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há 2 anos
Inteiro Teor
PODER JUDICIÁRIO
Registro: 2020.0000808104
ACÓRDÃO
MARCOS CORREA
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
Comarca: Jaú
Voto nº 13.744
PODER JUDICIÁRIO
muito, a sua apropriação ou desvio. Pleiteia, ainda, a fixação do regime aberto (fls.
237/240).
Contrariado o recurso (fls. 245), manifestou-se a douta Procuradoria Geral de Justiça pelo
desprovimento do apelo (fls. 261/266).
É o relatório .
A materialidade do crime foi comprovada pelos documentos juntados às fls. 08/14 e 41/61
e pela prova oral.
Por outro lado, a testemunha Lucia Helena Bilancieri dos Santos relatou, na fase
inquisitiva, que era procuradora da vítima Denivaldo, seu cunhado, que estava
aposentado por invalidez havia mais
PODER JUDICIÁRIO
O policial civil Fernando Rodrigo Machado afirmou não se recordar muito bem dos fatos,
mas confirmou o teor do relatório policial, segundo o qual a ré foi investigada por ter
cometido inúmeros estelionatos, relativos a compra e venda de imóveis, conforme fatos
apurados em processo diverso (carta precatória de fls. 181/193).
No caso, os documentos juntados aos autos evidenciam que a apelante solicitou o cartão
bancário da vítima, que estava em poder de sua procuradora (a testemunha Lucia),
cancelou o recebimento do respectivo benefício previdenciário no Banco Bradesco e, por
fim, solicitou um cartão no Banco do Brasil, em nome do ofendido, onde,
PODER JUDICIÁRIO
A qualificadora relativa à fraude também foi plenamente confirmada pela prova oral,
notadamente, pelos depoimentos da testemunha Lucia, procuradora da vítima, que
afirmou ter entregado o cartão magnético de Denivaldo para a apelante, acreditando que
ela pretendia utilizá-lo para a regularização de um terreno de propriedade da família.
No caso, ficou bem delineado o furto mediante fraude, eis que houve o emprego de meio
ardiloso para que houvesse a entrega do cartão magnético da vítima posteriormente
utilizado para a solicitação da transferência do benefício previdenciário para outra
instituição bancária e, a partir daí, para a obtenção de novo cartão, que foi utilizado para
fazer as transferências bancárias.
Vale dizer, a ré não tinha a posse legítima do numerário pertencente à vítima, a fim de
caracterizar a apropriação, tal como exige o artigo 102 da Lei nº 10.741/03. Ao reverso,
subtraiu tais valores mediante fraude, como foi bem explanado na sentença combatida.
PODER JUDICIÁRIO
Consoante bem observou o d. Procurador de Justiça, “saliente-se que não há que se falar
em desclassificação dos furtos qualificados pela fraude para crimes de apropriação de
rendimentos de pessoa idosa, como pretende a D. Defesa, uma vez que houve efetiva
subtração de valores existentes na conta bancária da vítima, sem o consentimento desta
ou de sua procuradora. Ademais, em momento algum a apelante teve disponibilidade das
referidas quantias, portanto, impossível fossem aplicadas de forma diversa de sua
finalidade, como estipulado no artigo 102 do Estatuto do Idoso, por isso inaplicável tal
dispositivo à espécie em exame” (fls. 265).
Assim, a condenação era de rigor.
A pena também não comporta modificação, máxime porque não houve questionamento
das partes nesse particular.
Apenas para fins de registro, anoto que a pena-base foi fixada no mínimo legal, sendo, a
seguir, majorada de 1/6 por se tratar de crime cometido contra idoso (artigo 61, inciso II,
alínea h, do Código Penal) e, por fim, de 2/3 em face da continuidade delitiva, porquanto
oito foram as infrações penais cometidas.
PODER JUDICIÁRIO
Pelo exposto, nego provimento ao apelo, mantendo a r. sentença por seus próprios e
jurídicos fundamentos.
MARCOS CORREA
RELATOR