Você está na página 1de 154

Universidade do Sul de Santa Catarina

Fundamentos Econômicos
Disciplina na modalidade a distância

Palhoça
UnisulVirtual
2011
Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina – Campus UnisulVirtual – Educação Superior a Distância
Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual

Reitor Unisul Assistente e Auxiliar de Luana Borges da Silva Gerência de Desenho Jeferson Pandolfo
Ailton Nazareno Soares Coordenação Luana Tarsila Hellmann e Desenvolvimento de Karine Augusta Zanoni
Maria de Fátima Martins (Assistente) Luíza Koing  Zumblick Materiais Didáticos Marcia Luz de Oliveira
Vice-Reitor Fabiana Lange Patricio Maria José Rossetti Márcia Loch (Gerente)
Tânia Regina Goularte Waltemann Marilene de Fátima Capeleto Assuntos Jurídicos
Sebastião Salésio Heerdt Ana Denise Goularte de Souza Bruno Lucion Roso
Patricia A. Pereira de Carvalho Desenho Educacional
Chefe de Gabinete da Paulo Lisboa Cordeiro Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Marketing Estratégico
Coordenadores Graduação Silvana Souza da Cruz (Coord. Pós/Ext.)
Reitoria Adriano Sérgio da Cunha Paulo Mauricio Silveira Bubalo Rafael Bavaresco Bongiolo
Rosângela Mara Siegel Aline Cassol Daga
Willian Máximo Aloísio José Rodrigues Ana Cláudia Taú Portal e Comunicação
Ana Luísa Mülbert Simone Torres de Oliveira
Vanessa Pereira Santos Metzker Carmelita Schulze Catia Melissa Silveira Rodrigues
Pró-Reitora Acadêmica Ana Paula R. Pacheco Carolina Hoeller da Silva Boeing Andreia Drewes
Arthur Beck Neto Vanilda Liordina Heerdt
Miriam de Fátima Bora Rosa Eloísa Machado Seemann Luiz Felipe Buchmann Figueiredo
Bernardino José da Silva Gestão Documental Flavia Lumi Matuzawa Marcelo Barcelos
Pró-Reitor de Administração Catia Melissa S. Rodrigues Lamuniê Souza (Coord.) Gislaine Martins Rafael Pessi
Fabian Martins de Castro Charles Cesconetto Clair Maria Cardoso Isabel Zoldan da Veiga Rambo
Diva Marília Flemming Daniel Lucas de Medeiros Jaqueline de Souza Tartari Gerência de Produção
Pró-Reitor de Ensino Fabiano Ceretta Eduardo Rodrigues João Marcos de Souza Alves Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)
José Carlos da Silva Junior Guilherme Henrique Koerich Francini Ferreira Dias
Mauri Luiz Heerdt Horácio Dutra Mello Josiane Leal
Leandro Romanó Bamberg
Letícia Laurindo de Bonfim Design Visual
Itamar Pedro Bevilaqua Marília Locks Fernandes
Campus Universitário de Jairo Afonso Henkes
Lygia Pereira Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)
Tubarão Lis Airê Fogolari Adriana Ferreira dos Santos
Janaína Baeta Neves Gerência Administrativa e Luiz Henrique Milani Queriquelli
Diretora Jardel Mendes Vieira Financeira Alex Sandro Xavier
Milene Pacheco Kindermann Marina Melhado Gomes da Silva Alice Demaria Silva
Joel Irineu Lohn Renato André Luz (Gerente) Marina Cabeda Egger Moellwald
Jorge Alexandre N. Cardoso Ana Luise Wehrle Anne Cristyne Pereira
Campus Universitário da Melina de La Barrera Ayres Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro
José Carlos N. Oliveira Anderson Zandré Prudêncio Michele Antunes Corrêa
Grande Florianópolis José Gabriel da Silva Daniel Contessa Lisboa Daiana Ferreira Cassanego
Nágila Hinckel Diogo Rafael da Silva
Diretor José Humberto D. Toledo Naiara Jeremias da Rocha Pâmella Rocha Flores da Silva
Hércules Nunes de Araújo Joseane Borges de Miranda Rafael Bourdot Back Edison Rodrigo Valim
Rafael Araújo Saldanha Frederico Trilha
Luciana Manfroi Thais Helena Bonetti Roberta de Fátima Martins
Campus Universitário Luiz G. Buchmann Figueiredo Valmir Venício Inácio Higor Ghisi Luciano
Roseli Aparecida Rocha Moterle Jordana Paula Schulka
UnisulVirtual Marciel Evangelista Catâneo Sabrina Bleicher
Maria Cristina S. Veit Gerência de Ensino, Pesquisa Marcelo Neri da Silva
Diretora Sabrina Paula Soares Scaranto Nelson Rosa
Maria da Graça Poyer e Extensão Viviane Bastos
Jucimara Roesler Mauro Faccioni Filho Oberdan Porto Leal Piantino
Moacir Heerdt (Gerente) Patrícia Fragnani de Morais
Moacir Fogaça Aracelli Araldi Acessibilidade
Nélio Herzmann Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Multimídia
Equipe UnisulVirtual Onei Tadeu Dutra Elaboração de Projeto e Letícia Regiane Da Silva Tobal
Reconhecimento de Curso Sérgio Giron (Coord.)
Patrícia Fontanella Mariella Gloria Rodrigues Dandara Lemos Reynaldo
Diretora Adjunta Rogério Santos da Costa Diane Dal Mago
Patrícia Alberton Vanderlei Brasil Avaliação da aprendizagem Cleber Magri
Rosa Beatriz M. Pinheiro Fernando Gustav Soares Lima
Tatiana Lee Marques Francielle Arruda Rampelotte Geovania Japiassu Martins (Coord.)
Secretaria Executiva e Cerimonial Gabriella Araújo Souza Esteves
Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Valnei Carlos Denardin Extensão Conferência (e-OLA)
Roberto Iunskovski Jaqueline Cardozo Polla Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)
Marcelo Fraiberg Machado Maria Cristina Veit (Coord.) Thayanny Aparecida B.da Conceição
Tenille Catarina Rose Clér Beche Bruno Augusto Zunino
Rodrigo Nunes Lunardelli Pesquisa
Assessoria de Assuntos Sergio Sell Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Gerência de Logística Produção Industrial
Internacionais Mauro Faccioni Filho(Coord. Nuvem) Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Marcelo Bittencourt (Coord.)
Murilo Matos Mendonça Coordenadores Pós-Graduação
Aloisio Rodrigues Pós-Graduação Logísitca de Materiais Gerência Serviço de Atenção
Assessoria de Relação com Poder Bernardino José da Silva Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.)
Público e Forças Armadas Abraao do Nascimento Germano Integral ao Acadêmico
Carmen Maria Cipriani Pandini Maria Isabel Aragon (Gerente)
Adenir Siqueira Viana Daniela Ernani Monteiro Will Biblioteca Bruna Maciel
Walter Félix Cardoso Junior Salete Cecília e Souza (Coord.) Fernando Sardão da Silva André Luiz Portes
Giovani de Paula Carolina Dias Damasceno
Karla Leonora Nunes Paula Sanhudo da Silva Fylippy Margino dos Santos
Assessoria DAD - Disciplinas a Renan Felipe Cascaes Cleide Inácio Goulart Seeman
Distância Leticia Cristina Barbosa Guilherme Lentz
Marlon Eliseu Pereira Francielle Fernandes
Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Luiz Otávio Botelho Lento Holdrin Milet Brandão
Carlos Alberto Areias Rogério Santos da Costa Gestão Docente e Discente Pablo Varela da Silveira
Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Rubens Amorim Jenniffer Camargo
Cláudia Berh V. da Silva Roberto Iunskovski Juliana Cardoso da Silva
Conceição Aparecida Kindermann Thiago Coelho Soares Yslann David Melo Cordeiro
Capacitação e Assessoria ao Jonatas Collaço de Souza
Luiz Fernando Meneghel Vera Regina N. Schuhmacher Docente Avaliações Presenciais Juliana Elen Tizian
Renata Souza de A. Subtil Simone Zigunovas (Capacitação) Graciele M. Lindenmayr (Coord.) Kamilla Rosa
Gerência Administração Alessandra de Oliveira (Assessoria)
Assessoria de Inovação e Acadêmica Ana Paula de Andrade Maurício dos Santos Augusto
Qualidade de EAD Adriana Silveira Angelica Cristina Gollo Maycon de Sousa Candido
Angelita Marçal Flores (Gerente) Alexandre Wagner da Rocha
Denia Falcão de Bittencourt (Coord) Fernanda Farias Cristilaine Medeiros Monique Napoli Ribeiro
Andrea Ouriques Balbinot Elaine Cristiane Surian Daiana Cristina Bortolotti Nidia de Jesus Moraes
Carmen Maria Cipriani Pandini Secretaria de Ensino a Distância Juliana Cardoso Esmeraldino Delano Pinheiro Gomes Orivaldo Carli da Silva Junior
Iris de Sousa Barros Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Maria Lina Moratelli Prado Edson Martins Rosa Junior Priscilla Geovana Pagani
Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Fabiana Pereira Fernando Steimbach Sabrina Mari Kawano Gonçalves
Assessoria de Tecnologia Adenir Soares Júnior Fernando Oliveira Santos Scheila Cristina Martins
Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Tutoria e Suporte
Alessandro Alves da Silva Claudia Noemi Nascimento (Líder) Lisdeise Nunes Felipe Taize Muller
Felipe Jacson de Freitas Andréa Luci Mandira Marcelo Ramos Tatiane Crestani Trentin
Jefferson Amorin Oliveira Anderson da Silveira (Líder)
Cristina Mara Schauffert Ednéia Araujo Alberto (Líder) Marcio Ventura Vanessa Trindade
Phelipe Luiz Winter da Silva Djeime Sammer Bortolotti Osni Jose Seidler Junior
Priscila da Silva Maria Eugênia F. Celeghin (Líder)
Douglas Silveira Andreza Talles Cascais Thais Bortolotti
Rodrigo Battistotti Pimpão Evilym Melo Livramento
Tamara Bruna Ferreira da Silva Daniela Cassol Peres
Fabiano Silva Michels Débora Cristina Silveira Gerência de Marketing
Fabricio Botelho Espíndola Francine Cardoso da Silva Fabiano Ceretta (Gerente)
Coordenação Cursos Felipe Wronski Henrique Joice de Castro Peres Relacionamento com o Mercado
Coordenadores de UNA Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Karla F. Wisniewski Desengrini
Indyanara Ramos Eliza Bianchini Dallanhol Locks
Diva Marília Flemming Maria Aparecida Teixeira
Marciel Evangelista Catâneo Janaina Conceição Mayara de Oliveira Bastos Relacionamento com Polos
Roberto Iunskovski Jorge Luiz Vilhar Malaquias Patrícia de Souza Amorim Presenciais
Juliana Broering Martins Schenon Souza Preto Alex Fabiano Wehrle (Coord.)
André Luis da Silva Leite

Fundamentos Econômicos
Livro didático

Design instrucional
Dênia Falcão de Bittencourt
Isabel Zoldan da Veiga Rambo

9ª edição

Palhoça
UnisulVirtual
2011
Copyright © UnisulVirtual 2011
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Edição – Livro Didático


Professor Conteudista
André Luis da Silva Leite

Revisão e atualização de conteúdo


André Luis da Silva Leite (9ª ed.)

Design Instrucional
Dênia Falcão Bittencourt
Isabel Zoldan da Veiga Rambo (9ª ed.)

Diagramação
Rafael Pessi
Frederico Trilha (9a ed.)

Revisão
Jaqueline Tartari

330
L55 Leite, André Luis da Silva
Fundamentos econômicos : livro didático / André Luis da Silva Leite
; revisão e atualização de conteúdo André Luis da Silva Leite ; design
instrucional Dênia Falcão de Bittencourt, Isabel Zoldan da Veiga Rambo. –
9. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011.
153 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1. Economia. 2. Contabilidade nacional. 3. Contabilidade internacional.


I. Bittencourt, Dênia Falcão de. II. Rambo, Isabel Zoldan da Veiga. III. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul


Sumário

Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Palavras do professor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1 - Introdução à economia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17


UNIDADE 2 - Demanda, oferta e mercado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
UNIDADE 3 - A teoria da empresa: produção e custos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
UNIDADE 4 - A Contabilidade Nacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
UNIDADE 5 - Consumo e poupança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
UNIDADE 6 - O papel do governo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
UNIDADE 7 - A moeda e o sistema financeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
UNIDADE 8 - Comércio Internacional e Globalização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141


Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
Sobre o professor conteudista. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Respostas e comentários das atividades de autoavaliação. . . . . . . . . . . . . . 147
Biblioteca Virtual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina Fundamentos


Econômicos.

O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma


e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados
à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática
e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância,
proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a
um aprendizado contextualizado e eficaz.

Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será


acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema
Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica
caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou
para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores
e instituição estarão sempre conectados com você.

Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem


à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como:
telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem,
que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e
recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade.
Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe
atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!


Equipe UnisulVirtual.

7
Palavras do professor

Bem-vindo à disciplina Fundamentos Econômicos.

O objetivo é que você assimile com sucesso os conceitos


introdutórios de economia. Estes conceitos são muito
importantes para um futuro administrador, pois são, muitas
vezes, empregados nas decisões empresariais. São ferramentas
importantes para o administrador de empresas, uma vez que
diversos fenômenos relevantes nas áreas de marketing, finanças
e administração geral, entre outras, têm sua fundamentação na
teoria econômica.

Este livro didático foi preparado com o intuito de tornar o seu


primeiro contato com a ciência econômica simples e agradável.

Boa sorte!
Professor André Leite
Plano de estudo

O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da


disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva


em conta instrumentos que se articulam e se complementam,
portanto, a construção de competências se dá sobre a
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de
ação/mediação.

São elementos desse processo:

„„ o livro didático;

„„ o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

„„ as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de


autoavaliação);

„„ o Sistema Tutorial.

Ementa
Conceitos básicos. Sistema econômico: estrutura e
funcionamento. Oferta e demanda: formação de preços
de mercado. Estruturas de mercado. Introdução a
macroeconomia: metas, instrumentos e contabilidade nacional.
Elementos de economia internacional.
Universidade do Sul de Santa Catarina

Objetivos

Geral:
Desenvolver os conceitos introdutórios dos temas macro e
microeconômicos, dando ao estudante uma visão geral do sistema
econômico e seu funcionamento.

Específicos:
„„ Entender a razão do estudo da economia.

„„ Entender o que são os agentes econômicos.

„„ Compreender o conceito de demanda e de oferta.

„„ Compreender a teoria elementar da produção.

„„ Compreender como são formados: renda e produto de


uma nação.

„„ Entender a relação, no processo de formação da renda,


entre consumo e poupança.

„„ Entender o papel do governo ou do Estado em uma


economia de mercado.

„„ Perceber a importância da moeda para o sistema


econômico como um todo.

„„ Conhecer o papel do Banco Central.

„„ Entender por que os países promovem comércio entre si.

Carga Horária
A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula, 4 créditos,
incluindo o processo de avaliação.

12
Fundamentos Econômicos

Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.

Unidades de estudo: 8

Unidade 1 – Introdução à economia


Entender a razão do estudo da economia. Começar a conhecer
o mundo das ideias econômicas. Entender quem são os agentes
econômicos. Conhecer o modo simples de funcionamento da
economia ou do sistema econômico.

Unidade 2 – Demanda, oferta e mercado


Compreender o conceito de demanda e examinar suas implicações
para uma empresa. Entender o conceito de oferta, isto é, o mercado
visto sob o ponto de vista das empresas. Entender a relação entre
demanda e oferta. Compreender o funcionamento do sistema de
preços em uma economia de mercado.

Unidade 3 – A teoria da empresa: produção e custos


Compreender a teoria elementar da produção. Entender a
importância da análise de custos para tomada de decisão.

Unidade 4 – A contabilidade nacional


Compreender como são formados: renda e produto de uma nação.
Entender o significado dos conceitos: renda nacional e PIB.

13
Universidade do Sul de Santa Catarina

Unidade 5 – Consumo e poupança


Entender a relação, no processo de formação da renda, entre
consumo e poupança.

Unidade 6 – O papel do governo


Entender o papel do governo ou do Estado em uma economia
de mercado. Conhecer os principais instrumentos que o governo
utiliza para intervir na economia.

Unidade 7 – A moeda e o sistema financeiro


Entender a importância da moeda para o sistema econômico
como um todo. Compreender o conceito de inflação e suas
principais causas. Conhecer o papel do Banco Central. Entender
como funciona o Sistema Financeiro Nacional.

Unidade 8– Comércio internacional e globalização


Entender por que os países promovem comércio entre si.
Identificar quais as principais barreiras ao livre comércio.
Compreender o papel que a taxa de câmbio desempenha no
comércio internacional. Conhecer o que é globalização.

14
Fundamentos Econômicos

Agenda de atividades/ Cronograma

„„ Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar


periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus
estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da
realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação
com os seus colegas e tutor.

„„ Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço


a seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.

„„ Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas


ao desenvolvimento da disciplina.

Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

15
1
UNIDADE 1

Introdução à economia

Objetivos de aprendizagem
„„ Entender a razão do estudo da economia.

„„ Conhecer o mundo das ideias econômicas.

„„ Entender quem são os agentes econômicos.

„„ Conhecer o modo simples de funcionamento da


economia ou do sistema econômico.

Seções de estudo
Seção 1 Introdução ao estudo de economia

Seção 2 Os setores econômicos

Seção 3 Os agentes econômicos

Seção 4 O sistema econômico


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade você será introduzido no mundo da economia,
será levado a conhecer de forma ampla como se dá o seu
funcionamento. Para organizar o estudo sugere-se que você
durante a unidade:

„„ leia com atenção e reflexão os textos apresentados;

„„ anote as dúvidas e os questionamentos; e

„„ tenha por hábito assinalar os pontos-chave do conteúdo

Seção 1 – Introdução ao estudo de economia


A satisfação das necessidades materiais (roupas, habitação, por
exemplo) e não materiais (educação, serviços de saúde) de uma
sociedade leva seus membros a se ocuparem de determinadas
atividades produtivas. Assim, produzem bens e serviços que
necessitam e que são distribuídos à sociedade. Ou seja, há
produção e consumo, que são dois problemas fundamentais do
estudo da economia.

No que diz respeito à produção, as empresas devem decidir que


bens produzir e de que forma produzir. Em relação ao consumo,
as famílias devem decidir como vão gastar seu orçamento para
satisfazer suas necessidades.

Todos nós participamos do sistema econômico do país,


consumindo hoje bens e serviços ou poupando parte de nossa
renda para consumirmos no futuro.

Enfim, somos influenciados pelas mudanças na economia.


E é por isso que o entendimento da economia caracteriza-se
numa ferramenta importante para os profissionais das mais
diversas áreas, especialmente gestores, engenheiros, contadores
e advogados. Diversos fenômenos relevantes nas áreas de
marketing, finanças, estratégia e administração geral, entre
outras, têm sua fundamentação na teoria econômica.

18
Fundamentos Econômicos

– Mas como a economia é definida?

Economia é a ciência que estuda a forma pela qual


a sociedade (pessoas, empresas e governos) toma
decisões em relação ao uso dos recursos disponíveis,
que são escassos, visando a satisfazer da melhor forma
possível as necessidades individuais e coletivas.

A natureza dos problemas econômicos reside na constatação de


que os recursos que a coletividade dispõe para a satisfação de suas
necessidades são limitados. Por outro lado, as necessidades do ser
humano não têm limite. Em outras palavras, as pessoas precisam
de certos bens (roupas, alimentos, casa para morar, automóvel) e
serviços (educação, lazer, saúde) que são escassos, isto é, existem
em quantidades limitadas. Já as aspirações humanas são, no
entanto, relativamente ilimitadas, superando o volume de bens e
serviços disponíveis para a satisfação desses desejos.

Qual é o problema fundamental da Ciência Econômica?

O problema fundamental da economia é a escassez. Pode-


se dizer que a economia se preocupa com a maneira como a
sociedade administra seus recursos visando a obter o melhor
aproveitamento possível. Por exemplo, uma família emprega seu Aqui iremos considerar
limitado orçamento de forma cuidadosa ao longo de um período apenas estes três fatores
de tempo com a finalidade de aproveitá-lo ao máximo para pagar de produção, embora
pelos bens e serviços consumidos. alguns livros considerem
também a tecnologia e a
capacidade gerencial.
Como os recursos ou fatores de produção – capital, terra,
trabalho– são escassos, não podemos ter tudo que desejamos
ao mesmo tempo – por isso é preciso escolher entre os bens e
serviços que serão produzidos e oferecidos à coletividade.

A economia estuda a maneira como se administram


os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens
e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os
membros da sociedade.

