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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema: Psicologia da aprendizagem

Natália Chico Parafina - 708224322

Curso: Licenciatura em Ensino de Matemática


Disciplina: Psicologia de Desenvolvimento
Ano de Frequência: 2º Ano

Beira, Setembro de 2023


Índice

CAPITULO I: Introdução...............................................................................................................2
1.1 Objectivos.................................................................................................................................3
1.1.1 Objectivo Geral:.................................................................................................................... 3
1.1.2 Objectivos Específicos:......................................................................................................... 3
1.2. Metodologia.............................................................................................................................3
CAPÍTULO II: Fundamentação Teórica........................................................................................ 4
2.1. Breve historial da psicologia de aprendizagem........................................................................4
2.2. Psicologia da Aprendizagem e actividade do educador...........................................................5
2.3 Princípios e factores da aprendizagem......................................................................................6
2.3.1 Princípios da Aprendizagem..................................................................................................6
2.3.2 Factores da Aprendizagem:................................................................................................... 7
2.4 Algumas dificuldades de aprendizagem...................................................................................7
2.5.1 Abordagem Comportamentalista...........................................................................................9
2.5.2. Abordagem Cognitivista.....................................................................................................10
2.5.3 Abordagem Humanista........................................................................................................12
2.6 O Desenvolvimento e a aprendizagem....................................................................................13
2.6.1 A relação entre o desenvolvimento com a aprendizagem....................................................14
CAPITULO III: Considerações finais.......................................................................................... 16
3. Conclusão................................................................................................................................. 16
4. Referencias Bibliográficas........................................................................................................17

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CAPITULO I: Introdução

O papel do professor na psicologia de aprendizagem é fundamental. Ele procura estruturar


condições para ocorrência de interacções professor-alunos-objecto de estudo, que levem à
apropriação do conhecimento. Essa visão de aprendizagem reconhece tanto a natureza social da
aquisição do conhecimento como o papel preponderante que nela tem o adulto. Estas
considerações, em conjunto, têm sérias implicações para a educação: procede-se, na
aprendizagem, do social para o individual, através de sucessivos estágios de internalização, com
o auxílio de adultos ou de companheiros mais experientes.

Este trabalho está estruturado em três (3) capítulos fundamentais: sendo, o I capítulo que
apresenta aspectos introdutórios como: a introdução do trabalho, os objectivos (geral e
específicos) e a metodologia usada na realização do trabalho. O IIº capítulo comporta a
fundamentação teórica. Por fim o III e o último capítulo, neste são apresentadas as conclusões
obtidas após a realização da pesquisa, seguido das referências bibliográficas que foram usadas
para o desenvolvimento do trabalho.

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1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo Geral:

 Descrever a importância do estudo da Psicologia de Desenvolvimento humano no


processo de ensino e aprendizagem.

1.1.2 Objectivos Específicos:

 Conceituar a aprendizagem e desenvolvimento;


 Relacionar a o desenvolvimento com a aprendizagem;
 Falar das principais teorias de aprendizagem.

1.2. Metodologia

Para a concretização dos objectivos do presente trabalho de pesquisa, foram usadas como
metodologias o trabalho de campo e pesquisa bibliográfica.

De acordo com Michel (2000, p.3) a pesquisa bibliográfica consiste: Na definição de objectivos e
levantar informações sobre o assunto em estudo. Entretanto, o estudo exploratório ou pesquisa
bibliográfica pode ser considerado uma forma de pesquisa, na medida em que se caracteriza pela
busca, recorrendo a documentos, de uma resposta a uma dúvida, uma lacuna de conhecimento.

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CAPÍTULO II: Fundamentação Teórica

2.1. Breve historial da psicologia de aprendizagem

A Aprendizagem é entendida como o processo a partir do qual o indivíduo se apropria de


conteúdos de experiencia humana de um grupo social, estabelece-se em duplo sentido: a)
acontece tendo em conta a maturidade e b) amadurece o indivíduo, “para aprender conceitos,
generalizações, conhecimentos, a criança deve formar acções mentais adequadas” (Leontiev,
apud, Davis e Oliveira, 1994), e quando a criança mais aprende mais se desenvolve.

