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AUTOMAÇÃO / Máquinas
23/04/2009 06:44:27
Faremos aqui uma descrição das etapas do projeto de controladores PID (analógico e digital) para um
motor de corrente contínua tipo “shunt”, fornecido pelo Laboratório de Conversão de Energia do
Instituto Politécnico da Universidade Católica. Será apresentada, primeiramente, a teoria em que se
baseou o projeto, bem como a descrição dos equipamentos envolvidos no mesmo. Em seguida, serão
explicitadas as etapas do projeto (testes, simulação, montagem, etc.) e ainda feita uma análise e
confrontação entre os resultados obtidos e as simulações. As conclusões e o aprendizado alcançados
com a elaboração deste estudo também serão levantados ao final do texto, demonstrando também as
diferenças e os aspectos envolvidos na modelagem de controladores analógicos e digitais.
A principal referência deste projeto foi o estudo dos controladores PID aplicados a motores CC, visto
que estes são largamente utilizados na indústria hoje em dia. A base de estudo foram os laboratórios
de pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Isto significa que tentou-se
relacionar, nos ambientes de pesquisa, a teoria de controle com testes e simulações práticas desta.
Desenvolvimento do Projeto
Utilizou-se um motor CC de 1CV para o desenvolvimento deste projeto, com um gerador acoplado ao
seu eixo. Lâmpadas ligadas em seus terminais tinham por objetivo simular variações de carga e um
tacogerador foi utilizado para realimentação de velocidade. Para o desenvolvimento deste trabalho, é
conveniente dividi-lo em etapas para um melhor entendimento. São elas:
Para obter a função de transferência do motor, alguns ensaios se fizeram necessários. Estes ensaios
consistiam na obtenção do comportamento do motor, do gerador e do tacogerador relacionando
tensão na armadura do motor (Va), corrente no gerador (Ig), tensão no tacogerador (Vt) e velocidade
do eixo (ω). Inicialmente, com o motor funcionando em vazio, elaborou-se uma tabela relacionando
estes dados. Para cada valor de Va tem-se o valor de ω e Vt. Para encontrar Kg, os testes foram
realizados com carga no motor. Com os dados obtidos, o objetivo era elaborar a função de
transferência do motor, através dos parâmetros encontrados.
Desse modo, devem-se determinar os valores de Ka, Kt, Kg e Ig, além da constante de tempo τ, para a
obtenção da equação completa.
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Todos os gráficos obtidos são lineares. Desse modo, determinando a inclinação da reta, obtêm-se os
parâmetros necessários à modelagem da função de transferência. Este resultado já era esperado,
visto que os parâmetros utilizados nos gráficos são diretamente proporcionais.
Onde Vt(s) é a saída do processo, ou seja, a tensão do tacogerador. Esta saída é dada em função de
Va, a tensão na armadura e de um distúrbio, a corrente na armadura do gerador, Ig. Estes então são
os dois fatores que influenciam na velocidade do motor.
Estabelecidos os objetivos, utilizou-se para fins de teste, uma tensão de referência de 100 V e a
resposta do sistema obtida é mostrada na figura 2.
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Em azul, observamos a resposta do sistema para a malha sem o controlador. Considerou-se que, no
instante t=30 segundos, a carga foi ligada no motor. Vemos que a tensão deveria se estabilizar em 100
V, porém, o valor alcançado foi 40 V, e após a carga ter sido conectada, esta tensão caiu ainda mais
atingindo 32 V. Não há controle algum sobre a velocidade, sendo que esta responde simplesmente a
variações na tensão Va e na carga, permanecendo constante quando estas variações não existem.
Como esta resposta está longe da esperada, introduzimos um controle integral com o objetivo de
reduzir o erro em regime permanente. Considerando Ki=2, vemos na curva em verde que o erro foi
reduzido drasticamente, porém, surgiu um overshoot no sistema.
Em vermelho, vemos a reposta do sistema para um controle proporcional. Somente com este tipo de
controlador, o erro em regime permanente foi alto, apesar de o regime transitório ter sido satisfatório.
A solução então foi unir ambos os controladores formando um controlador PI. Ajustando o ganho
proporcional (Kp) para 2 e o ganho integral (Ki) para 2, o sistema atenderá às exigências, visto que o
aumento do ganho proporcional reduzirá o sobre-sinal, antes encontrado, para zero, e o integral
eliminará o erro em regime permanente, como vemos no gráfico da figura 3.
Esta é a resposta do sistema com um controlador PI, sendo que a carga é conectada ao gerador no
instante t = 10 segundos.
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Conclusões da simulação:
A ação derivativa quando combinada com a ação proporcional tem justamente a função de "antecipar"
a ação de controle a fim de que o processo reaja mais rápido. Neste caso, o sinal de controle a ser
aplicado é proporcional a uma predição da saída do processo. Como o controle PI atendeu bem às
exigências e a adição de uma ação derivativa tornou a resposta mais instável, optou-se pela não
utilização desta ação, como ficará provado na apresentação dos resultados.
O Controlador Analógico
A ação derivativa não foi usada, tendo sua implementação detalhada acima em caráter teórico. Os
valores dos componentes foram calculados, com base nos ganhos obtidos através das simulações no
SIMULINK do software MATLAB, resultando no circuito representado pelo anexo 1. A memória de
cálculo também está representada no anexo 3.
