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SOBRE ESTE CAPÍTULO

Neste capítulo, estudaremos acerca dos agentes públicos, ou seja, qualquer pessoa que
atue em nome do Estado, independentemente de vínculo jurídico, mesmo que seja de maneira
temporária, sem remuneração ou com cargo, emprego, mandato, função etc.

Assim, estudaremos adiante a classificação desses agentes e o tipo de vínculo que


possuem com a Administração, como se dá o ingresso no serviço público, as vantagens,

remuneração, afastamento e regime disciplinar.

Ressalte-se que cada ente federativo possui autonomia para elaborar estatuto jurídico
próprio referente aos seus servidores e o diploma federal que rege essa matéria é a Lei
8.112/1990. Desse modo, devemos atentar ao fato de que o referido diploma não é lei nacional,

mas federal, o que abrange tanto a Administração Direta da União quanto as autarquias e
fundações públicas federais.

Já as empresas públicas e as sociedades de economia mista, criadas tanto em nível federal


quanto pelos demais entes federativos, terão como regime o trabalhista ou celetista, oriundo
da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

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SUMÁRIO

DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................................... 5

Capítulo 1 .................................................................................................................................................. 5

1. Agentes públicos .............................................................................................................................. 5

1.1 Classificação de Agentes.................................................................................................................................... 5

1.1.1 Agentes Políticos ................................................................................................................................................... 5

1.1.2 Particulares em colaboração ............................................................................................................................ 7

1.1.3 Servidores estatais ................................................................................................................................................ 7

1.1.4 Militares ..................................................................................................................................................................... 8

1.2 Emprego público, Cargo Público e Função pública ............................................................................ 10

1.2.1 Emprego Público ................................................................................................................................................ 10

1.2.2 Cargo Público ...................................................................................................................................................... 10

1.2.3 Função Pública .................................................................................................................................................... 12

1.3 Ingresso no serviço Público........................................................................................................................... 13

1.3.1 Aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos .................................................. 13

1.3.2 Nacionalidade brasileira .................................................................................................................................. 20

1.3.3 Gozo dos direitos políticos ............................................................................................................................ 21

1.3.4 Quitação eleitoral e militar ............................................................................................................................ 21

1.3.5 Nível de escolaridade exigido para o cargo .......................................................................................... 21

1.3.6 Idade mínima de 18 anos .............................................................................................................................. 21

1.3.7 Aptidão física e mental para exercício do cargo ................................................................................. 22

1.3.8 Comprovação de atividade jurídica ........................................................................................................... 22

1.4 Estabilidade ........................................................................................................................................................... 23

1.5 Estágio Probatório ............................................................................................................................................. 25

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1.6 Vitaliciedade: ........................................................................................................................................................ 26

1.7 Provimento ............................................................................................................................................................ 26

1.7.1 Provimento Originário...................................................................................................................................... 26

1.7.2 Provimento Derivado........................................................................................................................................ 28

1.8 Vacância ................................................................................................................................................................. 31

1.9 Acumulação de cargos .................................................................................................................................... 32

1.10 Deslocamento ...................................................................................................................................................... 34

1.10.1 Remoção ................................................................................................................................................................ 34

1.10.2 Redistribuição ...................................................................................................................................................... 35

1.11 Remuneração ....................................................................................................................................................... 35

1.12 Teto Remuneratório .......................................................................................................................................... 38

1.13 Subsídio .................................................................................................................................................................. 40

1.14 Vantagens .............................................................................................................................................................. 40

1.14.1 Indenizações ......................................................................................................................................................... 41

1.14.2 Gratificações ......................................................................................................................................................... 43

1.14.3 Adicionais .............................................................................................................................................................. 44

1.15 Ausências do servidor ...................................................................................................................................... 45

1.15.1 Férias........................................................................................................................................................................ 45

1.15.2 Licenças .................................................................................................................................................................. 46

1.16 Afastamento ......................................................................................................................................................... 48

1.16.1 Serviço em outro órgão .................................................................................................................................. 48

1.16.2 Mandato Eletivo .................................................................................................................................................. 49

1.16.3 Estudo ou missão de interesse público no exterior ........................................................................... 50

1.16.4 Pós-Graduação strictu sensu no país ........................................................................................................ 50

1.17 Concessões ........................................................................................................................................................... 51


3
1.18 Regime Disciplinar ............................................................................................................................................. 52

1.18.1 Advertência: .......................................................................................................................................................... 52

1.18.2 Suspensão: ............................................................................................................................................................ 53

1.18.3 Destituição de cargo em comissão ou função de confiança:......................................................... 54

1.18.4 Demissão................................................................................................................................................................ 55

1.18.5 Cassação de aposentadoria e disponibilidade: ..................................................................................... 55

1.19 Processo Administrativo Disciplinar ........................................................................................................... 56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 59

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo 1

Neste capítulo, estudaremos acerca dos agentes públicos, ou seja, qualquer pessoa
que atue em nome do Estado, independentemente de vínculo jurídico, mesmo que seja de

maneira temporária, sem remuneração ou com cargo, emprego, mandato, função etc.

Assim, estudaremos adiante a classificação desses agentes e o tipo de vínculo que


possuem com a Administração, como se dá o ingresso no serviço público, as vantagens,
remuneração, afastamento e regime disciplinar.

1. Agentes públicos

1.1 Classificação de Agentes

A expressão “agente público” é bastante ampla e abarca qualquer pessoa que age
em nome do Estado, independentemente de vínculo jurídico, ainda que atue temporariamente,

sem remuneração, com cargo, emprego, mandato, função etc. Os agentes públicos dividem-se
em:

1.1.1 Agentes Políticos

Atuam no exercício da função política do Estado, ou seja, têm vínculo político. São
agentes políticos: (i) os detentores de mandato eletivo; (ii) os Secretários e Ministros de Estado;
(iii) os membros da magistratura; e (iv) os membros do Ministério Público.

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Detentores de Secretários e Membros da Membros do
mandato eletivo Ministros de Estado Magistratura Ministério Público

Em relação aos membros da magistratura e do Ministério Público, a doutrina divergia,


mas o STF se manifestou no sentido que eles são agentes políticos.

Já em relação aos Membros do Tribunal de Contas, o Supremo Tribunal Federal já


se pronunciou acerca do tema, dispondo que eles se enquadram na categoria de agentes

administrativos.

A retribuição pecuniária dos agentes políticos é o subsídio.

A Súmula Vinculante nº 13 – “súmula antinepotismo” – não se aplica aos cargos políticos.

Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,

colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o

exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na


administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola

a Constituição Federal.

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1.1.2 Particulares em colaboração

Os particulares em colaboração com o Estado são aqueles que, sem perderem a


qualidade de particulares, atuam, em situações excepcionais, em nome do Estado, mesmo em

caráter temporário ou ocasional.

Dividem-se em:

1) Designados: também chamados de agentes honoríficos, são aqueles


convocados pelo Poder Público para exercer atividade administrativa. Exercem
múnus público, têm a obrigação de participar quando requisitados sob pena
de sanção. Exemplos: Mesários e Jurados
2) Voluntários: também são chamados de agentes necessários. São aqueles
que atuam voluntariamente em repartições, escolas, hospitais públicos ou
situações de calamidade, sempre que o ente estatal realiza programa de
voluntariado;
3) Delegados: são os agentes que atuam por delegação de serviços públicos. Os
titulares de serventias de cartório também atuam por delegação, apesar de
prestar concurso;
4) Credenciados: atuam em razão de convênios firmados com o Poder Público.
Exemplo: médicos privados que atuam em convênio com o SUS;

1.1.3 Servidores estatais

Os servidores estatais são chamados de Agentes Administrativos e são aqueles que


têm vínculo de dependência com o Poder Público, exercendo função administrativa e sua

natureza de trabalho é não eventual. Dividem-se em:

1) Servidores Temporários1: são os contratados com base no artigo 37, IX da


CRFB/88 para prestação de serviço temporário de interesse público e em
caráter excepcional. Têm vínculo de natureza especial e não dependem de
concurso público, podendo ser feito um procedimento simplificado.
Dependem de 3 requisitos: (i) deve haver o serviço temporário regulamentado

1
Vide questão 13 e 10
7
em lei específica; (ii) deve haver interesse público; e (iii) a contratação deve
ser de caráter excepcional.
Deve-se observar que as eventuais controvérsias existentes deste vínculo de
natureza temporária não são de competência da Justiça do Trabalho, mas sim
da Justiça Comum (Estadual ou Federal). Ademais, segundo o STF, é vedado
o estabelecimento do regime celetista por meio de lei municipal ou estadual
aos servidores temporários.

2) Servidores Celetistas / Empregados Públicos: exercem atividade permanente


no órgão, não sendo atividade temporária. Precisam ser aprovados em
concurso público, mas possuem vínculo contratual com a Administração
Pública, eis que são regidos pela CLT. O emprego público é obrigatório nas
entidades de direito privado pertencentes à Administração Pública Indireta
(ex.: empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas
de direito privado).

3) Servidores Estatutários: exercem atividade permanente no órgão. Precisam


ser aprovados em concurso público e possuem vínculo legal ou estatutário.

1.1.4 Militares

Os militares são agentes públicos, mas a Constituição Federal de 1988, com redação
dada pela EC n° 18, dispõe que o regime jurídico dos militares estará disciplinado em lei própria,

retirando o tratamento jurídico de servidores públicos.

É fato que os militares são agentes públicos e que não se enquadram na categoria
de agentes políticos, mas o legislador constituinte optou por não os considerar servidores

públicos; dessa forma, não são imediatamente extensíveis aos militares os direitos e as
prerrogativas conferidas aos servidores públicos.

O regime jurídico dos militares é erigido sob os pilares da hierarquia e da disciplina,


mas a Carta Magna consagra aos militares os direitos ao décimo terceiro salário; ao salário

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família; ao gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de um terço; licença gestante, licença

paternidade, além dos demais previstos em legislação específica.

Aos militares é vedada a sindicalização, a greve e a filiação a partidos políticos.

Os integrantes das Forças Armadas não podem fazer greve, tampouco as forças auxiliares
do exército (PM e CBM). De fato, a CF/88 proíbe expressamente que os Policiais Militares,
Bombeiros Militares e militares das Forças Armadas façam greve (art. 142, 3º, IV c/c art.
42, § 1º). Embora o citado dispositivo não mencione os policiais civis, o STF decidiu que
eles também não podem fazer greve. Aliás, o Supremo foi além e afirmou que nenhum
servidor público que trabalhe diretamente na área da segurança pública pode fazer greve.
Em outras palavras, a Polícia Civil está fora das Forças Armadas e de auxiliares do exército,
mas a ela também se aplica a proibição ao direito de greve. ARE 654432/GO, Rel. orig.
Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017
(repercussão geral) (Info 860).