A psicologia da aprendizagem é uma subdisciplina da psicologia que se concentra no estudo


dos processos mentais e comportamentais envolvidos na aquisição de conhecimento e
habilidades.

Behaviorismo (início do século XX): O behaviorismo foi uma abordagem dominante na


psicologia da aprendizagem, liderada por nomes como John B. Watson e B.F. Skinner. Ele
enfatizou o estudo do comportamento observável e argumentou que o ambiente e os estímulos
externos desempenham um papel fundamental na aprendizagem. O condicionamento clássico e o
condicionamento operante foram conceitos chave nesta abordagem.

Cognitivismo (década de 1950 em diante): O cognitivismo trouxe uma mudança de foco para os
processos mentais internos, como memória, atenção e resolução de problemas. Psicólogos como
Jean Piaget e Lev Vygotsky contribuíram para essa abordagem, destacando a importância da
compreensão e da construção do conhecimento.

Teorias da Aprendizagem Social (década de 1960 em diante): Albert Bandura desenvolveu a


Teoria da Aprendizagem Social, que enfatiza a influência das interacções sociais e da observação
de modelos de comportamento no processo de aprendizagem. A teoria argumenta que as pessoas
podem aprender por meio da observação e da imitação de outros.

Abordagens Contemporâneas (a partir da década de 1980): A psicologia da aprendizagem evoluiu


para incluir abordagens contemporâneas que combinam elementos do behaviorismo,
cognitivismo e teorias sociais. Abordagens como a teoria da aprendizagem situada e a teoria da

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aprendizagem construtivista enfatizam o papel do contexto, da cultura e da interacção social na
aprendizagem.

Hoje, a psicologia da aprendizagem continua a evoluir à medida que os pesquisadores exploram


novas teorias e técnicas para entender como as pessoas adquirem conhecimento e habilidades em
diversas situações educacionais e contextos de vida.

2.2. Psicologia da Aprendizagem e actividade do educador

A psicologia da aprendizagem desempenha um papel fundamental na orientação das práticas


educacionais. Ela fornece insights valiosos sobre como as pessoas aprendem e como os
educadores podem facilitar esse processo de maneira eficaz. Aqui estão algumas considerações
importantes sobre a psicologia da aprendizagem e a actividade do educador:

 Compreender os Estilos de Aprendizagem: A psicologia da aprendizagem destaca que as


pessoas têm estilos de aprendizagem diferentes. Alguns aprendem melhor por meio de
métodos visuais, outros auditivos, e alguns são mais práticos. Os educadores devem estar
cientes dessas diferenças individuais e adaptar suas abordagens para atender às necessidades
dos alunos.
 Activar a Motivação: A teoria da motivação desempenha um papel significativo na
aprendizagem. Educadores podem usar estratégias que estimulem o interesse e a motivação
dos alunos, como criar aulas envolventes, estabelecer metas claras e relacionar o conteúdo
com os interesses dos alunos.
 Feedback Construtivo: A psicologia da aprendizagem enfatiza a importância do feedback
para o crescimento dos alunos. Educadores devem fornecer feedback construtivo e específico
que ajude os alunos a entenderem suas áreas de melhoria e a fazerem ajustes.
 Conectar o Novo ao Conhecimento Existente: A teoria da aprendizagem construtivista
destaca que os alunos constroem o conhecimento a partir de suas experiências e
conhecimentos anteriores. Os educadores podem facilitar esse processo ajudando os alunos a
relacionar novos conceitos ao que já sabem.
 Fomentar a Auto eficácia: A auto eficácia, ou a crença de que alguém é capaz de realizar uma
tarefa, desempenha um papel crucial na aprendizagem. Educadores podem cultivar a auto

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eficácia dos alunos, encorajando-os a definir metas realistas e fornecendo apoio quando
enfrentam desafios.
 Considerar a Diversidade: A psicologia da aprendizagem reconhece a diversidade de alunos
em termos de habilidades, origens culturais e necessidades especiais. Os educadores devem
adoptar abordagens inclusivas que atendam às necessidades individuais dos alunos.
 Avaliação Significativa: Avaliações formativas e somativas devem ser projectadas com base
nas teorias da aprendizagem para medir com precisão o progresso dos alunos. Além disso, as
avaliações devem ser usadas não apenas para avaliar, mas também para orientar o ensino e a
aprendizagem.