Unidade 1 19
Universidade do Sul de Santa Catarina

Divisão da economia
O estudo da economia é divido em duas grandes partes: a
microeconomia e a macroeconomia.

„„ A microeconomia se preocupa com a análise do


comportamento individual dos agentes econômicos,
famílias e empresas. Estuda também os mercados nos
quais bens e serviços são transacionados. Por exemplo,
quando se explica o aumento no preço da gasolina como
consequência do aumento do preço do petróleo, estamos
fazendo uma análise microeconômica.

„„ A macroeconomia, por outro lado, estuda o


comportamento global da economia, como a renda de
uma sociedade ou país, o nível de consumo, a inflação, a
taxa de juros e a taxa de câmbio etc. Podemos evidenciar
a macroeconomia quando, ao lermos os jornais, nos
deparamos com uma notícia sobre os impactos de um
problema central da economia: a escassez.

As necessidades humanas são ilimitadas, porém, os recursos


econômicos são escassos. Conforme lembram Trostes e Mochón
(1999), este não é um problema tecnológico, mas sim de
disparidade entre os desejos humanos e os meios disponíveis para
satisfazê-los.

Este dilema pode ser traduzido pelo confronto entre:

fatores de produção escassos X necessidades ilimitadas

E este dilema implica na existência de quatro questões


fundamentais:

„„ O que produzir?

„„ Quanto produzir?

„„ Como produzir?

„„ Para quem produzir?

20
Fundamentos Econômicos

Como responder a estas questões?

A resposta para estas questões fundamentais da economia


depende do sistema econômico, ou seja, se você está numa
economia capitalista ou de mercado, ou se está numa economia
socialista ou planificada.

Você Sabia?
A melhor maneira para se aprender economia é
através dos telejornais e também da leitura de jornais.
Ali estão todos os conceitos que você necessita
para compreender a natureza da economia e a sua
influência nas organizações. Talvez neste começo da
disciplina, você tenha dificuldades em compreender
as notícias e os comentários dos jornalistas, mas com
o avanço das atividades, você será capaz de fazer as
ligações entre o que está nos jornais e o livro didático.

Seção 2 – Os setores econômicos


Os agentes econômicos (famílias ou pessoas, empresas e governo)
podem ser agrupados em três grandes setores.

„„ Setor primário: refere-se às atividades próximas dos


recursos naturais, como por exemplo, a atividade agrícola
ou agroindustrial, a atividade pesqueira, pecuária etc.

„„ Setor secundário: refere-se à atividade industrial. É na


indústria que as matérias-primas são transformadas em bens.

„„ Setor terciário: refere-se aos serviços, ou seja, à


satisfação das necessidades de serviços, que não se
transformam em algo material. Serviços de saúde, de
transporte, de educação, de turismo, entre outros. Hoje
em dia, em diversos países, incluindo o Brasil, é o setor
que mais cresce e que mais emprega.

Unidade 1 21
Universidade do Sul de Santa Catarina

Os fatores de produção
A atividade econômica, através da produção de bens e serviços,
visa a satisfazer as necessidades humanas. E a produção destes bens
e serviços, numa economia de mercado, realiza-se nas diversas
empresas. E cada uma destas emprega fatores de produção.
Fatores de produção são os
elementos que as empresas utilizam Assim, para ofertar bens ou serviços as empresas precisam de
para produzir um determinado bem fatores de produção.
ou serviço.
As definições encontram-se em Estes fatores são divididos em três grandes grupos:
SILVA, C.; LUIZ, S. Economia e
mercados: introdução à economia.15ª „„ Recursos naturais: formado pelo espaço físico, pela água
Ed. São Paulo: Saraiva, 1996. e pelas matérias-primas em geral. Por exemplo, uma
fazenda utiliza bastante espaço físico para sua produção.

„„ Capital: são as máquinas, equipamentos e instalações


empregados na produção. Muitas empresas trabalham
com um número grande de máquinas nas linhas de
produção.

„„ Trabalho: refere-se aos serviços das pessoas empregadas


na produção, como o operário, o gerente etc. São os
trabalhadores que operarão as máquinas e transformarão
a matéria-prima.

A remuneração dos fatores de produção


Você já deve ter ouvido falar num famoso ditado popular que
diz que “nem relógio trabalha de graça”. Assim, cada um dos
fatores de produção, ou melhor, seus proprietários, mencionados
anteriormente, devem receber uma renda pela sua utilização.

Assim, a renda:

„„ da terra é o aluguel;

„„ do capital é o lucro (quando o capitalista constitui uma


empresa) ou o juro (quando ele empresa dinheiro);

„„ do trabalho é o salário.

22
Fundamentos Econômicos

Seção 3 - Os agentes econômicos


As empresas

Nas sociedades modernas, as empresas produzem e oferecem


praticamente a totalidade dos bens e serviços, como o pão, os
automóveis, os sapatos, os serviços de turismo e assim por diante.

Como os economistas definem o que é uma empresa?

A empresa é a unidade de produção básica. Ela contrata


trabalho e compra fatores com o fim de fazer e vender bens e
serviços e, ao final do processo, auferir lucro.

Nas sociedades primitivas, a produção era individual e artesanal.


Hoje, as empresas são as maiores responsáveis pela produção, já que
só elas são capazes de obter as vantagens da produção em massa.

Somente as empresas podem reunir grandes quantidades de


recursos financeiros e físicos necessários para construir as
instalações e os equipamentos que a atualidade exige.

Além disso, somente as empresas têm capacidade de organizar


os complexos processos de produção e distribuição exigidos pela
sociedade moderna.

O financiamento das empresas pode ser obtido através de


autofinanciamento ou financiamento externo. Ou seja,
elas podem se financiar com seu próprio capital ou tomar
empréstimos junto aos bancos.

As famílias ou indivíduos
As famílias ou as pessoas, individualmente, têm basicamente
duas funções no sistema econômico:

„„ oferecer seus fatores de produção, isto é, trabalho e


capital às empresas; e

Unidade 1 23
Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ consumir os bens e serviços postos à sua disposição.


No entanto, o consumo é restrito pelo orçamento de
que dispõem.

O setor público
O governo é um importante agente da economia. Afinal, ele é
o maior responsável pelos rumos econômicos de uma nação. Há
pelo menos três níveis de governo, a destacar:

„„ a administração local, ou seja, as prefeituras;

„„ as administrações estaduais; e

„„ a administração central, ou seja, o Governo Federal e


seus ministérios.

O setor público é responsável pelo fornecimento dos chamados


bens públicos.

Bens públicos são bens proporcionados a todas


as pessoas a um custo igual ao necessário para o
fornecimento a uma só pessoa.

Veja um exemplo:

A defesa nacional é um bem público. Caso uma nação


declare guerra ao Brasil, todos os cidadãos brasileiros
terão direito à defesa nacional. Por esta característica,
os bens públicos só podem ser providos pelo Estado.

Há ainda outra atribuição importante do governo no que diz


respeito ao sistema econômico:

O setor público é responsável por estabelecer um


marco jurídico-institucional no qual se desenvolve a
atividade econômica, sendo, também, responsável
pelo estabelecimento da política econômica.

24
Fundamentos Econômicos

Seção 4 - O sistema econômico


Agora que você já entendeu quem são os agentes econômicos,
observe como pode ser definido o sistema econômico.

Sistema econômico é o conjunto de relações técnicas,


básicas e institucionais que caracterizam a organização
econômica de uma sociedade.

Conforme vimos no início desta unidade, o sistema econômico


deve responder às quatro questões básicas.

„„ O que produzir? – Devemos produzir mais estradas ou


mais hospitais?

„„ Quanto produzir? – Dos bens que vamos produzir,


quanto devemos produzir de cada um?

„„ Como produzir? – Quais técnicas e ferramentas serão


utilizadas na produção?

„„ Para quem produzir? – Como a produção vai ser


distribuída entre os diferentes agentes da economia?

Quem, afinal, responde a estas perguntas?

Para você encontrar a resposta a esta pergunta, precisa primeiro


se voltar um pouco para a história da organização econômica.
Deste modo, basicamente, pode-se dizer que há dois tipos de
organização da economia de um país ou nação.

„„ Capitalismo ou economia de mercado.

„„ Socialismo ou economia planificada.

Unidade 1 25
Universidade do Sul de Santa Catarina

Capitalismo ou economia de mercado


No capitalismo, a economia funciona de forma livre, ou seja,
cada um é livre para escolher o que produzir e que quantidade,
assumindo os riscos. Por isso, diz-se que este sistema é
caracterizado pela livre iniciativa.

Veja como funciona tal sistema com base no quadro 1.1.

Aspectos essenciais Vantagens

Os produtores oferecem bens e serviços As pessoas podem escolher o que


consumir e produzir de acordo com suas
pelos quais há demanda. vontades e disponibilidades.
O sistema de economia de mercado Este sistema faz com que o preço de
reduz a necessidade de intervenção do mercado reduza a formação de estoque
governo. ou a falta de produtos.
Pessoas podem vender ou comprar As pessoas têm incentivos financeiros
fatores de produção, convertendo-se para produzir, podendo obter elevados
em produtores. lucros, em alguns casos.

Quadro 1.1 – A economia de mercado


Fonte: Elaboração do autor

Socialismo ou economia planificada


No socialismo, quem responde às questões essenciais da
economia é o Estado. Por isso, se diz que uma economia
socialista é uma economia planificada, pois necessita do
Planejamento Estatal.

Este sistema é justamente o contrário da economia de mercado,


já que as decisões são tomadas de forma centralizada na agência
de planejamento do governo. Neste caso, as famílias não detêm
os fatores de produção. Estes pertencem à coletividade, ou seja,
ao governo.

O sistema econômico e as trocas


Agora você irá estudar uma atividade de suma importância para
os sistemas econômicos modernos: as trocas.

26
Fundamentos Econômicos

Para entender melhor como elas acontecem, imagine uma pessoa


que mora sozinha numa ilha. Essa pessoa deve, sozinha, ser
capaz de produzir tudo aquilo de que necessita. E, obviamente,
seu consumo está restrito aos recursos que a ilha lhe dá e à sua
capacidade de transformação destes recursos, ou seja, o seu
conhecimento.

Agora, numa sociedade moderna, como a nossa, isso é


impossível, você já deve ter percebido. E, justamente, pode-se
dizer que nossa sociedade é moderna devido a um conceito criado
pelo primeiro economista da história moderna, o escocês Adam
Smith, em 1776.

Em seu livro, A riqueza das nações, Smith nos conta uma fábula,
conhecida como a fábula dos alfinetes.

A fábula dos alfinetes


Smith imagina que a produção de alfinetes pode se dar de duas
formas: de forma artesanal e de forma industrial.
Na forma artesanal, um único trabalhador, de forma artesanal,
produzia ao final de um dia no máximo 20 alfinetes.
Já na produção industrial, Adam Smith argumenta que, como a
fabricação de alfinetes é dividida em diferentes operações, então,
dez operários conseguiam fabricar, na Inglaterra de dois séculos
atrás, mais de 48.000 alfinetes em um único dia de trabalho.

Você sabe por que o número de trabalhadores


aumentou dez vezes e a produção aumentou 2.400
vezes?

A resposta é um fenômeno chamado de especialização. Com


dez operários especialistas, cada um pode se especializar numa
determinada operação específica do processo produtivo, e,
consequentemente, aumentar a produtividade diária.

A especialização permite também que cada pessoa procure um


trabalho ou uma ocupação na qual seja mais produtiva.

Unidade 1 27
Universidade do Sul de Santa Catarina

Mas você deve notar que o nosso amigo que morava sozinho na ilha
não pode ser especialista, afinal, ele vivia sozinho e todos os bens e
serviços que consumia eram originados do seu próprio trabalho.

Já nas economias modernas, a especialização nos permite


concentrar nossos esforços em um determinado ramo de atividade.

Mas, se ao mesmo tempo temos que ser especialistas, então, só


produziremos uma parte dos bens e serviços que necessitamos

Daí a importância das trocas no sistema econômico.

Imagine duas pessoas: um alfaiate e um agricultor. O


alfaiate se especializou na produção de peças de roupa,
enquanto o agricultor se especializou na produção
de verduras. Desta forma, cada um é mais produtivo
naquilo que faz. Mas, como o alfaiate precisa se
alimentar e o agricultor precisa se vestir, eles podem
então promover uma troca de produtos.

Síntese

Nesta unidade você estudou que a economia é importante,


principalmente porque diz respeito à administração dos recursos
escassos e das necessidades ilimitadas do ser humano. Aprendeu
ainda quem são os principais agentes econômicos e o seu papel
no sistema. Você aprendeu também a maneira como funciona
o sistema econômico em que vivemos. E também leu a famosa
fábula dos alfinetes, que mostra a importância da especialização
para a economia moderna e sofisticada.

28
Fundamentos Econômicos

Atividades de autoavaliação

1) Defina o que é economia.

2) Selecione, no seu dia a dia, alguns fenômenos da economia que


interferem, positiva ou negativamente, nas suas finanças pessoais.

Unidade 1 29
Universidade do Sul de Santa Catarina

3) Refletindo sobre o que você aprendeu, explique a seguir por que é


importante entender a questão da escassez.

4) Quem são os agentes econômicos, qual é a importância de cada um


para o sistema econômico e como são agrupados.

30
Fundamentos Econômicos

5) Quais são as perguntas a que todo sistema econômico deve responder?

6) Qual a remuneração de cada um dos fatores de produção?

7) Descreva a importância da especialização e da divisão de trabalho para


a economia moderna.

Unidade 1 31
Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade realize


pesquisa nos seguintes livros:

MANKIW, N.G. Introdução à economia. Rio de Janeiro:


Campus, 1999.

SILVA, C. R. L.; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à


economia. São Paulo: Saraiva, 1996.

TROSTER, R.; MOCHON, F. Introdução à economia. São


Paulo: Makron Books, 1999.

32
2
UNIDADE 2

Demanda, oferta e mercado

Objetivos de aprendizagem
„„ Compreender o conceito de demanda e examinar
suas implicações para uma empresa.
„„ Entender o conceito de oferta, isto é, o mercado visto
sob o ponto de vista das empresas.
„„ Compreender o funcionamento do sistema de preços
em uma economia de mercado.

Seções de estudo
Seção 1 O que é a lei da demanda?

Seção 2 O que é a lei da oferta?

Seção 3 O que é mercado?

Seção 4 A lei da oferta e da demanda

Seção 5 O ponto de equilíbrio na prática


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, a sua missão será estudar o mercado e a
forma como ele opera, ou seja, você vai compreender o seu
funcionamento. Para começar, que tal estudar a teoria da
demanda: o mercado sob o ponto de vista dos consumidores?

Seção 1 – O que é a lei da demanda?


A lei da demanda visa identificar os vários fatores que afetam a
decisão de compra do consumidor.

A identificação destes fatores é fundamental para a empresa, pois


todo empresário espera obter o maior lucro possível. Mas, para
a empresa gerar um grande lucro, vai depender tanto da receita
obtida - dinheiro obtido com a venda - dos produtos, quanto
dos custos - insumos e recursos gastos - ocorridos durante a sua
produção. Portanto, pode-se dizer que:

Lucro = Receita - Custos

Quantidade

Preço
Demanda

Como obter o valor da receita?


Para calcular a receita, você deve levar em conta a quantidade de
produtos que a empresa conseguiu vender e por qual preço.

34
Fundamentos Econômicos

Receita = Preço X Quantidade

E, por fim, acompanhe na figura 2.1, que a relação entre preço e


quantidade vendida no mercado depende, fundamentalmente, da
decisão de compra do consumidor, ou seja, da demanda.

Figura 2.1 – Relação preço e quantidade vendida


Fonte: Elaboração do autor.

O aspecto central da teoria da demanda é estabelecer a chamada


lei da demanda, que propõe uma relação inversa entre preço e
quantidade. Isto quer dizer que, se os preços de um determinado
produto subirem no mercado, a quantidade demandada deste
mesmo produto cairá. E se os preços caírem, a quantidade
demandada aumentará. Afinal de contas, é assim que nos
comportamos de modo geral. A sociedade tem a tendência de
comprar mais quando o preço cai.

A seguir, analise um exemplo, como nos mostra o quadro 2.1.


Para ilustrar, suponha o mercado de milho. E dentro deste
mercado, imagine alguns preços e quantidades. Você pode notar
que à medida que o preço diminui de $ 12,00 para $ 1,00, a
quantidade demandada aumenta. Isto porque a sociedade
comprará mais milhos quando o preço estiver menor.

Unidade 2 35
Universidade do Sul de Santa Catarina

Quantidade
Preço ($) Demandada
(sacas de milho)
12,00 20
10,00 50
7,00 80
5,00 120
4,00 130
2,00 150
1,00 180

Quadro 2.1 – Mercado de milho


Fonte: Elaboração do autor.

A esta altura, você já deve ter imaginado que não é só


o preço que influencia na demanda de um produto.
Afinal, muitas compras que fazemos estão ligadas a
marcas, propagandas etc.

A demanda de um produto depende de muitos fatores, tais como:

„„ as preferências e o gosto dos consumidores;


„„ o preço do produto em questão;
„„ o preço de produtos relacionados;
„„ a renda do consumidor;
„„ a distribuição de renda;
„„ a disponibilidade de crédito;
„„ as políticas governamentais direcionadas para o consumo,
como impostos e subsídios.
No entanto, a teoria da demanda se concentra, normalmente, em
quatro desses determinantes, que são:

„„ o preço da mercadoria;
„„ o preço de outras mercadorias;
„„ a renda dos consumidores; e
„„ as suas preferências.

36
Fundamentos Econômicos

Graficamente, a demanda dos consumidores pode ser


representada por curva negativamente inclinada em relação ao
preço do produto, como a apresentada na figura 2.2.

Preço ($)

D
Quantidade do produto
Figura 2.2 – A Curva de demanda
Fonte: Elaboração do autor.

Você pode perceber na figura 2.2, que essa relação negativa


simplesmente ilustra o fato de que quanto maior o preço, menor
será a quantidade que os consumidores comprariam do bem em
questão. Assim, a quantidade demandada depende do preço desse
bem (deslocamento ao longo da curva de demanda).

Além disso, se a renda do consumidor aumentar, haverá um


deslocamento da curva de demanda para a direita, o que significa
que ele estará disposto a consumir mais, ao mesmo preço.

De certa forma, todos nós nos comportamos assim. Por isso,


pense em alguns produtos que você compraria em maior
quantidade, caso o seu chefe hoje lhe oferecesse um belo aumento
de salário. Se os preços dos demais bens da economia (ou de
alguns deles) se reduzirem, isso terá um efeito semelhante a uma
variação da renda.

Mudanças nas preferências dos consumidores também deslocam


a curva de demanda.

Unidade 2 37
Universidade do Sul de Santa Catarina

Uma campanha do governo contra o fumo deslocará


a curva de demanda de cigarros para baixo (demanda
menor); e Um dia bem quente deslocará a curva de
demanda de sorvetes para a direita (demanda maior).

O que são bens substitutos ou complementares?


Um outro conceito importante é o de bens substitutos e o de bens
complementares.

Bens substitutos Bens complementares


dois bens são considerados substitutos quando dois bens são considerados complementares
o consumo de um substitui o do outro. Em quando o consumo de um complementar o do
outras palavras, quando o aumento no preço de outro. Ou seja, quando o aumento no preço
um deles aumenta a demanda pelo outro (por de um deles reduz a demanda pelo outro (por
exemplo: carne de frango e de boi, ou viajar de exemplo: gasolina e automóveis de passeio).
avião e de ônibus).

Elasticidade da demanda
Um dos mais importantes conceitos em economia é o de
elasticidade. Este tem um papel importante na análise da
demanda do consumidor e das decisões empresariais.

Refere-se à sensibilidade da quantidade demandada de um


produto em relação a uma variação em alguns dos fatores que
determinam sua demanda. Mais especificamente, a elasticidade
da demanda é a razão entre a variação da quantidade demandada
de um produto e a variação percentual em alguma das variáveis
que influenciam a demanda.

(variação % da quantidade demandada)


Elasticidade de demanda =
(variação % de algum dos determinantes da demanda pelo bem)

A elasticidade é sempre uma razão entre percentuais de variação.


Uma variação de 5% tem sempre o mesmo significado (veja
Figura 2.3), independente de o produto ser medido em toneladas,
dúzias, caixas, garrafas, dólares ou ienes.

38
Fundamentos Econômicos

Figura 2.3 – Cinco por cento


Fonte: Elaboração do autor.

Elasticidade-preço da demanda
A elasticidade-preço da demanda é definida como razão entre
a variação percentual na quantidade demandada e a variação
percentual no preço:

Ep = (∆q/q) / (∆p/p)

Não adianta ao empresário saber que, se ele reduzir o preço,


irá vender mais. O que o empresário deseja saber é quanto ele
vai vender a mais de uma dada mercadoria. A elasticidade da
demanda dá esta resposta ao empresário.

