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AÇÃO DECLARATÓRIA DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

CUMULADA COM MEDIDA CAUTELAR FISCAL E/OU ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

EXCELENTÍSSIMO DR. JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE VENÂNCIO AIRES/RS

SEGREDO DE JUSTIÇA

URGENTE

O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ 87.934.675/0001-
96, Endereço na Avenida Borges de Medeiros, 1555 / Térreo, 16º, 17º e 18º andares, Centro, Porto Alegre,
CEP 90110-901, por seu procurador firmatário, vem à presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA


CUMULADA COM MEDIDA CAUTELAR FISCAL E/OU ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

contra:

SBMTE LTDA , pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº 00.000.000/0000-00, endereço Rua ... , nº 000,
Bairro, CEP 00000-000, Cidade – RS;

CPRT LTDA, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº 00.000.000/0000-00 e CNPJ nº 00.000.000/0000-
00, endereço Rua ..., nº 000, Bairro, CEP 00000-000, Cidade – RS;

MDPRT LTDA, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº 00.000.000/0000-00, endereço Rua ..., nº 000,
Bairro, CEP 00000-000, Cidade – RS;

FLR LTDA, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº 00.000.000/0000-00, endereço Rua ..., nº 000,
Bairro, CEP 00000-000, Cidade – RS;

GDSH, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº 00.000.000/0000-00, endereço Rua ..., nº 000, Bairro,
CEP 00000-000, Cidade – RS;

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MGBA S/A, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº 00.000.000/0000-00, endereço Rua ..., nº 000,
Bairro, CEP 00000-000, Cidade – RS;

JREH, brasileiro, casado, empresário, CPF nº 000.000.000/00, residente e domiciliado no endereço Rua
..., nº 0000, Cidade – RS;

GDS, brasileira, casada, empresária, CPF nº 000.000.0100-34, residente e domiciliada no endereço Rua
Antonio Carlos, nº 1390, Venâncio Aires – RS;

CTNE, brasileira, casada, empresária, CPF nº 000.000.000-00, residente e domiciliada no endereço Rua
..., nº 0000, Cidade – RS;

JRE, brasileiro, casado, empresário, CPF nº 000.000.000-00, residente e domiciliado no endereço Rua ...,
nº 0000, Cidade – RS;

CRTN, brasileiro, casado, empresário, CPF nº 000.000.000-00, residente e domiciliado no endereço Rua
..., nº 0000, Cidade – RS;

em razão dos seguintes fatos e fundamentos jurídicos:

BREVE SINOPSE

A sociedade empresária SBMTE Ltda., primeira ré da demanda, é declaradamente devedora


fiscal do autor.

Os créditos fiscais vêm contra ela sendo executados através de diversas execuções fiscais (mais
de vinte execuções fiscais, somente na Comarca de Venâncio Aires), sem êxito.

Tal se dá, principalmente, por ausência de bens da devedora que possam saldar os débitos.

Eventualmente, a executada Sobremonte oferece precatórios à penhora, os quais são objeto de


recusa do Ente Público.

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Curiosamente, a empresa exercida pela devedora é altamente rentável.

A partir de tal constatação, a Secretaria Estadual da Fazenda deu início ao procedimento


especial de número 107333-1400-09-0 visando à análise da atividade desenvolvida pela SBMTE Ltda.

Ultimado o procedimento, constatou-se que a sociedade em questão, conjuntamente com os


demais réus, utiliza uma série de subterfúgios ilegais para não pagar ICMS (declarado, diga-se) e assim
aumentar a sua rentabilidade negocial e obter vantagem concorrencial ilegal.

Feito este pequeno introito, passa-se à análise da situação fática, inclusive à justificativa da
propositura da presente demanda.

I – QUESTÕES FÁTICAS

1) EXECUÇÕES FISCAIS EM CURSO

Calha, de início, tecer algumas considerações sobre a situação fiscal da primeira ré no âmbito
judiciário.

Atualmente, a SBMTE é executada em exatas 27 execuções fiscais – 3 em andamento na


Comarca de Canoas (domicílio fiscal até 2004) e 24 na Comarca de Venâncio Aires (domicílio fiscal desde
2004) – documentos em anexo.

Uma breve síntese das execuções fiscais em curso consta no anexo 2 desta peça.

O valor total do débito fiscal é, hoje de R$ 29.033.542,03 – vinte e nove milhões, trinta e três
mil, quinhentos e quarenta e dois reais e oitenta e três centavos (vide anexo 3).

Como dito acima, a empresa tem um desempenho comercial ótimo, apesar do valor do débito.

Isso porque, além de não pagar os valores declarados a título de débito de ICMS, a Sobremonte
conta com uma estrutura informal de negociação que a resguarda de ter seu patrimônio constrito em
execuções fiscais e, ao mesmo tempo, garante alto fluxo de valores para dar continuidade aos negócios.

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Como se demonstrará nas páginas seguintes, a primeira ré utiliza-se de outras sociedades
(demais sociedades demandadas), todas com um ou mais sócios coincidentes (também réus da presente),
para canalizar os valores obtidos com suas negociações e, ao mesmo tempo, mantém contratos com tais
sociedades sem gerar, para estas, débito de ICMS.