2.3 Princípios e factores da aprendizagem

A aprendizagem é um processo complexo que envolve diversos princípios e fatores que


influenciam como as pessoas adquirem conhecimento e habilidades.

2.3.1 Princípios da Aprendizagem

 Motivação: A motivação desempenha um papel fundamental na aprendizagem. Os alunos


estão mais propensos a aprender quando estão motivados e engajados. A motivação pode ser
intrínseca (vinda de dentro do indivíduo) ou extrínseca (estimulada por recompensas
externas).
 Reforço: O reforço é um princípio-chave do behaviorismo, que sugere que comportamentos
recompensados são mais propensos a serem repetidos. Isso inclui reforço positivo
(recompensar um comportamento desejado) e reforço negativo (remover um estímulo
aversivo).
 Associação: A teoria da aprendizagem por associação afirma que as pessoas aprendem
associando conceitos ou ideias. O condicionamento clássico, por exemplo, envolve a
associação entre estímulos.
 Transferência: A transferência refere-se à capacidade de aplicar conhecimento ou
habilidades adquiridos em uma situação para resolver problemas ou tarefas em outras
situações. A transferência bem-sucedida é um indicador de aprendizado profundo.

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 Feedback: O feedback fornece informações sobre o desempenho e é essencial para a
aprendizagem. Um feedback construtivo ajuda os alunos a entenderem onde estão acertando
ou errando e como podem melhorar.

2.3.2 Factores da Aprendizagem:

 Motivação Intrínseca: Quando os alunos estão naturalmente interessados no assunto, eles


tendem a aprender mais eficazmente. Os educadores podem fomentar a motivação intrínseca
criando aulas envolventes e relevantes.
 Ambiente de Aprendizagem: O ambiente em que a aprendizagem ocorre desempenha um
papel significativo. Um ambiente seguro, positivo e estimulante pode promover a
aprendizagem.
 Inteligência e Habilidades: As capacidades cognitivas individuais, como memória, raciocínio
e resolução de problemas, influenciam a rapidez e a profundidade da aprendizagem.
 Cultura e Contexto Social: A cultura e o contexto social de um aluno podem influenciar sua
abordagem à aprendizagem e a maneira como percebem o conhecimento.
 Aprendizado Prévio: O conhecimento prévio de um aluno sobre um tópico pode afetar sua
capacidade de assimilar novas informações. Os educadores devem levar em consideração o
nível de conhecimento prévio dos alunos ao planejar o ensino.
 Tecnologia e Recursos: O acesso a tecnologia e recursos educacionais adequados pode
facilitar a aprendizagem, permitindo o uso de ferramentas interactivas e recursos multimédia.
 Estilos de Aprendizagem: As preferências individuais de aprendizagem, como aprender
melhor visualmente ou auditivamente, também desempenham um papel na eficácia da
aprendizagem.

É importante notar que a interacção entre esses princípios e factores é complexa e varia de pessoa
para pessoa. Educadores e psicólogos da educação consideram esses elementos ao desenvolver
estratégias de ensino e ao criar ambientes de aprendizagem eficazes.

2.4 Algumas dificuldades de aprendizagem

Dificuldades de aprendizagem são desafios persistentes que afectam a capacidade de um


indivíduo em adquirir conhecimento e habilidades em um ritmo típico ou de forma eficaz. Aqui
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estão algumas das dificuldades de aprendizagem mais comuns e uma breve descrição de cada
uma:

1. Dislexia: A dislexia é uma dificuldade de aprendizagem relacionada à leitura. Indivíduos com


dislexia têm dificuldade em descodificar palavras e podem inverter letras ou palavras. Isso pode
afectar a compreensão da leitura e a ortografia.

2. Discalculia: A discalculia é uma dificuldade de aprendizagem relacionada à matemática.


Pessoas com discalculia têm dificuldade em entender conceitos numéricos, realizar cálculos
matemáticos e resolver problemas matemáticos.

3. TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade): O TDAH é uma condição que


afeta a capacidade de concentração e o controle dos impulsos. Indivíduos com TDAH podem ter
dificuldade em manter o foco nas tarefas de aprendizagem e podem ser impulsivos.