Esta elasticidade é de grande interesse para as empresas, pois


serve de base para:

„„ política de preços;

„„ estratégia de vendas e atendimento dos objetivos de lucro; e

„„ participação no mercado.

Ou seja, com base nesta informação, a empresa pode fazer


previsões de venda.

Unidade 2 39
Universidade do Sul de Santa Catarina

Um empresário, produtor de mesas para escritório,


sabe que a elasticidade-preço da demanda dos
produtos que vende é igual a 1,5. Assim, caso ele
aumente os preços de seus produtos em 10%,
utilizando a fórmula, você poderá notar que a
demanda cairá aproximadamente 15%.

Acompanhe a seguir, passo a passo, o raciocínio:


Ep = 1,5 1,5 = Δ q/q/10
Δ p/p = 10% 1,5 x 10 = Δ q/q
Δ q/q = ? Δ q/q = 15%

O coeficiente da elasticidade-preço da demanda é negativo (quase


sempre negativo, pois há raras exceções), uma vez que preço e
quantidade demandada são inversamente relacionados: quando
o preço se reduz, a quantidade demandada aumenta, e quando o
preço aumenta, a quantidade demandada cai.

Como o sinal do coeficiente da elasticidade-preço é quase sempre


negativo, o tamanho do coeficiente é a informação relevante. Por
isso, a elasticidade-preço da demanda é expressa, em geral, em
valor absoluto.

Quais são os tipos de elasticidade-preço da demanda?


Conforme as variações, - positivas, neutras ou negativas - a
demanda assume uma denominação.

„„ A demanda é elástica – quando a elasticidade-preço da


demanda é maior do que 1 (em valor absoluto).

Ep > 1

Nesse caso, um aumento de preços (de 10%, por exemplo)


provocaria uma queda na quantidade demandada num percentual
maior (15%, por exemplo), o que reduziria a receita da empresa
(receita= preço x quantidade). Trata-se de um produto cujo
consumo cai substancialmente no caso de elevação de preços,
sendo normalmente substituído por um similar.

40
Fundamentos Econômicos

„„ A demanda é inelástica – quando a elasticidade-preço da


demanda é menor do que 1.

Ep < 1

Caso o preço seja aumentado (em 10%, por exemplo), a redução


percentual na quantidade é menor (5%, por exemplo), o que
provocaria um aumento na receita da empresa. Trata-se de um
produto do qual o consumidor não abre mão, mesmo diante de
um aumento de preços – de fato, reduz um pouco o consumo,
mas menos do que um caso de demanda elástica.

Gasolina e um medicamento sem substituto no


mercado são produtos com demandas inelásticas em
relação a variações nos preços.

Certamente, esta é a posição mais confortável para uma empresa


no mercado: defrontar-se com uma elasticidade-preço da
demanda reduzida.

„„ A demanda tem elasticidade unitária – se um aumento


percentual de preços provocar a mesma redução
percentual da quantidade demandada.

Ep = 1

Sendo assim, a receita da empresa permaneceria constante no


caso de um aumento de preços.Algumas características do mercado
tornam a demanda mais inelástica. Isso ocorre quando: o produto
não conta com substitutos próximos no mercado; o consumidor
se importa com o desempenho do produto; deseja um produto
diferenciado ou feito sob medida; é fiel à marca; ou, ainda, o custo
do item é pequeno em relação ao orçamento do comprador.

O sal de cozinha é um bom exemplo de produto com


demanda inelástica em relação à variação no preço.

Unidade 2 41
Universidade do Sul de Santa Catarina

Elasticidade-renda da demanda
A elasticidade-renda da demanda é utilizada para descrever
como a quantidade demandada reage às variações na renda do
consumidor. Nesse caso, a fórmula se escreve desta maneira:

E, = (∆q/q) / (∆r/r)

Assim, o empresário pode estimar qual será a variação na


quantidade demandada de seu produto diante de variações na
renda do consumidor. A estimativa da elasticidade-renda da
demanda ajuda no planejamento estratégico da empresa.

Um bem é chamado normal para um certo grupo de


consumidores quando, diante de aumento na renda do grupo, a
demanda pelo bem aumenta.

Um bem é chamado inferior para um certo grupo de


consumidores quando, diante de um aumento na renda do
grupo, a demanda pelo bem diminui.

Diante de uma elevação na renda de um grupo de


pessoas, pode ser que elas reduzam suas viagens de
ônibus (bem inferior) e aumentem suas viagens de táxi
(bem normal).

Seção 2 – O que é a lei da oferta?


Na seção anterior, você aprendeu o que é demanda, ou seja, o
mercado sob o ponto de vista do demandante, aquele que compra.
Já nesta seção, você irá analisar o comportamento da oferta, isto
é, do ponto de vista de quem vende.

Para análise da oferta, você deverá supor a existência de um


mercado com muitas empresas, todas de pequeno porte. E que
este mercado é chamado de competitivo, no qual as empresas não

42
Fundamentos Econômicos

têm capacidade para fixar os preços de seus produtos. Neste caso,


o preço é fixado pelo mercado e as empresas são tomadoras de
preço, isto é, praticam o preço determinado pelo mercado.

Por que uma empresa decide ofertar um determinado


produto?
O que leva uma empresa a decidir vender ou ofertar um
determinado produto é o lucro. Assim, pode-se definir lucro
como sendo a remuneração de uma empresa.

Antes que uma nova empresa apareça no mercado, o empresário


deve fazer um estudo detalhado sobre as possibilidades de
lucratividade deste novo negócio.

Como é a taxa de lucro que induz os empresários a fazerem novos


investimentos, então você pode deduzir que, quanto mais alto for
o ganho (lucro) da empresa com um determinado produto, maior
será a quantidade ofertada. Ou seja, mais empresas vão querer
ofertar ou vender aquele produto.

Então, qual informação nos dá a curva de oferta?

A curva de oferta informa que quantidades os vendedores estarão


dispostos a ofertar para cada preço fixado pelo mercado. Essa
curva é um somatório das curvas de ofertas das várias empresas
que atuam no mercado, e estabelece a quantidade total que esses
produtores estariam dispostos a ofertar para cada nível de preço.

Observando a quadro 2.2, que reproduz aquele mesmo mercado


de milho, antes já citado, você pode perceber que à medida em
que o preço do milho cai, também diminui o incentivo dos
empresários para produzir. Logo, a oferta reduz na medida em
que o preço diminui, e vice-versa.

Unidade 2 43
Universidade do Sul de Santa Catarina

Quantidade
Preço ($) Ofertada (sacas de
milho)
12,00 150
10,00 120
7,00 80
5,00 50
4,00 30
2,00 20
1,00 10

Quadro 2.2 – Mercado de milho


Fonte: Elaboração do autor.

Só o preço é que influencia a tomada de decisão dos


empresários?
Você já deve ter percebido que a resposta para esta pergunta é
não. Vários fatores influenciam a oferta, como por exemplo:

„„ a tecnologia de produção da empresa;

„„ os preços dos insumos;

„„ o número de concorrentes no mercado;

„„ as expectativas futuras.

A curva de oferta é uma função direta do nível de preço do


produto?
Sim, ela é. Se o preço sobe, aumenta a quantidade ofertada pelas
empresas no mercado. Essa proposição é conhecida como a lei da
oferta (Figura 2.4).

44
Fundamentos Econômicos

Preço ($)
O

Quantidade do produto
Figura 2.4 – A curva de oferta
Fonte: Elaboração do autor.

O que a figura 2.4 apresenta é que, à medida que o preço de


mercado aumenta, eleva-se também o incentivo psicológico do
empresário a produzir mais. E, à medida que o preço diminui, o
empresário tem menos incentivo para produzir mais.

Elasticidade-preço da oferta
A elasticidade-preço da oferta é a razão entre a variação
percentual na quantidade ofertada de um bem e a variação
percentual no seu preço:

Epo = (∆q/q) / (∆p/p)

Um certo empresário produz 2.000 pares de sapatos


por mês, ao preço de R$ 50,00 cada.
Se o preço dos sapatos diminuir para R$ 40,00, o
empresário diminuirá sua produção para 1.800 pares
por mês.
Para você calcular a elasticidade-preço da oferta,
deverá calcular a variação percentual na quantidade
ofertada, que é igual a 10% e a variação percentual no
preço, que é 20%.
Dividindo a primeira pela segunda terá que a
elasticidade-preço da oferta é igual a 0,5, ou seja, os
sapatos têm oferta inelástica.

Unidade 2 45
Universidade do Sul de Santa Catarina

Tal como a elasticidade da demanda, trata-se de uma medida


de sensibilidade que compara variações percentuais. Você
pode perceber que, nesse caso, a elasticidade-preço da oferta é
normalmente positiva, uma vez que o empresário está disposto a
ofertar mais, diante de um aumento de preços.

A elasticidade-preço da oferta de um produto é diferente no curto


e no longo prazo. Para a maior parte dos produtos, a oferta é
mais elástica no longo prazo do que no curto prazo. Isso significa
que a oferta não aumentará no curto prazo.

Diante de elevações nos preços, as empresas, de modo


geral, conseguem aumentar sua produção utilizando
mais um turno de trabalho ou pagando horas extras.
Em alguns setores, entretanto, a oferta no curto
prazo pode ser muito inelástica, como no mercado
imobiliário, no qual uma elevação nos preços, mesmo
que provoque aumento no ritmo das construções, só
implicará em um aumento de oferta no longo prazo.

Seção 3 – O que é mercado?


De modo bem simples, mercado é formado pelas pessoas que
desejam vender um determinado produto (vendedores) e pelas
pessoas que desejam comprar este produto (consumidores).

Obviamente, você pode notar que não nos referimos somente


à questão física do mercado, mas também à interação entre
compradores (demanda) e vendedores (oferta).

Esta interação pode se dar, por exemplo, via internet ou telefone.

Você já observou que há um dilema no mercado?


Enquanto os compradores querem pagar o menor preço por um
determinado produto, os vendedores querem vendê-lo ao maior
preço possível.

46
Fundamentos Econômicos

Ou seja, o mercado implica a negociação entre o comprador e o


vendedor. O maior exemplo disto são os mercados árabes, nos
quais os compradores pechincham o preço de um determinado
produto, e os vendedores, já sabendo disso, colocam o preço
acima daquele valor que desejam receber.

Seção 4 – A lei da oferta e da demanda


Da interação entre as curvas de demanda e de oferta surge o
preço de mercado, bem como a quantidade transacionada.

Os preços tendem a um valor que iguala as quantidades ofertadas


e demandadas. Esta é a lei da oferta e da demanda.

Preço ($)
O

p*

q* D
Quantidade do produto
Figura 2.5 – O equilíbrio de mercado
Fonte: Elaboração do autor.

A figura 2.5 mostra, de forma simples, como funciona um


mercado. Você pode observar que a interação entre a demanda e
a oferta gera um preço (p*) e uma quantidade que é produzida e
vendida (q*). Chamamos este preço (p*) de preço de equilíbrio e
esta quantidade (q*) de quantidade de equilíbrio.

Unidade 2 47
Universidade do Sul de Santa Catarina

Você sabia?
O ponto de equilíbrio da Torre de Pisa
Você sabia que a Itália gastou US$ 27 milhões para
diminuir a inclinação da Torre de Pisa, o famoso
edifício circular de mármore? A olho nu, a correção é
imperceptível. O desvio, que alcançou quatro metros
em 1990, ficou apenas 14 centímetros menor, o
suficiente para resgatar o ponto de equilíbrio e salvar o
monumento da destruição.

Seção 5 – O ponto de equilíbrio na prática


Para você entender melhor a noção de equilíbrio, acompanhe a
seguir um exemplo de como funcionam os mercados. Veja um
caso fictício do mercado de milhos.

O quadro 2.3 mostra alguns preços e as quantidades de demanda


e oferta do milho. Você pode perceber que:

„„ o preço de equilíbrio (p*) é igual a $ 7,00;

„„ a quantidade de equilíbrio (q*) é igual a 80 sacas de milho;

„„ o preço de equilíbrio é $ 7,00 porque a quantidade


demandada é igual a quantidade ofertada. O que
significa dizer que não falta nem sobra produto no
mercado.

Assim, pode-se dizer que todo e qualquer mercado


sempre tende ao equilíbrio. Ou seja, de um modo ou
de outro o mercado chega no preço e na quantidade
de equilíbrio.

Para perceber isso, suponha que o mercado de milho, por


exemplo, passe a operar a um preço muito baixo. Pense no
valor de $ 2,00. Este preço é muito baixo, tão baixo que a este
valora quantidade demandada é de 150 sacas de milho. Só que

48
Fundamentos Econômicos

este preço de $ 2,00 não motiva os empresários. Então, eles só


produzem 20 sacas de milhos. Moral da história: claramente o
mercado não está em equilíbrio, pois falta milho no mercado.
Neste caso, a tendência é de aumento de preço do produto.

O que dá valor a um bem é a sua escassez ou o excesso


de produtos à disposição das pessoas.

Quando o preço é muito baixo, ele tende a aumentar, pois há mais


pessoas querendo demandar do que pessoas desejando ofertá-lo.

Qte demandada Qte ofertada


Preço ($)
(sacas de milho) (sacas de milho)
12,00 20 150

10,00 50 120

7,00 80 80

5,00 120 50

4,00 130 30

2,00 150 20

1,00 180 10

Quadro 2.3 – Mercado de milho


Fonte: Elaboração do autor.

Agora, suponha o exemplo contrário. Imagine que o mercado,


por um erro qualquer, passe a vender o milho a $ 12,00. A
este preço, a quantidade demandada diminui para 20 sacas de
milho. Em contrapartida, aumenta o incentivo aos empresários
para que produzam mais, então a produção passa a ser de 150
sacas de milho. Moral da história: ao preço de $ 12,00 sobra
produto no mercado. Ou seja, sobram 130 sacas de milho. No
jargão empresarial, o dito é que se formou estoque. E, quando há
estoque, os empresários tendem a reduzir o preço.

De modo que você pode concluir que os preços, de


uma forma ou de outra, sempre tendem ao equilíbrio.
Quando o referido é o preço de equilíbrio, tem-se que
levar em conta a natureza de cada produto.

Unidade 2 49
Universidade do Sul de Santa Catarina

Que tal mais um exemplo?

Quando você lê no jornal a cotação diária do dólar


e ao se acompanhar esta cotação por vários dias
seguidos, pode-se notar que a cada dia o dólar tem
um equilíbrio diferente. Isto acontece porque é um
produto muito transacionado, e que sua demanda e
sua oferta dependem de uma série de fatores.
Já a gasolina tem um preço de equilíbrio mais difícil
de mudar. Um mesmo preço para a gasolina pode
permanecer por meses.

E quando existem muitos consumidores e produtores?


Neste caso, para o comportamento do ponto de equilíbrio,
ocorrerá provavelmente que nenhum agente econômico seja capaz
de manipular o mercado, fixando o preço unilateralmente.

Uma vez que o preço de equilíbrio será p*, e q* unidades


transacionadas. Para qualquer nível de preço mais alto, como, por
exemplo, p1, haverá um excesso de oferta de bens, o que estimulará
uma queda nos preços praticados nos mercados. Da mesma forma,
para qualquer nível de preços abaixo do de equilíbrio, p2, por
exemplo, existirão indivíduos dispostos a consumir quantidades
superiores àquelas existentes no mercado, de forma que esse
excesso de demanda levará a uma alta dos preços.

No mercado competitivo, como se forma o preço?


Uma resposta muito comum tem como base uma lista de
elementos de custos, despesas e impostos.

De um modo geral, porém, embora as empresas objetivem


vender acima de seus custos totais, os preços são formados pela
interação das duas forças: oferta (na qual se encontram os custos)
e demanda. Eventualmente, esses preços podem se situar abaixo
do nível de custos da empresa, que pode operar com prejuízo no
curto prazo.

50
Fundamentos Econômicos

Síntese

Nesta unidade você aprendeu conceitos muito importantes


sobre economia, como o que é demanda e o que é oferta. Estes
conceitos valem para a grande maioria dos produtos/ serviços que
encontramos à nossa disposição no mercado.

Você também entendeu o modo básico de funcionamento dos


mercados de bens e serviços. Aprendeu que o preço dos produtos
é determinado pela interação entre a demanda (consumidores) e a
oferta (produtores/ vendedores), assim os preços sempre tendem
ao equilíbrio.

Quando há mais demanda que oferta, os preços tendem a


aumentar, pois há mais consumidores dispostos a comprar do
que produtos para serem vendidos. Por outro lado, quando há
mais oferta que demanda, os preços tendem a cair, pois se formou
estoque, tal como nas liquidações de fim de ano.

Unidade 2 51
Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação

1) Quais os elementos fundamentais na determinação da demanda de um


produto ou serviço?

2) Pense e escreva um determinado produto que, para você, se comporta


como diz a lei da demanda.

52
Fundamentos Econômicos

3) Para você, há algum produto que não se encaixa na teoria da demanda?


Dê um exemplo.

4) Explique como é determinado o preço de equilíbrio de um bem.

Unidade 2 53
Universidade do Sul de Santa Catarina

5. Provavelmente você sabe, de cabeça, o preço de três produtos


diferentes. Esse era o preço de equilíbrio de mercado destes produtos
quando você os comprou pela última vez? Liste três produtos e seus
respectivos preços de mercado.

Saiba mais

Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, realize


pesquisa nos seguintes livros:

MANKIW, N.G. Introdução à economia. Rio de Janeiro:


Campus, 1999.

SILVA, C. R. L.; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à


Economia. São Paulo: Saraiva. 1996.

TROSTER, R.; MOCHON, F. Introdução à economia. São


Paulo: Makron Books, 1999.

WANNACOTT, P; WANNACOTT, R. Economia. 2. ed. São


Paulo: Makron Books, 1994.

54
3
UNIDADE 3

A teoria da empresa:
produção e custos

Objetivos de aprendizagem
„„ Compreender a teoria elementar da produção.

„„ Entender a importância da análise de custos para


tomada de decisão.

Seções de estudo
Seção 1 Teoria da produção

Seção 2 Função de produção

Seção 3 Teoria dos custos


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Esta unidade lhe apresenta como objeto de estudo a teoria
da empresa. Esta teoria investiga as variáveis determinantes
da oferta, principalmente aquelas relacionadas aos custos e à
concorrência nos mercados.

Nesse sentido, levando em consideração a hipótese básica que


norteia todo o estudo da microeconomia: a de que as empresas
buscam maximizar seus lucros, ou seja, tentam obter o maior
rendimento possível. Pode-se supor que essa hipótese implica
É importante você ter em mente
que maximizar lucros não é o único
considerarmos também que a empresa procura elevar receitas e
objetivo de uma empresa. Mas, por reduzir custos nas suas operações.
enquanto, partiremos do pressuposto
que interessa à empresa apenas Lembre-se: a busca da maximização do lucro orienta a disposição
maximizar seus lucros. da empresa em ofertar produtos, mas esta decisão será afetada
pelas variações nos preços de mercado.

Seção 1 – Teoria da produção


A teoria da produção está preocupada com os produtores que vão
ofertar seus bens e serviços no mercado.

Como você já estudou, a oferta no mercado depende do nível de


preço do produto. Entretanto, a curva de oferta de cada empresa
depende significativamente de seus custos de produção, que, por
sua vez, são limitados pelas tecnologias disponíveis.

Evidentemente, a escolha da tecnologia que uma empresa


utilizará depende dos preços dos insumos.

Nos países em que há abundância de trabalho barato,


como é o caso do Brasil, as tecnologias usadas tendem
a ser mais intensivas em mão de obra.

De fato, quando uma empresa decide sobre a quantidade que


deveria produzir e o preço que deveria fixar para maximizar
seu lucro, ela sofre restrições de toda ordem, impostas pelos

56
Fundamentos Econômicos

vendedores dos insumos necessários para a produção, pelos


compradores de seu produto (curva de demanda), pelos
concorrentes no mercado e pela tecnologia disponível.

Esta última restrição pode ser resolvida dentro da empresa, que


decide sobre sua oferta considerando o fato de que existem apenas
algumas formas viáveis de se produzir a partir dos insumos
disponíveis, ou seja, existem algumas escolhas tecnológicas possíveis.

A função de produção da empresa é uma representação


matemática de como os insumos são combinados e transformados
em produtos a serem ofertados no mercado.

A empresa, então, vai decidir como produzir determinada


quantidade de bens e quanto utilizar de cada insumo, tendo
em vista a tecnologia disponível, de forma a ter o menor custo
possível para um dado nível de produção.

