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AVALIAÇÃO INDIVIDUAL DA DISCIPLINA: HISTÓRIA DA PSICOLOGIA

Naira Almeida Lopes Precioso Sampaio.

De acordo com Hans Tomae (1998), a Psicologia desenvolveu-se como


disciplina apenas no final do século XIX, neste período o racionalismo ganhou
destaque na formulação do conhecimento. Visto isso, quando debruçamo-nos no
contexto histórico da época, percebemos a emergência dos conhecimentos
científicos, a criação da teoria positivista, a estruturação de disciplinas de Ciências
Humanas como a História, como também a ampla divulgação da teoria
evolucionista, aplicada na análise social. Neste contexto, em diversos lugares o
desenvolvimento de teorias psicológicas ocorreram. Como indica Ferreira (2013), na
Inglaterra se funda a psicologia comparativa; enquanto, nos Estados Unidos essa
fundação será originada a partir da consciência em torno da evolução da infância
até a vida adulta.
Além disso, gradativamente, as temáticas cujo eram permeadas apenas
pelas discussões filosóficas e religiosas começaram a ser objeto de estudo da
Medicina e Fisiologia. Tais estudos garantiram o desenvolvimento de teorias sobre o
sistema nervoso central, este por sua vez foi compreendido como originário do
pensamento, das percepções e dos sentimentos humanos. (BOCK, 2019) No
entanto, a História da Psicologia Científica é marcada por Bock (2019) apenas a
partir de Wilhelm Wundt (1832-1920), o qual foi responsável pela instalação do
Laboratório de Psicologia Experimental.
A escolha de Wundt para marcar o surgimento da Psicologia Científica,
ocorreu segundo Araújo (2013) pela representatividade que Wundt ganhou a partir
de suas produções. Haja vista que para estruturar a metodologia do estudo da
Psicologia, Wundt se apropria do objetivo da ciência natural para reconhecer a
realidade objetiva, a fim de mapear a existência das abstrações (ARAÚJO, 2009),
distanciando assim das argumentações filosóficas. Por isso, Foucault (1966), citado
por Ferreira (2013), ressalta que os conceitos naturais foram transcendidos, já que
este passou a operar para determinação da natureza humana.
Nessa perspectiva, além de se diferenciar dos argumentos filosóficos, o
teórico também rompeu com a psicologia já difundida na época, dado que esta era
definida como: ciência da alma ou da mente. Haja vista que, sua intenção era formar
uma nova psicologia, a qual fosse independente das teorias metafísicas existentes,
para isso era necessário negar as construções já desenvolvidas, em prol de uma
estruturação científica da disciplina.
No entanto, vale ressaltar que em relação aos experimentos desenvolvidos
por Wundt, a Psicologia utilizou-se diretamente de estudos sobre sensações,
percepções, representações. Para o cientista estes elementos psíquicos não são
características de nenhum outro aspecto. (ARAÚJO, 2013). Esta nova ciência é
então compreendida como aquela cujo seus resultados possibilitam a maior
investigação dos problemas sobre conhecimento e ética, podendo estes resultados
corroborar para a construção de um sistema filosófico.(ARAÚJO, 2013).
Destarte, segundo Bock (2019) a autonomia da Psicologia como disciplina
ocorreu conforme sua libertação das estruturas filosóficas, e assim os teóricos e
cientistas iniciaram a busca pela definição do objeto do estudo (comportamento,
psique, consciência). Ademais, estes pesquisadores seguiram objetivando a
diferenciação da Psicologia das demais áreas de conhecimento, como a Fisiologia e
Filosofia. E assim, almejavam o formular de métodos de estudo e de teorias sobre o
corpo.

REFERÊNCIA:

ARAÚJO, Saulo. Uma visão panorâmica da psicologia científica de Wilhelm Wundt.


In:scientiæ zudia, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 209-220, 2009.
ARAÚJO, Saulo. Wilhelm Wundt e o estudo da experiência interna. In: História da
Psicologia: rumos e percursos". Rio de Janeiro: NAU, 2013.
BOCK, A.M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. Rio de
Janeiro: Editora Saraiva, 2019.
FERREIRA, Arthur. O múltiplo surgimento da Psicologia In: História da Psicologia:
rumos e percursos". Rio de Janeiro: NAU, 2013,

TOMAE, Hans. Abordagem social: o surgimento da Psicologia Científica como


disciplina independente. In: Historiografia da psicologia no Brasil. São Paulo:
Edições Loyola,1998.

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