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Disciplina: História da Filosofia Medieval

Período: 2º semestre de 2022.


Turno: Matutino
Professor: Saulo Fernandes Brito

Plano de Curso
I. Ementa:

Apresentar o pensamento, dentro de uma visão global, dos filósofos medievais a partir
dos principais autores e das principais teses, sobretudo refletindo os aspectos que
norteiam o percurso que tomara o Ocidente.

II. Objetivo:

Pretendemos explanar, seguindo uma ordem cronológica, o essencial da vida e


obra dos autores em estudo, assim como as características dominantes de seus
pensamentos filosóficos. A nossa investigação pretende deste modo, considerar os
elementos políticos, religiosos e culturais constitutivos e característicos da Idade Média.
Assim, trata-se, sobretudo, de expor as principais ideias que influenciaram a filosofia do
período em questão.

Desejamos, portanto, investigar ao longo do curso, problemáticas e temas


dominantes do pensamento da Idade Média, como a Querela dos universais; as notáveis
Provas da existência de Deus; a relação entre Razão e Fé; a Filosofia a serviço da
Teologia no Ocidente latino (philosophia theologiæ ancilla) e algumas notas sobre a
filosofia desenvolvida no Mundo muçulmano e no judaísmo tardio; a relação entre
Estado e Igreja (de ecclesiastica potestate); Livre arbítrio humano e Providência Divina;
a questão da Eternidade do mundo e da pluralidade da alma. Veremos, em paralelo,
alguns eventos históricos importantes que marcaram diretamente a vida intelectual da
época: o Cisma do Oriente; as Cruzadas; o nascimento das Universidades medievais; o
início da Inquisição no século XII; o Renascimento carolíngio; a implementação do
monaquismo no Ocidente, etc. Assim, o aluno entenderá melhor o elo estreito que existe
entre as condições históricas de um período preciso e seu desenvolvimento intelectual.

O curso consiste, essencialmente, em aulas expositivas do conjunto da matéria


do conteúdo programático. Elas são completadas por discussões em sala sobre as
leituras indicadas, bem como de trechos e obras de autores em estudo. A participação
nessas discussões, assim como em todo o curso, é imprescindível para o andamento
satisfatório da disciplina.

Para acompanhar as aulas, recomenda-se a leitura periódica dos textos


apresentados na bibliografia abaixo, bem como a complementariedade com os manuais
de história da filosofia medieval. Da mesma forma, o professor está disposto a
conversar com os alunos para discutir sobre eventuais dificuldades que poderiam
acontecer a respeito do conteúdo ministrado, ou sobre a matéria das provas.

III. Conteúdo Programático:

Introdução: Uma visão geral do Filosofia Judaica:


Medievo.  Maimônides (1135 – 1204)

Filosofia Helênica-Patrística: Primeira Escolástica:


 Hugo de S. Vitor (1096 – 1141)
 Filon de Alexandria (20 a.C –
Alta Escolástica:
40 d.C)
 Santo Tomás de Aquino (1225 –
 Ireneu de Lyon (130 – 202)
1274)
 Clemente de Alexandria (150 –
Escolástica Superior:
215)
 Guilherme de Ockam (1285 –
Os padres Capadócios:
1347)
 Gregório de Nissa (335 – 394)
 Nicolau de Cusa (1401 – 1464)
Patrística Latina:
 Santo Agostinho (354 – 430) Conclusão

Início da Escolástica:
 Boécio (480 – 525)

Filosofia Mulçumana:
 Avicena (980 -1037)
IV. Avaliação:

Não há curso bem sucedido sem uma razoável dose de esforço pessoal e
disciplina nos estudos por parte do aluno. O desempenho será avaliado por meio de
trabalhos e provas, sendo composta de atividades parciais (P1) e prova final (P2). A
nota de P1 será composta de três etapas:

- Protocolo (2,0 pts.)1

- Registro reflexivo das aulas em forma de diário (2,0 pts.) 2. Atividade a ser
entregue em duas etapas: a primeira no dia da avalição parcial e a segunda na data da
avaliação final. Ao final de cada texto entregue com os respectivos dias contemplados
naquela etapa, deverá constar uma síntese reflexiva.

- Prova Escrita. (6,0).