A função de produção relaciona a quantidade


máxima de produção obtida a partir da utilização de
determinadas quantidades de insumos.

Para facilitar o seu entendimento, acompanhe o raciocínio:

Suponha uma determinada empresa que utiliza


apenas três insumos: terra, capital e trabalho - além
da matéria-prima.

O quadro 3.1 mostra a função de produção que relaciona as


quantidades de insumos com as quantidades de produção final.

Terra Capital Trabalho Produção (unidades)

50 25 3 50

50 25 4 90

50 25 5 150

Quadro 3.1 – Relação entre insumos e produção final


Fonte: Elaboração do autor.

Unidade 3 57
Universidade do Sul de Santa Catarina

O quadro 3.1 mostra que, enquanto o fator de produção trabalho


aumenta de 3 para 5 unidades, fazendo o produto também
aumentar, os demais fatores permanecem fixos. Ou seja, suponha
que esta empresa mantenha terra e capital como fatores fixos e
aumente o número de trabalhadores, neste caso a produção tende
a aumentar, como você pode ver na tabela.

A presença de um fator de produção fixo impõe um


limite ao crescimento da produção. Quando isso
ocorre, estamos diante de uma situação de curto prazo.

Qual é a diferença entre o curto e o longo prazo?


„„ Curto prazo é o período em que pelo menos um fator de
produção é fixo.
„„ Longo prazo é o período no qual todos os fatores de produção
podem variar.

O conceito de curto e longo prazo, do ponto de vista


microeconômico, depende do tipo de negócio.
Por exemplo: o longo prazo para uma padaria pode ser de
poucas semanas, período suficiente para iniciar ou expandir
a operação (todos os fatores de produção estão variando). Já
para a indústria aeronáutica, o longo prazo pode ser de alguns
anos, diante da necessidade de tempo para criar ou aumentar a
capacidade de produção.

58
Fundamentos Econômicos

Seção 2 – Função de produção


A função de produção descreve uma relação entre quantidades
de insumo e de produto. À medida que maiores quantidades
de insumo variável (trabalho, por exemplo) são utilizadas, a
produção cresce.

INSUMO => PRODUÇÃO

Mas, em geral, os acréscimos do insumo variável conduzem a


aumentos cada vez menores na produção total, pois há um limite
até o qual a empresa pode se expandir. Afinal, todas as empresas
têm recursos limitados para investimentos e se a demanda não
aumenta, nem sempre é vantajoso para a empresa se expandir.

Seção 3 – Teoria dos custos


Atualmente, a correta análise dos custos de produção é de
fundamental importância para as empresas, principalmente
devido à globalização da economia, que aumentou
significativamente a concorrência que as empresas enfrentam.

Para as empresas utilizarem insumos na produção, elas têm


que comprá-los. Logo, para que haja produção, o empresário
precisa adquirir os fatores de produção. Calculando-se o gasto
do empresário com estes fatores de produção, temos o custo de
produção.

Soma dos gastos com insumos ou fatores de produção = custo de produção

O que são custos de produção?


São os gastos financeiros que as empresas têm para adquirir os
fatores de produção necessários ao processo produtivo.

Unidade 3 59
Universidade do Sul de Santa Catarina

A análise econômica divide os custos totais em fixos e variáveis.


Nesse caso, são considerados:

„„ custos fixos –são os que independem do nível de


produção. Seja a produção 100 mil toneladas, seja 5
mil toneladas ou zero, os custos fixos em que a empresa
incorre não se modificam. Um típico custo fixo é o
aluguel. É comum chamar de custos quase fixos aqueles
que também independem do nível de produção, mas que
só ocorrem quando a empresa apresenta algum nível de
produção (que não zero).

„„ custos variáveis – são os que dependem da produção.


Maiores níveis de produção implicam maiores custos
variáveis. Em geral, a matéria-prima utilizada na
produção é um típico custo variável.

Custos e restrição tecnológica


A contabilidade de custos difere da visão econômica em dois
aspectos principais.

Em primeiro lugar, a contabilidade divide os custos totais em


custos diretos e indiretos. Considera-se:

„„ custo direto todo gasto em fatores de produção


empregados diretamente na linha de produção;

Por exemplo: o trabalhador que opera o alto-forno;

„„ custo indireto, por sua vez, são os fatores de produção


utilizados fora da linha de produção.

Por exemplo: pessoal administrativo.

60
Fundamentos Econômicos

O conceito de custo de oportunidade

Ao tomar uma decisão, a empresa deixa de realizar


outra, sendo este o seu custo de oportunidade.

Além do que você já acompanhou, a análise econômica dos


custos difere da visão contábil pela introdução do conceito de
custo de oportunidade, que simboliza bem o modo de pensar do
economista. Nessa visão, os agentes deparam-se a todo momento
com escolhas, comparando todas as alternativas possíveis do
ponto de vista dos respectivos custos e benefícios.

Ao iniciar suas atividades, uma empresa pode escolher


entre adquirir um prédio que será sua sede ou alugar
um prédio semelhante.
Há casos nos quais é mais vantajoso alugar um edifício
do que comprá-lo. Isto porque a empresa terá menos
dispêndios financeiros.
Assim, se o empresário deixou de alugar para
adquirir uma propriedade, e caso o aluguel fosse
financeiramente mais vantajoso, então o valor deste
foi o custo de oportunidade do empresário. De modo
geral, o custo de oportunidade não é contabilizado
nos livros da empresa.

Sendo assim, para termos da economia, os custos empresariais


podem ser divididos da seguinte maneira:

„„ custos implícitos (custo de oportunidade), definidos


como o valor das alternativas dos recursos;

„„ custos explícitos (custo de produção), registrados


contabilmente.

Unidade 3 61
Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese

Nesta unidade, você pôde compreender algumas das decisões que


as empresas têm que tomar, como por exemplo, que tecnologia de
produção utilizar e as decisões sobre seus custos.

Atividades de auto-avaliação

1) Qual a diferença entre curto e longo prazo?

2) O que são custos fixos? E o que são custos variáveis?

62
Fundamentos Econômicos

3) Qual a diferença entre os custos implícitos e os custos


explícitos? Por que é importante entender os custos implícitos
em uma empresa?

Saiba mais

Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade realize


pesquisa nos seguintes livros:

SILVA, C. R. L.; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à


Economia. São Paulo: Saraiva. 1996.

TROSTER, R.; MOCHON, F. Introdução à economia. São


Paulo: Makron Books, 1999.

WANNACOTT, P; WANNACOTT, R. Economia. 2. ed. São


Paulo: Makron Books, 1994.

WESSELS, W. J. Economia. São Paulo: Saraiva, 1998.

Unidade 3 63
Universidade do Sul de Santa Catarina

64
4
UNIDADE 4

A Contabilidade Nacional

Objetivos de aprendizagem
„„ Compreender como são formados: renda e
produto de uma nação.
„„ Entender o significado dos conceitos: renda
nacional e PIB.

Seções de estudo
Seção 1 A análise macroeconômica

Seção 2 Como medir a produção realizada pelo


sistema econômico?
Seção 3 Dois pontos de vista para examinar e
medir a atividade econômica
Seção 4 Os agregados macroeconômicos
Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade você vai tomar conhecimento de como é constituída
a contabilidade nacional. Estes conhecimentos lhe serão úteis para
integrar seus conhecimentos de Fundamentos Econômicos.

Seção 1 – A análise macroeconômica


A macroeconomia é a parte da economia que estuda o conjunto
das decisões dos agentes econômicos. Ou seja, as decisões
conjuntas dos consumidores, das empresas e do governo.

O objetivo fundamental da macroeconomia é


determinar os fatores que influenciam o nível total da
renda e do produto do sistema econômico.

— Por que os economistas se preocupam em medir a produção


realizada por um determinado país?

Esta resposta pode ser dividida em duas partes:

„„ A primeira, é que você deve lembrar que o problema


fundamental da economia é a escassez de recursos.
Por essa razão, eles devem ser empregados de forma
adequada, para que se consiga a maior quantidade
possível de bens e serviços. Isto lhe remete à questão
da eficiência do sistema produtivo. Essa eficiência,
que consiste na maior produção possível a partir de uma
certa quantidade de fatores da produção, precisa ser
constantemente avaliada. Daí a necessidade de se ter
registros da atividade econômica, considerada em seu
conjunto, que permitam esse tipo de análise.

66
Fundamentos Econômicos

„„ A segunda parte lhe remete a um fato histórico.


Quase todas as pessoas já ouviram falar da grande
crise econômica de 1929, que consistiu na redução
das atividades econômicas, ocasionando, entre outros
problemas, o desemprego. Tivemos, também, as duas
grandes guerras mundiais, que envolveram diversos
países e tiveram grande repercussão na economia. A
partir dessa época e com a presença mais acentuada
do Estado como regulador (gerente) das atividades
econômicas, os economistas passaram a sentir a
necessidade de criar meios que lhes permitissem medir
e avaliar as atividades econômicas desenvolvidas pela
sociedade. E assim, foi que surgiu a contabilidade social
ou nacional.

A contabilidade nacional se insere na moderna


macroeconomia, que nos fornece os meios para a
análise do conjunto da economia de uma sociedade e
nos mostra o desempenho global de uma economia.

Seção 2 – Como medir a produção realizada pelo


sistema econômico?
Note que a produção é contínua no tempo e os bens e serviços
são produzidos e consumidos, sendo necessário produzi-los
novamente, pois grande parte das necessidades humanas exige
um consumo contínuo, como é o caso da alimentação, que precisa
ser satisfeita diariamente.

Em primeiro lugar, foi preciso estabelecer um período de tempo


para que se medisse o total de bens e de serviços produzidos.
Atualmente, esse período é de um ano e corresponde, no Brasil, ao
ano civil, que vai de janeiro a dezembro.

Em seguida, foi preciso estabelecer uma unidade de medida


comum, pois os bens e serviços têm unidades de medida

Unidade 4 67
Universidade do Sul de Santa Catarina

diferentes: o petróleo é medido em barris; o leite, em litros; a


energia elétrica, em quilowats e assim por diante. A maneira
encontrada para que se pudesse somar, ou agregar, a totalidade de
bens e de serviços produzidos foi medi-los em termos monetários,
ou seja, pelo seu preço.

Isto porque o valor de todos os bens e serviços são expressos em


unidades monetárias, pois é o dinheiro que reflete o preço que
eles alcançam no mercado, multiplicando o valor conforme a
quantidade produzida.

Uma vez estabelecido o período que servirá de base para medir a


produção, bem como a unidade de medida em que será expressa essa
grandeza, resta o último problema referente à ótica segundo a qual
será medida a produção econômica.

Seção 3 – Dois pontos de vista para examinar e medir a


atividade econômica
1. A ótica do produto – mas para entendê-la é necessário
conhecer, antes, o conceito de produto.

O produto de uma economia é a soma dos valores


monetários dos bens e dos serviços voltados para
o consumo final e produzidos em um determinado
período de tempo.

Assim, ao se medir a atividade econômica a partir da ótica do


produto, considera-se o preço e a quantidade produzida dos bens e
dos serviços, mas apenas daqueles voltados para o consumo final.

68
Fundamentos Econômicos

Em um automóvel são empregados inúmeros bens


e serviços, como chapas de aço, pneus, serviços de
pintura etc. Entretanto, eles não são computados
no cálculo do produto da economia, pois são bens e
serviços intermediários.
Apenas o número de automóveis produzidos e
multiplicado pelo seu preço é que vai entrar nesse
cálculo, para evitar o problema da dupla contagem,
pois os preços dos bens e serviços intermediários já
estão incluídos no preço final do automóvel.

2. A ótica da Renda – a segunda ótica então, sob a qual se


pode medir a atividade econômica, é a da renda. A renda
dos agentes econômicos é a soma da remuneração paga
aos fatores da produção durante o processo produtivo.

Renda é a remuneração de cada um dos fatores de


produção, logo, a renda de uma economia é a soma da
renda de cada fator de produção.

Renda da Economia = Σ Renda dos fatores de produção

Assim, para se obter a renda de um país, em um determinado


período, são somados os salários, os aluguéis, os juros e os lucros, que
são os pagamentos feitos aos fatores produtivos, ao longo do ano.
O produto de uma economia é expresso em termos monetários,
multiplicando-se a quantidade de bens e de serviços pelos
respectivos preços.

Produto da economia $ = quantidade de produção X preço

A partir daí, você poderia considerar o produto como sendo o


total das vendas num determinado período de tempo mais os
estoques avaliados a preço de mercado.

Produto = $ total das vendas/período de tempo + $ estoques

Isto porque as vendas correspondem à receita dos empresários.

Unidade 4 69
Universidade do Sul de Santa Catarina

Com a receita obtida através da venda de seus produtos, os empresários


remuneram os fatores da produção empregados: salários para os
trabalhadores, juros para o capital, aluguéis para os proprietários e lucros
para eles próprios, pois o lucro é a remuneração do empresário.
Seguindo este entendimento, pode-se dizer que as receitas, ou o
produto da economia, foram direcionados para a remuneração dos
fatores de produção. Chamando o total de pagamentos feitos aos
fatores de produção de renda, chega-se a uma identidade fundamental
na teoria macroeconômica.

Renda = produto

Até aqui você está estudando um sistema econômico


bastante simples, constituído apenas de empresas e
consumidores. Não existe, nele, o setor público, ou
seja, o governo, que recolhe os impostos e as taxas,
nem o resto do mundo, de onde importamos e para
onde exportamos bens e serviços.

Assim, a identidade renda igual a produto só é válida para


um sistema econômico simples, que é constituído de empresas
e consumidores. Além disso, há a condição de que as pessoas
gastem toda sua renda na aquisição de bens e de serviços, ou seja,
não façam poupança.

Considere outro sistema econômico simples, que


é formado por empresas e famílias. Suponha que a
quantidade de bens e de serviços produzidos pelas
empresas, multiplicada pelos seus respectivos preços,
seja igual a 1 milhão de reais. Esse valor é o produto
desse sistema econômico. Entretanto, para obter
esse produto, os empresários gastaram 500 mil reais
em salários e ordenados pagos aos trabalhadores
(fator trabalho). Os empresários gastaram ainda 200
mil reais em aluguel (fator terra), 100 mil reais em
juros aos bancos (fator capital) que emprestaram
recursos financeiros aos empresários. E, finalmente,
200 mil reais de lucro, que é a remuneração dos
empresários, ou seja, o pagamento pelo seu trabalho.

70
Fundamentos Econômicos

Seção 4 – Os agregados macroeconômicos


A contabilidade nacional mede a atividade econômica a partir
de sua expressão mais genérica (o produto da economia), para,
em seguida, e a partir dele, introduzir novos conceitos e assim se
observar a atividade econômica.

Os agregados
Esses conceitos são chamados de agregados e recebem essa
denominação pelo fato de não serem simplesmente uma soma
de parcelas que se expressam da mesma forma e na mesma
unidade de medida, mas sim uma soma de coisas diferentes
(bens e serviços) cujo volume físico é expresso nas mais diferentes
unidades de medida.

No entanto, os bens e serviços podem ser adicionados quando são


traduzidos numa unidade comum de medida, ou seja, a moeda.

O sistema econômico real


O sistema econômico de um país é a soma da interação das
atividades econômicas exercidas pelas famílias, pelas empresas,
pelo governo e pelos outros países. As famílias atuam no sistema
econômico consumindo. As empresas, por sua vez, realizam
investimentos, como a compra de máquinas e equipamentos, e
contribuem para o aumento da capacidade produtiva do país. O
governo, que é o principal agente em uma economia, contribui
por meio de seus gastos ou do consumo da administração pública.

Produto interno bruto (PIB)


O primeiro agregado é o Produto Interno Bruto (PIB), que
corresponde ao conceito de produto da economia, ou seja, à soma
dos valores monetários dos bens e dos serviços finais, produzidos
a partir dos fatores de produção que estão dentro das fronteiras
geográficas do país.

Unidade 4 71
Universidade do Sul de Santa Catarina

Considerando a presença do Estado nas atividades econômicas,


há duas maneiras de se medir o Produto Interno Bruto (PIB) de
uma economia:

„„ PIB a preços de mercado: é a soma dos valores monetários


dos bens e serviços produzidos, computando-se os
impostos indiretos e subtraindo-se os subsídios.

„„ PIB a custo de fatores: é a soma dos valores monetários


dos bens e serviços produzidos, subtraindo-se os
impostos indiretos e somando-se os subsídios.

A presença do governo num sistema econômico tem a


possibilidade de modificá-lo através do seu efeito sobre o preço
dos bens e dos serviços e sobre a remuneração dos fatores de
produção.

Componentes do PIB
Podemos mostrar o PIB através da equação abaixo:

PIB = C + I + G+ X – M

Onde
C = Consumo das famílias
I = Investimento das empresas
G = Gastos do Governo
X = Exportações
M = Importações

Consumo das Famílias


Quando mencionamos a variável consumo, nos referimos aos
gastos que as pessoas fazem com bens de consumo, tais como,
alimentos, roupas, remédios, supérfluos etc.

72
Fundamentos Econômicos

Investimento
Já a variável investimento refere-se aos investimentos feitos pelas
empresas, com o objetivo de aumentar a produção. Por exemplo,
quando uma empresa compra uma nova máquina, consideramos
que houve um investimento.

Gastos do Governo
Já os gastos do governo referem-se às diversas despesas deste. Por
exemplo, o pagamento de funcionários públicos, construção de
novas escolas e hospitais.

Exportações e Importações
Por fim, ao nos referirmos às exportações e importações
queremos enfatizar que o comércio exterior também interfere na
formação do PIB de um país. Note que a variável importações
(M) é a única da equação assinalada com o sinal negativo,
significando que quando estas aumentam, há uma redução no
PIB (caso não haja variação em nenhuma outra variável).

Veja nos quadros abaixo a contribuição destas variáveis para a


composição do PIB brasileiro nos anos de 2004 a 2008.

2004 2005 2006 2007 2008


C 1.160.611,00 1.294.230,00 1.428.906,00 1.594.067,00 1.786.840,00
I 332.333,00 347.976,00 397.027,00 487.761,00 627.158,00
G 373.284,00 427.553,00 474.773,00 539.061,00 612.105,00
X 318.892,00 324.842,00 340.457,00 355.672,00 414.295,00
M -243.622,00 -247.362,00 -271.679,00 -315.217,00 -408.534,00
Total 1.941.498,00 2.147.239,00 2.369.484,00 2.661.344,00 3.031.864,00

Quadro 4.1: PIB sob a ótica da despesa (Em 1.000.000 R$)


Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.

Unidade 4 73
Universidade do Sul de Santa Catarina

2004 2005 2006 2007 2008


C 59,78 60,27 60,30 59,90 58,94
I 17,12 16,21 16,76 18,33 20,69
G 19,23 19,91 20,04 20,26 20,19
X 16,43 15,13 14,37 13,36 13,66
M -12,55 -11,52 -11,47 -11,84 -13,47
100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Quadro 4.2: PIB sob a ótica da despesa (Em %)


Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.

Renda Pessoal (RP)


Considere, mais uma vez, a intervenção do Estado na economia.
Se você subtrair da renda nacional os lucros retidos pelas empresas,
os impostos diretos das empresas (Imposto de Renda) e as
contribuições feitas à Previdência Social, e somar as transferências
do governo, ou seja, as despesas do governo com inativos,
pensionistas, salário-família e outros benefícios pagos pela
previdência social mais os juros pagos, terá a Renda Pessoal (RP).

A Renda Pessoal é o agregado macroeconômico


destinado aos consumidores residentes no país.

Que tal um exemplo?

Suponha que o governo arrecade 70 bilhões com o


imposto de renda das empresas e contribuições feitas
à Previdência Social e transfere, para as pessoas, 50
bilhões como benefícios pagos pela Previdência
Social e 5 bilhões de juros. O resultado então será uma
Renda Pessoal de 170 bilhões.

74
Fundamentos Econômicos

Acompanhe passo a passo o raciocínio:

Consumo 185 bilhões (Produto Nacional Líquido a custo de fatores)

- 70 bilhões (Imposto de Renda das empresas e contribuições à Previdência Social)

+ 50 bilhões (benefícios pagos pela Previdência Social)

+ 5 bilhões (juros pagos pelo governo)

= 170 bilhões (Renda Pessoal)

Quadro 4.3: Renda pessoal


Fonte: Elaboração do autor.

Renda Pessoal Disponível (RPD)


Se você subtrair da renda pessoal os impostos diretos pagos pelas
pessoas, ou seja, imposto de renda, chegará ao conceito de Renda
Pessoal Disponível (RPD), que é a quantia que permanece em
poder das pessoas para ser consumida ou poupada.