Além da evidente oneração ao Erário, o grupo econômico em questão, ao assim agir, pratica
concorrência desleal, pagando muito menos impostos comparativamente às suas concorrentes.

Para que se tenha uma ideia, apenas no ano de 2008 a Sobremonte praticou uma alíquota
efetiva (real) de ICMS de 0,04%. No mesmo ano, a média de alíquota efetiva do setor foi de 5,03%1*.

Em suma, no ano de 2008 a empresa efetivamente pagou o correspondente a 0,79% do que


pagaram as demais empresas do setor.

A situação nos demais anos é a mesma, com pequenas variações de índice.

Voltando às execuções fiscais já propostas, tem-se que todas acabam frustrando-se por uma
única razão – a Sobremonte, declarada devedora do ICMS, não possui patrimônio algum.

Quando algum valor é penhorado, é ínfimo em relação ao débito.

Tal questão, crucial para alcançar o intento da presente demanda, será objeto de tópico
específico.

2) PROCEDIMENTO FISCAL DAS RÉS

Segundo a Secretaria Estadual da Fazenda, a primeira demandada atua da seguinte


forma para esquivar-se do pagamento de ICMS:

“o contribuinte SBMTE compra matéria-prima, com crédito de ICMS. Esta matéria-


prima é remetida para diversos estabelecimentos no RS para industrialização por encomenda –
esta operação está ao abrigo do diferimento do ICMS. As empresas industrializadoras devolvem
à SBMTE a mercadoria industrializada, também ao abrigo do diferimento do ICMS. Por fim,
a SBMTE vende as mercadorias industrializada para seus clientes, a maioria em outras UFs. O

1 * Dados fornecidos pela Secretaria Estadual da Fazenda – íntegra do procedimento administrativo – anexo 4.

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ICMS devido concentra-se no estabelecimento da SBMTE, que não realiza qualquer processo
de industrialização, apenas compra a matéria-prima e revende o produto industrializado por
terceiros (cujos sócios pertencem à mesma família). As empresas industrializadoras não geram
ICMS a pagar, e constantemente solicitam e recebem a Certidão de Situação Fiscal com o status
de “Negativa de Débitos).”

Graficamente2*, assim procede o Grupo:

Como se pode perceber, trata-se de evidente Grupo Econômico informal criado com o intento
de burlar o fisco e obter maiores ganhos.

Tal grupo é composto basicamente dos seguintes elementos;


a) SBMTE Ltda: apresenta-se como cliente das empresas industrializadoras (pertencentes
ao grupo) e como fornecedora de diversas grandes empresas do ramo do vestuário, assumindo os ônus
fiscais de todas operações. O quadro societário é composto por JREH e GDS;

b) FLR Ltda: industrializa por encomenda para a SBMTE e não afigura, no negócio, como
devedora do ICMS. O quadro societário é composto por CRTN e JRE (filho de JREH, sócio da SBMTE);

2 * As logomarcas utilizadas possuem finalidade meramente ilustrativa. No ponto, cumpre recordar o teor do artigo 132, inciso IV, da Lei 9.279/96 (Lei de Propriedade Industrial):
“Art. 132. O titular da marca não poderá:
(...)
IV - impedir a citação da marca em discurso, obra científica ou literária ou qualquer outra publicação, desde que sem conotação comercial e sem prejuízo para seu
caráter distintivo.”

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c) CPRT Ltda 1 (CNPJ 07198014/0003-72): industrializa por encomenda para a SBMTE e
não afigura, no negócio, como devedora do ICMS. O quadro societário é composto por CRTN (genro de
JREH – casado com CTNE) e CTNE (ex-sócia da SBMTE e filha de JREH, sócio da SBMTE);

d) CPRT Ltda 2 (CNPJ 07198014/0001-00): industrializa por encomenda para a SBMTE e


não afigura, no negócio, como devedora do ICMS. O quadro societário é composto por CRTN (genro de
JREH – casado com CTNE) e CTNE (ex-sócia da SBMTE e filha de JREH, sócio da SBMTE);

e) MDPRT Ltda: industrializa por encomenda para a SBMTE e não afigura, no negócio, como
devedora do ICMS. O quadro societário é composto por JRE (filho de JREH, sócio da SBMTE) e CTNE
(ex-sócia da SBMTE e filha de JREH, sócio da SBMTE);

f) NGBA S/A: recentemente criada, na forma de sociedade anônima. Trata-se de empresa


com objeto de comércio varejista de confecções em geral e do vestuário para a atividade de fitness. Possui
marca própria para estampa nos produtos. É composta por CRTN, CTNE, GDS e JREH.

g) GDSH: industrializa por encomenda para a Sobremonte e não afigura, no negócio, como
devedora do ICMS. Tem como única sócia GDS (esposa de JREH, mãe de CTNE e JRE).

h) JREH: sócio da SBMTE, detentor da grande parte do capital social (conforme 10ª alteração
contratual, em anexo). Casado com GDS e pai de JRE e CTNE;

i) GDS: sócia da SBMTE. Casada com JREH e mãe de JRE e CTNE;

j) CTNE: sócia da SBMTE até 2004, sócia da CPRT e da MDPRT. Filha de JREH e GDS.
Casada com CRTN;

k) JRE: sócio da FLR e da MDPRT. Filho de JREH e GDS;

l) CRTN: sócio da FLR e CPRT. Casado com CTNE.