4. Transtorno do Processamento Auditivo: Este transtorno afecta a capacidade de processar


informações auditivas de maneira eficaz. Pode causar dificuldades na compreensão da fala,
seguindo instruções orais e na discriminação de sons.

5. Transtorno de Aprendizagem Não Verbal (TANV): O TANV envolve dificuldades na


compreensão de informações visuais e espaciais. Isso pode afectar a capacidade de resolver
quebra-cabeças visuais, organizar informações visuais e compreender diagramas.

6. Transtorno de Processamento Visual: Este transtorno está relacionado à dificuldade em


processar informações visuais de forma eficaz. Isso pode afectar a leitura de informações visuais,
como gráficos, tabelas e mapas.

7. Transtorno de Aprendizagem de Expressão Escrita: Isso envolve dificuldades na expressão


escrita, incluindo ortografia, gramática e organização de ideias.

8. Transtorno de Aprendizagem de Coordenação (TAC): O TAC afecta a coordenação motora


fina e grossa, o que pode dificultar a escrita, a digitação e outras tarefas que exigem coordenação
física.

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9. Transtorno de Aprendizagem da Memória de Trabalho: Isso envolve dificuldades em reter
e manipular informações temporariamente em mente, o que pode afectar a resolução de
problemas e a compreensão de instruções complexas.

2.5. Teorias da Aprendizagem: Comportamentalista, Cognitivista e Humanista

Teorias de aprendizagem são contenções humanas para interpretar sistematicamente a área de


conhecimento que chamamos aprendizagem.

2.5.1 Abordagem Comportamentalista

A abordagem comportamentalista analisa o processo de aprendizagem, desconsiderando os


aspectos internos que ocorrem na mente do agente social, centrando-se no comportamento
observável. Essa abordagem teve como grande precursor o norte-americano John B. Watson,
sendo difundida e mais conhecida pelo termo Behaviorismo.

A grande efervescência dessa teoria se deu pelo fato de ter caracterizado o comportamento como
um objecto de análise que apresentava a consistência que a Psicologia científica exigia na época –
carácter observável e mensurável – em função da predominância cientificista do Positivismo.

O Behaviorismo desenvolveu-se num contexto em que a Psicologia buscava sua identidade como
ciência, enfatizando o comportamento em sua relação com o meio. Com isso, se estabeleceu
como unidades básicas para uma análise descritiva nesta ciência os conceitos de “Estímulo” e
“Resposta”. A partir da definição dessa base conceitual o ser humano passou a ser estudado como
produto das associações estabelecidas durante sua vida entre os estímulos do meio e as respostas
que são manifestadas pelo comportamento.

Apesar de Watson ter sido o grande precursor do Behaviorismo, B. F. Skinner foi um dos
psicólogos behavioristas que teve seus estudos amplamente divulgados, havendo um grau de
aplicabilidade muito forte na educação.

A Teoria da Aprendizagem De Skinner

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Skinner foi o principal representante do behaviorismo e, segundo La Rosa (2003), o
behaviorismo compreende uma corrente em Psicologia que procura explicar o comportamento
humano como resultado das influências dos estímulos do meio.

De acordo com Hall, Lindzey e Campbell (2000), Skinner procurou construir uma psicologia que
evitasse referências a eventos internos, de dentro do organismo, preferindo referir-se ao efeito
observável de um estímulo sobre o comportamento.

Skinner elaborou o conceito de Condicionamento Operante, que diferenciava do


Condicionamento Clássico de Watson.

“Skinner foi um comportamentalista ardente, convencido da importância do método objectivo, do


rigor experimental e da capacidade da experimentação cuidadosa...” (Hall; Lindzey; Campbell,
2000).

Para Skinner, os trabalhos internos da mente e de corpo estavam inacessíveis à observação directa
e, para se compreender o comportamento, bastava entender o ambiente em que uma resposta
ocorria a própria resposta e a consequência da resposta.

Segundo Giusta (1985), o condicionamento operante surgiu com o objectivo de se explicar


aprendizagens mais complexas. O condicionamento operante transferiu a ênfase do estímulo
antecedente (como no caso do condicionamento clássico) para o estímulo consequente como
recurso para se garantir a manutenção ou extinção de certo comportamento.