Imagine que as pessoas tenham pago o equivalente a


30 bilhões de imposto de renda. Então, nesse país, terá
uma Renda Pessoal Disponível de 140 bilhões, obtida
da seguinte maneira:

170 bilhões (Renda Pessoal)

- 30 bilhões (Imposto de Renda pago pelas pessoas)

= 140 bilhões (Renda Pessoal Disponível)

Você viu que a produção realizada por um sistema econômico é


destinada à satisfação das necessidades das pessoas. Esse sistema
econômico não permanece estável no decorrer do tempo. Ele se
modifica, cresce e atravessa crises, tudo isso com conseqüências
sobre as pessoas que o integram.

Unidade 4 75
Universidade do Sul de Santa Catarina

Um dos campos de interesse dos economistas, e também do


governo, é o nível de bem-estar dos habitantes de um país. Esse
nível de bem-estar, apesar de ser um conceito subjetivo, pode
ser aproximado através da quantidade de bens e de serviços
disponíveis, por período de tempo, para as pessoas.

Se a quantidade de bens e serviços disponíveis aumentou de um


ano para outro mais do que o aumento da população pode-se
dizer que aumentou o bem-estar das pessoas desse país. Isso
aconteceria se o aumento do produto (lembre-se que produto é
renda) tivesse sido distribuído igualmente entre as pessoas.

As observações acima permitem que você conclua que há


virtudes e limitações dos agregados macroeconômicos:

„„ os agregados servem para o estudo e o acompanhamento


da evolução do sistema econômico no decorrer do tempo;

„„ através dos seus vários conceitos, é possível avaliar o


papel do governo, do setor externo e das empresas na
economia.

Você deve notar ainda que há uma limitação da contabilidade


nacional como instrumento de análise.

Ela não nos diz de que forma o produto é distribuído entre os


habitantes do país. Assim, uma economia pode apresentar taxas
de crescimento elevadas de seu produto, o que não quer dizer que
o crescimento seja igualmente distribuído entre as pessoas.

Nesse caso, fica difícil dizer alguma coisa a respeito do nível de


bem-estar, pois o bem-estar de algumas pessoas aumentou, mas o
de outras não. O que é exatamente o caso do Brasil.

De qualquer forma, a contabilidade nacional tem se mostrado útil


para analisar o funcionamento do sistema econômico como um
todo, pois fornece ao governo elementos que permitem dirigir as
medidas de política econômica para os objetivos estabelecidos.

76
Fundamentos Econômicos

Síntese

Nesta unidade, você começou a aprender os principais conceitos


macroeconômicos. Dentre estes, destaca-se o PIB, que é de suma
importância, pois reflete a renda de uma população. E, como PIB
é a renda, mede a capacidade de consumo de uma região.

Atividades de autoavaliação

1) Por que é importante estudar a contabilidade nacional?

2) O que é PIB? Por que você acha que é importante para um empresário
conhecer o PIB da região onde pretende montar uma nova empresa?

Unidade 4 77
Universidade do Sul de Santa Catarina

3) Por que dizemos que a renda é igual ao produto?

Saiba mais

Pesquisar os seguintes livros:

SILVA, C. R. L.; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à


Economia. São Paulo: Saraiva. 1996.

TROSTER, R.; MOCHON, F. Introdução à economia. São


Paulo: Makron Books, 1999.

MEURER, R.; SAMOHYL, R. Conjuntura econômica:


entendendo a Economia no dia-a-dia. Campo Grande: Oeste,
2001, 124 p. (disponível gratuitamente em www.qualimetria.
ufsc.br).

WESSELS, W. J. Economia. São Paulo: Saraiva, 1998.

78
5
UNIDADE 5

Consumo e poupança

Objetivos de aprendizagem
„„ Entender a relação, no processo de formação da renda,
entre consumo e poupança.

Seções de estudo
Seção 1 O consumo

Seção 2 Poupança e investimento

Seção 3 O que é investimento?


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo

Um dos agregados macroeconômicos é a Renda Pessoal Disponível,


ou seja, aquele montante que as pessoas têm a seu dispor para
consumir ou poupar.

Vamos estudar nesta unidade como ocorre a relação entre consumo e


poupança no processo de formação de renda.

Seção 1 – O consumo
Pense no caso de uma pessoa que recebe seu salário, que é a
remuneração do seu trabalho, no final do mês. Com esse salário,
que é sua Renda Pessoal Disponível, ela realizará uma série de gastos
necessários para sua sobrevivência e satisfação de suas necessidades.

Renda Disponível = Renda Bruta - descontos

Renda Disponível é a Renda Bruta menos os descontos


como gastos com impostos e contribuições sociais.

Esses gastos podem ser divididos em três componentes,


dependendo da natureza do bem ou do serviço que for adquirido,
acompanhe a seguir.

„„ Bens de consumo não duráveis. São bens cuja vida


útil é relativamente curta, como alimentos, roupas e
combustível.

„„ Serviços de consumo. O que distingue os bens não


duráveis dos serviços de consumo é o fato de que, no
segundo caso, a pessoa não está comprando um objeto
com existência física própria, mas um serviço prestado
por outra pessoa ou por um equipamento. Compreendem
as despesas feitas com aluguel, médicos, barbeiro,
cinemas, transporte etc.

80
Fundamentos Econômicos

„„ Bens de consumo duráveis. Estes bens têm vida útil


maior do que os bens não duráveis de consumo, como
eletrodomésticos em geral, automóveis, móveis etc.

Seção 2 – Poupança e investimento


Conforme você aprendeu, as pessoas podem com a sua renda
consumir bens não duráveis, serviços e bens duráveis. Mas
também, as pessoas podem consumir todos os produtos que
acham necessário durante o mês, e, ainda pode restar uma parte
da renda.

Essa parte da renda que não é consumida chama-se poupança.

Sendo

renda = consumo + poupança

então

poupança = renda - consumo.

Ou, esta identidade pode ser expressa da seguinte forma:

S=Y-C

Onde:
S = poupança (em inglês, saving)
Y = renda (em inglês, yield)
C = consumo (em inglês, consumption).

Desta forma, você pode concluir que há apenas duas coisas que
pode fazer com sua renda: consumir e poupar. Em outras palavras,
significa dizer que a renda é composta pelo consumo e pela poupança.

Unidade 5 81
Universidade do Sul de Santa Catarina

Assim, pergunta-se:

O que as pessoas fazem com a sua poupança, ou seja,


com a parcela de sua renda que não é consumida?

Para você poder responder a essa pergunta adequadamente, é


necessário antes acompanhar algumas considerações sobre o lado
real do sistema econômico.

Até agora foi apresentado o fluxo monetário do sistema


econômico, o lado da renda. Lembre-se, ainda, de que o fluxo
real, ou lado real da economia, corresponde aos bens e serviços
produzidos por período de tempo.

Você já tomou conhecimento também que o lado real é igual


ao lado monetário, ou seja, a renda é igual ao produto. Essa
igualdade indica que o total dos bens e serviços produzidos por
período de tempo era vendido para que a receita das vendas
remunerasse os fatores de produção.

E nesta unidade, você já pode concluir que a renda disponível é o


principal determinante do consumo.

O que acontece se as pessoas poupam uma parte


de sua renda e não a gastam integralmente em
consumo?

Uma parte do produto, isto é, dos bens e serviços produzidos, não


será vendida, havendo uma variação, num determinado período
de tempo, nos estoques do sistema econômico.

Como o estoque de uma economia é formado pelos bens que não


foram vendidos no período de tempo em que foram produzidos,
mais o estoque no início do período, você pode considerar que a
variação de estoques por período de tempo é igual à poupança no
mesmo período.

Do ponto de vista do lado real do sistema econômico, a formação


de estoque significa investimento.

82
Fundamentos Econômicos

Seção 3 – O que é investimento?


Quando o referido é investimento, está se falando da aplicação
de recursos em empresas (novas empresas ou ampliação das
empresas já existentes).

Investimentos devem, ao final de um período, gerar


lucro para o empresário. E, de acordo com o Dicionário
de Economia, investimento é a aplicação de capital
em meios que levam ao aumento da capacidade
produtiva, ou do produto.

O estudo dos investimentos é crucial para a atividade econômica,


pois são as empresas que, ao investir, geram empregos e renda
para a população.

E as empresas, para investir, precisam de capital. E este capital está


disponível para elas nos bancos. Mas, o capital ou dinheiro que
está nos bancos pertence às pessoas e famílias que guardam seu
dinheiro. E é justamente esse dinheiro que os bancos emprestam
às empresas.

Portanto, pode-se dizer que a poupança é igual ao investimento,


no mesmo período. Isso nos leva à igualdade fundamental da
macroeconomia, dada por:

S=I

Onde:
S = poupança
I = investimento

Em resumo, o investimento se manifesta de três maneiras:

„„ construção de novas fábricas e máquinas para as


empresas;
„„ construção de novas casas residenciais;
„„ variação dos estoques.

Unidade 5 83
Universidade do Sul de Santa Catarina

Quais os principais determinantes do investimento?


Os principais determinantes do investimento são:

„„ as expectativas dos empresários: os empresários têm


certas expectativas sobre o rumo da atividade econômica.
Estas expectativas direcionam suas decisões sobre
investimentos;

„„ a taxa de juros: a taxa de juros é o preço do dinheiro


emprestado. Ou seja, ao pedir um empréstimo, você
paga juros sobre o total emprestado. Desta forma, o
empresário tende a investir mais quando a taxa de juros
é menor, pois ele terá menos custos com empréstimos e
financiamentos;

„„ a capacidade instalada: a capacidade de uma empresa


refere-se às instalações produtivas que ela tem. Quando
a empresa produz menos do que sua capacidade permite,
ela conta com excesso de capacidade e não terá motivos
para fazer novos investimentos.

Relacionando os conceitos estudados até agora com


o sistema econômico como um todo, você pode
concluir que:
„„ o consumo do sistema econômico é a soma das
despesas de consumo realizadas por todas as
pessoas, por período de tempo;
„„ a soma das poupanças das pessoas é igual à
poupança do sistema econômico;
„„ a poupança da economia é igual ao investimento,
que é formado pela variação nos estoques e pelos
gastos dos empresários para aumentar a capacidade
produtiva da economia.

Convém lembrar que os empresários são pessoas e que os gastos


em investimentos são feitos, em parte, com suas poupanças,
sendo o restante do investimento feito com a poupança do
sistema econômico. Mais tarde, quando você estudar o Mercado
de Capitais, entenderá como a poupança das pessoas é transferida
para os investimentos.

84
Fundamentos Econômicos

Síntese

Nesta unidade você aprendeu a importância de algumas variáveis


como o consumo (que é a parcela da renda utilizada na compra
de bens e serviços) e poupança (que é parcela da renda que é
guardada para ser consumida no futuro, por exemplo, para se
comprar um carro ou viajar).

Você também aprendeu que a poupança que as pessoas fazem é


canalizada para os investimentos empresariais, pois é no banco
que os empresários tomarão empréstimos para abrir novas
empresas ou expandir as empresas já existentes.

Atividades de autoavaliação

1) O que são bens de capital, bens de consumo duráveis e bens


não duráveis?

Unidade 5 85
Universidade do Sul de Santa Catarina

2) O que determina o consumo das pessoas?

3) Por que poupança é igual a investimento?

4) Explique os principais determinantes do investimento.

86
Fundamentos Econômicos

Saiba mais

Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade realize


pesquisa nos seguintes livros:

TROSTER, R.; MOCHON, F. Introdução à economia. São


Paulo: Makron Books, 1999.

WESSELS, W. J. Economia. São Paulo: Saraiva, 1998.

MEURER, R.; SAMOHYL, R. Conjuntura econômica:


entendendo a economia no dia a dia. Campo Grande: Oeste, 2001

Unidade 5 87
Universidade do Sul de Santa Catarina

88
6
UNIDADE 6

O papel do governo

Objetivos de aprendizagem
„„ Entender o papel do governo ou do Estado em
uma economia de mercado.
„„ Conhecer os principais instrumentos que o
governo utiliza para intervir na economia.

Seções de estudo
Seção 1 Um pouco de história

Seção 2 Quais as principais funções do setor


público?
Seção 3 A participação do Estado na economia

Seção 4 Os instrumentos do governo

Seção 5 O orçamento do governo

Seção 6 Como é que funciona a política fiscal?

Seção 7 O déficit e seu financiamento


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Ao longo da história, o nível de intervenção do Estado na
economia tem variado bastante. Há épocas em que quase não
se nota a presença do Estado. Mas, há épocas em que o Estado
intervem com frequência no dinamismo da economia.

Seção 1 – Um pouco de história


Até 1929, quase não se percebia, nos países desenvolvidos, a
intervenção do governo na economia. Tal situação chamava-se
liberalismo. Neste ano, houve uma forte crise econômica que
abalou todos os mercados do mundo, iniciada na quebra da
bolsa de Nova Iorque. Isto deu início à Grande Depressão e, na
maioria dos países ocidentais, houve uma grande recessão.
Recessão é um fenômeno
caracterizado por queda da
produção, aumento do desemprego,
diminuição dos lucros e aumento do Objetivos da intervenção do Estado
número de falências e concordatas.
No entanto, nessa época havia na Inglaterra um economista
chamado John Maynard Keynes, que escreveu uma obra muito
importante: Teoria Geral do Emprego, dos Juros e do Dinheiro.
Keynes, que era banqueiro e professor de economia em
Cambridge, propôs uma atitude ativa por parte dos governos
diante de crises econômicas que terminassem em recessão. Em
outras palavras, ele defendeu que o governo tinha que aumentar
seus gastos como mecanismo de combate à depressão econômica.

90
Fundamentos Econômicos

Para entender o que Keynes quis dizer:


Imagine um país bem pequeno, onde o único produto que os
habitantes fazem é maçã. Imagine também que este país está
em recessão. Ou seja, os produtores não estão conseguindo
vender a maior parte das maçãs que produzem. Agora, pense se
o governo deste país resolver, utilizando o dinheiro que arrecada
com impostos e taxas, comprar as maçãs que os produtores
não conseguem vender no mercado. Então, isso iria aumentar
o faturamento e o lucro dos produtores, que, por sua vez, iriam
empregar mais gente. Com mais emprego, mais renda teriam as
pessoas para poder comprar maior parte da produção. Ou seja,
criou-se um ciclo virtuoso que gerou mais renda para as pessoas
e os produtores de maçã.

Seção 2 – Quais as principais funções do setor público?


As principais funções do governo são as seguintes:

As funções do governo

fiscalizadora

O governo estabelece e arrecada impostos e taxas.

reguladora

Regula a atividade econômica através de leis e disposições administrativas.


Por exemplo, o governo pode controlar preços (gasolina, por exemplo) e impedir a formação
de cartéis.

provedora de bens e serviços

Através das empresas estatais, pode prover os bens públicos (defesa, saúde, educação) e
bens econômicos (água, energia, telefonia)

redistributiva
O governo pode distribuir melhor a renda entre as pessoas, regiões ou estados,
procurando torná-la mais igualitária (por exemplo, o salário mínimo);

estabilizadora

controle dos agregados econômicos, para evitar as recessões.

Unidade 6 91
Universidade do Sul de Santa Catarina

Objetivos do setor público


O governo, então, tem três grandes objetivos:

„„ maior nível de emprego possível;


„„ estabilidade dos preços, ou seja, controle da inflação; e
„„ crescimento da economia.

Seção 3 – A participação do Estado na economia


O Estado participa de um sistema econômico através dos
governos federal, estadual e municipal, desempenhando o papel
de dois agentes econômicos: o de consumidor e o de produtor.

Estado

Consumidor

Como consumidor de bens e serviços, o Estado adquire tudo aquilo que é


necessário ao funcionamento do poder público, como veículos, armas para o
exército, computadores para as repartições públicas.

O Estado também pode contratar serviços de transporte para seus funcionários ou


contratar empresas para construções de estradas etc.

Produtor

Como produtor, ele fornece à população os chamados bens públicos, como


assistência médica através da Previdência Social, educação, serviço de polícia etc.

Para desempenhar o papel de produtor, o Estado necessita de dinheiro, que


é conseguido mediante os tributos, ou seja, os impostos, que incidem sobre
determinadas atividades econômicas.

92
Fundamentos Econômicos

Seção 4 – Os instrumentos do governo


Para alcançar seus objetivos e garantir uma melhor qualidade de
vida para a população, o governo utiliza a política econômica.
Esta é feita, normalmente, através de instrumentos de política
fiscal e política monetária.

„„ Política fiscal: refere-se às decisões do governo sobre


seus gastos e os impostos que arrecada.

„„ Política monetária: refere-se ao controle da quantidade


de dinheiro que existe em uma economia.

Para efeitos de sistematizar os seus estudos, esta unidade vai se


concentrar somente na política fiscal, que lida com os gastos e os
impostos arrecadados pelo governo.

Os impostos são as receitas públicas criadas por


lei e de cumprimento obrigatório para as pessoas
(contribuintes) contempladas por ela.

Da mesma maneira que no exemplo da maçã, o governo pode


aumentar a velocidade da economia através dos impostos, por
exemplo: reduzindo os impostos sobre a venda da maçã, o que
reduziria o seu preço e aumentaria as vendas.

Qual a diferença entre imposto indireto e subsídios?

Alguns impostos, apesar de incidirem sobre a produção, são


pagos pelos consumidores, pois são adicionados ao preço final do
produto pelos fabricantes. Esse tipo de imposto, que é transferido
do produtor para o consumidor, chamamos de imposto indireto.

Por outro lado, o setor público muitas vezes tem interesse em


que determinados produtos tenham um preço mais baixo para
o consumidor final e concede às empresas que os produzem os
chamados subsídios, que são estímulos que visam a diminuir o
custo de produção de um bem ou de um serviço.

Unidade 6 93
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 5 – O orçamento do governo


O orçamento do governo é uma descrição do plano de gastos e
como ele financiará esses gastos.

Orçamento do governo = Receitas públicas – Gastos públicos

„„ Se as receitas do governo forem maiores que seus


gastos, haverá um superávit orçamentário.

„„ Por outro lado, se os gastos do governo forem maiores


do que a arrecadação (situação comum nos diversos
níveis de governo no Brasil) haverá um déficit
orçamentário.

„„ E o orçamento estará em equilíbrio quando a receita


pública for igual aos gastos públicos.

Assim, as medidas expansionistas (aumento dos gastos do governo


ou redução dos impostos) tenderão a criar déficit no orçamento,
enquanto as medidas restritivas terão o efeito contrário.

Seção 6 – Como é que funciona a política fiscal?

1. Política fiscal expansionista

Aumento dos gastos públicos => Aumento da demanda agregada

Ou

Redução dos impostos => Aumento do consumo privado

Com isso, a produção e o emprego aumentam ( ↑ ).

94
Fundamentos Econômicos

2. Política fiscal recessiva

Redução dos gastos públicos => Redução da demanda agregada

Ou

Aumento dos impostos => Redução do consumo privado

Com isso, a produção e o emprego diminuem ( ↓ ).

Seção 7 – O déficit e seu financiamento


Desde a crise de 1929, em muitos países, o governo vem
aumentando sua participação na atividade econômica. É importante
você atentar para o dado de que o crescimento econômico do
Brasil se deu fortemente amparado no Estado. Ou seja, o Brasil
se desenvolveu graças à presença forte do governo. Exemplos são
as empresas estatais, como as distribuidoras de energia ou as
companhias de água e esgoto.

Essa forte presença do Estado aumentou a necessidade de


financiamentos. Para atender a essas necessidades, o governo tem
três alternativas:

„„ impostos;
„„ criação de dinheiro; e
„„ emissão de dívida pública.

Os impostos são a alternativa natural para se financiar o déficit


público. Porém, quando existe déficit, significa que os impostos
são insuficientes para fazer frente aos gastos.

Outra alternativa possível é a criação de dinheiro. O Banco


Central, que é a instituição do governo responsável pela emissão
de dinheiro, poderia recorrer a este procedimento e atender o
governo. Mas, isso não é tão simples, pois, como você verá na
unidade sobre inflação, isto tende a aumentar a inflação.

Unidade 6 95
Universidade do Sul de Santa Catarina

Uma terceira possibilidade é emitir dívida pública. Neste caso, o


Estado emite, ou seja, vende títulos de renda fixa, por exemplo.
No entanto, tal fato tem o perverso efeito de deslocar a poupança
das pessoas para o setor público. Lembre-se de que a poupança
deve gerar novos investimentos, ou seja, o governo, neste caso,
desvia os recursos do setor empresarial para o setor público.

