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AO DOUTOR JUIZO DA .....

VARA DO JUIZADO ESPECIAL CIVIL DA


COMARCA DE ....... DE ......, ESTADO DE .......

........ ......... ..........., (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portadora do RG nº .........,


devidamente inscrita no CPF sob o nº .........., residente e domiciliada na Rua ......, nº
........., Bairro ........., CEP: ........., com o endereço eletrônico registrado como ............,
por intermédio de seu advogado que esta subscreve, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, propor a presente

AÇÃO DE IDENIZAÇÃO POR DANOS MORIAS

Em face da loja ........., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº
.................., com sede na Rua ........., nº .........., Bairro ........., CEP: .........., cidade
........................, Estado ................, com endereço eletrônico registrado como ...........,
pelos motivos de fatos e de direitos a seguir exibidos.

1. DOS FATOS

No dia 21/09/2022, por volta das 16h30, a Autora, foi até a loja Ré, que vende matérias
eletrônicos, para efetuar algumas compras para seu computador que precisava de uma
peça que avia quebrado.

Ao entrar na loja, percebeu que estava sendo observada de uma forma deferente pelos
seguranças, mas continuou a procurar pela peça. Depois de um tempo procurando e não
ter achado, chamou um atendente que a atendeu normalmente, e deu a informação que
não havia aquela peça na loja, e foi em direção da saída, inclusive, junta do atendente.

Logo que saiu, ocorreu que o segurança de nome ............. abordou lhe acusando-a de ter
furtado um aparelho eletrônico, sem ao menos o alarme da loja ter tocado, e pediu que a
Autora desse a bolsa para que ele pudesse conferir, sem entender nada do que estava
acontecendo, a Autora negou ter pego o aparelho, e o segurança insistiu que ela desse a
bolsa, e até ameaçou-a de usar agressão caso ela não desse a bolsa.
Muito constrangida, pois a ação ocorreu em público em um dia em que a loja estava
cheia, ............ deu sua bolsa ao segurança, que obviamente não encontrou nada, então a
Autora foi liberada pela loja, com os olhares de todos que estavam na loja fixos nela, a
deixando absurdamente constrangida com a atitude, além do segurança ter lhe ameaçada
caso voltasse lá.

2. DOS FUNDAMENTOS JURIDICOS

a) DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESSA DO CONSUMIDOR E DA


INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Ressaltam-se que não restam dúvidas da relação de consumo entre as partes, pois se
enquadram nos conceitos de consumidor e fornecedor, nos termos dos artigos 2º e 3º do
Código de Defesa do Consumidor.

Sendo assim aplicável o CDC ao presente caso, no qual determina, em seu artigo 6º,
VIII, que:

“Art. 6º- São direitos básicos do consumidor:


(...)
VIII- a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiencia”

Ao ser aplicado o CDC, estamos diante da situação disposta em seu artigo 14, que
menciona:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência


de culpa, pela reparação dos danos causado aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e risco.
§1º O serviço é defeituoso quando não fornecer a segurança que o consumidor
dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre
as quais:

I- o modo de seu fornecimento;

II- o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III- a época em que foi fornecido.”

Aqui, tratando-se de uma responsabilidade civil objetiva, que independe de culpa para
sua caracterização.

Assim sendo, pleiteia a Autora pela incidência do Código de Defesa e inversão do ônus
da prova, por ser a parte mais vulnerável na relação de consumo.

b) DA NESCESSARIA REPARAÇÃO MORAL - SITUAÇÃO DE


CONSTRAGIMENTO E HUMILHAÇÃO QUE EXCEDE O MERO DISSABOR

Diante da situação narrada, não restam dúvidas acerca do dever de indenizar, pois a
Autora foi gravemente humilhada e constrangida diante das pessoas que estavam no local.
A atitude da Ré acarreta nítida falha na prestação de serviços, causando um elevado
dano à consumidora, o que ultrapassa e MUITO as situações aceitáveis do cotidiano
O Código Civil é bastante claro nos artigos 186 e 187 ao dispor:

"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito."
"Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes."

No caso analisado, a Autora foi acusada de um crime que não cometeu, tendo sua
imagem e honra abalados na frente das pessoas que observavam o ocorrido. Inclusive,
foi obrigada a abrir a bolsa na frente da loja toda, sem que o alarme tivesse apitado e
sem que fosse levada a local reservado.
A Constituição Federal de 1988 é bem clara ao tratar como direito fundamental, a
proteção do patrimônio moral:

"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

(...)

