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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à distância

Atualização da proposta educativa de Jean Piaget

Gurué, 2021
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Universidade Católica de Moçambique


Instituto de Educação à distância

Atualização da proposta educativa de Jean Piaget

Juca João Dembo

Código de estudante: 712210007

Curso: Mestrado em Psicopedagogia


Ano de frequência: 1o Ano
Cadeira: Teorias de educação

Docente: PhD. Daniel Raúl

Gurué, 2021
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Índice

Resumo...........................................................................................................................iii
Abstrat............................................................................................................................iv
1. Introdução....................................................................................................................5
1.2. Metodologia..............................................................................................................6
2. Marco teórico...............................................................................................................7
2.1. Atualização a proposta educativa de Jean Piaget.....................................................7
2.1.1. Proposta educativa de Jean Piage..........................................................................7
2.1.2. A proposta educativa de Laboratório de Currículos..............................................8
2.1.3. Finalidade da educação na prespectiva de Piaget................................................10
2.1.4. Pressupostos educativos na perspectiva Piagiana................................................12
2.1.5. Contribuição da obra de Piaget para a educação.................................................13
3. Conclusão..................................................................................................................13
4. Referências bibliográficas.........................................................................................14
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Resumo

A presente pesquisa, aborda sobre a “Atualização da proposta educativa de Jean Piaget”.


Portanto, o desenvolvimento psíquico, assim como o desenvolvimento orgânico para este autor,
orienta-se para alcançar o equilíbrio e o processo de desenvolvimento representa a passagem
contínua de um estado de menor equilíbrio para um estágio de equilíbrio superior, sempre em
direção a uma forma de equilíbrio final, com o meio nos termos de Piaget, o conhecimento é fruto
da interação constante entre a bagagem hereditária e as experiências adquiridas. Objectivo do
trabalho é Conhecer a proposta educativa de Jean Piaget. E a sua realização obedeceu as seguintes
linhas de orientação metodológica Método bibliográfico: foi através desse que se fez recolha de
informações em manuais que abordam assuntos ligados à práticas e estágio profissional; Recolha
de Dados: foi a partir de certas informações obtidas na internet, nos manuais que falam do
assunto, fez-se a recolha de informações pertinentes para fazer face ao trabalho e feita a recolha,
seleção e análise de dados, seguiu a compilação e digitalização de informações recolhidas. Este
processo baseou-se na junção e sensuração de todos dados analisados e seguido da digitalização
pelo meio do computador e a final impressão do trabalho que será dirigido ao docente para o
seminário e a final classificação.

Palavra-chave: Atualização, Proposta, educação, criança.


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Abstrat

This research addresses the “Update of Jean Piaget's educational proposal”. Therefore, psychic
development, as well as organic development for this author, is oriented towards achieving
balance and the development process represents the continuous passage from a less balanced state
to a higher equilibrium stage, always towards a form of final equilibrium, with the environment in
Piaget's terms, knowledge is the result of the constant interaction between hereditary baggage and
acquired experiences. Objective of the work is to know the educational proposal of Jean Piaget.
And its realization followed the following methodological guidelines Bibliographic method: it
was through this that information was collected in manuals that address issues related to practices
and professional internship; Data Collection: based on certain information obtained on the
internet, in the manuals that talk about the subject, pertinent information was collected to face the
work and the collection, selection and analysis of data was carried out, followed by the
compilation and digitization information collected. This process was based on the joining and
sensing of all analyzed data, followed by digitization through the computer and the final printing
of the work that will be directed to the teacher for the seminar and final classification.

Keyword: Update, Proposal, education, child.


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1. Introdução

A teoria do Desenvolvimento Mental de Jean Piaget, ao ser aplicada à educação, oferece-


se como altamente fecunda. Pela natureza da construção dessa teoria, as proposições
derivadas se apresentam como refutáveis, permitindo sempre a possibilidade de correcção
e ampliação para atuar-se sobre o real. Não se reduz a generalizações de hipóteses
baseadas em observações e coleções de fatos, cujo conhecimento só serviria para
constatar uma realidade restrita. Oferece, portanto, um modelo de maior poder
explicativo.

A proposta pedagógica ou projeto político pedagógico é a planificação responsável por


orientar as ações de uma instituição de ensino, definindo também as metas a serem
atingidas através do processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças cuidadas
e educadas por tal instituição.