Observe como o MPE-GO, na prova de Promotor de Justiça, cobrou esse


entendimento. Vejamos.

(Banca: MPE-GO - 2019 - Promotor de Justiça Substituto - Prova Anulada) Quanto ao direito

de greve, a luz da jurisprudência atual do Supremo Tribunal Federal, podemos afirmar que:

A) O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais

civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança.

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1.2 Emprego público, Cargo Público e Função pública2

1.2.1 Emprego Público

É vínculo profissional entre a Administração Pública e os seus agentes regidos pela


Consolidação das Leis do Trabalho, mediante celebração de contrato.

Ressalta-se que para que seja celebrado esse contrato com o Poder Público, há a

necessidade de aprovação em concurso público.

Com a restauração do Regime Jurídico único – na ADI 2135 - o regime de emprego

público foi abolido da Administração Direta, autárquica e fundacional da União Federal, só


podendo ser efetivado nas empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações

públicas regidas pelo direito privado.

Por expressa disposição do artigo 61, §1°, II, "a" da CRFB/88, a criação de empregos

públicos deve ser feita mediante lei. A extinção também depende de lei.

1.2.2 Cargo Público

Os doutrinadores apontam que o cargo público pode ser definido como sendo uma
unidade de competência que deve ser criado mediante lei, com vínculo estatutário, de natureza

profissional e permanente, para execução das atividades a ele inerentes.

Denota-se do conceito acima que a criação de cargos públicos deve ser feita

mediante lei. E de fato, o artigo 48, X da CRFB/88 prevê que a criação, transformação e extinção
dos cargos, depende de lei. 3

Porém, o próprio texto da Constituição estabeleceu uma exceção: em seu art. 84, VI,
permite que Presidente da República, mediante decreto autônomo, extinga cargos e funções

públicas, quando vagos.

2
Vide questão 12
3
VIDE QUESTÃO 12
10
Os cargos públicos podem ser isolados ou em carreira. A diferença é que, nos isolados,

não há sistema de progressão, e, em carreira, o servidor pode alterar sua condição funcional a
depender da alteração de classes ou categorias.

Classe: agrupamento de cargos da mesma natureza;

Quadro: conjunto de cargos isolados ou em carreira de um ente da federação;

Carreira: conjunto de servidores de um determinado órgão ou entidade;

Lotação: número de servidores que têm exercício em cada unidade da repartição.

Os cargos públicos se dividem em:

 Cargo em comissão: esses cargos podem ser ocupados por pessoas


integrantes ou não dos quadros da Administração, sem a necessidade de
concurso público para exercer atividade de direção, chefia ou assessoramento.
Por se tratar de relação de confiança, a exoneração do servidor ocupante
deste cargo é de livre iniciativa de sua chefia, sem a necessidade de qualquer
motivação ou garantia de contraditório, na chamada exoneração ad nutum.
Tese fixada no Rext 1041210, que teve repercussão geral reconhecida:
a. A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de
funções de direção, chefia e assessoramento, NÃO se prestando ao
desempenho de atividades burocráticas, técnicas ou operacionais;
b. Tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a
autoridade nomeante e o servidor nomeado;
c. O número de cargos comissionados criados deve guardar
proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir e com o
número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que
os criar; e
d. As atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma
clara e objetiva, na própria lei que os instituir.

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 Cargos efetivos: por sua vez, são preenchidos por agentes aprovados em
concurso público de provas ou de provas e títulos, como forma de garantia
de impessoalidade, o que enseja uma maior segurança na execução de suas
atividades, para atribuição de atividades permanentes do órgão, mediante
vínculo estatutário. Depois de cumpridos os requisitos estampados no art. 41
da Carta Magna, quais sejam o prazo de três anos de efetivo exercício somado
à aprovação em avaliação especial de desempenho, estes agentes passam a
gozar de estabilidade, somente sendo possível a perda de seu vínculo nos
moldes estipulados pela própria Constituição Federal, a saber, mediante
processo administrativo, em que se assegure ampla defesa, avaliação
periódica de desempenho em que se verificou sua ineficiência, sentença
judicial transitada em julgado, ou ainda, mediante procedimento específico
para contenção de gastos, consoante disposição do art. 169 da Constituição
da República.

Por fim, é importante trazer a distinção entre o cargo e o emprego público. O cargo
público é o lugar dentro da organização funcional da Administração Direta e de suas autarquias

e fundações públicas que, ocupado por servidor público, tem funções específicas fixadas em lei
ou diploma a ela equivalente. Por sua vez, o emprego público é caracterizado pela relação

funcional trabalhista. Assim, verifica-se que o cargo público possui vínculo estatutário, enquanto
o emprego público possui vínculo celetista.

1.2.3 Função Pública

A função pública é o conjunto de atividades atribuídas a um cargo ou emprego

público. Por tratar-se de atividade pública, as funções, devem ser criadas e extintas mediante a
edição de lei.

Ainda, o desvio de função não é permitido e, portanto, não permite o


reenquadramento do servidor, sob pena de afronta ao art. 37, inc. II, da Constituição 4 da

República, mas autoriza o recebimento de diferenças de remuneração com o fim de se evitar o


enriquecimento ilícito da Administração, segundo a Súmula n.º 378, STJ.

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Vide questão 2 e 9
12
Apesar de inexistir cargo ou emprego público sem funções, o contrário não é verdade. Pode-
se criar funções de confiança, para exercício de atividades de direção, chefia ou assessoramento.

Nestes casos, a função de confiança não é atribuída a nenhum cargo público, sendo atribuída a

um servidor que já detenha cargo público efetivo.

Cabe destacar que as funções de confiança se limitam às atividades de direção,

chefia ou assessoramento e somente serão preenchidas por servidores de carreira, sendo


essa a característica que diferencia a função de confiança dos cargos comissionados.

1.3 Ingresso no serviço Público

Para ingressar no serviço público é necessária a observância de alguns requisitos


legalmente determinados. São eles:

1.3.1 Aprovação em concurso público de provas ou provas e


títulos

O ingresso no serviço público deve se pautar nos princípios administrativos, sobretudo


os da impessoalidade, da moralidade e o da isonomia.

Para que tais princípios sejam garantidos, o acesso aos cargos públicos, via de regra,
devem ser efetivados mediante a realização de concurso público, de provas ou de provas e

títulos, uma vez que os critérios de seleção são objetivos, baseando-se na meritocracia.

A prova de títulos não pode ter natureza eliminatória.

Acerca do concurso público, é imperioso destacar algumas características:

 Prazo de validade: o prazo de validade do concurso público é de até dois


anos, admitindo-se uma única prorrogação por mesmo período. Atenção,
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aluno! O STF tem decisões no sentido de reconhecer como desvio de
finalidade a não prorrogação do prazo de validade do concurso quando, logo
em seguida, a Administração abre novo certame, ou quando o Poder Público
deixa propositadamente expirar o prazo de validade só para não nomear um
candidato.
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo
cargo durante o prazo de validade do certame anterior não gera,
automaticamente, o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das
vagas previstas no edital.
O direito à nomeação existe nas seguintes hipóteses:
a) quando o candidato for aprovado dentro do número de vagas do edital;
b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de
classificação;
c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a
validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma
arbitrária e imotivada por parte da Administração.
 Edital: o edital é ato administrativo discricionário expedido pela
Administração Pública para definir as regras básicas de ingresso. O edital não
pode estipular regras e requisitos que extrapolem as reais necessidades
daquele cargo ou emprego.
 Alteração de disposições editalícias: vige na Administração o princípio da
vinculação ao instrumento convocatório, ou seja, publicado o edital, seus
termos vinculam, não só a Administração, como todos aqueles que pretendem
participar do certame. Sendo assim, a alteração das regras, configura, via de
regra, afronta direta ao princípio da isonomia e da segurança jurídica, não
sendo admitida, salvo em situações excepcionais, devidamente justificadas em
alterações legislativas que modificam o regime de cargos e empregos na
carreira a ser preenchida pelo procedimento.
 Nulidade: no caso de o concurso público sofrer de alguma irregularidade, a
sua invalidação induz à invalidação da nomeação efetivada ou da contratação
feita.

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 Realização de novo concurso na vigência do certame anterior: É vedada a
abertura de novo concurso público enquanto houver candidato aprovado em
concurso anterior com prazo de validade não expirado, para provimento dos
mesmos cargos.
 Direito subjetivo à nomeação: o candidato que for aprovado, em concurso
público, dentro do número de vagas previamente definido no edital, terá
direito subjetivo à nomeação. Ademais, a Súmula nº 15 do Supremo Tribunal
Federal, dispõe que "Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato
aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem
observada da classificação".

Segundo o STJ, o candidato aprovado em primeiro lugar tem direito à


nomeação em concurso que não fixou número de vagas.

Não é possível que o candidato seja eliminado do concurso público pelo


simples fato de ter celebrado transação penal, nem por ter seu nome
negativado nos órgãos de proteção ao crédito.

É inexigível concurso público para a investidura nos cargos que compõem o


quinto constitucional dos tribunais judiciários. Também é inexigível para os
cargos temporários e os cargos em comissão. Ministros do STF e do STJ
também não estão sujeitos ao concurso público.