KP (proporcional)
R1/R2
KI (integral) 1//RC
T.1 – Cálculo dos ganhos.
O SP (set-point) é a tensão de referência. Utilizou-se uma fonte CC variável para ajustar a tensão de
set-point no circuito.
Os ganhos podem ser alterados através do uso de trimpot (resistência variável) inseridos no circuito.
Como pode ser observada na tabela 1, a variação da resistência provoca variação nos ganhos
desejados.
O controlador atuará ajustando a tensão na armadura do motor, a fim de variar sua velocidade. Porém,
ele não poderá atuar diretamente, visto que não possui potência suficiente para tal. Desse modo, é
necessária a utilização de um conversor que fornecerá uma tensão à armadura do motor proporcional
à tensão de saída do controlador, ou seja, este fornecerá um sinal do controle para o conversor atuar
sobre o motor.
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A saída do sistema tem seus limites em 0~14V. Valores maiores não são encontrados porque os
amplificadores operacionais saturam-se neste valor de tensão. Este sinal será a referência para o
conversor, empregado para atuar na tensão de armadura do motor de acordo com este sinal de
controle. Porém, o conversor utiliza a referência -10V~10V, sendo então necessária a implementação
de outro divisor de tensão na saída do controlador para limitar o sinal aos devidos limites.
Neste sistema, tanto o erro quanto o sobre-sinal atenderam às expectativas, ficando abaixo de 5%. O
controle foi realizado com sucesso, dentro dos parâmetros definidos.
Conversor
Um conversor CA/CC controlado foi usado neste projeto com o objetivo de fornecer tensão retificada
ao motor CC a partir de uma tensão de referência de 0 a 10 V proveniente do controlador. Ele irá
fornecer a tensão de armadura proporcional a este sinal de controle, além de estabelecer a tensão de
campo e fornecer dados ao operador, como por exemplo os valores instantâneos de corrente e tensão.
O Controlador Digital
Em uma segunda fase, o controlador analógico foi substituído por um controlador digital. Um CLP
modelo ZAP 500, da HI Tecnologia, foi então inserido no processo, onde um microcomputador, ligado
on-line ao CLP fazia as alterações de parâmetros e realizava a leitura da variável de processo, da
saída do CLP e do set-point, através de um supervisor de PID disponível no próprio software de
configuração do CLP.
O processo necessitou de algumas poucas adaptações para receber o CLP como, por exemplo, o uso
de um sinal de 4 a 20mA com referência ao invés de 0 a 10 V do controlador analógico.
Um programa de controle PID foi utilizado neste CLP. Nele, a entrada analógica de 0~5V foi usada e a
saída analógica de 4...20mA correspondia à saída do bloco PID presente neste programa. Os ganhos
eram ajustados via microcomputador, onde também se realizava a leitura das variáveis do processo.
Devido à facilidade de alteração dos ganhos e obtenção da resposta do sistema em forma de gráficos,
os resultados estão apresentados a seguir.
Resultados
Várias simulações foram realizadas, com o objetivo de observar o comportamento do sistema frente às
variações dos ganhos do controlador PID. Os gráficos a seguir representam uma análise destes
parâmetros com o objetivo de determinar os ganhos ideais.
O set-point varia entre 0 e 20%, correspondendo a 0 e 100% do valor da tensão no motor. Isto ocorre
devido ao divisor de tensão reduzir em 100 vezes a tensão do taco-gerador. Com isso, a máxima
tensão na entrada do CLP é 1V, quando o máximo é de 5 V, ou seja, 20% deste valor.
A legenda utilizada nos gráficos está representada na tabela 2:
Set-point Vermelho
Variável de processo Azul
Variável de saída Amarelo
T.2 - Legenda.
Na figura 5, utilizamos os valores obtidos através das simulações efetuadas no MATLAB. Para
realizarmos os testes, usamos o set-point igual a 10%, correspondendo a aproximadamente 50% da
tensão nominal do motor. São eles:
KP = 2; TI = 1; TD = 0
onde TI = KP / KI.
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Conclusão
Neste trabalho, utilizou-se um controlador analógico e um digital para o mesmo processo. Ambos
atenderam muito bem às expectativas de projeto, controlando a velocidade do motor dentro das
características desejadas. Porém, eles apresentam grandes diferenças entre si, seja no projeto, custo
ou confiabilidade. Na tabela 4 estão listadas as vantagens e desvantagens de cada um.
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Através da tabela 4, nota-se que as principais diferenças entre os controladores estão no custo e nos
recursos. Cada controlador se aplica a um tipo diferente de processo. Se o motor faz parte de uma
planta industrial, que necessita sempre alterar o programa e os parâmetros do sistema, então deve-se
optar pelo digital, que possui mais recursos, podendo ser inserido em uma rede, interagindo assim
com outros equipamentos de campo, além de fornecer dados a um supervisório, sendo possível ler e
controlar as variáveis remotamente. Se o controle não necessita de tais recursos, não há alterações
freqüentes no set-point e o custo é um fator relevante, então o controle analógico é o mais indicado.
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