Lei de tortura – 9455/97

1) Qual o bem jurídico protegido pela lei de tortura?

a. É a dignidade da pessoa humana, mais especificamente quanto à sua
integridade física e psíquica.
2) Qual o elemento subjetivo dos crimes de tortura?
a. Todos são crimes dolosos.
3) Em regra, qual o sujeito ativo dos crimes de tortura?
a. Qualquer pessoa, na legislação brasileira, pode cometer o crime de tortura, ou
seja, crime comum.
4) Qual a competência para julgar os crimes de tortura?
a. Via de regra, é a competência da Justiça Comum Estadual.
5) Se o crime for praticado por militar, de quem será a competência para julgar?
a. Antes da inovação legislativa, seria por meio da Justiça Comum, mas, após o
advento da lei 13.491/13, passou a ser competência da Justiça Militar os
crimes previstos na legislação especial
6) O crime de tortura é imprescritível?
a. Não, o crime de tortura é prescritível.
7) Os crimes de tortura são hediondos?
a. Não, são equiparados aos crimes hediondos.
8) Há algum crime da lei de tortura que não seja equiparado a hediondo?
a. Sim, o crime de tortura omissiva.
9) O crime de tortura pode ou não deixar vestígios. Como é classificado cada um deles?
a. Os que deixam vestígios são chamados de transeuntes e os que não deixam
são os não transeuntes.
10) Quando o crime não deixar vestígios, como será a produção de provas?
a. Poderá ser usado qualquer meio admitido em direito.
11) Quando ela deixar vestígios, como será a produção de provas?
a. Será obrigatória a realização do exame de corpo de delito, não podendo supri-
lo à confissão do acusado.
12) Caso os vestígios desapareçam, o que poderá suprir a falta?
a. A prova testemunhal.
13) Qual o tipo de ação penal para o crime de tortura?
a. Todos os crimes da lei de tortura são de ação penal pública incondicionada.
14) Qual a conduta típica da tortura prova/confissão?
a. Tem o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de
terceira pessoa. O a gente constrange alguém, mediante o emprego de
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o
fim de que este (ou terceiro) o forneça informação, declaração ou confissão.
15) Qual o momento de consumação do crime? Depende da confissão?
a. O momento de consumação do crime é quando é empregada a violência ou
grave ameaça que resulta no sofrimento físico ou mental. A finalidade não
necessita de ser alcançada, isto é, a informação ou declaração (é mero
exaurimento do crime).
16) O crime de tortura confissão admite tentativa?
a. Sim.
17) Qual a conduta típica do crime de tortura crime?
 a. É o constrangimento/coação, mediante o emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, a praticar uma conduta
(ação ou omissão) de natureza criminosa (vítima).
18) Qual o momento da consumação do crime de tortura crime?
a. Consuma-se, o crime, no momento em que é empregada a violência ou grave
ameaça que causa sofrimento físico ou mental à vítima. Não é necessário que
a vítima pratique o crime (seria mero exaurimento).
19) Tortura Crime admite tentativa?
a. Sim.
20) A vítima que pratica o crime responderá pelo crime?
a. Não, é considerado uma excludente de culpabilidade chamada de coação
moral irresistível, isto é, o agente não tem outra saída a não ser cometer o
delito, não é exigível que a pessoa sob a coação tivesse uma conduta diversa
(inexigibilidade de conduta diversa).
21) O torturador será responsabilizado por ambos os crimes?
a. Sim, sendo com crime imediato o de tortura e mediato para a outra pratica
criminosa.
22) Qual a conduta típica do crime de tortura discriminatória?
a. Constranger alguém, mediante emprego de violência ou grave ameaça,
casando sofrimento físico ou mental, em razão de discriminação racial ou
religiosa. O criminoso, motivado por discriminação racial ou religiosa,
constrange a vítima, empregando violência ou grave ameaça, causando
sofrimento físico ou mental. O agente já inicia a tortura motivado pela
discriminação.
23) Qual o momento da consumação do crime de tortura discriminatória?
a. Consuma-se o crime no momento em que é empregada a violência ou grave
ameaça, resultando no sofrimento físico ou mental à vítima.
24) O crime de tortura discriminatória admite tentativa?
a. Sim.
25) No caso de violência ou grave ameaça que cause sofrimento físico ou mental, por
discriminação à orientação sexual, será tipificado como crime de tortura
discriminatória?
a. Não, visto que a lei é taxativa quanto às motivações para a pratica do crime de
tortura discriminatória, sendo apenas considerado para este tipo penal a raça
e a religião.