 Cláusula de barreira: ocorre quando o edital limita a quantidade de


classificados. Apesar de muita divergência, em 2014, o Supremo Tribunal
Federal declarou constitucional a previsão dessa cláusula nos editais.
 Reserva de vagas para pessoas com deficiência: a Lei nº 8.112/90 determina
que deve ser reservada até 20% das vagas do concurso público aos
portadores de deficiência, desde que essa deficiência não impeça o exercício
da função do cargo a ser assumido.
 Reserva de vagas para negros e pardos: a Lei nº 12.990/14 determina que
seja reservada 20% das vagas, no âmbito da Administração Direta e Indireta
da União, para os candidatos negros e pardos, desde que o número de vagas
no edital seja igual ou superior a três. Tal regra não se aplica para concursos

15
no âmbito estadual, distrital e municipal, os quais dependem da publicação
de leis específicas, publicadas no bojo dessas entidades.
 Limite etário: muito se fala da definição de idade máxima para participação
em concursos públicos. Sobre este tema, o Supremo Tribunal Federal editou
a súmula 683 que dispõe que “o limite de idade para a inscrição em concurso
público só se legitima em face do art. 7°, XXX, da Constituição, quando ser
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. ”
Ademais, tal limitação deve ser compatível com as atribuições do cargo, e se
restringe a situações excepcionais. Porém, mesmo diante de situações que
justifiquem as restrições de ingresso, estas regras devem ser estipuladas por
meio de lei, não sendo suficiente a disposição no edital.
O entendimento sumulado deve ser ampliado, não somente para restrição
referente a idade, mas também em relação ao gênero e altura mínima.
 Exame Psicotécnico: conforme a súmula 686 do STF "Só por lei se pode
sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público".
Destaca-se que Decreto 6.944/09 regulamenta a realização de exames
psicotécnicos em concursos públicos realizados pelo Poder Executivo da
União.
 Teoria do fato consumado: Fato consumado constitui uma teoria jurídica que
determina que, diante de situações jurídicas CONSOLIDADAS pelo decurso do
tempo, amparadas por decisão judicial, não devem ser desconstituídas, em
razão do princípio da segurança jurídica e da estabilidade das relações sociais
(STJ. REsp 709.934/RJ, Min. Raul Araújo). Tal conceito está fundado no
princípio da proteção da confiança legítima, segundo o qual os
comportamentos adotados pelo Estado, em virtude da presunção de
legitimidade, geram no particular a confiança de que são atos legais.

Como regra geral, em matéria de concursos públicos, não se aplica a teoria


do fato consumado para candidatos que assumiram o cargo público por força

de decisão judicial provisória posteriormente revista. STF. Plenário. RE


608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 (repercussão geral)
(Info 753).

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 Remarcação de prova: O entendimento prevalente no STF é no sentido de
que não é possível a remarcação de prova de aptidão física para data diversa
da estabelecida em edital de concurso público em razão de circunstâncias
pessoais de candidato, salvo se houver disposição nesse sentido no edital do
certame. Ocorre que o STF alterou o seu entendimento, fixando, pois, que é
constitucional a remarcação de teste de aptidão física de candidata que esteja
GRÁVIDA à época da sua realização, independentemente de regra expressa no
edital. STF. Plenário. RE /PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/11/2018
(repercussão geral).
Os candidatos em concurso público NÃO têm direito à prova de segunda
chamada nos testes de aptidão física em razão de circunstâncias pessoais, ainda
que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo se houver previsão no edital

permitindo essa possibilidade.

STF. Plenário. RE 630733/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/5/2013


(repercussão geral) (Info 706).

É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja


grávida à época de sua realização, independentemente da previsão expressa
em edital do concurso público. STF. Plenário. RE 1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux,

julgado em 21/11/2018 (repercussão geral).

 Poder Judiciário: Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade,


substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e
notas a elas atribuídas. Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de
compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no
edital do certame. STF. Plenário. RE 632853, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 23/04/2015 (repercussão geral) (Info 782).

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Inovação Legislativa: Decreto 9.739/19:

Por falar em concurso público, o Presidente da República, Jair Bolsonaro, publicou em 29 de


março de 2019 o Decreto 9.739/19, que estabelece normas sobre concursos públicos e cria o

Sistema de Organização e Inovação Institucional do Governo – SIORG.

O novo decreto revoga o Decreto 6.944/09, diploma que regulava a autorização de concursos

públicos até então, introduzindo critérios mais objetivos para a instrução dos processos de
autorização e mais racionalidade na análise dos pedidos. As mudanças começaram a viger a

partir de 1º de junho de 2019. Vamos juntos analisar as principais regras?

 Pedido de autorização de concursos públicos: A competência para a


autorização de concursos públicos e provimento de cargos é agora do Ministro

da Economia (que concentrou as funções do extinto Ministério do


Planejamento), podendo subdelegá-la ao Secretário Especial de

Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério.


No caso das carreiras da Advocacia Geral da União, da Diplomacia e da Polícia

Federal, os chefes dos respectivos órgãos poderão receber a delegação para a


autorização de concurso e provimento de cargos.

O pedido para autorização de concurso deverá ser instruído de uma série de


documentos, elencados no art. 6º do decreto, como o perfil necessário dos
candidatos, a descrição do trabalho a ser desenvolvido, a evolução do quadro
de servidores nos últimos cinco anos, a descrição de resultados dos principais
indicadores do órgão, entre outros.

Caso a proposta acarrete aumento de despesa, ela deverá ser acompanhada


de estudo de impacto orçamentário-financeiro, com o quantitativo de cargos

a serem criados ou providos, além de valores referentes à remuneração, aos


encargos sociais, férias, gratificação natalina e outros benefícios (art. 7º, §1º),
como também a previsão de ingresso dos novos servidores nos respectivos
cargos.

18
 Prazos: O novo decreto também estabelece que o edital deverá ser

publicado em até seis meses após ter sido autorizado. O intervalo entre a
realização da primeira prova e a publicação do edital deverá ser de no

mínimo quatro meses.


 Nomeações e cadastro de reserva: Durante o período de validade do

concurso público, poderão ser nomeados os candidatos aprovados e não


convocados que ultrapassem até 25% do quantitativo original de vagas

ofertado. Também fica autorizada a realização de concurso para formação de


cadastro de reserva, na qual a nomeação dos aprovados é faculdade da
Administração Pública.

Ainda segundo o decreto, o edital deverá prever a quantidade máxima de


candidatos aprovados.

 Etapas do concurso: O decreto também disciplina as etapas possíveis dos


concursos públicos do Executivo Federal. De acordo com o artigo 30, os

certames poderão ser de provas ou provas e títulos, podendo ser realizado em


duas etapas.

No caso da existência de prova de títulos, ela deverá ocorrer após a realização


das provas escritas e convocar apenas os candidatos aprovados nas etapas
anteriores.

Caso o edital preveja a aplicação de prova oral, esta deverá ser


obrigatoriamente gravada e realizada em sessão pública, a fim de garantir

maior lisura ao processo. O decreto também disciplina a aplicação da prova de


aptidão física, prova prática e avaliação psicológica.

Na hipótese de o edital prever realização de curso de formação, deverão ser


convocados os candidatos aprovados dentro das vagas, sendo possível

autorização prévia da autoridade competente para a convocação de


excedentes.

19
O documento também estabelece regras para a fixação do valor da taxa de

inscrição, que deve considerar os custos indispensáveis para a realização do


concurso, também sendo possibilitada a concessão de isenção.

 Previsões obrigatórias no edital: Outra medida importante trazida no novo


decreto sobre concursos públicos é a listagem de tudo o que deve estar

obrigatoriamente presente em um edital (art. 42), como quantitativo de


cargos, reserva de vagas, descrição precisa das disciplinas das provas, datas

prováveis das provas, dentre outros.


As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores de cargo
efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-
se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

O regime trabalhista (celetista) é próprio dos agentes públicos que ocupam


empregos públicos nas entidades com personalidade jurídica de direito

privado, integrantes da administração indireta. O regime não será


exclusivamente o celetista, haja vista a necessidade de submissão aos

princípios e regras constitucionais relativas aos agentes públicos em geral. Ex:


necessidade de prestação de concurso público para ingresso.

O regime especial de contratação temporária está previsto no art. 37, IX, da

CF/88, ao determinar que a lei estabeleça os casos de contratação por tempo


determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse

público.

1.3.2 Nacionalidade brasileira

A nacionalidade brasileira é requisito básico para ingresso em cargos, empregos ou


funções públicas, não havendo distinção entre brasileiros natos e naturalizados.
20
Porém, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, inciso I prevê que as

universidades públicas e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover


seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, configurando, assim, exceção à

regra.

1.3.3 Gozo dos direitos políticos

As pessoas que não estiverem em pleno gozo dos direitos políticos não poderão

ingressar na carreira pública federal.

A Constituição Federal elenca algumas hipóteses de perda ou suspensão dos direitos


políticos, sendo vedada a cassação.

As hipóteses constitucionais são: I - cancelamento da naturalização por sentença


transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III - condenação criminal transitada em

julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; e V - improbidade administrativa, nos termos

do art. 37, § 4º.

1.3.4 Quitação eleitoral e militar

A quitação eleitoral e militar – exigida apenas para os candidatos do sexo masculino

- deve ser demonstrada por meio de certidões.

1.3.5 Nível de escolaridade exigido para o cargo

A exigência de escolaridade deve ser determinada por meio de lei e deve ser
compatível com as funções a serem atribuídas aos servidores dos cargos a serem providos.

1.3.6 Idade mínima de 18 anos

O artigo 5°, V da lei 8.112/90 determina a idade mínima de 18 anos para ingresso em
cargos públicos federais.

21
1.3.7 Aptidão física e mental para exercício do cargo

O requerimento de aptidão física e mental deve ser requerida em relação às


atribuições que serão exercidas pelo cargo ou emprego público, sendo vedado impor critérios

que limitem a participação dos candidatos.

O STJ afirma que inexiste direito à remarcação de provas em razão de circunstâncias

pessoais dos candidatos, exceto se previsto em edital (STJ, RMS 51428 e RMS 50507).

Deve-se atentar ao fato de que, em importante julgado de repercussão geral, o STF


entendeu que é constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que

esteja grávida à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital


do concurso público (STF. Plenário. RE 1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/11/2018
(repercussão geral)).

1.3.8 Comprovação de atividade jurídica

Para o preenchimento de alguns cargos exige-se a comprovação de prazo de 3 anos

de atividade na área jurídica, como forma de se verificar a experiência.

Importante ressaltar que a Administração Pública pode exigir o requisito de

comprovação da atividade jurídica na data de inscrição definitiva do concurso e não somente


no momento da posse para exercício no cargo.

Conforme o artigo 59, §1° da Resolução nº 75 do CNJ, é vedada, para efeito de

comprovação de atividade jurídica, a contagem do estágio acadêmico ou qualquer outra


atividade anterior à obtenção do grau de bacharel em Direito. Assim, percebam que a Resolução

está regulamentando os concursos de magistratura.

Desta forma, para os concursos da Defensoria, prevê a LC nº 80/94, de leitura


essencial para sua prova, que organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos
Territórios e prescreve normas gerais para sua organização nos Estados, em seu art. 26, que o

22
candidato, no momento da inscrição, deve possuir registro na Ordem dos Advogados do

Brasil, e comprovar, no mínimo, dois anos de prática forense, devendo indicar sua opção por
uma das unidades da federação onde houver vaga.

Ademais, a LC considera como atividade jurídica o exercício da advocacia, o


cumprimento de estágio de Direito reconhecido por lei e o desempenho de cargo, emprego

ou função, de nível superior, de atividades eminentemente jurídicas.