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;

(...)

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;"

De mais a mais, restam completamente configurados os requisitos da responsabilidade


civil, quais sejam:

I Conduta da Ré: por ação, humilhou e constrangeu a Autora, sem qualquer


necessidade, fazendo com que sua imagem e honra ficassem abalados e sua mãe
passasse mal;

II Dano à Autora: ficou extremamente envergonhada e sua mãe chegou a passar mal
com a situação;

III Nexo de causalidade: foi em decorrência unicamente da Ré que a Autora passou


pela situação narrada;
IV Culpa: embora se trate de responsabilidade civil objetiva, que independe de culpa, a
Ré agiu culposamente com a Autora.

Portanto, faz a Autora jus à indenização moral pelo ocorrido.

A Jurisprudência é pacífica ao adotar entendimento neste sentido:

"EMENTA: EMBARGOS INFRINGENTES - ACUSAÇÃO DE FURTO -


LOJA DE DEPARTAMENTOS - ANGÚSTIA, VERGONHA E
HUMILHAÇÃO - LESÃO À PERSONALIDADE - DANOS MORAIS -
EXISTENTES - COMPENSAÇÃO DE R$ 7.240,00 - VALOR
RAZOÁVEL. Encontram-se caracterizados os danos morais nos casos em que
há a comprovação de que a conduta dos funcionários de loja de departamentos
acusaram indevidamente a autora de ter praticado furto de mercadorias,
gerando-lhe angústia, vergonha e humilhação. É razoável o valor dos danos
morais arbitrados em R$ 7.240,00 para o caso concreto. (TJ-MG - EI:
10024131160905002 MG, Relator: Veiga de Oliveira, Data de Julgamento:
11/03/2016, Data de Publicação: 15/04/2016)"

"APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS.


ACUSAÇÃO DE FURTO EM LOJA. REVISTA DE PERTENCES POR
FUNCIONÁRIO. CONSTRANGIMENTO E HUMILHAÇÃO. DANO
MORAL CARACTERIZAÇÃO." QUANTUM "INDENIZATÓRIO
FIXADO COM MODERAÇÃO. VALOR MANTIDO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. CONDENAÇÃO SOBRE O VALOR DA CAUSA.
EQUÍVOCO. HONORÁRIOS REFORMADOS PARA SEREM PAGOS
COM BASE NO VALOR DA CONDENAÇÃO. APELAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDA. (Classe: Apelação,Número do Processo:
0379925-37.2012.8.05.0001, Relator (a): Ilona Márcia Reis, Quinta Câmara
Cível, Publicado em: 14/07/2016 ) (TJ-BA - APL:
03799253720128050001, Relator: Ilona Márcia Reis, Quinta Câmara Cível,
Data de Publicação: 14/07/2016)"

Assim sendo, faz jus à Autora à reparação moral pelo ocorrido, em, no mínimo, R$
7.000,00 (sete mil reais), conforme julgados acima.

3. DA JUSTIÇA GRATUITA
A Autora requer a justiça gratuita por ser pobre na forma da lei. Recebendo um salário
mínimo no valor de 1200 R$ ( mil e duzentos reais) que recebe de seu trabalho como
empregada doméstica, onde é a sua única fonte de renda, que é destinado para
pagamento de aluguel e alimentação.
Assim, não possui condições financeiras de arcar com o pagamento das custas e
despesas processuais, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família. Diante disto, o
artigo 98 do Código de Processo Civil é bem claro que:

"Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei."

4. DOS PEDIDOS
Diante o exposto requer a vossa excelência:
a) A procedência do pedido quanto a gratuidade da justiça nos termos do artigo 5º,
LXXIV da Constituição Federal e do artigo 98 do Código de Processo Civil;
b) A total procedência da ação para que seja a Ré condenada ao pagamento de
indenização por danos morais de, no mínimo, R$ 7.000,00 (sete mil reais);
c) A condenação da Ré ao pagamento de honorários advocatícios a serem fixados com
base no artigo 85, § 2º do Código de Processo Civil.
d) Seja a Ré citada para, querendo, apresentar contestação no prazo legal;
e) A produção de todas as provas em direito admitidas
f) Manifesta-se interesse na audiência de conciliação.
Dá-se à causa o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais).

Nesses termos.
Pede e espera deferimento.

Cidade ............, Data .............

Nome do advogado
OAB / UF

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