O trabalho esta estruturado da seguinte maneira: Introdução, desenvolvimento, conclusão


e uma bibliografia onde constam os nomes dos autores dos livros consultados. E tem
como objectivos: Geral - Conhecer a proposta educativa de Jean Piaget e Específicos -
Caracterizar a proposta educativa de Jean Piaget; Indicar os pressupostos educativos na
perspectiva Piagiana e Explicar Contribuição da obra de Piaget para a educação
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1.2. Metodologia

Os autores Marconi & Lakatos (2009), definem “Metodologia como sendo o conjunto de
actividades sistemáticas e racionais que com maior segurança e economia, permite
alcançar o objectivo ou conhecimentos validos e verdadeiros traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”.

Para este trabalho, a sua realização obedeceu as seguintes linhas de orientação


metodológica:

a) Método bibliográfico: foi através desse que se fez recolha de informações em


manuais que abordam assuntos ligados à práticas e estágio profissional.

b) Recolha de Dados: a partir de certas informações obtidas na internet, nos manuais que
falam do assunto, fez-se a recolha de informações pertinentes para fazer face ao trabalho.

c) Compilação e Digitalização de Dados: feita a recolha, seleção e análise de dados,


seguiu a compilação e digitalização de informações recolhidas. Este processo baseou-se
na junção e sensuração de todos dados analisados e seguido da digitalização pelo meio do
computador e a final impressão do trabalho que será dirigido ao docente para o seminário
e a final classificação.
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2. Marco teórico

2.1. Atualização da proposta educativa de Jean Piaget

D e acordo com Moreira (1995):


Jean Piaget (1896-1980) foi o nome mais influente no campo da
educação durante a segunda metade do século 20, a ponto de quase se
tornar sinônimo de pedagogia. Não existe, entretanto, um método Piaget,
como ele próprio gostava de frisar. Ele nunca atuou como pedagogo.
Antes de mais nada, Piaget foi biólogo e dedicou a vida a submeter à
observação científica rigorosa o processo de aquisição de conhecimento
pelo ser humano, particularmente a criança.

2.1.1. Proposta educativa de Jean Piage

Do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e


velocidade, de acordo com (Domingues, 1974), Piaget criou um campo de investigação
que denominou epistemologia genética - isto é, uma teoria do conhecimento centrada no
desenvolvimento natural da criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro
estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de
raciocínio é atingida.

O processo ensino-aprendizagem, no nível de 1.0 grau, vai atingir o educando que, em


princípio, apresentaria possibilidades de operar concretamente (Banks, 1994).
Propôs-se, então, ativar as estruturas próprias a cada campo de conhecimento, de acordo
com essas possibilidades. As atividades estão referidas aos diferentes campos do
conhecimento: estrutura e conteúdo não são distintos - estrutura é conteúdo organizado -
e o conteúdo tem propriedades que exigem a diferenciação dos campos (p. 64).

De acordo com Reviso & Almeida (2014), a sequência das estruturações, o educando
estaria completando seu desenvolvimento mental, no término do 1.0 grau, ao atingir o
domínio das operações formais, cujo equilíbrio final se verificaria por volta dos 14-15
anos.
O conteúdo foi proposto em função dessa construção, e considerado como instrumento
para servir à variedade das ativações das estruturas em formação. Em relação ao ensino
do 2.0 grau, se o educando já domina as operações abstratas, sendo portanto capaz de
organizar uma variedade de estruturas possíveis, os conteúdos já podem responder às
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necessidades do grupo social e aos interesses do próprio educando, procurando-se atingir


um aprofundamento de caráter específico (Reviso & Almeida, 2014).

Para Banks (1994), o maior desafio ao trabalho, apresenta-se quanto à transposição da


teoria de Jean Piaget para a prática educacional, de forma a viabilizá-la mais facilmente.

2.1.2. A proposta educativa de Laboratório de Currículos

A proposta do Laboratório de Currículos foi a de uma metodologia baseada na atividade


lúdica, por considerar-se jogo como o exercício pleno das estruturas vivenciais. Grupos
de especialistas, por área de estudos e disciplinas, transformaram, nos respectivos
campos, as estruturas e suas leis de composições em jogos e regras.

Uma proposta pedagógica comprometida com a construção do conhecimento físico exige


preocupação com a atividade da criança, especificamente com a questão da cooperação.
A palavra cooperação traz consigo a ideia do “fazer com”, de construção coletiva, isto é,
cooperar não é fazer pelo outro, nem torná-lo dependente, mas dar condições para que o
outro possa chegar a soluções próprias para as situações-problema por meio das trocas, de
sugestões e novos saberes discutidos pelo grupo, correndo o risco que este tipo de
atividade engendre: a possibilidade do erro.