1.4 Estabilidade

Segundo Matheus Carvalho, a estabilidade pode ser conceituada como “uma

prerrogativa constitucional atribuída aos servidores públicos, detentores de cargos de


provimento efetivo, após aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, de

permanência no serviço público desde que não advenha alguma das situações regulamentadas
pelo próprio texto da carta Magna.”

Sendo assim, destaca-se que a estabilidade não poderá ser adquirida pelos agentes
detentores de empregos públicos.

Para a aquisição da estabilidade são necessários dois requisitos: (i) 3 anos de efetivo

exercício em cargo efetivo; e (ii) aprovação em avaliação especial de desempenho.

Segundo José dos Santos Carvalho Filho, caso a Administração não institua a comissão

ou retarde sua decisão para após 3 anos, deverá considerar-se que o servidor, cumprido o prazo,
terá adquirido a estabilidade, mesmo sem avaliação da comissão.

Os agentes que ingressaram no serviço público pelo menos cinco anos antes da promulgação
da CRFB de 1988, ainda que sem aprovação em concurso, adquiriram a estabilidade. Trata-se

23
de regra de "estabilização" prevista no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT.

É a chamada estabilização extraordinária. Não pode ser estendida por Constituição ou Lei

Estadual.

Se o servidor já adquiriu estabilidade no serviço ocupando determinado cargo, não


precisará de novo estágio probatório caso permaneça na mesma carreira.

Ocorre que mesmo após adquirida a estabilidade, os servidores estáveis poderão


perder o cargo em razão de:

1) Sentença judicial transitada em julgado;


2) Processo administrativo em que se assegure o contraditório
e a ampla defesa;
3) Avaliação periódica de desempenho: o servidor apesar de já
ter adquirido a estabilidade, continuará sendo avaliado continuará sendo
avaliado. Ressalta-se que é diferente da avaliação especial, necessária para
aquisição da estabilidade;
4) Corte de gastos: primeiramente haverá redução de pelo menos
20% das despesas com cargos comissionados e funções de confiança. Se,
mesmo após isso, o problema não for sanado, serão exonerados os servidores
públicos não estáveis. Se ainda assim a Administração não atingir o limite legal
de gastos, serão exonerados os servidores estáveis.

Nos casos de exoneração de servidor estável para corte de gastos, a Administração precisa
respeitar um prazo de quarentena para criar cargos iguais ou semelhantes, ou seja, fica vedada
a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de

24
quatro anos e, além disso, o servidor estável exonerado perceberá uma indenização que

corresponde a um mês de remuneração para cada ano de serviço público prestado.

1.5 Estágio Probatório

O estágio probatório é o período de avaliação em que o servidor público está sendo

analisado na execução de sua atividade (assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa,


produtividade e responsabilidade), sendo o prazo necessário para aquisição de estabilidade.

Há casos em que o estágio probatório pode ser suspenso:

I) afastamento para participar de curso de formação;

II) licença para atividade política e afastamento para servir em organismo

internacional;

III) licença por motivo de afastamento de cônjuge ou companheiro(a);

IV) licença por motivo de doença em pessoa da família.

Em razão da alteração constitucional do prazo de estabilidade de 2 para 3 anos,

instalou-se uma divergência doutrinária, eis que o estágio probatório continuou sendo de 24
meses.

Porém, os Tribunais Superiores definiram que o prazo necessário à aquisição da


estabilidade é o mesmo prazo do estágio probatório. Sendo assim, se o prazo para que o
servidor se torne estável é de três anos, o tempo de duração do estágio probatório será o

mesmo.

Ressalte-se que algumas licenças não são permitidas para servidores em estágio

probatório. São elas:

a) Licença para capacitação;

b) Licença para tratar de interesses particulares;

25
c) Licença para mandato classista.

O servidor que não for aprovado no estágio probatório será exonerado, ou, se estável,
será reconduzido ao cargo anteriormente ocupado.

1.6 Vitaliciedade:

A vitaliciedade é uma garantia de permanência dos ocupantes dos cargos, destinada


aos membros da magistratura, do Ministério Público e do Tribunal de Contas.

Por meio dessa garantia, os agentes públicos só perdem o cargo em razão de


sentença judicial transitada em julgado. A doutrina destaca ser possível a perda do cargo de
determinadas autoridades em razão de decisão do Senado Federal na análise de crime de

responsabilidade.

Aos que ingressam mediante concurso público só adquirem a vitaliciedade após 2

anos de efetivo exercício, mas se o ingresso se der mediante nomeação direta, como acontece
nas nomeações do quinto constitucional, a vitaliciedade é adquirida no momento da posse.

Cumpre salientar, ainda, que o CESPE considerou correta a seguinte assertiva (TJCE –
juiz): “A vitaliciedade somente é possível com relação aos cargos que a CF define como de

provimento vitalício, não podendo a legislação ordinária ampliar os cargos dessa natureza”.

1.7 Provimento

O provimento é a forma de ocupação do cargo público5. Divide-se em:

1.7.1 Provimento Originário

É o primeiro provimento na carreira, ou seja, é o ingresso pela primeira vez na carreira.

A nomeação é a única forma de provimento originário, e pode ocorrer para cargo de


provimento efetivo (precedida de concurso público) ou cargo em comissão.

5
Vide questão 15
26
Depois de nomeado, o servidor tem até 30 dias para tomar posse, garantindo a sua

investidura no cargo público. Assim, só com a posse é conferida a qualidade de servidor público.
Por essa razão, se no prazo de 30 dias não ocorrer a posse, o ato de nomeação fica sem efeito.

Nesse sentido, é possível concluir que a investidura no cargo é um ato complexo,


porque depende da manifestação de vontade do órgão/instituição (por meio do provimento) e

da vontade do potencial servidor. Observa-se também que o servidor deve apresentar


declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício

ou não de outro cargo, emprego ou função pública.

Após a posse, o servidor tem até 15 dias para entrar em exercício, se não o fizer no
prazo será exonerado.

Ressalte-se que, se o servidor necessitar entrar em exercício em município diverso em


razão de ter sido removido, redistribuído ou cedido, terá entre 10 e 30 dias para entrar em

exercício, a contar da publicação do ato, incluído o prazo para deslocamento.

Assim:

Servidor nomeado que não toma posse -> ato de nomeação torna-se sem efeito.

Servidor tomou posse, mas não entrou em exercício - > exoneração.

A posse pode ser efetivada mediante procuração com poderes específicos.

No caso do exercício de função de confiança, essa data coincidirá com a data da


publicação do ato de designação, ressalvado o caso de o servidor estar em licença ou afastado
por qualquer outro motivo.
27
1.7.2 Provimento Derivado

Decorre da existência de um provimento originário anterior, ou seja, o servidor já


ingressou em uma carreira anteriormente e irá prover outro cargo da mesma carreira. Não existe

provimento derivado entre carreiras diferentes. O Supremo Tribunal Federal sumulou


entendimento no sentido de que é inconstitucional toda modalidade de provimento que

propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao


seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido

(Súmula Vinculante nº 43).

Essa súmula já foi abordada em prova. O aluno irá perceber que esse capítulo é

repleto de súmulas, sendo, desse modo, de extrema importância que saiba o teor delas.

São formas de provimento derivado:

READAPTAÇÃO REVERSÃO APROVEITAMENTO

PROMOÇÃO REINTEGRAÇÃO RECONDUÇÃO

 Promoção: É tipo de provimento derivado vertical, ou seja, o servidor sobe


na carreira. Promoção é feita por antiguidade e merecimento de forma

alternada. Necessariamente tem que ter um cargo vago para que seja
efetivada a promoção. No caso da promoção por merecimento, o texto

constitucional prevê a realização de cursos pelos órgãos da Administração


Pública como requisito para tal. A promoção não interrompe o tempo de
exercício.

28
A promoção não se confunde com a progressão funcional, eis que esta é um aumento do

padrão remuneratório sem mudança de cargo. Na promoção há a mudança de cargo, para um

mais elevado.

 Readaptação: É tipo de provimento derivado horizontal, eis que o servidor


não sobe na carreira. A readaptação é o aproveitamento do servidor em um
novo cargo em razão de ter ocorrido limitação em sua capacidade física e/ou

mental. Esse novo cargo será compatível com a limitação, porém enseja a
garantia de equivalência de vencimentos, ou seja, em razão da readaptação o

servidor não pode sofrer nenhuma mudança remuneratória. Não depende da


existência prévia de cargo vago, eis que, ainda que não haja cargo vago, o

servidor irá exercer as funções como excedente até que surja um. Mas é
imperioso destacar que em não havendo nenhum cargo na carreira, com

funções compatíveis, o servidor será aposentado por invalidez.

 Reingresso: Ocorre quando o servidor deixou de exercer as funções, mas em


momento posterior retorna. Tal provimento pode ocorrer de 4 maneiras:

1) Reversão: é o retorno do servidor que estava aposentado. A lei prevê


dois motivos para a reversão: (i) aposentadoria por invalidez: quando,

por laudo médico, atesta-se que os motivos que ensejaram a


aposentadoria não existem mais; e (ii) aposentadoria voluntária: neste
caso a lei impõe alguns requisitos, quais sejam: que haja interesse da
Administração Pública; que o servidor tenha solicitado a reversão; que a
29
aposentadoria tenha sido voluntária; que o servidor já fosse estável; que

a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação;


e que haja cargo vago. Porém, o STF considera inconstitucional a

reversão da aposentadoria voluntária (desaposentação), eis que essa


extingue o vínculo com a Administração. Em qualquer hipótese, após os

75 anos de idade, não será possível a reversão, por tratar-se da idade


limite para a aposentadoria compulsória, nos moldes do art. 2°, da Lei

complementar 152/2015.6
2) Recondução: É a volta do servidor estável ao cargo anterior sem direito
a indenização. Acontece em duas hipóteses: (i) quando há reintegração

do anterior ocupante do cargo; e (ii) se o servidor é considerado inapto


em estágio probatório de outra carreira, podendo ser reconduzido para

o cargo de origem em que era estável. O STJ admite a recondução para


o cargo anterior mesmo entre Entes Federativos diversos.

3) Reintegração: A reintegração ocorre quando o servidor estável estiver


diante de uma anulação do ato de demissão. A anulação pode ser feita

pela própria Administração ou pelo Judiciário e produz efeitos ex tunc.


O servidor será indenizado por tudo que deixou de ganhar. Atente-se
que o servidor reintegrado irá voltar ao o cargo que ocupava

anteriormente. Caso este cargo esteja ocupado, o servidor ocupante será


reconduzido para o cargo anterior. Estando esse ocupado, ele irá para
um cargo vago compatível. Se não tiver cargo compatível, ficará em
disponibilidade. A doutrina entende que não há obstáculos para que o

servidor em estágio probatório demitido/exonerado de forma ilegal seja


reintegrado.