2.5.2. Abordagem Cognitivista

Contrapondo-se ao behaviorismo que centra a sua atenção no comportamento humano, o


cognitivismo propõe analisar a mente, o ato de conhecer; como o homem desenvolve seu
conhecimento acerca do mundo, analisando os aspectos que intervém no processo
“estímulo/resposta”. Seguindo esse modo de compreensão Moreira (1982, p. 3) ratifica que “a
psicologia cognitiva preocupa-se com o processo de compreensão, transformação,
armazenamento e utilização das informações, envolvida no plano da cognição.”

A cognição é o processo por meio do qual o mundo de significados tem origem. Os significados
não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outras significações que

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possibilitam a origem da estrutura cognitiva sendo as primeiras equivalências utilizadas como
uma ponte para a aquisição de novos significados.

A abordagem cognitivista, apesar de ter surgido quase no mesmo período que o behaviorismo,
teve grande efervescência nos anos de 1990, resgatando estudos teóricos da Psicologia Cognitiva
como aqueles desenvolvidos por Piaget e Vigotsky. Estes teóricos não desenvolveram
propriamente uma teoria da aprendizagem, mas seus estudos serviram de pressuposto para
teóricos do campo educacional, que se apropriando desse referencial elaboraram e desenvolveram
a teoria da aprendizagem denominada de Construtivismo. Com sua transposição para o contexto
das práticas escolares, esta teoria, já foi equivocadamente, concebida por alguns (mas)
professores e professoras como método de ensino.

Jean Piaget

Jean Piaget notabilizou-se por seus estudos e centenas de publicações sobre a génese do
pensamento na criança. Durante mais de 50 anos de pesquisa várias foram as abordagens para
explicar como se inicia e como se estrutura o pensamento humano.

Apropriando-se do interacionismo kantiano – o conhecimento obtido a partir da interacção entre


o sujeito cognoscente e o objecto cognoscível – Piaget orientado por seus estudos observou que
durante a aquisição do conhecimento, a criança, ao interagir com o seu meio utiliza-se de dois
processos simultâneos: a “organização interna” e a “adaptação ao meio” que ocorre via
“assimilação” e “acomodação”. Esses processos constituem o “modo de funcionamento
intelectual” considerados por Piaget como invariantes funcionais, pois permanecem por toda
vida.

As constantes funcionais são inerentes ao aspecto hereditário e tornam possível o aparecimento


das estruturas cognitivas do indivíduo a partir das interacções organismo/ambiente resultante das
acções humanas.

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A adaptação é oriunda de tal interacção, exprimindo-se por dois mecanismos – assimilação e
acomodação. O primeiro consiste na modificação dos elementos do meio de modo a incorporá-
los à estrutura do organismo. O segundo implica na acomodação pelo indivíduo das
características específicas do objecto que está tentando assimilar. A acção adaptativa sempre
pressupõe uma assimilação subjacente que é a segunda invariante funcional.

Vigotsky

Distinguindo-se um pouco da perspectiva piagetiana e seguindo uma linha sócio-interacionista,


Vigotsky irá atribuir uma enorme importância ao papel da interacção social no desenvolvimento
do ser humano, tentando explicitar em seus estudos como este é socialmente constituído – razão
principal de seu interesse pelo estudo da infância. Para o supracitado autor, o desenvolvimento
está intimamente relacionado de forma dinâmica por meio de rupturas e desequilíbrios
provocadores de contínuas reorganizações por parte do ser cultural.

Um ponto fundamental na obra de Vigotsky que se contrapõe à ênfase dada por Piaget é o fato de
serem os factores biológicos preponderantes sobre os sociais somente no início da vida da
criança, pois aos poucos as interacções com seu grupo social e com objectos de sua cultura
passam a governar o comportamento e o desenvolvimento do seu pensamento. Com isso, o
desenvolvimento do ser cultural se dá a partir das constantes interacções com o meio social em
que vive, já que as formas psicológicas mais sofisticadas emergem da vida social, utilizando-se
de símbolos e signos linguísticos como mediadores da construção do conhecimento.

2.5.3 Abordagem Humanista

A abordagem humanista priorisa como base fulcral da aprendizagem a auto-realização do


aprendiz, havendo uma valorização tanto do aspecto cognitivo, quanto do motor e do afectivo.
Para tal abordagem o desenvolvimento do sujeito da aprendizagem deve se dar de forma integral.

