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Hellen Natália Nunes Chaves

RA: 11202131888

FOUREZ, G. A construção das ciências. São Paulo: Editora Unesp, 1995.

A ciência e o poder

1. O poder humano sob à ciência

Na medida em que a ciência é sempre um “ poder fazer” , um certo domínio da


natureza, ela se liga, por tabela, ao poder que o ser humano possui um sobre o outro.
A ciência e a tecnologia tiveram um a parte bem significativa na organização da
sociedade contemporânea, a ponto de esta não poder prescindir das primeiras:
energia, meios de transporte, comunicações, eletrodomésticos, etc. O conhecimento é
sempre uma representação daquilo que é possível fazer e, por conseguinte,
representação daquilo que poderia ser objeto de um a decisão na sociedade. A
questão do vínculo entre os conhecimentos e as decisões se impõe, portanto que
existe um vínculo, isto é indicado pelo bom senso: se se sabe que é possível construir
um a ponte de um a margem à outra de um rio, pode-se questionar se ela é ou não
desejável. Porém, pode o conhecimento indicar se se deve ou não construir essa
ponte?
Desde sempre supôs-se uma relação entre o conhecimento e o poder político: sempre
se afirmou que um rei ou que um chefe devia ser “sábio”. O que isto significa? Até que
ponto o saber é determinante quando se deve tomar uma decisão, seja ela de ordem
política ou ética? Em outros termos, trata-se de saber se um a política ou um a
ética pode ser determinada cientificamente. Que espécie de relações podem se
vislumbrar entre a ciência e as decisões sociais?

2. Modelos tecnocrático, decisionista e pragmático-político

Uma sociedade desicionista considerará que cabe às instituições políticas determinar os


objetivos visados por esta sociedade. Cabe aos técnicos, após, encontrar os meios
adequados. O sociólogo e filósofo Max Weber relacionou essa maneira de ver com uma
teoria da racionalidade (Weber, 1971): de acordo com o que se denominou de
racionalidade no sentido weberiano, um plano de ação é racional quando os meios
correspondem aos fins escolhidos. Segundo essa teoria, os objetivos não podem ser
determinados racionalmente; a sua escolha cabe aos tom adores de decisão, guiados por
seus valores. O lugar da racionalidade seria então a determinação dos meios, a
determinação dos fins, da esfera da pura liberdade. No terceiro modelo de interação, o
que é privilegiada é a perpétua discussão e negociação existente entre o técnico e os
clientes. Na prática, é frequente que o mecânico peça o número de telefone de seu cliente
a fim de poder colocar-lhe questões e informá-lo sobre a situação técnica do carro, das
implicações decorrentes do objetivo proposto; ele o questiona também de maneira a
poder decidir em conjunto sobre os meios e mesmo sobre os objetivos. Contrariamente à
abordagem decisionista, não se considera mais aqui que a distinção entre os meios e os
objetivos seja sempre adequada (é claro, por exemplo, que o preço de um meio pode levar
a rever os objetivos). Esse enfoque supõe uma discussão, um debate permanente, um a
negociação interminável entre o técnico e o não-técnico.

Esse modelo pragmático-político assemelha-se ao modelo decisionista, exceto pelo fato de


que a relação entre os especialistas e os não-especialistas é permanente. Contudo, resta
sempre uma decisão delicada: a partir de que momento considera-se (e quem considera?)
que os técnicos compreendem de maneira suficiente a vontade de seus clientes para
poder trabalhar sem consultá-los? O modelo pragmático-político insiste sobre o fato de
que os meios escolhidos podem levar à modificação dos objetivos, mas não fornece
nenhuma receita simples a fim de poder haver a decisão: ele remete às negociações
(motivo pelo qual não o denominam os somente pragmático, mas também político!).

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