4) Aproveitamento: É a volta do servidor estável que se encontrava em


disponibilidade.

6
´vide questão 5
30
1.8 Vacância

A vacância elenca as hipóteses de desocupação do cargo público, ou seja, quando o


cargo passa a ser vago. A lei prevê sete situações, são elas:

1) Exoneração: é o fim do vínculo com a Administração Pública, sem caráter de


penalidade. A exoneração pode se dar: a) a pedido do servidor; b) quando

não satisfeitas as condições do estágio probatório; c) quando, tendo tomado


posse, o servidor não entrar em exercício no prazo legal; d) considerado

insatisfatório na avaliação periódica de desempenho; e) necessidade de corte


de gastos com pessoal, conforme já explicitado anteriormente; f) em casos de

cargos em comissão.7
2) Demissão: tem caráter punitivo e é cabível sempre que o servidor comete
infração funcional que é prevista em lei e punível com a perda do cargo

público. Ressalta-se que a aplicação da penalidade deve ser precedida de


processo administrativo disciplinar em que sejam observados o contraditório

e a ampla defesa.
3) Readaptação: a readaptação enseja o provimento de um cargo e a vacância

de outro, em um único ato.


4) Promoção: a assunção do novo cargo causa a vacância do cargo

anteriormente ocupado;
5) Aposentadoria;
6) Morte;

7) Posse em cargo inacumulável: é, via de regra, vedada a acumulação de


cargos e empregos públicos. Sendo assim, o servidor que ocupa dois cargos

inacumuláveis deverá optar por apenas um. A Administração concede um


prazo de 10 dias (considera-se boa-fé) para que o servidor faça sua escolha.

Caso não a faça no prazo, será instaurado processo administrativo sumário.

7
Vide questão 7
31
Durante esse processo e até o último prazo da defesa, poderá o servidor optar

por um dos cargos sem que incorra em pena de demissão.

1.9 Acumulação de cargos8

A Constituição da República de 1988 veda a acumulação de cargos e empregos

públicos, sejam eles da Administração Direta ou Indireta da União, dos Estados, Municípios e
DF. Note que a acumulação que é vedada é a remunerada.

Porém, o próprio texto constitucional elenca algumas exceções, ou seja, casos em que

a acumulação e cargos é permitida. São elas:

1) Dois cargos de professor;


2) Dois cargos de profissionais da saúde com profissão regulamentada;

3) Um cargo técnico ou científico com um de professor;


4) Cargo efetivo com o de vereador.

5) Um cargo de juiz ou promotor com um cargo de professor

Ressalta-se que para que essas acumulações sejam válidas é necessário demonstrar

que há compatibilidade de horários. Ademais, a acumulação deve respeitar o teto


remuneratório do art. 37, XI da CF/98, qual seja o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal

Federal.

O STJ entende que a obediência ao teto remuneratório deve ser analisada em relação
a cada cargo, de modo que a soma total pode ultrapassar o limite legal.

Sobre a acumulação de cargos, vale conhecer esse importante julgado 9 (2019) do

Supremo Tribunal Federal, fixado em sede de repercussão geral. Observe: “A acumulação de


cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se

8
Vide questão 8
9
STF. Plenário. ARE 1246685, Rel. Min. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/03/2020. (Tema 1081 Repercussão Geral)
STF. 1ª Turma. RE 1176440/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/4/2019 (Info 937). STF. 2ª Turma. RMS
34257 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018. STJ. 1ª Seção. REsp 1767955/RJ, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 27/03/2019 (Info 646).
32
sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal

requisito na Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a


compatibilidade de horários no exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela

administração pública”.

Também é vedada a acumulação de proventos de aposentadoria do regime próprio


de previdência com a remuneração dos cargos públicos, salvo:

1) Aposentadoria + cargo de comissão;


2) Aposentadoria + remuneração de cargo acumulável;
3) Aposentadoria + cargo eletivo.

Ademais, saliente-se que a vedação de acumulação de cargos públicos abrange as


entidades da Administração Indireta, as subsidiárias e as sociedades controladas, direta ou

indiretamente pelo Poder Público.

Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a


incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal, pressupõe consideração de cada um dos
vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos

ganhos do agente público. STF. Plenário. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Marco

Aurélio, julgados em 26 e 27/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).

Cabe mencionar que, para os Tribunais Superiores, o fato de a remuneração total do


servidor (remuneração dos dois cargos acumuláveis) ultrapassar o teto constitucional não vai

contra o espírito do legislador constituinte.

33
O objetivo do teto constitucional foi o de evitar que o servidor obtivesse ganhos

desproporcionais. A partir do momento em que o teto existe para cada um dos cargos, não há
prejuízo à dimensão ética da norma caso a soma dos dois seja superior ao teto.

Se o teto fosse para o conjunto das duas remunerações, haveria um desestímulo à

acumulação de cargos que é permitida pelo texto constitucional, o que traria prejuízos inclusive
para a eficiência administrativa.

A incidência do teto sobre os dois cargos geraria enriquecimento sem causa do Poder

Público, porque o servidor iria trabalhar e não teria direito à remuneração integral de um dos
cargos.

Ademais, isso poderia provocar situações contrárias ao princípio da isonomia, já que

poderia conferir tratamento desigual entre servidores públicos que exerçam idênticas funções.
Ex.: um promotor que fosse professor em uma universidade pública receberia menos pela função

de professor do que um advogado que também fosse professor na mesma instituição, com a
mesma carga horária.

1.10 Deslocamento

A Lei nº 8.112/90 estabelece duas hipóteses de deslocamento:

1.10.1 Remoção

A remoção ocorre com o deslocamento do servidor dentro do mesmo quadro de

pessoal que ele ocupava antes, ou seja, o servidor sai de um lugar para outro, com ou sem
mudança de sede, sem mudar de carreira.

Pode ocorrer de ofício - no interesse da Administração – ou a pedido – no interesse


do particular, mas a critério da Administração.

Em regra, é ato discricionário, mas a lei elenca 3 hipóteses em que a remoção a


pedido será vinculada, ou seja, mesmo que não haja vaga e nem interesse da Administração, o
servidor será removido: (i) por motivo de deslocamento do cônjuge ou companheiro – nesse

34
caso é necessário demonstrar que os dois são servidores públicos, coabitam, e que um dos dois

foi deslocado de ofício (o STJ entende que não há direito à remoção caso o cônjuge ou
companheiro seja aprovado em concurso público e nomeado para localidade diversa da sua

lotação) . Além disso o servidor que pede tem que ser servidor federal; (ii) por motivos de saúde
do próprio servidor, do cônjuge ou do companheiro ou do dependente econômico desde que

provado por laudo médico; e (iii) concursos de remoção, feito por antiguidade.

A remoção não é forma de provimento ou vacância, mas de mero deslocamento.

1.10.2 Redistribuição

A redistribuição ocorre com o deslocamento do cargo, nesta hipótese não é o

servidor que está sendo deslocado. Pode ser feita entre órgãos diferentes, entidades diferentes,
desde que feito no âmbito do mesmo poder.

É sempre feita de ofício, no interesse da administração e constitui, além de forma de


deslocamento, forma de provimento e vacância.

1.11 Remuneração

A remuneração, ou também chamada de vencimento, é composta pelo vencimento


básico do servidor público, acrescido de todas as vantagens pecuniárias permanentes do cargo

e estabelecidas em lei.

VENCIMENTO
BÁSICO DO
CARGO

REMUNERAÇÃO/
VENCIMENTOS

VANTAGENS
PECUNIÁRIAS
PERMANENTES

35
Para a fixação de remunerações e vencimentos deve-se levar em consideração alguns
fatores:

 A natureza;

 O grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos; e


 Os requisitos para a investidura e as peculiaridades dos cargos.

A remuneração do servidor público deve ser definida mediante a edição de lei

específica. Porém, por determinação constitucional – constituindo exceção à regra - é possível


a fixação de alguns vencimentos, por meio de decreto legislativo, quais sejam: do Presidente da
República e do Vice-Presidente, dos Ministros de Estado, dos senadores e dos deputados
federais.

Ademais, a remuneração do servidor público, conforme disposto no art. 37, XV da

Constituição da República, é irredutível. Impõe destacar que tal irredutibilidade é nominal, ou


seja, deve ser preservada a simples manutenção do valor. Por essa razão, o art. 37, X da CFRB/88,

estabelece o direito à revisão geral anual dos vencimentos pagos aos servidores estatais, como
forma de evitar que a inflação e o decurso de tempo corroam o valor real do pagamento.

Ressalta-se que a revisão deverá ser feita sempre na mesma data e sem distinção de
índices. Aluno, veja esse interessante julgado10, de 2019, fixado em sede de repercussão geral:
“O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos servidores
públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/88, não gera direito subjetivo a indenização. Deve
o Poder Executivo, no entanto, se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões pelas

quais não propôs a revisão”.

10
STF. Plenário. RE 565089 /SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
25/9/2019 (repercussão geral – Tema 19) (Info 953).

36
A jurisprudência pacificou o entendimento de que a garantia de irredutibilidade não impede a

alteração da forma de cálculo.

É importante destacar que a remuneração do servidor público não pode ser inferior
ao salário mínimo, conforme o art. 39, §3°, combinado com o art. 7°, IV da Constituição.

Porém, entende-se que o vencimento básico pode ser inferior ao mínimo legal,
desde que a remuneração total não o seja, consoante disposto no art. 41, §5° da lei 8.112/90 e

na súmula vinculante nº 16.

Ainda sobre os vencimentos, vale destacar que o artigo 37, XII, da CRFB/88, dispõe

que "os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo".

Sobre vencimentos, ressalte-se a relevância da Súmula 339 do STF para fins de


concurso público, não só para provas de primeira fase, como também de segunda fase. Atenção
para o que ela disciplina: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,

aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia”.

Além disso, não se admite a equiparação ou vinculação de espécies remuneratórias,

entre carreiras no serviço público, por expressa vedação constitucional contida no art. 37, XIII
da Constituição da República de 1988.

37
Em regra, não há descontos nas remunerações e subsídios. Mas pode haver os descontos de

imposição legal, como Imposto de Renda e Previdência Social; por decisão judicial; consignação
em folha. Mesmo nas hipóteses possíveis de desconto, não é possível que haja penhora, arresto

ou sequestro.