Este tipo de estratégia pedagógica busca um sujeito autônomo e ativo, a criança cujos
pontos de vista não são confrontados, não vê a aprendizagem como resultado do esforço
pessoal e torna-se passiva, dependente, pouco criativa e reprodutora das verdades ditadas
pelo outro.

Segundo Piaget (1998):


No jogo, a assimilação predomina sobre a acomodação e a criança
expressa através dele sua imaginação. É uma atividade que se apresenta
desde o período sensório-motor como jogo de exercício, passa
posteriormente a jogo simbólico e, finalmente, atinge o nível de jogo de
regras, base da composição da ordem ou do sistema. Considerou-se a
linguagem lúdica como a mais significativa, no sentido da expressão do
homem enquanto ser simbólico e, portanto, criativo, e a mais adequada
para servir ao pensamento autônomo, capaz de propiciar ao indivíduo os
recursos de uma prática de táticas e estratégias em relação ao seu viver.

Para a criança em níveis pré-escolar - propuseram-se jogos de exercícios para promover,


através deles, a interiorização de esquemas de ação e seu melhor domínio, objetivando
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levá-la a construir novas formas de ação. Por associação de esquemas, ou por oposição
dos objetos que promoveriam o desequilíbrio, propicia-se à criança o encontro de novos
esquemas (ibid).

Na última etapa desse nível - sugeriram-se jogos de cena mais completos, dando à
criança possibilidade de tornar sua ação lúdica mais coerente e verosímil numa tentativa
de imitar o real. Propicia-se, assim, sua evolução para o jogo de regras, estimulando-a a
descobrir, vivenciar, modificar e recriar regras (Piaget, 1998)
Iniciam-se, ainda nesse nível, na última fase, condições para a construção das estruturas
lógicas. Através de atividades simples, procurou-se levar o educando a relacionar objetos
segundo diferenças e semelhanças e a construir classes e séries (ibid, p. 143).
Desdobrou-se, em relação aos agrupamentos de classes, a etapa das operações figurais, o
início da diferenciação entre extensão e compreensão dos agrupamentos, favorecendo-se
os arranjos de coleções não-figurais e, finalmente, a construção de classificações
hierárquicas simples.

O educador precisa descentralizar-se, ou seja, sair do centro do processo pedagógico para


ocupar seu papel que é o de comprometer-se com uma proposta pedagógica que busque
compreender os mecanismos internos do processo de aprendizagem. Se por um lado,
Piaget (1982a) considera fundamental a descentralização do professor, no sentido de não
ser o transmissor do conhecimento pronto, mas o de facilitador da aprendizagem, sua
teoria alerta para o fato de que o professor continua como centro do processo de ensino,
uma vez que cabe a ele o controle dos rumos da ação pedagógica, o que também não
significa o exercício arbitrário da autoridade, mas o exercício da autoridade profissional,
revestida de responsabilidade no que se refere à qualidade do seu trabalho.

Com essa atitude, o professor suscita entre as crianças, dinâmicas feitas de interesses
recíprocos, de anúncios, de indagações mútuas, de momentos de concentração na reflexão
pessoal e, em seguida, de retorno à troca. Por essa via, na qual cada uma delas é
impulsionada adiante pelo prazer e pela necessidade de compreender e de se fazer
compreender, consegue-se efetivamente que todas as crianças mobilizem-se na
aprendizagem, mas conforme suas possibilidades e à sua maneira (ibid).
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De acordo com Carvalho (1998, p. 42):


Uma prática educativa que responda a um ensino dirigido à formação
integral das pessoas e, por conseguinte, de todo tipo de conteúdos de
aprendizagem, implica uma forma de ensinar que possibilite a necessária
atenção aos diferentes ritmos e estilos de aprendizagem. Isto só é
possível quando existe uma verdadeira participação dos alunos e uma
organização social em sala de aula que favoreça a ajuda personalizada.
Para tanto, é necessário que se combinem adequadamente alguns
momentos de exposição em grande grupo, com trabalhos em pequenos
grupos fixos, momentos de trabalho em grupos flexíveis e momentos de
trabalho individual. Como consequência, a formação dos professores
deveria estar relacionada à prática destas formas de ensino.

2.1.3. Finalidade da educação na perspectiva de Piaget

Piaget (1982a) considera que a educação tem como finalidade favorecer o crescimento
intelectual, afetivo e social da criança, mas tendo-se em conta que esse desenvolvimento
é o resultado de um processo evolutivo natural. A ação educativa, consequentemente,
deve estruturar-se de maneira que favoreça os processos construtivos pessoais, mediante
os quais opera-se o desenvolvimento.