O equilíbrio orçamentário
Assim, para não ter que aumentar impostos (o que seria uma
medida extremamente impopular), não emitir dinheiro (que causa
inflação) e não aumentar a dívida (o que implica a necessidade
de aumento da taxa de juros), o governo deve equilibrar o seu
orçamento. Ou seja, o governo, assim como qualquer outro agente
da economia, não pode gastar mais do que arrecada.
Em resumo, o equilíbrio orçamentário pressupõe que:

RECEITAS DO GOVERNO = GASTOS DO GOVERNO

Isto vem ocorrendo no Brasil desde o ano de 2000, com a entrada


em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal. Esta lei, como nos
Fonte: site do Ministério do mostra o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é
Planejamento, Orçamento e Gestão -
um código de conduta para os administradores públicos
<www.planejamento.gov.br>.
que passarão a obedecer as normas e limites para
administrar as finanças, prestando contas sobre quanto
e como gastam os recursos da sociedade. Representa
um importante instrumento de cidadania para o povo
brasileiro, pois todos os cidadãos devem ter acesso às
contas públicas, podendo manifestar abertamente sua
opinião, com o objetivo de ajudar a garantir sua boa gestão.

Ou seja, a Lei de Responsabilidade Fiscal tem como objetivo


garantir que os governantes não gastem mais do que arrecadam,
tornando a gestão dos recursos públicos mais disciplinada.

96
Fundamentos Econômicos

A crise econômica mundial e a reação do governo brasileiro


Em setembro de 2008, uma crise econômica se alastrou pelo planeta
a partir da chamada crise dos subprimes, nos Estados Unidos. A crise
econômica provocou uma recessão em diversos países, inclusive no
Brasil. Porém, devido a alguns aspectos da economia brasileira, o
país pouco sofreu com ela. Mas, é possível lembrar que o governo
brasileiro exerceu uma política fiscal expansiva.
Em dezembro daquele ano, o governo anunciou um pacote
de medidas contra a crise econômica. Uma das principais
medidas adotadas foi a redução do IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) para veículos automotores. Os modelos
equipados com motores de até 1 litro, que pagavam 7% de
imposto, passaram a ser isentos. Os modelos equipados com
motores entre 1 e 2 litros sofreram redução da alíquota. As
picapes de até 2 litros também sofreram redução. Já os carros com
motores superiores a 2 litros mantiveram as alíquotas de 25%
(gasolina) e 18% (álcool ou flex).
Assim, se há menos imposto indireto, os produtos ficam mais
baratos, e, consequentemente, aumenta-se a demanda. Como a
indústria de automóveis é intensiva em mão de obra e capital, e
tem relações diretas com outras indústrias (autopeças, borracha,
alumínio, aço, plástico etc.), este aumento da demanda de carros
contribuiu para reaquecer a economia, mantendo-se o nível de
emprego e bem-estar que já havia sido alcançado.
Concluímos que o governo exerceu uma política fiscal expansiva
visando a minimizar os efeitos da crise econômica no Brasil.

Síntese

Nesta unidade, você estudou que o governo (Estado) tem funções


de suma importância no sistema econômico, afinal, o Estado é
o maior agente econômico. Desta forma, o governo tem funções
importantes a desempenhar para garantir o bom funcionamento
da economia, e, consequentemente, do país.

Unidade 6 97
Universidade do Sul de Santa Catarina

Você estudou também que o governo tem uma importante


ferramenta, chamada política fiscal, que se refere às suas receitas
e despesas para dinamizar a economia.

Atividades de autoavaliação
1) Quais são as funções fundamentais do setor público?

2) Como o governo pode promover uma política fiscal


expansionista ou expansiva?

98
Fundamentos Econômicos

3) Quando o governo incorre em déficit público?

4) Dê um exemplo de empresa pública brasileira. Para você, a existência


de uma empresa pública pode ser explicada pelo que
você leu nesta unidade?

Unidade 6 99
Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

SILVA, F. G.; JORGE, F. T. Economia aplicada à


administração. 2 ed. São Paulo: Futura, 1999.

MANKIW, N. G. Introdução à economia. Rio de Janeiro:


Campus, 1999.

MEURER, R.; SAMOHYL, R. Conjuntura econômica:


entendendo a Economia no dia-a-dia. Campo Grande: Oeste,
2001, 124 p.

SILVA, C. R. L.; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução


à Economia. São Paulo: Saraiva. 1996.

100
7
UNIDADE 7

A moeda e o sistema financeiro

Objetivos de aprendizagem
„„ Entender a importância da moeda para o sistema
econômico como um todo.
„„ Compreender o conceito de inflação.

„„ Conhecer as principais causas da inflação.

„„ Conhecer o papel do Banco Central.

„„ Compreender como são determinadas as taxas de


juros, ou seja, o valor do dinheiro.
„„ Entender como funciona o Sistema Financeiro Nacional.

Seções de estudo
Seção 1 A moeda

Seção 2 A inflação

Seção 3 A taxa de juros de equilíbrio

Seção 4 O papel do mercado monetário

Seção 5 A política monetária na prática

Seção 6 Os bancos comerciais

Seção 7 O sistema financeiro e de crédito


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, você irá aprender o conceito de moeda, ou seja, o
assunto em questão será o dinheiro. Entender a sua importância
é fundamental para o entendimento do sistema financeiro e das
complexas transações econômicas atuais. Veja também como
surgiu a moeda e quais suas funções no mundo atual.

Em seguida, você irá refletir e discutir sobre um assunto muito


falado e comentado no Brasil: a inflação. Você estudará quais
são os efeitos da inflação para as empresas, para as pessoas e
para o governo.

Uma das variáveis macroeconômicas mais importantes, e que


você já deve ter ouvido falar dela várias vezes, é a taxa de juros.
Esta taxa é simplesmente o preço do dinheiro, ou melhor
dizendo, é a remuneração que o tomador de um empréstimo
deve pagar ao dono do capital. Em suma, é o valor do dinheiro
Sandroni, P. Dicionário de
Economia. 6 ed. São Paulo: Best
ao longo do tempo.
Seller, 1989.

Seção 1 – A moeda

Para que serve a moeda?


Você, até agora, pôde perceber que as trocas são facilitadas
com a utilização de dinheiro ou moeda. Em outras palavras,
para atender um dado volume de negócios, necessita-se de
determinada quantidade de moeda.

Nas economias mais rudimentares não havia moeda ou dinheiro.


As trocas eram diretas, denominadas de escambo. No escambo,
as trocas são realizadas sem dinheiro.

102
Fundamentos Econômicos

Você sabia?
Que o escambo foi a primeira relação econômica entre
portugueses e nativos no Brasil?

Para exemplificar, confira o exemplo do alfaiate e do agricultor:

Caso o alfaiate desejasse se alimentar, ele teria que dar


roupas para o agricultor. Mas, e se o agricultor não
necessitasse de roupas?

A troca realizada através do escambo tem sérios inconvenientes.


Primeiro, exige que cada pessoa encontre alguém disposto a
adquirir precisamente o que essa pessoa tem para trocar.

Em outras palavras, o escambo exige uma coincidência de desejos.

O segundo inconveniente refere-se à dificuldade em determinar


um valor para alguns bens.

Ainda no exemplo do alfaiate e do agricultor: quantas


peças de roupa poderiam ser trocadas por um quilo de
alimento?

Esses dois inconvenientes fazem com que o escambo seja inviável


e permitem a introdução da moeda no sistema de trocas.

Então, a moeda é na verdade um bem como outro qualquer, mas


com uma característica especial: todos aceitam moeda em troca
de uma mercadoria.

Assim, você pode notar que a moeda tem basicamente três funções:

1. meio de troca: utilizada para comprar bens e serviços;

2. padrão comum de valores: serve para cotar os preços;

3. reserva de valor: armazena a riqueza. Podemos guardar


dinheiro para gastá-lo em um futuro próximo. Ou seja,
fazer poupança.

Unidade 7 103
Universidade do Sul de Santa Catarina

A história da moeda
Em princípio, qualquer mercadoria poderia ser utilizada como
moeda. Historicamente, as primeiras formas de moeda foram:
sal, trigo e gado. Como eram ineficientes, surgiu a moeda
metálica (durabilidade). Com o objetivo de evitar falsificações,
surgiu a moeda metálica cunhada.

Os últimos séculos assistiram a duas importantes inovações:


papel-moeda e a moeda escritural.

Labirinto de Cnossos, estáter O papel-moeda surgiu aos poucos como simples certificado
grego de prata – 450 aC. Imagem de depósito nos bancos comerciais, seguindo como certificado
da moeda extraída do site: http://
marina.ribeiro.sites. uol.com.br/ transferível de depósito (moeda-papel) e finalmente
moeda/moeda1.htm. comocertificado inconversível (papel-moeda). A moeda vale,
portanto, pela sua capacidade de adquirir outras mercadorias (não
tem valor pelo seu uso direto).

A moeda escritural surgiu com o desenvolvimento dos bancos


comerciais. É representada pelos depósitos bancários à vista, os
quais possuem liquidez equivalente à moeda legal.

Saiba mais sobre moeda em: <http://pt.wikipedia.org/


wiki/moeda>

Os meios de pagamento na economia moderna


Os meios de pagamento em uma economia moderna são:

„„ o papel-moeda em poder do público (saldo do papel moeda


emitido menos os encaixes em moeda corrente dos bancos);

„„ os depósitos à vista do público na rede bancária.

Portanto, qualquer papel-moeda emitido que não se encontra de


posse do setor bancário da economia (Banco Central e bancos
comerciais) é o que está em poder do público (Governo Federal,
população em geral e instituições financeiras não bancárias).

104
Fundamentos Econômicos

As classificações da moeda
Os conceitos de Meios de Pagamento utilizados pelo Banco
Central do Brasil:

Meios de Pagamento restritos:

M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista

Meios de Pagamento ampliados:

M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança +


títulos emitidos por instituições depositárias

M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas


registradas no Selic

Poupança financeira:

M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez

Depósitos a prazo – CDB/RDB, letras de câmbio e letras


hipotecárias.

O Banco Central (BC) através do controle do M4, que envolve


os ativos monetários e não monetários, procura controlar a oferta
global de moeda na economia, já que a oferta de dinheiro está
vinculada aos preços e, desta forma, impedir a violação do princípio
de que a limitação do volume de dinheiro em circulação no país é
uma condição necessária para que ele mantenha o seu valor.

Qual o conceito de liquidez?


Um dos conceitos mais importantes ao se tratar de mercado
financeiro é o conceito de liquidez, que se refere à capacidade de
um ativo ser convertido em moeda.

Liquidez = capacidade de um ativo ser convertido em moeda

Unidade 7 105
Universidade do Sul de Santa Catarina

Há as aplicações financeiras que não podem ser prontamente


sacadas – não se pode fazer dinheiro de imediato – e por isso se
diz que a sua liquidez é baixa.

 Um apartamento: ativo (bem próprio/direito) de


baixa liquidez; o proprietário demora para vendê-lo,
para fazer dinheiro dele.

 A poupança: tem menor liquidez que um depósito


à vista, mas tem maior liquidez que um apartamento
(investimento imobiliário).

 No caso dos depósitos bancários a prazo (aplicações


financeiras que se tem um prazo para sacar: 30 dias/60
dias etc): em princípio, não são de liquidez imediata,
demora-se um prazo para se fazer dinheiro deles (não
se pode pedir o vencimento antecipado).

O escambo ainda existe?


Apesar de hoje possuirmos um sistema monetário altamente
especializado e sofisticado, saiba que na nossa sociedade algumas
trocas ainda ocorrem via escambo.

É comum quando você está lendo o jornal, ver


anúncios do tipo:

A grande diferença do escambo atual é o fato de que a moeda


funciona como padrão comum de valores ou de referências.

Ou seja, através do uso de moedas, podemos trocar quaisquer


produtos, pois ficou mais fácil, já que temos um mecanismo de
comparação dos valores.

106
Fundamentos Econômicos

Seção 2 – A inflação
Comparada popularmente com o poder do dragão (o dragão da
inflação). Todos já vivenciamos os efeitos da inflação, sabemos que
ela reflete nas empresas, nas pessoas e no governo.

E é por isso que é entendida como sendo um fenômeno


macroeconômico, dinâmico e de natureza monetária,
caracterizada por uma elevação apreciável e persistente do nível
geral de preços.

Teorias da inflação
Há duas teorias principais que explicam a inflação.

a) A inflação de demanda

Lembra da relação inversa entre preço e quantidade?


Quantidade

Preço
Demanda

b) A inflação de custos

Estas teorias constituem os tipos conhecidos como puros de


inflação. Entretanto, podem ocorrer tipos mistos, nos quais a
inflação é originária tanto de excesso de demanda quanto de um
aumento de custos.

Há outras teorias que buscam explicar a inflação:

„„ as teoria estruturalista – pressões inflacionárias têm


origem em causas estruturais, relacionadas com o
subdesenvolvimento econômico; e

Unidade 7 107
Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ a teoria inercialista – explica a inflação a partir de forças


de realimentação, como a indexação da economia.

Uma das principais explicações teóricas da inflação


sustenta que as altas generalizadas de preços resultam
basicamente de um excesso de demanda agregada em
relação à capacidade de oferta agregada da economia.

Como é impulsionada a inflação de demanda?


A inflação de demanda é impulsionada pela elevação das
quantidades de bens e serviços que os consumidores estão
dispostos e aptos a adquirir aos níveis de preços existentes.
Lembre-se da Unidade 4, que mostra que quando aumenta a
demanda de um bem, o preço deste bem tende a aumentar. Se
elevarmos este raciocínio para toda a economia, então, quando
aumenta a demanda agregada, também aumenta o nível de preços.

Se essa elevação não corresponder a uma expansão da oferta


global, os preços tendem a ser pressionados para cima, a taxas
consideradas como inflacionárias. Em suma, existe um excesso de
moeda em relação aos bens e serviços disponíveis.

Quando existem elevadas taxas de desemprego (condição de


baixa demanda agregada), um aumento da demanda agregada
provocará um aumento da produção. Mas com baixo desemprego,
qualquer variação na quantidade de demanda agregada resultará
em variação de preços.

A inflação também é impulsionada quando a produção real


cresce. Isso ocorre por três fatores:

„„ as empresas são forçadas a contratar trabalhadores


menos produtivos e há necessidade de preços
maiores para que se possa cobrir o custo da perda da
produtividade da mão de obra;

„„ os índices salariais tendem a aumentar a medida que as


firmas percebem que, para evitar o custo mais elevado
dos trabalhadores não qualificados, precisam manter

108
Fundamentos Econômicos

os trabalhadores qualificados, estes últimos devem


ser trazidos de outras empresas sob a atração de índices
salariais mais altos;

„„ algumas empresas possuem força de mercado, isto é,


uma falta de concorrentes mais eficazes, e podem elevar
a margem de lucro quando a procura por seus produtos
for elevada.

Quais as causas que conduzem a uma expansão da


demanda agregada?

São causas que podem conduzir a expansão continuada da


demanda agregada:

„„ mudanças em impostos;

„„ subsídios ou gastos do governo em custeio e


investimento; e

„„ mudanças na quantidade ou velocidade de circulação da


moeda.

Acompanhe a seguir as causas e os exemplos:

„„ uma redução de impostos, por exemplo, gera um


aumento da renda disponível e, por consequência,
aumenta a demanda agregada, principalmente se a
população tem uma alta propensão marginal a consumir;

„„ um aumento dos gastos públicos, através da utilização


de fundos não utilizados anteriormente, aumentará a
DA, e este aumento tenderá a ser persistente, sobretudo
se, a partir de certo ponto, os gastos do governo passarem
a ser financiados por expansão da oferta monetária. Caso
o governo, para financiar seu déficit orçamentário recorra
a emissões, as pressões inflacionárias serão estimuladas
por novos componentes localizados no setor monetário
da economia (o mesmo pode ocorrer devido à entrada
de capitais – divisas externas conversíveis). Aumentando
a oferta monetária e baixando a taxa de juros, ocorrerá
uma expansão da renda, levando, desse modo, auma
pressão inflacionária;

Unidade 7 109
Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ aumento do gasto da poupança da população, havendo


uma preferência por ativos mais líquidos;

„„ expansão da oferta monetária nominal , ainda que


temporária, converte-se em aumento da demanda
nominal (as pessoas pagarão mais pela mesma
quantidade de produtos existente na economia),
provocando pressões inflacionárias, na hipótese de haver
uma curva de oferta inelástica.

Frente a estes fatores, perceba que alguns se


referem ao setor real da economia, outros a fatores
monetários. A inflação pode ter origem em ambos.
A magnitude dependerá de quanto foi a pressão
sobre a demanda agregada e das medidas que
foram utilizadas para controlá-la.

A inflação no Brasil
Até meados da década de 1990, a inflação era um problema sério
e crônico da economia brasileira. No quadro a seguir, você pode
notar que, especialmente no período entre o fim dos anos 1980
e o início de 1994, a inflação no Brasil, neste caso, representada
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
atingia níveis extremamente elevados.

Após 1994, com o Plano Real, a inflação foi controlada e o país


passou a conviver com uma moeda mais estável e forte.

ANO IPCA (%)


1981 95,62
1982 104,79
1983 164,01
1984 215,26
1985 242,23
1986 79,66
1987 363,41
1988 980,21
1989 1972,91

110
Fundamentos Econômicos

1990 1620,97
1991 472,70
1992 1119,10
1993 2477,15
1994 916,46
1995 22,41
1996 9,56
1997 5,22
1998 1,65
1999 8,94
2000 5,97
2001 7,67
2002 12,53
2003 9,30
2004 7,60
2005 5,69
2006 3,14
2007 4,46
2008 5,90
2009 4,31
2010 5,91

Quadro 7.1 – Índice Nacional de Preços ao consumidor


Fonte: IBGE, 2010

Seção 3 – A taxa de juros de equilíbrio


A taxa de juros de equilíbrio é determinada no mercado
monetário, em que se encontram a oferta e a demanda de
moeda. O processo é idêntico ao que determina o preço de uma
mercadoria no mercado de bens e serviços, pois a taxa de juros é
o preço da moeda, isto é, do dinheiro.

Portanto, a taxa de juros de equilíbrio é determinada no mercado


pela oferta e pela demanda de moeda. Com base nessa taxa é que
são realizadas as transações financeiras na economia.

Unidade 7 111
Universidade do Sul de Santa Catarina

Como é estabelecida a taxa de juros?


A oferta de moeda é determinada pelo governo, e é com
a quantidade por ele emitida que o sistema econômico vai
trabalhar. Assim, se houver uma procura muito grande de moeda,
como resultado do crescimento das atividades econômicas, por
exemplo, ela se tornará escassa e as pessoas estarão dispostas a
pagar um preço maior para poder adquiri-la.

Esse é o princípio que explica o aumento da taxa de juros. Por


outro lado, se a procura da moeda diminuir, por qualquer razão,
ela se tornará abundante, fazendo com que seu preço, a taxa de
juros, como visto, diminua.

E a taxa de juros de equilíbrio?


É claro que, da mesma forma que o preço das mercadorias, a
taxa de juros sofre variações no decorrer do tempo, causadas
por modificações na oferta ou na demanda de moeda. Por isso,
fica clara a importância do governo no mercado monetário.
Se as autoridades monetárias resolverem expandir os meios de
pagamento, ou seja, a oferta de moeda, haverá uma queda na taxa
de juros, pelo fato de haver mais dinheiro no mercado.

O comportamento inverso do governo determinaria um aumento na


taxa de juros, uma vez que a moeda se tornaria relativamente escassa.

Seção 4 – O papel do mercado monetário


O mercado monetário desempenha papel fundamental no
desenvolvimento do sistema econômico. É no mercado monetário
que se defrontam a oferta e a procura de moeda e que se determina
a taxa de juros, ou o preço da moeda, elemento fundamental no
sistema financeiro, que você irá estudar ainda nesta unidade.

Mas, para que você entenda melhor como se forma a taxa de


juros, deve compreender o que é política monetária e a função
do Banco Central.

112
Fundamentos Econômicos

Qual é a função do Banco Central?


O Banco Central (BACEN) é o principal banco de um país. Ele
é responsável pela administração de todo o sistema financeiro. Ele
Você pode saber mais
não pode trabalhar com pessoas ou empresas. Você já leu também sobre o Banco Central
que o BACEN é o responsável pela política monetária do governo. visitando a página
<http://www.bcb.gov.br>.
As principais funções do BACEN são:

„„ emissor de papel-moeda;

„„ banqueiro do Tesouro Nacional;

„„ banqueiro dos bancos comerciais;

„„ depositário das reservas internacionais.

Além de tudo isso, o BACEN é o executor da política


monetária, que é a política econômica responsável pela
determinação da taxa de juros.

Como se dá a política monetária?


O governo intervém na economia através da política fiscal. Porém,
ele também tem outra ferramenta, que é a política monetária.

Assim, política monetária é a política do governo que controla


a oferta de moeda e, consequentemente, as taxas de juros, para
garantir a liquidez ideal de cada momento econômico. A política
monetária também determina as condições de crédito.