Importante pontuar, também, que não há direito adquirido a regime jurídico

remuneratório, consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal:

“Não há direito adquirido do servidor público a regime jurídico pertinente à

composição dos vencimentos, desde que a eventual modificação introduzida por ato legislativo
superveniente preserve o montante global da remuneração e, em consequência, não provoque

decesso de caráter pecuniário” (...) STF. 2ª Turma. ARE 772833 AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 11/02/2014.

1.12 Teto Remuneratório

A Constituição da República de 1988 prevê que o teto remuneratório é o Subsídio do


Ministro do Supremo Tribunal Federal, sendo assim, nenhum servidor poderá ganhar mais que

os Ministros do STF.

No teto serão consideradas todas as espécies de vantagens pessoais ou de qualquer

outra natureza, percebidas cumulativamente ou não, salvo: (i) verbas de natureza indenizatória;
(ii) abono de permanência; (iii) direitos sociais; e (iv) remuneração da atividade de
magistério.

38
Adicionalmente ao teto, a Constituição prevê ainda subtetos para os servidores dos

Estados e Municípios:

 Subteto Estadual:

O subteto estadual tem parâmetro nos três poderes, sendo: para o Poder Executivo
o subsídio do governador; para o Poder Legislativo, o subsídio dos deputados estaduais e

distritais. E para o Poder Judiciário, o subsídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça que
deve corresponder a 90,25% do subsídio do ministro do STF. Os membros do Ministério Público,

defensoria pública e procuradorias estaduais se submetem ao subteto do Poder Judiciário.

Matheus Carvalho, em sua obra, aponta que o subteto de remuneração do Poder


Judiciário foi alvo de discussão jurisprudencial, eis que se entende que os membros da

magistratura não podem ter tratamento diferenciado, pelo fato de serem juízes estaduais ou
federais, uma vez que atuam no exercício de funções similares e se submetem a mesma Lei

Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN (LC nº 35/79).

Por essa razão, o Supremo Tribunal Federal se pronunciou no sentido de que os juízes

estaduais não se submetem à regra do subteto, mas sim ao teto de remuneração, qual seja o
subsídio do Ministro do STF.

Após isso, o art. 37, §12°, da Carta Magna passou a definir que fica facultado aos
Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições
e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e

Distritais e dos Vereadores.

 Subteto Municipal:

O subteto municipal é o subsidio do Prefeito.

39
1.13 Subsídio

Além da remuneração, a Constituição Federal, criou outra forma de pagamento aos


servidores públicos, chamada de subsídio.

O subsídio é o pagamento feito em parcela única, não aceitando nenhum acréscimo


patrimonial.

A lei de cada carreira irá determinar se o servidor receberá por subsídio ou não, mas
há carreiras que o pagamento por meio de subsídio é obrigatório:

 Agentes políticos;
 Membros da Defensoria Pública;

 Membros do Ministério Público;


 Advocacia Pública;
 Corpo de Bombeiros;

 Polícia; e
 Tribunal de Contas.

1.14 Vantagens

As vantagens são parcelas pecuniárias acrescidas ao vencimento dos servidores,

quando estes preenchem as condições legais para tal recebimento.

As vantagens são:

INDENIZAÇÕES

GRATIFICAÇÕES

ADICIONAIS

40
Iremos estudar cada uma a seguir:

1.14.1 Indenizações

As indenizações não se incorporam à remuneração do servidor e não são


consideradas como acréscimos patrimoniais, eis que está se devolvendo algo que o servidor

perdeu.

Ademais, não incide Imposto de Renda sobre as indenizações.

São consideradas indenizações:

 Diárias: pagas em razão do afastamento transitório e para os gastos no local


(hospedagem, alimentação, transporte interno). Apesar da passagem não ser

considerada diária, também é paga pela Administração.


A diária, via de regra, é paga antes da viagem. Caso o servidor não se desloque

ou na hipótese de ficar menos tempo que o previsto, o valor – ou o excedente


– deverá ser devolvido no prazo de 5 dias (doutrina entende que, embora a

lei não expresse, os dias devem ser considerados úteis). Ademais, se o servidor
não fizer pernoite, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas

extraordinárias cobertas por diárias, só receberá meia diária.

Nas situações em que o deslocamento da sede seja atribuição permanente do cargo, o servidor
não faz jus à percepção de diárias. Também não fará jus, o servidor que se deslocar dentro da

mesma região metropolitana, aglomeração urbana, ou microrregião, constituídas por municípios


limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países
limítrofes, nos quais há extensão de jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores

brasileiros, salvo se houver pernoite fora da sede.

41
 Ajuda de custo: paga em razão do deslocamento – de ofício – permanente
do servidor, ou seja, quando há mudança de domicílio. O valor dessa ajuda
pode ser de até 3x o valor da remuneração do servidor. Além de pagar a

ajuda de custo – indenização -, a Administração custeia a mudança do servidor


e de sua família. Se o servidor, em até 30 dias, não comparecer à nova sede,

terá os mesmos 30 dias para devolver o valor pago. Destaca-se que se o


servidor falecer na nova sede e a família quiser voltar para a localidade de

origem, terá o prazo de 1 ano, contado do óbito, para requerer o retorno


custeado pela Administração.

 Transporte: é o pagamento feito ao servidor que utiliza meio próprio de


locomoção para prestar o serviço. Não deve ser confundido com o transporte
de ir e voltar do trabalho.

 Auxílio-moradia: valor pago para custear gastos com a moradia do servidor


que for deslocado para nova sede para exercer cargo em comissão do DAS

4, 5 e 6. O valor pago terá como base o valor aluguel ou pagamento de hotel,


limitado a 25% do valor do cargo em comissão. Há requisitos, cumulativos,

para o recebimento de tal indenização: (i) não exista imóvel funcional


disponível para uso pelo servidor; (ii) o cônjuge ou companheiro do servidor

não ocupe imóvel funcional; (iii) o servidor ou seu cônjuge ou companheiro


não seja ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou
promitente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo; (iv)

nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-moradia; (v)
o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função de confiança

não se enquadre dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana


ou microrregião; (vi) servidor não-tenha sido domiciliado ou tenha residido

no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em comissão
ou função de confiança; (vii) o deslocamento não tenha sido por força de

42
alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo; e (viii) o deslocamento

tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.

1.14.2 Gratificações

As gratificações podem incorporar a remuneração do servidor, desde que seja


prevista na lei da carreira. São gratificações:

 De função: Todo cargo público tem função, e para cada função a lei atribui
um valor;

 Natalina: é o famoso “13º salário”. Pode ser dividida em duas parcelas, mas
deve ser paga integralmente até o dia 20 de dezembro de cada ano. Essa

gratificação corresponde a 1/12 da remuneração de dezembro por mês de


serviço público prestado. Ressalta-se que a partir de 15 dias trabalhados,
considera-se que o mês todo foi trabalhado para fins de pagamento dessa

gratificação. Se o servidor for exonerado ou demitido, tomar-se-á como base


o mês da exoneração ou demissão. Não pode servir de base de cálculo para

nenhuma vantagem pecuniária, razão pela qual não influi nos adicionais
noturnos e de insalubridade.

 Encargo de concurso ou curso: gratificação paga para o servidor que atua


na aplicação de prova de concurso, na coordenação de prova de concurso,

que atua como examinador em banca, ou como instrutor em curso de


formação. O máximo de horas trabalhadas deverá ser a de 120 horas de
trabalho anuais, ressalvada situação de excepcionalidade, devidamente

justificada e previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou


entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 horas de trabalho

anuais. O valor pago por hora corresponderá aos seguintes percentuais,


incidentes sobre o maior vencimento básico da administração pública federal:

(i) 2,2°% nas atividades de instrutor em curso de formação ou examinador de


bancas de concurso público realizado pelo órgão estatal; e (ii) 1,2% na

43
atividade de aplicação, fiscalização de provas de concurso ou a coordenação

e planejamento destas atividades, incluindo a organização da estrutura


logística.

1.14.3 Adicionais

Os adicionais, também, podem incorporar a remuneração do servidor, desde que

seja prevista na lei da carreira. Trata-se de rol exemplificativo:

 Exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas: adicional pago

aos servidores públicos que exercem atividades prejudiciais à saúde, como


aqueles que têm contato com substâncias tóxicas ou radioativas (insalubres),

com risco de vida (perigosas) ou que exijam esforço demasiado (penosas). A


lei determina que os dois primeiros adicionais são inacumuláveis, portanto, se
a atividade do servidor for, ao mesmo tempo, insalubre e perigosa, ele deve

optar por um deles. Ressalta-se que os servidores que operam máquinas de


Raio-X devem receber adicional de insalubridade e serem submetidos a

exames médicos a cada 6 meses.


 Hora extra: tem caráter excepcional, não podendo ultrapassar 2 horas por dia

e será remunerada com um adicional de 50% a mais em relação à hora


normal.

 Serviço noturno: adicional pago, no valor de 25% da remuneração da hora


normal, ao servidor que exerce atividade noturna. Considera-se serviço
noturno, o prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e duas) horas

de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte. Frisa-se que a hora noturna


tem duração de cinquenta e dois minutos e trinta segundos. Ademais, se

o serviço extraordinário adentrar ao período noturno, paga-se


cumulativamente os dois adicionais. Primeiro acrescenta-se a hora extra e

depois o percentual de serviço noturno.

44
 Terço de férias: É o adicional pago ao servidor público, por ocasião das suas

férias, correspondente a 1/3 de sua remuneração. Deve ser pago dois dias
antes do gozo das férias e não pode ser parcelado.

1.15 Ausências do servidor

1.15.1 Férias

O servidor público tem 30 dias de férias por ano. Para gozar o primeiro período de

férias, o período aquisitivo será de 12 meses de trabalho.

Apenas para o primeiro período é que se exige o período aquisitivo de 12 meses.

As férias podem ser parceladas em até 3x, desde que requeridos pelo servidor e
autorizado pela Administração. Lembrando que nenhum período pode ser inferior a 10 dias.

A remuneração das férias deve ser paga de forma adiantada, até dois dias antes do

início do período.

As férias podem ser acumuladas em até 2 períodos – no interesse da Administração

– o que não gera direito à indenização. Além disso, as férias podem ser interrompidas por
calamidade pública ou comoção interna; convocação para júri, para serviço militar ou eleitoral;

ou por necessidade do serviço, desde que demonstrada pela autoridade máxima do órgão.

Aos servidores que operam Raio-X concede-se o direito de 20 dias de férias a cada
6 meses de trabalho e não se admite a acumulação. Nesse caso, o gozo das férias não deve
ser parcelado.
45
1.15.2 Licenças

Como regra, as licenças não remuneradas pela Administração Pública não contam
como tempo de serviço, mas contam para fins de aposentadoria, eis que o servidor poderá

continuar contribuindo para a Previdência.