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Cada aula começara com um protocolo. I. O protocolo acadêmico é um texto que documenta e dá a
conhecer o conteúdo de uma reunião (aula, sessão de seminário, de pesquisa cientifica etc.). O conjunto
dos protocolos devem poder documentar o processo do ensino-aprendizagem no decorrer de um
tempo. Os protocolos servem para: 1) oferecer informações sobre as reuniões (no nosso as aulas); 2)
Documentar os resultados do processo ensino-aprendizagem; 3) Sistematizar o conteúdo trabalhado; 4)
Constituir e guardar a memória do processo; 5) Ajudar a recuperar o conteúdo para aqueles que se
ausentaram; 6) Apresentar indicações de questões e de problemas que vão emergindo no decorrer do
curso. Em cada aula se determinará o protocolante da aula seguinte (mediante sorteio). O protocolo não
precisa ser literal e exaustivo (conter tudo o que se passou na aula). Ele tem a função de dar
continuidade e síntese do problema em questão para a aula seguinte. Não se trata, portanto, de uma
documentação da exposição do professor, embora seja útil resumir em poucas palavras os pensamentos
centrais da sua exposição. É um trabalho muito difícil, e por isso, o protocolante deve gastar um bom
tempo para elaborar o protocolo. II. Um bom protocolo traz: a) data; b) o tema principal do que foi
trabalhado; c) os principais pontos de consideração e discussão, teses e argumentos levantados; d)
resultados. III. O protocolo não é precisamente uma ata da aula. É, antes, uma documentação reflexiva.
Neste sentido, é importante que o protocolo não se limite à apresentar uma transcrição ou um resumo
do conteúdo da aula anterior. Para além disso, é desejável que o autor do protocolo dê especial atenção
a: a) Problemas novos; b) Novos enfoques dos problemas; c) Novas tentativas de solução; d) Novas
sugestões; e) Problemas que ficam abertos. IV. A leitura do protocolo deverá ser feita no inicio da aula
em tom de voz claro, num bom ritmo, de modo que os ouvintes possam acompanhar bem a exposição.
Enfim, é importante que quem expõe o protocolo o faça buscando uma boa comunicação com os
ouvintes. A exposição do protocolo é por nós considerada uma prática didática.
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Conteúdo: registros reflexivos filosóficos sobre a experiência de aprendizagem realizados pelo
estudante em cada aula. Por se tratar de uma experiência e reflexão, é preferível que o estudante
escreva na primeira pessoa do singular (usando o pronome “eu”). Com vistas à realização da tarefa,
pode-se ter em mente as seguintes perguntas: a) Qual foi o conteúdo da aula, b) Como foi processo da
aula, c) O que lhe chamou a atenção ou impactou, d) A sua pré-compreensão (posição prévia, visão
prévia, conceituação prévia) foi posta em questão e chegou a ser modificada? f) você conseguiu vincular
o horizonte de compreensão do texto com o seu horizonte de compreensão do real? g) Novos
horizontes de compreensão foram abertos? h) Algumas questões ficaram abertas e demandam ser mais
aprofundadas por você?
Note bem: estas são apenas algumas perguntas para ajudar na reflexão, em vista da produção dos
textos do diário. Não são um questionário a ser respondido pelo aluno em seu diário, o texto do diário
não deverá ser escrito em forma de tópicos, mas sim de um discurso articulado e fluído.
A avaliação final será composta de uma prova no valor de 10 pontos. A nota
final será calculada do seguinte modo:

4∗( Pro .+ Reg .+ Prova)+6∗(Prova F .)


MF=
10

As provas, individuais e sem consulta, visam avaliar o conhecimento apreendido


da literatura indicada e das preleções do professor.

V. Bibliografia:

AGOSTINHO. Sobre a vida feliz. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

_______. Confissões. São Paulo: Paulus, 2013.

AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. Campinas, SP: Ecclesiae, 2016.

ALEXANDRIA, Clemente de. Exortação aos Gregos. São Paulo: É Realizações, 2013.

ALEXANDRIA, Fílon de. Da Criação do Mundo e outros Escritos. São Paulo:


Filocalia, 2015.

AVICENA. Livro da Alma. São Paulo: Globo, 2010.

CHESTERTON, Gilbert Keith. Santo Tomás de Aquino: biografia. Tradução: Carlos


Ancêde Nougué. São Paulo: LTr., 2003.

BOÉCIO. A consolação da filosofia. Prefácio de Marc Fumaroli. Traduzido do latim


por William Li. São Paulo: Martins Fontes, 1998

BOEHNER, Philotheus; GILSON, Etienne. História da Filosofia Cristã. Petrópolis, RJ:


Editora Vozes: 2012.

CUSA, Nicolau de. A Douta ignorância. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.


FAITANIN, Paulo. A filosofia segundo São Tomás de Aquino. Rio de Janeiro: Revista
Aquinate, n. 3, p. 133-146, 2006.

GILSON, Etiene. A Filosofia na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

_______. O Espírito da Filosofia Medieval. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

HUGO DE SÃO VÍTOR. Didascálicon – Da arte de ler. Tradução Antonio


Marchionni. Petrópolis: Vozes, 2001.

_______. Princípios Fundamentais de Pedagogia. Foz do Iguaçu, PR: Associação


Centro Hugo de São Vitor, 2019.

LYON, Irineu de. Contra as Heresias: denúncia e refutação da falsa gnose. São Paulo:
Paulus, 2011.

MAIMÔNIDES. O Guia dos Perplexos. São Paulo: Landy Editora, 2003.

MORAES, Dax. O Logos em Fílon de Alexandria: A fronteira entre o pensamento


grego e o pensamento cristão nas origens da teologia bíblica. Natal, RN: EDUFRN,
2017.

NISSA, Gregório de. A criação do Homem; A alma e a Ressureição; A Grande


Catequese. São Paulo: Paulus, 2011.

OCKAM, Guilherme de. Seleção de Obras. tradução de Carlos Lopes de Mattos. São
Paulo: Abril Cultural/Col. Os Pensadores, 1973.

RATZINGER, Joseph. Introdução ao Cristianismo: Preleções sobre o Símbolo


Apostólico. Trad. Alfred Keller. ed. 2. São Paulo: Loyola, 2005.

REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filosofia: Patrística e Escolástica. São Paulo:


Paulus, 2015.v. 2.

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