A taxa de juros determinada pelo Banco Central é a taxa SELIC


(Sistema Especial de Liquidação e Custódia). É o sistema em
que são registradas as operações com os títulos públicos. Mas,
na verdade, as taxas de juros cobradas pelos bancos são ainda
maiores que a taxa SELIC básica. Isto ocorre porque a taxa
SELIC é apenas a taxa pela qual o Banco Central está disposto a
pagar para as pessoas que compram títulos públicos.

Os instrumentos clássicos de política monetária são:

Unidade 7 113
Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ depósito compulsório;

„„ redesconto ou empréstimo de liquidez; e

„„ mercado aberto (open market).

Acompanhe cada instrumento separadamente.

a) Depósito compulsório:
Exigido por regulamentação do BC. Constitui proporção
dos depósitos à vista e a prazo. Tem a capacidade
de regular o multiplicador bancário, imobilizando,
de acordo com a taxa de recolhimento de reserva
obrigatória, um percentual maior ou menor dos depósitos
bancários e os recursos de terceiros que neles circulem
(títulos de cobrança, tributos recolhidos, garantias de
operações de crédito), restringindo ou alimentando o
processo de expansão dos meios de pagamento.

Os cheques sacados contra um banco pelos seus depositantes são


canalizados para a câmara de compensação do BB de cada cidade,
acarretando um débito na conta de reservas do BC (respectivo
ao banco sacado). À medida que estas retiradas deixem de ser
contrabalançadas por depósitos, o banco perde reservas.

O banco também perde reservas quando faz empréstimos ou


compra títulos, e ganha reservas através da venda de títulos de sua
emissão, da cobrança de títulos ou do recolhimento de tributos.

Para compensar eventuais perdas de reservas, o banco recorre


ao mercado interbancário ou, em último caso, ao redesconto do
BC, mediante títulos de sua emissão com garantia colateral de
títulos do governo ou ativos representados por seus créditos em
empréstimos concedidos.

b) Redescontos

„„ Redescontos de liquidez: instrumento de política


monetária que consiste na concessão de assistência
financeira de liquidez aos bancos comerciais. O BC
como banco dos bancos, desconta títulos dos bancos
comerciais a uma taxa prefixada, com a finalidade de
atender às suas necessidades momentâneas de caixa. Uma

114
Fundamentos Econômicos

elevação da taxa de redesconto faz com que os bancos


tenham que aumentar suas reservas voluntárias no BC,
aumentando as reservas dos bancos, reduzindo os meios
de pagamento.

„„ Redescontos especiais: refinanciamentos que o BC faz


aos bancos comerciais para financiamentos a produtos
agrícolas, exportação, PME etc.

„„ Aplicações em títulos: BC permite que parte do


depósito compulsório seja mantido em títulos da dívida
pública, o que os bancos preferem por renderem juros
e correção monetária. Títulos do BC (BBC) + NTN
(Notas do Tesouro Nacional) são títulos usados nas
operações de open market e utilizados como depósitos
voluntários pelos bancos comerciais. Funcionam como
um quase caixa, pois possuem alta liquidez e vencem em
curtíssimo prazo, além de render juros.

c) Open Market (mercado aberto) – mais ágil instrumento


da política monetária de que dispõe o BC, pois através
dela são permanentemente regulados a oferta monetária
e o custo primário do dinheiro na economia, referenciado
na troca de reservas bancárias por um dia, através das
operações de overnight.

Estas operações permitem:

a) o controle permanente do volume de moeda ofertada no


mercado;

b) manipulação das taxas de juros de curto prazo;

c) que as instituições financeiras bancárias realizem


aplicações a curto e curtíssimo prazos de suas
disponibilidades monetárias ociosas;

d) garantia de liquidez para os títulos públicos.

Os dois primeiros objetivos são alcançados no mercado


primário, no qual o BC negocia diretamente com as instituições
financeiras, alterando a posição de reservas dos bancos
comerciais, bem como o volume e o preço do crédito.

Unidade 7 115
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 5 – A política monetária na prática


Além do Banco Central, há outra entidade chamada Comitê
de Política Monetária (COPOM), que de fato é o responsável
por determinar a taxa de juros. As reuniões do COPOM são
atentamente acompanhadas, já que indicam a tendência da taxa
de juros naquele período e nos períodos futuros.

As atas destas reuniões são divulgadas após sua realização e são


importantes fontes de consulta sobre a opinião das autoridades
monetárias sobre o rumo da economia brasileira. Você pode
acompanhar também através da imprensa ou no site
<www.bcb.gov.br>.

Acompanhe a seguir um pequeno esquema sobre a política monetária.

COPOM

Banco Central

Sistema bancário

Oferta de moeda

Taxa de juros e condições


de crédito

Demanda
Consumo
Investimento

Figura 7.1: Política monetária


Fonte: Troster e Mochon (1999, p. 259)

Quais são os tipos de política monetária?

116
Fundamentos Econômicos

A política monetária pode ser dois tipos:

„„ Restritiva: refere-se à redução da oferta de moeda, e, por


consequência, aumenta a taxa de juros, o que encarece o
crédito;

„„ Expansiva: política que aumenta a quantidade de moeda


à disposição e reduz as taxas de juros, tornando o crédito
mais barato.

Seção 6 – Os bancos comerciais


Bancos comerciais são as instituições financeiras responsáveis por
receber o depósito de seus clientes e conceder empréstimos às
famílias, às empresas e ao governo.

Os bancos comerciais surgiram justamente devido à necessidade


de as pessoas protegerem seu dinheiro. Afinal, à medida em que
as pessoas vão acumulando dinheiro, através de sua poupança,
aumenta a necessidade de guardar esse valor em algum lugar
seguro, sendo esse um dos objetivos da atividade bancária.

Quais os tipos de depósitos que aceitam os bancos


comerciais?

„„ Depósitos à vista: são os depósitos que estão sempre


disponíveis para o titular da conta.

„„ Depósitos de poupança: possui quase todas as operações


dos depósitos à vista, mas não dispõem de cheques, e
tem rendimentos a cada mês de 0,5% mais a correção da
inflação do mês.

„„ Depósitos a prazo: são os fundos tomados por um


prazo fixo e que não podem ser retirados sem algum
tipo de penalidade.

Unidade 7 117
Universidade do Sul de Santa Catarina

A criação de dinheiro pelos bancos comerciais


Até aqui você sabe que o responsável pela emissão de moeda é o
Banco Central. Mas, é possível também que os bancos comerciais
criem moeda. Acompanhe a seguir como isto é feito.

O fenômeno mais importante associado ao desenvolvimento


da moeda, e que também tem implicações na taxa de juros,
consiste na multiplicação dos meios de pagamento através dos
bancos comerciais.

No momento em que os bancos observaram que, por uma


questão de cálculo de probabilidade, era possível emprestar parte
dos depósitos à vista recebidos, pois era altamente improvável que
todos os depositantes sacassem seus fundos ao mesmo tempo,
começou a surgir esse fenômeno da multiplicação. Os bancos
passaram a manter encaixes bem inferiores aos seus depósitos
e, com isso, os meios de pagamento tornaram-se várias vezes
superiores ao saldo de papel moeda emitido.

Quando os bancos comerciais recebem depósitos à vista, eles


devem garantir aos seus clientes que, em qualquer momento, a
quantia depositada estará à disposição dos mesmos.

Mas, com o passar do tempo, os bancos descobriram que não


precisavam manter todo o dinheiro depositado pelos clientes em
seu caixa.

A prática bancária mostra que o uso de cheques e cartões


significa que a cada dia somente uma pequena parte dos
depósitos à vista é retirada dos caixas dos bancos. Isso sem contar
na quantia de dinheiro que será novamente depositada.

Desta forma, os bancos primeiramente constituem as chamadas


reservas.

As reservas são legalmente requeridas, e todos os


bancos devem manter por exigência do Banco Central.

Você pode perceber que, se em um dado momento, todos os


clientes de banco quiserem retirar seus depósitos, o banco não

118
Fundamentos Econômicos

poderia atender à demanda, por maior e melhor administrado que


fosse. Isso ocorre porque os bancos comerciais mantêm líquido (ou
seja, dinheiro vivo) apenas uma pequena parte dos seus depósitos.

Os bancos criam dinheiro?

Acompanhe esta resposta através do exemplo a seguir:

Suponha que os bancos comerciais, através de sua


experiência, descobrem que as retiradas das contas
correntes são, em média, de 10%. Consequentemente,
os bancos podem manter 10% dos depósitos em caixa
e emprestar os 90% restantes.

Assim, suponha também que após a leitura desta


unidade, você ganhe R$ 100 mil reais na loteria. É claro
que você não sairá à rua com tal quantia. Provavelmente
você depositará este dinheiro em um banco.

Porém, o banco não manterá esses R$ 100 mil extras


em dinheiro em seu caixa forte. O banco empregará
seu dinheiro na concessão de empréstimos e créditos a
seus clientes, o que gerará mais depósitos bancários.

Se, como mencionado, os bancos necessitam manter


apenas 10% em reservas, podem emprestar os R$ 90
mil restantes.

Aí começa um ciclo virtuoso. Os bancos emprestam os


R$ 90 mil restantes, que serão novamente depositados
nos bancos, pois os tomadores de empréstimos não
ficarão com esse dinheiro em mãos.

Ou seja, o dinheiro é redepositado. Agora, os bancos


dispõem de mais R$ 90 mil em caixa. Como devem
reter 10%, eles têm R$ 81 mil reais extras para
emprestar e R$ 9 mil devem ser guardados em caixa

Analise agora, através do quadro 7.2, como isso ocorre na prática:

Unidade 7 119
Universidade do Sul de Santa Catarina

Posição do banco Novos depósitos Novos empréstimos Novas reservas

Banco (fase 1) 100.000 90.000 10.000

Banco (fase 2) 90.000 81.000 9.000

Banco (fase 3) 81.000 72.900 8.100

Banco (fase 4) 72.900 65.610 7.290

Banco (fase 5) 65.610 59.050 6.560

Soma das cinco fases 409.510 368.560 40.950

Quadro 7.2 – Fases de criação do dinheiro pelos bancos comerciais

De acordo com o quadro, você pode perceber que no exemplo o


sistema bancário foi capaz de expandir seus depósitos em 409.510
reais mediante a concessão de novos créditos e empréstimos,
sustentados pelos 100.000 iniciais que você depositou.

Assim, você pode notar que o sistema bancário também é


responsável por aumentar (ou diminuir) a quantidade de moeda
em uma economia concedendo mais (ou menos) crédito às
empresas e às pessoas.

Seção 7 – O sistema financeiro e de crédito


Esta seção trata do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Ele é
importante, pois é através do sistema financeiro que as empresas
captam recursos para fazer face às suas necessidades e obrigações.

Ou seja, para realizar seus planos de investimentos, as empresas


necessitam de recursos financeiros.

Operações de crédito
São basicamente três as operações de créditos oferecidas pelo
sistema financeiro às pessoas e às empresas:

120
Fundamentos Econômicos

1. empréstimos : são operações realizadas sem necessidade


de comprovação da aplicação dos recursos. Por exemplo:
empréstimos para capital de giro, empréstimo pessoal;

2. financiamentos: são operações realizadas com


necessidade de comprovação da aplicação do recurso. Por
exemplo: Financiamentos de máquinas e equipamentos,
financiamento da casa própria, financiamento para
compra de um automóvel;

3. títulos descontados: são operações nas quais se


descontam títulos, ou seja, eles são pagos.

Spread bancário
É importante que você entenda também como os bancos ganham
dinheiro. Neste caso, o ganho tem um nome específico chamado
Spread bancário.

Spread bancário é a diferença entre as taxas de juros de


empréstimos e de captação das instituições financeiras. Os bancos
captam recursos dos clientes e fazem empréstimos. Por causa da
probabilidade de inadimplência, os bancos quando emprestam
cobram um acréscimo por conta do risco de crédito. Por isso, a
taxa de juros que encontramos à nossa disposição nos bancos é
significativamente maior que a taxa SELIC.

Veja no quadro 7.3 como os bancos têm lucro fenomenal. O


exemplo abaixo refere-se ao cheque especial. Taxa de aplicação é
a taxa que os bancos cobram de quem pede empréstimos. Taxa de
captação é o que o banco paga quando aplicamos nosso dinheiro
(CDB, neste caso). O spread é a diferença entre os dois.

Dez 00 Jan 01 Fev 01 Mar 01 Abr 01 Mai 01 Jun 01 Jul 01

Taxa de aplicação 152,7 152,6 150,6 148,8 145,1 145,7 147,1 150,0
Taxa de captação 15,8 15,0 14,8 15,2 16,4 16,4 17,2 18,9
Spread 136,9 137,6 135,6 133,6 128,7 129,3 129,9 131,1

Quadro 7.3 – Spread bancário (Em %)


Fonte: topecon.hog.ig.com.br

Unidade 7 121
Universidade do Sul de Santa Catarina

O que é bolsa de valores?


Além de captar empréstimos nos bancos, as empresas têm a
opção de se financiarem através da bolsa de valores. Bolsa de
valores é um mercado onde são transacionados títulos e ações
de empresas (valores). Numa economia de mercado, elas têm
fundamental importância, pois permitem a canalização rápida e
veloz das poupanças para os investimentos.

A bolsa, então, é uma instituição onde as empresas, para


captarem recursos financeiros, vendem parte do seu patrimônio
líquido (ações). Por isso, quem tem ações é conhecido como
acionista, pois é também sócio da empresa. Na medida em que a
empresa tem lucros, o patrimônio líquido se valoriza e as ações
aumentam de valor.

Por isso, é uma forma de captação de capital barata, pois as


empresas captam recursos dos poupadores e o preço desta
captação é o rendimento (ou seja, a valorização da empresa, ou do
seu patrimônio líquido).

No Brasil, a principal bolsa é a Bolsa de Valores de São Paulo


(Bovespa), que é pequena em relação a outras bolsas do mundo
como Londres e Nova Iorque.

Síntese

Nesta unidade, você pôde compreender conceito de moeda e


perceber como ela é importante para o bom funcionamento do
sistema econômico. Além do mais, você aprendeu o que é inflação
e a repercussão deste fenômeno no sistema de preços.

Você também estudou o que é o sistema financeiro nacional. No


começo acompanhou que a determinação da taxa de juros é uma
das principais variáveis do sistema econômico (você já sabe que ela
é um determinante dos investimentos empresariais e do consumo
das famílias). E aprendeu que, através da política monetária, o
Banco Central pode controlar a taxa de juros.

122
Fundamentos Econômicos

Outra questão importante diz respeito à multiplicação da


quantidade de moeda feita pelos bancos comerciais. No final da
unidade, você estudou, brevemente, o que é bolsa de valores.

Atividades de autoavaliação

1) Qual o principal problema da economia de escambo?

2) Quais as funções da moeda?

Unidade 7 123
Universidade do Sul de Santa Catarina

3) O que é liquidez?

4) Defina com suas palavras o que é inflação? E por que ocorre a inflação
de demanda?

5) Procure nos jornais ou na internet uma relação entre a alta taxa de


juros que vigora hoje no Brasil e o conceito de inflação, especialmente
inflação de demanda.

124
Fundamentos Econômicos

6) Como se determina a taxa de juros de equilíbrio?

7) Qual é o principal objetivo da política monetária?

8) Caso o Banco Central reduza a quantidade de empréstimos que


concede, o que acontecerá com as taxas de juros? Que consequências
isto trará para os investimentos das empresas?

Unidade 7 125
Universidade do Sul de Santa Catarina

9) Por que os bancos têm spread tão elevado em relação à taxa básica
SELIC?

Saiba mais

Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, realize


pesquisa nos seguintes livros:

MANKIW, N.G. Introdução à Economia. Rio de Janeiro.


Campus, 1999.

MEURER, R.; SAMOHYL, R. Conjuntura econômica:


entendendo a economia no dia a dia. Campo Grande: Oeste,
2001, 124 p.

SILVA, C. R. L.; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução


à economia. São Paulo: Saraiva. 1996.

TROSTER, R.; MOCHON, F. Introdução à economia.São


Paulo: Makron Books, 1999.

WESSELS, W. J. Economia. São Paulo: Saraiva, 1998.

126
8
UNIDADE 8

Comércio Internacional e
Globalização

Objetivos de aprendizagem
„„ Entender porque os países promovem comércio
entre si.
„„ Identificar quais as principais barreiras ao livre
comércio.
„„ Compreender o papel que a taxa de câmbio
desempenha no comércio internacional.
„„ Conhecer o que é globalização.

Seções de estudo
Seção 1 Comércio internacional

Seção 2 As taxas de câmbio

Seção 3 Globalização
Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nos dias de hoje entender a importância e como funciona o
comércio internacional é um fator relevante para quem deseja
atuar em Gestão Estratégica das Organizações.

Seção 1 – Comércio internacional

Comércio internacional é a troca de bens, serviços e


capitais entre os diferentes países.

Há muitos e muitos anos, os países têm mantido relações


comerciais por um motivo simples:

Nenhum país pode produzir todos os bens de que


necessita.

Em outras palavras, existe comércio internacional porque


nenhum país é capaz de produzir todos os bens de que precisa.

„„ Alguns países têm pouca matéria-prima, como é o


caso do Japão. Então, como o Japão não tem reservas
de bauxita, a única maneira de ele produzir alumínio é
importando esta matéria-prima.

„„ Já outros países, devido ao clima e à qualidade da terra,


somente alguns tipos de produtos podem ser cultiváveis. Por
exemplo, a Suíça não é capaz de produzir bananas, logo, se
os suíços quiserem este produto, terão que importá-lo.

128
Fundamentos Econômicos

O comércio internacional hoje em dia


Hoje em dia, praticamente todos os países do mundo têm algum
tipo de relacionamento internacional comercial ou econômico.
Isto porque cada país tem fatores de produção e capacidades
tecnológicas diferentes. Essas diferenças podem ser resumidas nos
seguintes itens:

1. Condições climáticas: os países têm clima muito diferente


e produzem bens e serviços compatíveis com o clima.
— Por exemplo, a Argentina é grande produtora de
maçãs e trigo devido ao seu clima.

2. Riqueza mineral: os países também dispõem de


diferentes minerais no subsolo.
— Por exemplo, o Brasil tem que importar parte do
petróleo que consome por não ser auto-suficiente na
produção deste mineral.

3. Disponibilidade de mão de obra: há países que dispõem


de grande quantidade deste fator de produção, logo,
podem se dedicar à produção de bens que utilizem
grande quantidade deste fator.
— Por exemplo, na agricultura ou na produção de bens
industriais que requeiram grande número de trabalhadores;

4. Disponibilidade de capital: países com abundância


deste fator podem investir na produção de bens que
exijam mais tecnologia e/ou fábricas computadorizadas;

5. Disponibilidade de terra cultivável: países com grande


extensão de terra cultivável, como o Brasil, são grandes
exportadores de produtos agrícolas. Já o Japão, que
dispõem de pouco espaço cultivável, tem que importar
muitos produtos.

De acordo com os fatores mencionados você pode entender que


devido às diferentes dotações de fatores de produção, cada país
tende a se especializar na produção de bens que consiga produzir
com menor custo possível.

Unidade 8 129
Universidade do Sul de Santa Catarina

Em outras palavras, o comércio internacional facilita a


especialização, pois permite que cada país produza os bens em
que tem maior facilidade e, consequentemente, menor custo.

Vantagens comparativas
Assim, a teoria clássica que justifica o comércio internacional
é a das vantagens comparativas. Um país tem vantagens
comparativas na produção de um determinado bem quando ele
produz tal bem a um custo menor do que o custo de produção
deste bem em outros países.

Por exemplo, devido à grande extensão territorial,


o Brasil é um dos maiores produtores de carne de
gado do mundo. Logo, é também um dos maiores
exportadores de carne do mundo. Ou seja, a grande
extensão territorial permite que o Brasil produza carne
a um custo relativamente menor do que o custo de se
produzir o mesmo bem em outros países.
Por outro lado, devido à capacitação tecnológica
e à perícia da mão de obra, a Suíça tem vantagem
comparativa na produção de relógios. Apesar de eles
serem caros, a Suíça produz os melhores relógios do
mundo, pois tem vantagem comparativa na produção
deste bem.

Obstáculos ao comércio
No entanto, apesar de todos concordarem que o comércio
internacional traz resultados positivos para um país, ainda há
muitos obstáculos à liberdade de comércio.