Tomando como princípio o ser que aprende tal abordagem diferencia-se das duas
anteriores, já que, o Behaviorismo enfatiza os estímulos como sendo fundamentais à
aprendizagem, e a cognitivista valorizam a cognição – responsável pela formação das ideias que
são exteriorizadas pelo educando.

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Carl Rogers

Carl Rogers dedicou grande parte de sua vida profissional na aplicação de uma Psicologia clínica
centrada na pessoa. Esta experiência foi transposta por Rogers para situações de
ensino/aprendizagem. Como psicólogo, Rogers parte do princípio de que o terapeuta deve ter o
papel de levar o seu “cliente” à compreensão de seus males para conseguir modificar e superar
seu estado actual. Partindo de tal concepção propõe um “não-diretivismo” como forma de acção
do terapeuta, o qual terá como função proporcionar um ambiente para que o sujeito explicite
todos os males que traz consigo.

Com isso, Rogers irá propor uma transposição didáctica de sua Psicologia para o ensino, a partir
da formulação de “princípios de aprendizagem”. Conforme tais princípios o aluno ou aluna deve,
em primeiro lugar, ser compreendido pelo professor ou professora como sujeito que apresenta um
potencial para a aprendizagem e esta, para que tenha significado, deve envolver a pessoa do aluno
ou aluna.

De acordo com a concepção rogeriana a motivação dos sujeitos da aprendizagem está


condicionada à coerência dos conteúdos com suas expectativas. Dessa forma o ambiente
educacional não deve ser ameaçador ao aprendiz, pois a aceitação do novo pelo aluno e aluna
dar-se-á de maneira espontânea e não por meio de imposições do professor e professora, havendo
um trabalho com a auto-estima do aluno e aluna.

Outro aspecto enfatizado por Rogers é a necessidade de se colocar o sujeito da aprendizagem em


contacto com situações experimentais para que na prática este consiga promover sua
aprendizagem, participando activamente de sua formação cultural.

2.6 O Desenvolvimento e a aprendizagem

Entende-se por desenvolvimento o “conjunto de transformações que se sucedem ao longo do


tempo nas pessoas (…)” (Unisul, 2000:17), podendo se expressar na inteligência, no físico, na
afectividade e na sociabilidade.

A aprendizagem é um processo contínuo que ocorre durante toda a vida do indivíduo, desde a
mais tenra infância até a mais avançada velhice. Normalmente uma criança deve aprender a andar
e a falar; depois a ler e escrever, aprendizagens básicas para atingir a cidadania e a participação

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activa na sociedade. Já os adultos precisam aprender habilidades ligadas a algum tipo de trabalho
que lhes forneça a satisfação das suas necessidades básicas, algo que lhes garanta o sustento. As
pessoas idosas embora nossa sociedade seja reticente quanto às suas capacidades de
aprendizagem podem continuar aprendendo coisas complexas como um novo idioma ou ainda
cursar uma faculdade e virem a exercer uma nova profissão.

O desenvolvimento geral do indivíduo será resultado de suas potencialidades genéticas e,


sobretudo, das habilidades aprendidas durante as várias fases da vida. A aprendizagem está
directamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo. O desenvolvimento humano resulta
de causas múltiplas, ou seja, da hereditariedade ou interacção com o meio, em função do tempo.

A teoria da instrução de Jerome Bruner (1991), um autêntico representante da abordagem


cognitiva, traz contribuições significativas ao processo ensino-aprendizagem, principalmente à
aprendizagem desenvolvida nas escolas. Sendo uma teoria cognitiva, apresenta a preocupação
com os processos centrais do pensamento, como organização do conhecimento, processamento de
informação, raciocínio e tomada de decisão.

Considera a aprendizagem como um processo interno, mediado cognitivamente, mais do que


como um produto directo do ambiente, de factores externos ao aprendiz. Apresenta-se como o
principal defensor do método de aprendizagem por descoberta (insight).