26) Qual a conduta típica do crime de tortura castigo?
a. Conduta do agente que submete alguém que esteja sob sua guarda, poder ou
autoridade, mediante violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento física
ou mental, com o intuito de castiga-lo ou aplica-lhe medida de caráter
preventivo.
27) Neste crime, qual o dolo específico?
a. É a aplicação de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
28) Como pode se caracterizar o sofrimento exigido para que seja enquadrado o tipo
penal?
a. Intenso sofrimento, tem de ser um sofrimento que passe da medida,
sofrimento profundo.
29) A respeito do sujeito do crime, é considerado um crime próprio ou comum?
 a. É crime próprio uma vez que o sujeito ativo precisa ter a qualidade especial de
deter a guarda, poder ou autoridade sob o sujeito passivo.
30) O sujeito passivo também precisa ser específico?
a. Sim, a vítima deve ter a característica de estar submetido à guarda ou
autoridade do agente torturador.
31) O agente público pode ser considerado como agente ativo no crime de tortura castigo?
a. Sim, uma vez que este detenha a guarda, poder ou autoridade sobre outra
pessoa, por exemplo, um policial em relação à pessoa detida.
32) Qual o momento da consumação do crime?
a. Consuma-se o crime no momento em que a vítima, que se encontra sob a
guarda, poder ou autoridade do agente, é submetida, mediante a violência ou
grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental como forma de imposição
de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
33) O crime de tortura castigo admite tentativa?
a. Sim.
34) Qual a conduta típica do crime de tortura por equiparação?
a. Na tortura por equiparação temos a conduta do agente que submete pessoa
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental,
mediante a prática do ato não previsto em lei ou não resultante de medida
legal.
35) Há exigência de alguma finalidade específica?
a. Não.
36) Quais requisitos devem estar presentes para que o crime seja de tortura por
equiparação?
a. Primeiramente, a prisão deve ser legal. Em segundo lugar, deve haver a
configuração de sofrimento físico ou mental.
37) O crime de tortura por equiparação é considerado crime próprio?
a. Não, é considerado crime comum para a doutrina.
38) Para o sujeito passivo, o crime é próprio?
a. Sim, uma vez que é necessária a condição especial de estar preso ou
submetido a medida de segurança.
39) Qual o momento da consumação do crime de tortura por equiparação?
a. No momento em que a vítima que se encontra presa ou sujeita à medida de
segurança, é submetida a sofrimento físico ou mental.
40) Qual a conduta típica do crime de tortura omissiva?
a. Temos a conduta daquele que se omite em face das condutas de tortura,
quando tinha o dever de evitá-las ou apura-las.
41) O crime é apenado com reclusão?
a. Não, é o único crime que é apenado com detenção, sendo e 1 a 4 anos.
42) Omissão imprópria e Omissão própria, diferencie.
a. A imprópria é aquela cometida em fato do agente ser um garantidor (pai, mãe
e afins). A omissão própria é aquela que o agente, devendo apurar o fato,
assim não procede (autoridade policial, por exemplo).
43) É crime próprio?
a. Sim, uma vez que é exigida a condição especial de dever evitar ou apurar a
tortura. O sujeito passivo é comum.
44) Qual o momento da consumação?
 a. O crime se consuma com a omissão do dever em evitar ou apurar os atos de
tortura.
45) O crime de tortura omissiva admite tentativa?
a. Não, haja vista tratar-se de crime omissivo.
46) Os crimes da lei de tortura são considerados hediondos?
a. Não, nenhum deles é considerado hediondo. São considerados equiparados
aos crimes hediondos.
47) Quais são as causas de aumento de pena? Qual a proporção do aumento?
a. Crime cometido por agente público; crime cometido contra criança, gestante,
portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos; e se o crime for
cometido mediante sequestro. O aumento é de 1/6 até 1/3.
48) Quais as consequências penais e processuais para agente público que comete crime de
tortura?
a. A condenação acarreta a perda o cargo, função ou emprego público e a
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
49) É uma consequência automática?
a. Sim, uma vez condenado por crime de tortura, tais efeitos já estarão em
vigência.
50) O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, pode a ser
decretada liberdade provisória?
a. Sim, caso o juiz entenda pela sua concessão.
51) Qual deve ser o regime inicial para o cumprimento de pena? Há alguma exceção?
a. O regime inicial, em regra, deve ser o regime fechado. Há exceção para o crime
de tortura omissiva.