A esses obstáculos ao livre comércio dá-se o nome de medidas


protecionistas. Há muitas justificativas para o emprego destas
medidas protecionistas, dentre elas podem-se destacar:

130
Fundamentos Econômicos

„„ incentivar a criação de empregos, mediante o processo


de substituição de importações, no qual produtos
que anteriormente eram importados, passariam a ser
fabricados internamente;

„„ proteção a uma indústria estratégica, por exemplo, a


indústria de armamentos;

„„ possibilitar o surgimento de novas empresas e


indústrias. Ao decidir não importar um determinado
bem, um país estará estimulando a produção doméstica
(interna) deste mesmo bem. Foi o que aconteceu com o
Brasil na década de 1950, quando, ao parar de importar
automóveis, estimulou o surgimento aqui de montadoras
de carros, que trouxeram mais emprego e criaram renda.

Seção 2 – As taxas de câmbio


Agora que você já começou a entender o comércio internacional
é importante voltar sua atenção para um dos principais
determinantes do comércio entre países, que é a taxa de câmbio.

A principal diferença entre o comércio doméstico e o comércio


internacional é o fato de que domesticamente (nacionalmente) o
comércio é feito com a mesma moeda e internacionalmente cada
país tem sua própria moeda.

Uma empresa brasileira que exporta sapatos para os


Estados Unidos deseja receber seu pagamento em
reais. Enquanto isso, o importador americano deseja
pagar em dólar. Consequentemente, o importador
americano deverá buscar em um mercado a moeda
corrente do país de onde ele está importando, ou
seja, reais do Brasil. Assim, pode-se dizer que ele deve
comprar moedas no mercado de divisas.

Você sabe o que é o mercado de divisas?

Unidade 8 131
Universidade do Sul de Santa Catarina

Mercado de divisas é o mercado no qual se compram


e vendem as moedas dos diferentes países.

É neste mercado que se faz a troca da moeda nacional pela


moeda dos países com quem mantemos relações comerciais para
atender a pagamentos no exterior. É no mercado de divisas que
os brasileiros adquirem moedas estrangeiras para, por exemplo,
passar férias no exterior.

Bom, um mercado de divisas opera como qualquer outro mercado.


Há demanda (pessoas que querem comprar moedas estrangeiras) e
oferta (pessoas que desejam vender moedas estrangeiras). Portanto,
você pode notar que se há demanda e oferta há também um preço.
A esse preço dá-se o nome de taxa de câmbio.

A taxa de câmbio é o preço de uma moeda expressa


em outra. A taxa de câmbio mostra quantas unidades
de moeda nacional temos que gastar para comprar
uma unidade de moeda estrangeira.

Por exemplo, no dia 14/03/2011, a taxa de câmbio entre o real e


o dólar americano mostrava a seguinte relação:

US$ 1 = R$ 1,662

Ou seja, para comprar um dólar naquela data era preciso R$


1,662. Neste ponto, é importante você entender o conceito de
depreciação e valorização cambial.

Depreciação e valorização cambial


Devido às mudanças nos cenários econômicos, podem ocorrer
mudanças nos preços das moedas estrangeiras. Quando tais
mudanças ocorrem, é dito que houve uma flutuação cambial. Esta
flutuação pode aumentar ou diminuir o valor da moeda estrangeira.

132
Fundamentos Econômicos

Analise os exemplos a seguir.

Suponha que o preço do dólar aumente de R$


2,964 para R$3,00. Quando isto ocorre, note que
você precisará de mais reais para comprar a mesma
unidade de dólar. Então, neste caso, se diz que o real
se desvalorizou.
Já se o dólar passasse de R$ 2,964 para R$ 2,70, você
notará que ficou mais barato comprar uma unidade
de dólar. Então, neste caso, o real se valorizou.

Não apenas se deve estar atentos às modificações na taxa de


câmbio, mas também na repercussão destas variações nas
organizações.

1. Quando há uma desvalorização do real perante


o dólar, por exemplo, isso significa que nossos
produtos se tornam mais baratos no exterior. Em
contrapartida, os produtos estrangeiros ficam mais
caros internamente.

„„ Portanto, isso leva a um aumento das nossas


exportações (estimulando as empresas que
dispõem de produtos para exportações) e leva a
uma redução nas importações (o que é bom para
empresas nacionais, que podem passar a produzir
aqui produtos que antes eram importados).

2. Já quando há uma valorização da moeda nacional,


quando o dólar se torna mais barato para nós, ocorre o
efeito inverso, ou seja, nossos produtos se tornam mais
caros no exterior e os produtos importados ficam mais
acessíveis para nós.

„„ Isto faz com que as nossas empresas exportadoras


sejam prejudicadas, já que irão vender menos.
Por outro lado, as empresas importadoras terão
condições de aumentar a oferta de seus produtos
a preços mais acessíveis.

Unidade 8 133
Universidade do Sul de Santa Catarina

O sistema de taxas de câmbio flutuantes


O sistema de determinação do câmbio utilizado atualmente na
maioria dos países capitalistas, entre eles o Brasil, é o sistema de
câmbio flutuante. Ou seja, a taxa de câmbio será determinada
pelas forças de oferta e demanda. Também se chama esta
situação de câmbio flexível.
Ou seja, a oferta e a demanda por moedas estrangeiras é que vão
determinar o preço desta moeda.

Seção 3 – Globalização
É impossível falar em comércio internacional e taxas de câmbio
sem falar em globalização.

Afinal, qual é o conceito de globalização?

Na verdade, há muitos conceitos sobre globalização, mas muitos


autores concordam com o seguinte:

Globalização diz respeito ao aumento da


interdependência entre pessoas, empresas e países.

A idéia de interdependência refere-se ao fato de que, cada vez


mais, os eventos de toda a natureza se multiplicam entre os
países. Ou seja, quando há uma guerra entre dois países, as suas
consequências são espalhadas para diversos outros países. Ou,
quando há um evento como os atentados de 11 de Setembro de
2001, toda uma indústria, a do turismo, sofre as consequências
(neste caso, consequências negativas).
Em outras palavras, globalização refere-se ao aumento das
relações econômicas, comerciais, políticas, institucionais,
produtivas, tecnológicas e ambientais entre as nações.

134
Fundamentos Econômicos

Mas, por que então se fala tanto hoje em globalização?


A globalização existe desde 1602, mas atualmente, com a
inovação tecnológica, o surgimento de novas tecnologias
permitem que a informação seja transacionada de forma mais
rápida e também a tecnologia de transportes aumentou a
interdependência.

Em 1929, a informação sobre a crise da Bolsa de Nova Iorque


demorou quase três dias para chegar ao Brasil. A diferença é que
hoje dispomos de qualquer informação em tempo real.

Em suma, a globalização aumenta a velocidade da informação e,


consequentemente, torna o comércio mais dinâmico. Assim, as
empresas, cada vez mais, devem estar preparadas para o surgimento
de novos competidores e clientes em todas as partes do globo.

Síntese

Nesta unidade, você estudou que há comércio internacional pelo


simples fato de os países serem diferentes nas suas dotações de
fatores de produção. Isto faz com que os países, para competir,
tenham que se especializar na produção de bens nos quais têm
vantagem competitiva, ou seja, produzem com custos menores do
que outros países.

Você estudou também que a taxa de câmbio é uma variável muito


importante, pois ela determina o preço das nossas exportações e
das nossas importações.

E, por fim, você viu a definição de globalização, que não é, na


verdade, um fenômeno novo. É um fenômeno que aumentou a
interdependência entre as nações, derivado, inclusive, do aumento
do comércio entre os países.

Unidade 8 135
Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação

1) Que razões levam ao surgimento do comércio internacional?

2) Quais argumentos podem ser utilizados para justificar o


estabelecimento de medidas protecionistas?

136
Fundamentos Econômicos

3) Como uma depreciação do real frente ao dólar influencia o


desempenho de empresas exportadoras?

4) Como uma valorização do real frente ao dólar influencia o desempenho


de empresas exportadoras? E das importadoras?

Unidade 8 137
Universidade do Sul de Santa Catarina

5) Para você, o que é globalização?

6) Procure, em algum jornal ou revista, um artigo que comente a questão


da globalização e compare com a definição encontrada nesta unidade.
Há divergência ou é possível adequar a definição vista aqui com aquela
que você encontrou?

138
Fundamentos Econômicos

Saiba mais

MEURER, R.; SAMOHYL, R. Conjuntura econômica:


entendendo a economia no dia a dia. Campo Grande: Oeste, 2001.

TROSTER, R.; MOCHON, F. Introdução à economia. São


Paulo: Makron Books, 1999.

Unidade 8 139
Para concluir o estudo

Ao longo desta disciplina, você teve contato com


conceitos introdutórios de economia. Tais conceitos são,
muitas vezes, empregados nas decisões empresariais.
São ferramentas importantes para o administrador de
empresas, uma vez que diversos fenômenos relevantes nas
áreas de marketing, finanças e administração geral, entre
outras, têm sua fundamentação na teoria econômica.

As empresas estão, constantemente, sofrendo influências


de forças externas a elas, mas devem se adaptar a estas
forças. Por exemplo, quando há elevação na taxa de
juros, conforme você aprendeu, o crédito fica mais
caro, e as empresas vendem menos e tomam menos
recursos emprestados. Logo, uma variável que não está
sob o controle da organização tem implicação direta no
desempenho desta.

Este é o objetivo do estudo da economia. Possibilitar às


empresas, às pessoas e aos órgãos do governo o correto
entendimento das variáveis externas a elas, mas que
afetam suas vidas, seus negócios, suas transações.

Por isso, sem querer esgotar o assunto, afinal a economia


é uma ciência ampla e complexa, desejo a você sucesso na
sua carreira acadêmica que agora se inicia e espero que ao
longo do curso, os conceitos de Economia fiquem ainda
mais claros na sua mente.

Boa sorte!

Prof. André Leite


Referências

MANKIM, NG. F. Introdução à economia. Rio de Janeiro:


Campus, 1999.
SILVA, C. R. L.; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à
economia. São Paulo: Saraiva. 1996.
TROSTER, R.; MOCHON, F. Introdução à economia. São Paulo:
Makron Books, 1999.
WANNACOTT, P; WANNACOTT, R. Economia. 2. ed. São Paulo:
Makron Books, 1994.
WESSELS, W. J. Economia. São Paulo: Saraiva, 1998.
Sobre o professor conteudista

ANDRÉ LUÍS DA SILVA LEITE é Doutor e Mestre


em Engenharia de Produção, é graduado em Economia
pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
É professor da Universidade do Sul de Santa Catarina
(Unisul) desde 1997, onde leciona as disciplinas de
Fundamentos Econômicos, Economia e Mercado
e Economia Internacional. Também é professor do
mestrado em Relações Internacionais para o Mercosul,
na mesma universidade.
Respostas e comentários das
atividades de autoavaliação

A seguir acompanhe as respostas e comentários sobre as atividades


de autoavaliação apresentadas durante as unidades da disciplina de
Fundamentos Econômicos.

Para melhor aproveitamento do seu estudo, realize a conferência de suas


respostas somente depois de realizar as atividades propostas.

Unidade 1
1) Nesta questão, espera-se que você consiga, utilizando suas próprias
palavras, conceituar economia. Ou seja, lembrar que a economia é ciência
que estuda as relações entre os fatores de produção escassos e os desejos
ilimitados do homem.

2) Nesta questão, você deve relatar como uma variável econômica pode
interferir no seu dia a dia. Por exemplo, quando você vai comprar um
automóvel financiado, a taxa de juros é uma variável econômica que interfere
diretamente na sua decisão de compra.

3) É importante, pois reflete o fato de que todos os fatores de produção são


limitados, de modo, que há escolhas a serem feitas. Por exemplo, sabendo
que um dia as reservas de petróleo podem acabar, desde já, o homem está
desenvolvendo combustíveis alternativos.

4) Os agentes econômicos são: as famílias (pessoas), as empresas e o governo.


Cada um tem uma importante tarefa no sistema econômico. As famílias
oferecem seus fatores de produção. As empresas são responsáveis pela
produção de bens/serviços. E o governo é o responsável pelo gerenciamento
da economia como um todo, através das leis e da política econômica.

5) As perguntas são:

• o que produzir?
• quanto produzir?
• como produzir?
• para quem produzir?
Universidade do Sul de Santa Catarina

6) A remuneração de cada fator de produção é:

Terra: aluguel
Capital: juros (para quem empresta) e lucro (para quem investe em uma empresa)
Trabalho: salário

7) A especialização é de fundamental importância para uma economia moderna,


pois ela permite que as pessoas sejam mais produtivas. E sendo mais produtivas,
como você viu na fábula dos alfinetes, as empresas podem produzir com custos
relativamente menores.

Unidade 2
1) Vários são os determinantes da demanda de um bem ou serviço, mas os mais
importantes são:

O preço do bem/serviço, o preço dos bens relacionados; a renda do consumidor,


a sazonalidade, a moda.

2) A maioria dos produtos disponível nos mercados se comporta de acordo com a


lei da demanda. Por exemplo, a carne de primeira.

3) Há, no entanto, alguns produtos que têm um comportamento diferente do que


diz a lei da demanda. Por exemplo, produtos como o sal. Uma redução no preço
do sal não provoca um aumento na sua quantidade demandada.

4) O preço de equilíbrio de um bem é dado pelo encontro entre demanda e


oferta. Nesta situação, não há nem sobra nem falta de produtos no mercado.

5) Neste exercício, você deve listar o preço de três produtos que são usuais nas
suas compras. O preço que você listou certamente é o preço de equilíbrio do
produto no momento em que você os comprou.

Unidade 3
1) No curto prazo, existem, devido ao limite orçamentário da empresa, alguns
fatores de produção fixos. No longo prazo, todos os fatores de produção são
variáveis.

2) Custos fixos são aqueles que não variam à medida que a produção varia.
Por exemplo, o aluguel é um custo fixo, pois independentemente de quanto
a empresa produzir, o aluguel será o mesmo. Já custos variáveis são aqueles
que variam diretamente com a produção, como, por exemplo, a matéria-prima.
Quanto mais a empresa produzir, mais matéria-prima ela deve adquirir.

3) Custos explícitos são os custos contábeis, ou seja, o custo de compra de


matéria-prima, do aluguel, do pagamento de funcionários. Já os custos implícitos
ou custos de oportunidades dizem respeito ao estudo das várias possibilidades
de utilização do capital. Por exemplo, uma empresa deve decidir entre alugar o
prédio onde atuará ou comprá-lo. Ela deve escolher aquela alternativa que tenha
o menor custo de oportunidade.

148
Fundamentos Econômicos

Unidade 4
1) A contabilidade nacional é de extrema importância, pois permite avaliar o grau
de riqueza e renda de uma determinada sociedade, estado ou nação.

2) PIB é o produto interno bruto e é a principal medida de renda de um país. Para


os empresários é muito importante conhecer o PIB da região onde vai se instalar,
pois, já que produto é igual a renda, então o PIB mostra o poder de compra da
sociedade.

3) A renda é igual ao produto, pois toda a renda é derivada da produção. Por


exemplo, o empresário aufere lucros após produzir, e o trabalhador recebe seu
salário após a produção.

Unidade 5
1.Bens de capital: são bens que servem para a produção de outros bens. São
máquinas, equipamentos, instalações industriais, entre outros. Já os bens de
consumo duráveis são bens que podem ser consumidos mais de uma vez e têm
um tempo de vida útil relativamente longo, como os automóveis, televisores,
máquinas de lavar. Por fim, bens de consumo não duráveis são os bens que
podem ser consumidos uma única vez, como os alimentos.

2. O consumo das pessoas é determinado principalmente pela renda das pessoas.


Também a taxa de juros é um importante determinante.

3. A poupança (isto é, a parcela da renda que não é gasta em consumo) que as


pessoas guardam nos bancos é canalizada para o investimento, pois é nos bancos
que os empresários tomarão empréstimos para investir em novas empresas ou na
expansão das empresas já existentes.

4. O desejo dos empresários em investir depende de uma série de fatores:


a. das suas expectativas em relação aos eventos futuros; se os empresários
tiverem expectativas positivas sobre o futuro da economia irão investir
mais;
b. das taxas de juros; quanto menores as taxas de juros, mais barato ficar
tomar empréstimos e mais os empresários investirão;
c. e da sua capacidade instalada. Se os empresários estão produzindo
próximo à sua capacidade instalada, então, há a tendência de haver mais
investimentos no futuro.

Unidade 6
1) As funções do setor público são:

Fiscalizadora, reguladora, provedora de bens e serviços, redistributiva e


estabilizadora.

2) Uma política fiscal expansionista é uma política econômica que aumenta o


dinamismo da economia, ou seja, aumenta a renda da nação. O governo pode
promovê-la aumentando seus gastos (compra de alimentos, por exemplo) ou
reduzindo os impostos.

149
Universidade do Sul de Santa Catarina

3) O governo incorre em déficit público quando gasta mais do que arrecada.


Nesta situação, tem que fazer empréstimos. Por isso, que os jornais sempre
trazem notícias sobre a dívida dos estados e da União (Governo Federal).

4) O Banco do Brasil é uma empresa cujo Governo Federal é o principal acionista.


Certamente, a existência do Banco do Brasil está relacionada a teoria desta
unidade, pois faz parte de uma das funções do governo: provedor de bens e
serviços.

Unidade 7
1) O principal problema da economia de escambo é o duplo desejo. Ou seja,
dificilmente são encontradas duas pessoas que queiram fazer uma troca direta de
bens.

2) A moeda tem 3 funções:

Meio de troca;

reserva de valor;

Unidade de Conta.

3) Liquidez é a capacidade de um ativo ser facilmente convertido em moeda.


Logo, a moeda é líquida por excelência. Quanto mais difícil for converter um ativo,
por exemplo um terreno, em moeda, menos líquido é este ativo.

4) Inflação é o aumento geral e contínuo do nível de preços, ou seja, de todos os


preços de uma economia. conseqüentemente, podemos também definir inflação
como sendo a queda no valor da moeda ou do dinheiro. Inflação de demanda
ocorre quando as pessoas aumentam seus desejos de compra de um determinado
bem e isto leva a um aumento de preços.

5) É muito comum os jornais de hoje trazerem notícias dessa natureza. Já que


a inflação é a depreciação do valor da moeda, então, uma das maneiras mais
comuns de combate à inflação é aumentar a taxa de juros (que mede o valor do
dinheiro em um determinado momento). Além disso, se o aumento da demanda
pode levar ao aumento da inflação, então, aumentando as taxas de juros, diminui-
se o consumo.

6) A taxa de juros é determinada pela demanda e oferta de moeda. Mas, só quem


oferta moeda é o próprio governo, através do Banco Central.

7) O principal objetivo da política monetária é controlar a quantidade de moeda


em circulação na economia.

8) Se o Banco Central reduzir a quantidade de empréstimos que concede, isto


aumentará as taxas de juros. Consequentemente, as empresas investirão menos,
pois o crédito ficará mais caro.

9) Porque os bancos temendo o risco da inadimplência, aumentam


significativamente as taxas que cobram para emprestar dinheiro.

150
Fundamentos Econômicos

Unidade 8
1) Há comércio internacional, simplesmente, pelo fato de os países serem
diferentes e se especializarem na produção de produtos diferentes.

2) Incentivar a criação de empregos, proteção à indústria estratégica e possibilitar


o surgimento de novas empresas e indústrias.

3) Uma depreciação do real frente ao dólar significa que a taxa de câmbio


aumentou (mais reais são necessários para se comprar um dólar), então, isso
estimula as exportações. Tendo, portanto, um efeito positivo sobre as empresas
exportadoras.

4) Já uma valorização do real frente ao dólar implica o efeito oposto da questão


anterior. Assim, diminuirão as exportações e aumentarão as importações.

5) Globalização, na sua forma mais simples, pode ser definida como o aumento da
interdependência entre nações, trabalhadores e empresas.

6) Há muitas notícias nos jornais sobre globalização. Algumas a favor do processo,


outras contras. Mas, todas levam em consideração a questão do aumento da
interdependência.

151
Biblioteca Virtual

Veja a seguir os serviços oferecidos pela Biblioteca Virtual aos


alunos a distância:

„„ Pesquisa a publicações online


www.unisul.br/textocompleto
„„ Acesso a bases de dados assinadas
www. unisul.br/bdassinadas
„„ Acesso a bases de dados gratuitas selecionadas
www.unisul.br/bdgratuitas
„„ Acesso a jornais e revistas on-line
www. unisul.br/periodicos
„„ Empréstimo de livros
www. unisul.br/emprestimos
„„ Escaneamento de parte de obra1

Acesse a página da Biblioteca Virtual da Unisul, disponível no EVA


e explore seus recursos digitais.
Qualquer dúvida escreva para bv@unisul.br

1 Se você optar por escaneamento de parte do livro, será lhe enviado o


sumário da obra para que você possa escolher quais capítulos deseja solicitar
a reprodução. Lembrando que para não ferir a Lei dos direitos autorais (Lei
9610/98) pode-se reproduzir até 10% do total de páginas do livro.

Você também pode gostar