Segundo Piaget (apud LIMA, 1998, p.109), (...) as aulas expositivas baseadas na
autoridade do mestre, é um fator de “congelamento” do desenvolvimento das operações
intelectuais. No grupo a criança libera-se de constrangimentos e do adulto, que impõe
opiniões e regras, exigindo respeito unilateral. As relações grupais fazem com que os
componentes ganhem equilíbrio levando o grupo a progredir para a autonomia (p.109).

O aluno das séries iniciais do Ensino, têm certamente muitas questões sobre o mundo que
o cerca — de que lugar vem a água da chuva, por que o carro precisa de gasolina, como é
que o fósforo faz o fogo, por que os aviões não caem — mas, certamente, entre suas
preocupações não constam questões sobre a existência do átomo e do ar ou o sentido da
pressão atmosférica (Carvalho, 1998).

O objetivo do educador, segundo a visão de Piaget, é entre outros, promover o


desenvolvimento do sujeito levando em conta a importância das interações sociais, pois
os intercâmbios, através da cooperação e da percepção do ponto de vista do outro, ajudam
a promover a construção e a consolidação do conhecimento individual.
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Tendo em vista essa preocupação, quanto à postura e adoção de pressupostos


pedagógicos na relação ensino e aprendizagem em sala de aula, vale apresentar os
estudos realizados por Becker (2002) em que faz uma abordagem objetiva a respeito do
tema, envolvendo, além de outros o relacionamento da epistemologia com a pedagogia.
Na sua articulação ele destaca três tipos básicos de pedagogia que denomina de
pedagogia diretiva, pedagogia não-diretiva e pedagogia relacional.

A Pedagogia Diretiva: Na aula fundamentada na pedagogia diretiva, o professor fala e o


aluno escuta, o professor propõe atividade e o aluno a executa, o professor ensina e o
aluno pressupostamente aprende.

Pedagogia não-diretiva: Nesse modelo o professor é um auxiliar do aluno, um


facilitador. O aluno é visto como independente no seu processo de aprendizagem e
detentor de um conhecimento e/ou de habilidades, “a priori”, que determinam sua
aprendizagem. O professor deve interferir o mínimo possível, o ele não ensina, o aluno é
que aprende.

Esse modelo é muito pouco frequente em nosso meio, no entanto, o preconceito quanto a
alunos destinados ao fracasso ou ao sucesso é constante no senso comum, trazendo assim,
uma falsa concepção construtivista.

A Pedagogia relacional: Na aula que se fundamenta na pedagogia relacional, o professor


lança um problema que para ser resolvido o aluno precisa agir. Deste modo, cria-se na
sala de aula um ambiente de discussão e construção de um novo conhecimento, em que a
interação aluno-professor constitui a base do processo de aprendizagem. A epistemologia
subjacente é denominada construtivista, especialmente por relacionar aprendizagem à
construção de conhecimento, tarefa compartilhada pelo professor e o aluno. Ao professor
cabe desestabilizar o aluno cognitivamente, por meio da novidade que constitui uma
perturbação para suas possibilidades de assimilação. Ao aluno cabe, por meio de um
processo endógeno complexo passar de um patamar de conhecimento para outro,
superior, por assimilações e subsequentes acomodações, num processo que finda
temporariamente a cada acomodação, mas que frente a novos desafios, repete-se
permitindo-lhe atingir patamares cada vez mais elevados de conhecimento.
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Segundo Piaget (1976), para ajustar a formação escolar às exigências da sociedade, é


necessário que sejam revistos os métodos e o espírito de todo o ensino. Não somente a
didática especial de cada ramo das ciências, mas também o papel do ensino infantil, o
verdadeiro significado dos métodos ativos, a utilização dos conhecimentos psicológicos
sobre do desenvolvimento da criança e do adolescente e do caráter interdisciplinar
necessário às iniciações científicas, em todos os níveis, opondo-se radicalmente ao
fracionamento do ensino, da forma habitual, como ainda acontece.

O papel do professor é basicamente o de encorajar, estimular e apoiar a exploração, a


construção e a invenção.

O papel do professor é o de fornecer as experiências físicas e encorajar a reflexão. As


concepções das crianças devem, ser consideradas e questionadas de maneira respeitosa.
Na passagem a seguir, Duckworth (1987, p. 96) descreve claramente os tipos úteis de
intervenções: O que você quer dizer?; Como você fez isso?; Por que você diz isso?;
Como é que isso se encaixa no que acabamos de dizer?; Poderia me dar um exemplo?;
Como você chegou a isso?
Em cada caso, essas perguntas levam o interlocutor a compreender, primeiramente, o que
o outro está entendendo. Entretanto, em cada caso elas vão, também, engajar os
pensamentos do outro e levá-los a dar um passo adiante. (ibid, 1987).