É importante destacar que as licenças são temporárias e se do término de uma até o

início de outra da mesma natureza não decorrer mais de 60 dias, essa segunda licença será
considerada como uma prorrogação da primeira.

As licenças são:

 Por motivo de doença familiar: tal licença pode ser concedida no estágio

probatório, mas suspende a sua contagem. Durante essa licença é vedado


o exercício de atividade remunerada. Para que o servidor tenha direito a essa
licença por até 60 dias com remuneração precisa comprovar 3 requisitos: 1)

demonstrar – por laudo médico – que a pessoa da família está doente; 2) que
a pessoa doente depende de assistência direta do servidor; e 3) que o servidor

não pode conciliar a prestação da assistência com a prestação do serviço.


Passados os 60 dias, é possível prorrogar por até 90 dias, sem remuneração.

Nova licença pelo mesmo motivo só poderá ser requerida após 12 meses de
prestação de serviços.

 Por motivo de afastamento do cônjuge: tal licença pode ser concedida no


estágio probatório, mas suspende a sua contagem. É possível desde que o
cônjuge – ainda que não seja servidor – tenha sido afastado a trabalho para

qualquer lugar do território nacional ou exterior. A licença não tem prazo e


não tem remuneração. No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou

companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá
haver exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal

46
direta, autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de atividade

compatível com o seu cargo. O STJ entende que não se trata de uma licença
discricionária, e sim vinculada.

 Por motivo de Serviço Militar: tal licença pode ser concedida no estágio
probatório e não suspende a sua contagem. É remunerada e possui prazo

que coincide com o tempo de serviço militar. Terminada a licença, o servidor


terá até 30 dias, sem remuneração, para voltar ao serviço.

 Por motivo de Atividade Política: tal licença pode ser concedida no estágio
probatório, mas suspende a sua contagem. Essa licença é para quem
pretende se candidatar. No momento em que o servidor é escolhido na

convenção do partido até a véspera do registro da candidatura tem direito à


licença sem remuneração. Após o registro e até 10 dias após as eleições tem

direito à licença com remuneração, entretanto, a remuneração só poderá durar


3 meses.

 Por motivo de capacitação: não pode ser concedida no estágio probatório.


A cada 5 anos de efetivo exercício (ininterruptos ou não) no serviço público,

o servidor tem direito de até 3 meses de licença para fazer curso de


capacitação profissional no interesse da Administração. É licença remunerada
e discricionária. Não pode ser acumulada, ou seja, não se admite que não

sendo admitido que, após 10 (dez) anos de exercício, a licença chegue a seis
meses.
 Por interesse particular: não pode ser concedida no estágio probatório.
Não depende de motivação especifica, podendo o servidor requerer tal licença

para qualquer atividade no interesse dele. É discricionária e precária,


podendo a Administração revogá-la por necessidade do serviço. Não é

remunerada e pode ser concedida por até 3 anos improrrogáveis. Para que
possa ser requerida nova licença de mesma natureza tem que passar mais de
60 dias. Apenas os servidores titulares de cargo de provimento efetivo têm
direito a essa licença. Não é contada como tempo de serviço, nem para fins
de aposentadoria e disponibilidade.
47
 Para Mandado Classista: não pode ser concedida no estágio probatório.

Somente serão licenciados os servidores eleitos para os cargos de direção ou

representação em entidades de classe dos servidores, assim considerado o

desempenho de mandato em confederação, federação, associação de classe


de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade

fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou


administração em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos

para prestar serviços a seus membros A licença não é remunerada e dura o


tempo do mandato classista, sendo que a lei permite prorrogação se houver
reeleição (uma única vez). Esta licença, embora não seja remunerada, é

computada como tempo de serviço para todos os efeitos, menos para fins de
promoção por merecimento.

1.16 Afastamento

São hipóteses em que o servidor se afasta do exercício do serviço público para

execução de outras atividades de interesse da coletividade ou de cunho social.

1.16.1 Serviço em outro órgão

O servidor público poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade
dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios ou em serviço social

autônomo instituído pela União que exerça atividades de cooperação com a administração
pública federal, para exercício de cargo em comissão ou função de confiança, ou de direção ou

gerência no caso dos serviços sociais autônomos, além de situações previstas em lei específica.

Principais características:

a) intuitu personae;

b) não definitiva;

c) é uma forma de deslocamento apenas do servidor (não do cargo);

48
d) pode se dar para qualquer órgão ou entidade de qualquer dos Poderes dos entes

federativos.

O ônus de pagar ao servidor pode ser definido no ato de cessão, mas se o ato

não mencionar nada, tem-se que: se o servidor for cedido para outro órgão ou entidade da
União quem pagará será o cedente; já se o servidor for cedido para órgão ou entidade dos

estados, DF, ou municípios o pagamento ficará a cargo do cessionário. Em se tratando de cessão


para a empresa pública ou sociedade de economia mista federais, o servidor tem a faculdade

de optar pela remuneração do cargo de origem, somada à parcela relativa ao cargo em


comissão, ou pela remuneração integral do emprego de origem, na empresa.

Acrescenta-se que o servidor, em estágio probatório, somente poderá ser cedido a


outro órgão público para o exercício de cargos em comissão de DAS 4, 5 ou 6 ou, ainda, cargos
de natureza especial.

1.16.2 Mandato Eletivo

Não se confunde com a licença para exercício de atividade política, eis que esta é
concedia aos servidores que querem se eleger. Já este afastamento é para o servidor exercer o

mandato popular. Vai da posse (não se conta a partir da diplomação) até o fim do mandato
eletivo.

Se o servidor for eleito para cargo no âmbito da União, Estado ou DF será afastado
sem remuneração do cargo efetivo. Se for eleito no âmbito do município para Prefeito, será

afastado mas poderá optar pela remuneração. Se eleito vereador e tiver compatibilidade de
horários, poderá acumular os cargos e as remunerações. Se não houver compatibilidade de

horários, será afastado e poderá optar pela remuneração.

Esse afastamento conta como tempo de serviço para todos os efeitos, exceto para
promoção por merecimento.

49
1.16.3 Estudo ou missão de interesse público no exterior

Esse afastamento é remunerado e pode ser concedido por até 4 anos. Quando o
servidor volta ao exercício da atividade fica impedido de ser exonerado – a pedido – pelo mesmo

prazo que passou afastado. Também não poderá ser concedida licença para interesse particular,
salvo se fizer o reembolso do período correspondente à Administração.

Pode ser concedida no estágio probatório e o tempo de afastamento não


suspenderá a contagem deste.

É ato discricionário da Administração, dependendo de autorização do Presidente da


República, do Presidente da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, de cada Tribunal ou

do Procurador Geral da República.

Se o afastamento for para servir em organismo internacional que o Brasil participa ou coopera
será sem remuneração, eis que será remunerado pelo organismo e o período de afastamento

irá suspender a contagem do estágio probatório.

1.16.4 Pós-Graduação strictu sensu no país

Terá que ser demonstrada a impossibilidade de conciliar a prestação do servido com

a pós-graduação, eis que se for possível conciliar não haverá necessidade do afastamento.

O servidor que queira fazer mestrado tem que ter 3 anos de exercício na função; para
os casos de doutorado e pós-doutorado exige-se 4 anos. Para a pós-graduação latu sensu não
se pode pedir tal afastamento.

50
Ainda para o afastamento em caso de mestrado e doutorado é necessário comprovar

que nos últimos 2 anos não foi concedida licença para interesse particular, licença para
capacitação e nem afastamento para pós-graduação.

Depois que o servidor voltar, não poderá sair da função pelo mesmo prazo que ficou
afastado, salvo se reembolsar a Administração.

Se o servidor voltar sem o título terá que ressarcir o erário.

1.17 Concessões

São situações na qual o servidor pode se ausentar e o tempo de ausência será contado
efetivamente para todos os casos e não ocorrerá prejuízo da remuneração. Divide-se em:

 Gerais: concedidos a quaisquer servidores, esteja em estágio probatório ou

não:

a) 1 dia para doação de sangue – será o dia em que ele irá fazer a doação;

b) Até 2 dias para fins de alistamento eleitoral, realistamento e mudança


de domicilio eleitoral;

c) 8 dias para casamento – licença gala – e para luto – licença nojo.

 Especiais:
a) Estudantes: tem direito à horário especial para conciliar o serviço com

os estudos, com compensação de horários;


b) Pessoas com deficiência: o servidor tem direito à horário especial
sem necessidade de compensação de horários;

51
c) Familiar com deficiência ou doença: o servidor tem direito à horário

especial com compensação de horários.

1.18 Regime Disciplinar

É o regime que estabelece as sanções administrativas. A responsabilidade do servidor


tem a possibilidade de ser transmitida em várias instâncias, podendo ser punido nas esferas

administrativa, civil e penal11.

Via de regra, essas instâncias são independentes entre si e não se comunicam,

exceto se o servidor for absolvido na esfera penal por inexistência de fato ou por negativa
de autoria. Nesses casos, ele não poderá ser responsabilizado em nenhuma outra esfera.

Aluno, observe esse julgado12 de março de 2020 sobre o tema: “A sentença proferida
no âmbito criminal somente repercute na esfera administrativa quando reconhecida: a) a
inexistência material do fato; ou b) a negativa de sua autoria. Assim, se a absolvição ocorreu

por ausência de provas, a administração pública não está vinculada à decisão proferida na esfera
penal”.

O regime disciplinar, portanto, é o regime que estabelece o processo de


responsabilização do servidor público que cometer um ilícito administrativo e as respectivas

sanções administrativas.

As penalidades legalmente previstas são:

1.18.1 Advertência:

É aplicada em hipóteses de infrações mais leves, especificamente nos casos do artigo


17, incisos I a VII e XIX da Lei 8.112/90.

11
Vide questão 11
12
STF. 2ª Turma. RMS 32357/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/3/2020 (Info 970).
52
A competência para aplicar tal penalidade é do próprio chefe da repartição. O prazo

de prescrição é de 180 dias, contado da data em que a Administração tomou conhecimento do


fato. Depois de aplicada, essa penalidade é registrada no assentamento pessoal do servidor e

será cancelado o registro após 3 anos, desde que o servidor não comenta nenhuma outra
infração punível com advertência.

Deve ser necessariamente aplicada por escrito e prescreve em 180 dias.