A teoria de Bruner apresenta muitos pontos semelhantes às teorias de Gestalt e de Piaget. Bruner
considera a existência de estágios durante o desenvolvimento cognitivo e propõe explicações
similares às de Piaget, quanto ao processo de aprendizagem. Atribui importância ao modo como
o material a ser aprendido é disposto, assim como Gestalt, valorizando o conceito de estrutura e
arranjos de ideias. “Aproveitar o potencial que o indivíduo traz e valorizar a curiosidade natural
da criança são princípios que devem ser observados pelo educador” (Bruner, 1991, p. 122).

Segundo Bock (2001), a preocupação de Bruner é que a criança aprenda a aprender


correctamente, ainda que “correctamente” assuma, na prática, sentidos diferentes para as
diferentes faixas etárias. Para que se garanta uma aprendizagem correcta, o ensino deverá
assegurar a aquisição e permanência do aprendido (memorização), de forma a facilitar a
aprendizagem subsequente (transferência).

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2.6.1 A relação entre o desenvolvimento com a aprendizagem

Muitos teóricos consideram que certas etapas de desenvolvimento humano são mais propícios
para a aprendizagem de determinados objectos e conceitos. É neste sentido que ocorre a relação
entre a Psicologia de Desenvolvimento com a Aprendizagem: a Psicologia de Desenvolvimento
ao ter como foco o surgimento e o amadurecimento das funções psicológicas superiores (aquelas
que diferenciam o ser humano de outros seres) auxilia a Psicologia de Aprendizagem, no estudo
do complexo processo de aproximação de conhecimento pela criança.

Portanto, a Psicologia do Desenvolvimento é uma disciplina inerente a formação do educador,


pois ela expõe a habilidades, capacidades e limitações de cada faixa etária nos vários aspectos do
ser humano (motores, emocionais, sociais, entre outros.), das metodologias de ensino e em todas
as actividades pedagógicas (Rappaport, 1981).

Ao longo da sua leitura em manuais de Psicologia de Desenvolvimento e outros, certamente que


já percebeu as varias teorias dos Ambientalistas, Behavioristas, Comportamentalistas e
Condicionamento. Estes pensadores têm o mesmo objectivo.

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CAPITULO III: Considerações finais

3. Conclusão

Concluímos dizendo que a relação entre ensino e aprendizagem não é mecânica, não é uma
simples transmissão do professor que ensina para o aluno que aprende. Ao contrário, é uma
relação recíproca na qual se destacam o papel dirigente do professor e a actividade dos alunos.

A psicologia da aprendizagem fornece um alicerce teórico importante para os educadores. Ao


compreender os princípios da aprendizagem e aplicá-los em sala de aula, os educadores podem
criar ambientes de aprendizagem mais eficazes e ajudar os alunos a atingir seu potencial máximo.

É importante destacar que as dificuldades de aprendizagem não indicam falta de inteligência.


Muitos indivíduos com dificuldades de aprendizagem são altamente inteligentes, mas enfrentam
desafios específicos em áreas académicas ou de aprendizagem. O diagnóstico precoce e o apoio
adequado, como intervenções educacionais personalizadas, podem ajudar a minimizar o impacto
dessas dificuldades e permitir que os indivíduos alcancem seu potencial.

O ato de ensinar envolve sempre uma compreensão bem mais abrangente do que o espaço restrito
do professor na sala de aula ou às actividades desenvolvidas pelos alunos. Tanto o professor
quanto o aluno e a escola encontram-se em contextos mais globais que interferem no processo
educativo e precisam ser levados em consideração na elaboração e execução do ensino.

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4. Referencias Bibliográficas

Bock, A; et all. (2001). Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. 7ª ed. São Paulo:
Saraiva.

Bruner, J. (1991). O Processo da educação Geral. 2ª ed. São Paulo: Nacional.

Cláudia, D & Oliveira, Z. (1990). Psicologia na Educação. São Paulo: Cortez.

Hall, C.S; Lindzey, G.; Campbell, J.B. (2000). Teorias da Personalidade. 4. ed. Porto Alegre:
Artmed.

La Rosa, J. (2003). Psicologia e Educação: o significado do aprender. 7. ed. Porto Alegre:


Edipucurs.

Piaget, J. (1993). O nascimento do raciocínio na criança. 5ª. Ed. São Paulo: El Ateneo.

Rapppaport, C. R. (1981). Psicologia de Desenvolvimento: Teorias de Desenvolvimento. V1. São


Paulo: EPU.

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