Neste contexto, o papel do professor, especialmente nas aulas de ciências, é o de


organizar um ambiente favorável à ação, à experimentação e ao intercâmbio entre as
crianças, criando situações que solicitem a ação da criança. Para desempenhar esse papel
é preciso que o professor esteja bem preparado sobre isso (ibid).

Piaget e Inhelder (1994. p. 25-26) afirmam que:


A preparação dos professores (...) constitui realmente a questão
primordial de todas as reformas pedagógicas (...) pois, enquanto não for a
mesma resolvida de forma satisfatória, será totalmente inútil organizar
belos programas ou construir belas teorias a respeito do que deveria ser
realizado.

2.1.4. Pressupostos educativos na perspectiva Piagiana


Alguns pressupostos do pensamento extraídos da teoria piagetiana devem fundamentar o
trabalho ao professor que adota a concepção construtivista:
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I. Os objetivos pedagógicos devem, além de estar centrados na criança, partir de


suas próprias atividades.
II. Os conteúdos, não são concebidos como fins, mas sim, como instrumentos a
serviço do desenvolvimento evolutivo natural.
III. O princípio básico dos pressupostos piagetiano é a primazia das descobertas e
invenções.
IV. A aprendizagem é um processo construtivo interno.
V. A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito.
VI. A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva.
VII. No processo da aprendizagem são importantes os conflitos cognitivos ou
contradições cognitivas.
VIII. A interação social favorece a aprendizagem.
IX. A experiência física supõe uma tomada de consciência da realidade que facilita a
solução de problemas e impulsiona a aprendizagem.
X. As experiências de aprendizagem devem estruturar-se de maneira que se
privilegie a cooperação, a colaboração e o intercâmbio de pontos de vista na busca
conjunta do conhecimento (aprendizagem interativa) (Piaget, 1973).

2.1.5. Contribuição da obra de Piaget para a educação

A contribuição da obra de Jean Piaget para a educação traduz-se, nesse trabalho,


principalmente pela valorização:
1. do conceito de estruturas cognitivas em desdobramento evolutivo, o que permite
partir da realidade do indivíduo, deixando-o falar ao invés de dizer-lhe;
2. da atividade lúdica como instrumento da expressão das vivências do individuo,
transformando-o em autor e não simples repetidor;
3. do conceito de criatividade, explícito em todas as etapas do desenvolvimento,
possibilitando o acompanhamento do indivíduo, propiciando-lhe a construção de
estratégias para atuar com autonomia de pensamento diante do real e construir seu
projeto existencial (Domingues, 1974).
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3. Conclusão

Terminado o trabalho, percebeu-se que a obra de Piaget leva à conclusão de que o


trabalho de educar crianças não se refere tanto à transmissão de conteúdos quanto a
favorecer a atividade mental do aluno. Conhecer sua obra, portanto, pode ajudar o
professor a tornar seu trabalho mais eficiente. Algumas escolas planejam as suas
atividades de acordo com os estágios do desenvolvimento cognitivo. Nas classes de
Educação Infantil com crianças entre 2 e 3 anos, por exemplo, não é difícil perceber que
elas estão em plena descoberta da representação. Começam a brincar de ser outra pessoa,
com imitação das atividades vistas em casa e dos personagens das histórias. A escola fará
bem em dar vazão a isso promovendo uma ampliação do repertório de referências. Mas é
importante lembrar que os modelos teóricos são sempre parciais e que, no caso de Piaget
em particular, não existem receitas para a sala de aula.

A teoria do Desenvolvimento Mental de Jean Piaget a apresenta nos níveis das operações
concretas, não se deve trabalhar com estruturas que incluem construtos hipotéticos e
fórmulas para serem deduzidas.
O processo ensino-aprendizagem, no nível de 1.0 grau, vai atingir o educando que, em
princípio, apresentaria possibilidades de operar concretamente.
Propôs-se, então, ativar as estruturas próprias a cada campo de conhecimento, de acordo
com essas possibilidades. As atividades estão referidas aos diferentes campos do
conhecimento: estrutura e conteúdo não são distintos - estrutura é conteúdo organizado -
e o conteúdo tem propriedades que exigem a diferenciação dos campos
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4. Referências bibliográficas

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