1.18.2 Suspensão:

Regra geral, o prazo máximo da suspensão e de até 90 dias. Há situações em que


o administrador não poderá abrir mão da prestação do serviço, nesses casos a penalidade de

suspensão poderá ser substituída por uma multa de 50% do valor da remuneração.

O prazo de prescrição é de 2 anos contados da data em que a Administração tomou

conhecimento do fato.

A competência varia de acordo com o prazo da penalidade. Se a suspensão for de

até 30 dias, o próprio chefe da repartição poderá aplica-la; se for mais de 30 dias, quem aplica
é a autoridade imediatamente inferior àquela competente para aplicar a pena de demissão.

O prazo de cancelamento de registro da penalidade de suspensão é de 5 anos.

A lei estabelece quatro hipóteses para aplicação da suspensão:

1) Quando o servidor cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo

que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;


2) Quando o servidor exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com

o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;


3) Reincidência em infração punível com advertência: se o agente cometer

infrações puníveis com advertência em menos de 3 anos de diferença – prazo


em que o registro do servidor que foi punível com advertência é limpo – será
considerado reincidente.

53
4) Recusa de inspeção médica quando solicitado: nesse caso a suspensão não

pode ultrapassar 15 dias. Porém, se o servidor se submeter a inspeção, a pena


de suspensão será cessada automaticamente.

13
Para aplicação de advertência e suspensão por até 30 dias, a lei permite que seja instaurada

apenas uma sindicância, sem necessidade do PAD propriamente dito. A sindicância é um


procedimento administrativo simplificado que deve durar no máximo 30 dias – prorrogável

por igual período. Da sindicância pode ocorrer 3 resultados: (i) arquivamento: se não houver
infração ou se não foi aquele servidor o autor da infração; (ii) sanção de advertência ou
suspensão por até 30 dias: nos casos em que for confirmada o cometimento; e (iii) verificação

de infração mais grave: nesse caso da sindicância vai decorrer a instauração do PAD. É

importante destacar que a instauração do PAD, em regra, não depende de prévia sindicância.

1.18.3 Destituição de cargo em comissão ou função de confiança:

Se o servidor ocupante de cargo em comissão ou função de confiança cometer


qualquer infração que enseja demissão ou suspensão, será destituído.

A exoneração é livre e não precisa de processo administrativo para tal, mas a


destituição é penalidade e só pode ser aplicada mediante processo administrativo.

A prescrição é de 5 anos contados da data em que a Administração tomou


conhecimento do fato. E a competência é da autoridade que nomeou.

13
Vide questão 6
54
1.18.4 Demissão

Enseja a perda do cargo do servidor efetivo e ativo em caráter punitivo, nas hipóteses
do artigo 132 da Lei 8.112/90. A competência para aplicação dessa penalidade é do chefe

máximo do Poder ao qual o servidor está vinculado, porém tal competência é delegável 14.

A prescrição é em 5 anos contados da data em que a Administração tomou


conhecimento do fato.

1.18.5 Cassação de aposentadoria e disponibilidade:

As hipóteses, competência e prescrição são igual as hipóteses da demissão, o que


muda é a situação funcional do servidor. Se ele estiver aposentado, será cassada sua

aposentadoria e, se for caso de disponibilidade, esta será cassada.

Para aplicação desta penalidade, o servidor deve ter praticado um dos atos que

ensejam a demissão durante a atividade.

Porém, é possível a cassação da disponibilidade fora das hipóteses de demissão, no

caso de o servidor em disponibilidade requisitado para aproveitamento, não comparecer.

Muito recentemente, em abril de 2020, o STF ratificou a constitucionalidade dessa


sanção. Observe em que termos se deu esse julgado15:

14
O art. 141, I, da Lei nº 8.112/90 prevê que as penalidades disciplinares de demissão e cassação de aposentadoria
ou disponibilidade de servidores públicos ligados ao Poder Executivo federal devem ser aplicadas pelo Presidente
da República. Por meio do Decreto nº 3.035/99, o Presidente da República delegou aos Ministros de Estado e ao
Advogado-Geral da União a atribuição para aplicar tais penalidades. Assim, o Advogado-Geral da União, com base
no Decreto nº 3.035/99, possui competência para, em processo administrativo disciplinar, aplicar pena de demissão
a Procurador da Fazenda Nacional, que é membro integrantes da carreira da AGU. Vale ressaltar, contudo, que
cabe recurso hierárquico próprio ao Presidente da República contra a aplicação dessa penalidade. STJ. 1ª Seção.
MS 17449-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 14/08/2019 (Info 657).

15
STF. Plenário. ADPF 418, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020.

55
“Não há inconstitucionalidade na previsão da penalidade de cassação de aposentadoria
de servidores públicos, disposta nos arts. 127, IV, e 134 da Lei nº 8.112/90. A aplicação da
penalidade de cassação de aposentadoria ou disponibilidade é compatível com o caráter
contributivo e solidário do regime próprio de previdência dos servidores públicos. A perda
do cargo público foi prevista no texto constitucional como uma sanção que integra o
poder disciplinar da Administração. É medida extrema aplicável ao servidor que apresentar
conduta contrária aos princípios básicos e deveres funcionais que fundamentam a atuação
da Administração Pública. A impossibilidade de aplicação de sanção administrativa a
servidor aposentado, a quem a penalidade de cassação de aposentadoria se mostra como
única sanção à disposição da Administração, resultaria em tratamento diverso entre
servidores ativos e inativos, para o sancionamento dos mesmos ilícitos, em prejuízo do
princípio isonômico e da moralidade administrativa, e representaria indevida restrição ao
poder disciplinar da Administração em relação a servidores aposentados que cometeram
faltas graves enquanto em atividade, favorecendo a impunidade”.

1.19 Processo Administrativo Disciplinar

O processo administrativo disciplinar – PAD - serve para aplicar sanções aos servidores
que comentem infrações no serviço público, deve durar 60 dias, mas pode ser prorrogado por
igual período.

Quem está respondendo processo administrativo disciplinar não pode ser exonerado
a pedido e nem aposentado voluntariamente. Primeiro responde ao PAD, cumpre a pena, se for
o caso, e, só após, poderá ser concedida a exoneração ou aposentadoria.

A instauração do PAD interrompe o prazo de prescrição para aplicação da pena.


Com a instauração é possível conceder medida cautelar administrativa, ou seja, o afastamento
preventivo do servidor sem prejuízo da remuneração, por no máximo 60 dias prorrogáveis por

igual período. Esse prazo não é impróprio e, sim, peremptório. Para aplicação de tal medida, o
administrador deve provar que a manutenção do servidor no cargo poderá atrapalhar o

andamento regular do processo, ou dificultar a instrução probatória.

O PAD é instaurado por uma portaria que também designa uma comissão
processante composta de 3 servidores estáveis. Os servidores – tanto o acusado quanto os da

56
comissão – não podem ser parentes até o 3º grau, ne cônjuge/companheiro. Além disso, o

presidente da comissão deve ter cargo ou nível de escolaridade igual ou superior ao do acusado.

Em razão de ter sido objeto de discussão recente no Superior Tribunal de Justiça, os


dois entendimentos sumulados1617 que se seguem são de conhecimento obrigatório para sua

prova de concurso. Observe o que dizem sobre a instauração do PAD:

Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar


prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados.

Súmula 611-STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação


ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em
denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração18.

Após a instauração, inicia-se o inquérito que se divide em 3 subfases:

 Instrução: necessária para a produção ampla de provas – busca pela verdade


real.
 Defesa: após a instrução, abre-se o prazo de 10 dias para a defesa. Se o
servidor não for encontrado para intimação será intimado por edital e nesse
caso o prazo de defesa será 15 dias. Se tiver mais de um acusado no mesmo
processo, o prazo será de 20 dias. Se o servidor for revel será designado um
defensor dativo que irá apresentar defesa no lugar do acusado. Esse defensor
dativo deve ter nível de escolaridade e igual ou superior ao acusado e não
precisa ser advogado.
 Relatório da comissão processante: após apresentação de defesa, o
processo volta para a comissão que irá elaborar um relatório. O relatório tem
natureza jurídica de parecer, eis que irá opinar, ou seja, será um relatório

16 STJ. 1ª Seção. Aprovada em 18/02/2020, DJe 19/02/2020.

17 STJ. 1ª Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018 (Info 624).

18
Vide questão 14
57
conclusivo. O julgador do PAD deverá seguir a conclusão apresentada no
relatório, salvo se ela for manifestamente contrária à prova dos autos.

Após o inquérito, a autoridade competente deve proferir o julgamento em, no máximo, 20

dias, devendo ser motivado.

Sendo assim, entende-se que o PAD pode durar no máximo 140 dias (60 + 60 + 20 do
julgamento), podendo inclusive, ocorrer prescrição intercorrente se não acabar nesse prazo.

O servidor pode insurgir-se contra a decisão proferida por meio de 3 formas:

 Pedido de reconsideração: tem prazo de 30 dias. É interposto perante a


própria autoridade que proferiu a decisão.
 Recurso: também tem prazo de 30 dias. É interposto perante a autoridade
superior e é cabível a reformatio in pejus.
 Revisão: o pedido de revisão pode ser feito a qualquer tempo desde tenha
fatos novos. É, em verdade, um novo processo. Ocorre de ofício ou mediante
pedido do interessado (ou da família, em caso de falecimento, ausência ou
desaparecimento do servidor). A comissão revisora tem 60 dias para
conclusão. Veda-se a reformatio in pejus.

É possível um processo diferenciado no caso de abandono de cargo e inassiduidade habitual, a

lei prevê um processo sumário de no máximo 30 dias prorrogáveis por mais 15 dias. A comissão
será formada por apenas 2 servidores estáveis. O prazo de defesa é de 5 dias. Esse mesmo

processo é o aplicado na acumulação ilegal de cargos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARVALHO, MATHEUS. MANUAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO. 4 ED. SALVADOR: JUSPODIVM, 2017.

OLIVEIRA, RAFAEL CARVALHO REZENDE. CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO. 6 ED. RIO DE JANEIRO: FORENSE;

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MEIRELLES, HELY LOPES. DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO. 43. ED. SÃO PAULO: MALHEIROS, 2018

JUSTEN FILHO, MARÇAL. CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO. 3ª ED. SÃO PAULO: SARAIVA, 2008

SCATOLINO, GUSTAVO; TRINDADE, JOÃO. MANUAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO. 5. ed. rev. atual e ampl. –

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ALEXANDRINO, MARCELO; PAULO, VICENTE. DIREITO ADMINISTRATIVO DESCOMPLICADO. 25. ED SÃO PAULO:

MÉTODO, 2017.

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