porque se enquadra na parte final do inciso I do art. 151,
ou seja, a concessão dos incentivos tem por objetivo desenvolver uma região do País que precisa de um
tratamento diferenciado em razão de suas peculiaridades geográficas.
Além disso, quando a CF/88 foi editada, a Zona Franca de Manaus (que já existia desde 1957) foi incluída no
art. 40 do ADCT:
Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de
exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da
promulgação da Constituição.
Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que disciplinaram ou
venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de Manaus.
O legislador constituinte optou por essa medida para que não houvesse dúvidas de que ela está de acordo
com o princípio da uniformidade geográfica ou uniformidade tributária.
Assim, a Zona Franca de Manaus é CONSTITUCIONAL porque foi mantida pela própria CF/88 (art. 40 do
ADCT) e também porque se enquadra na parte final do art. 151, I, acima destacado.
REINTEGRA
Reintegra é a sigla de “Regime especial de reintegração de valores tributários para empresas exportadoras”.
Trata-se um programa econômico instituído pelo governo federal com o objetivo de incentivar as
exportações.
Veja o que diz o art. 21 da Lei nº 13.043/2014:
Art. 21. Fica reinstituído o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas
Exportadoras - REINTEGRA, que tem por objetivo devolver parcial ou integralmente o resíduo
tributário remanescente na cadeia de produção de bens exportados.
Este programa prevê que a empresa que exporte bens terá direito a créditos. Esses créditos serão apurados
mediante a aplicação de um percentual sobre a receita auferida com a exportação. Esse percentual poderia
variar entre 0,1% e 3%:
Art. 22. No âmbito do Reintegra, a pessoa jurídica que exporte os bens de que trata o art. 23 poderá
apurar crédito, mediante a aplicação de percentual estabelecido pelo Poder Executivo, sobre a
receita auferida com a exportação desses bens para o exterior.
§ 1º O percentual referido no caput poderá variar entre 0,1% (um décimo por cento) e 3% (três por
cento), admitindo-se diferenciação por bem.
(...)
Assim, o art. 22, § 1º, da Lei nº 13.043/2014 determina que o Poder Executivo estabeleça o fator percentual
de cálculo do valor do crédito, o qual pode variar entre 0,1% e 3%.
As empresas nacionais que vendem mercadorias para a Zona Franca de Manaus são beneficiadas
com o benefício fiscal do REINTEGRA?
SIM. O benefício fiscal do REINTEGRA se aplica em caso de venda de mercadorias de origem nacional para a
Zona Franca de Manaus.
Por quê?
O art. 4º do Decreto-Lei nº 288/1967, recepcionado expressamente pelo art. 40 do ADCT, e o art. 506 do
Decreto nº 6.759/2009 dizem que se uma mercadoria é vendida para a Zona Franca de Manaus isso é como
se fosse uma exportação, ou seja, uma venda para o exterior. Confira:
Assim, a venda de mercadorias para empresas situadas na Zona Franca de Manaus equivale, para efeitos
fiscais, à exportação de produto brasileiro para o exterior, de modo que o contribuinte enquadrado nessas
condições faz jus ao benefício fiscal instituído pelo REINTEGRA.