Esquematicamente, assim são as relações da família H:

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3) CONFUSÃO PATRIMONIAL

Analisados os balanços contábeis da Sobremonte, além de outros dados coligidos pela Secretaria
Estadual da Fazenda, percebe-se intensa promiscuidade financeira e administrativa entre os demandados.
Tal confusão tem somente um escopo, livrar o grupo econômico dos custos atinentes ao pagamento de
ICMS.

Para que se possa ter uma ideia, o grupo econômico protegido pela Sobremonte executa os seguintes

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atos, que deixam claro o intuito sonegatório: empréstimos entre os membros do grupo, sem qualquer
comprovação de contratualização ou pagamentos; adiantamentos da Sobremonte aos fornecedores (todos
membros do grupo) sem qualquer justificativa, ainda mais tendo em conta que os débitos fiscais sequer
são pagos; entrega das mercadorias aos clientes pelos próprios fornecedores do grupo, o que revela a total
ausência de razão jurídica para a existência da Sobremonte, que não seja livrar o grupo dos débitos de
ICMS e, por fim; concentração de todo débito de ICMS na Sobremonte, blindando os demais membros
e garantindo alta rentabilidade ao negócio, em prejuízo não só aos cofres públicos, como também à livre
concorrência.

O emaranhado de situações que indicam o proceder pode assim ser resumido, apenas com base nos
balanços contábeis e nas diligências realizadas pela Secretaria da Fazenda:

1.1) ENTRE SBMTE E FLR

Nos balanços patrimoniais referentes aos exercícios de 2007 e 2008, a SBMTE Ltda consignou
antecipações de pagamentos a fornecedores, ou seja, valores repassados aos fornecedores antes da
prestação de qualquer serviço.

Considerando que se trata de relação sujeita encomenda, e tal encomenda depende da relação
contratual entre Sobremonte e os diversos clientes, geralmente grandes empresas do mercado varejista de
roupas, percebe-se que tal “antecipação” se dá em completa álea.

De fato, da análise dessa operação resta claro que a Sobremonte antecipa pagamentos sem saber se
ocorrerá a contratação.

Evidentemente, tal antecipação não é feita para qualquer fornecedor.

Somente os fornecedores componentes do grupo informal são beneficiados com a generosidade


contratual da Sobremonte.

No balanço patrimonial de 2007, a Sobremonte registrou, sem especificar os beneficiários, a


transferência de R$ 5.369.694,00 (cinco milhões, trezentos e sessenta e nove mil e seiscentos e noventa e
quatro reais) a título de antecipações para fornecedores.

O valor é superior, inclusive, ao que a sociedade recebeu de pagamentos de clientes no período

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(R$4.400.369,84). O faturamento em 2007 totalizou valor superior a dezenove milhões de reais.

O valor arrecadado a título de ICMS foi a ínfima quantia de R$5.535,36.

Resumindo a situação: a Sobremonte, no ano de 2007, se deu ao luxo de antecipar mais de cinco
milhões de reais a fornecedores, antes de qualquer operação contratual, e praticamente nada pagou de
ICMS.

No ano de 2008 a mesma situação: R$4.973.540,26 adiantados a fornecedores – R$7.075,86 pagos


de Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços.

A partir do ano de 2009 a manobra começa a ficar mais clara.

Isso porque no balanço desse ano a SBMTE passou a registrar quais foram os recebedores dessas
antecipações.

Não é nenhuma surpresa o fato de todos os beneficiários serem empresas do grupo, ou seja, aquelas
controladas pela família H.

A FLR, objeto de análise específica, recebeu no ano de 2009 R$4.501.556,93 (quatro milhões,
quinhentos e um mil, quinhentos e cinquenta e seis reais e noventa e três centavos) como antecipação.
Reitera-se: o valor foi-lhe entregue por mera liberalidade da SBMTE, antes de qualquer contrato em
andamento.

A sociedade composta por CRTN (genro de JREH) e JRE (filho de JREH, sócio da SBMTE) foi
agraciada com o elevado montante, antes de prestar, ou mesmo de haver previsão, de qualquer serviço de
industrialização por encomendada.

Pois bem: da análise do balanço do mesmo ano (2009) conclui-se com facilidade que o passivo da
SBMTE com a FLR em 2009 foi de R$109.725,00 (cento e nove mil, setecentos e vinte e cinco reais).

Ou seja, somente houve efetiva contratação de R$109.725,00.

Por qual razão, então, foi feito um adiantamento de R$4.501.556,93?

Para serviços a serem prestados em 2010, talvez pudesse responder a SBMTE. No entanto, tal não

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ocorreu.

No ano de 2010, a FLR industrializou para a SBMTE, por encomenda, um total de R$330.980,50.

Continuaria devedora de serviços correspondentes a aproximados quatro milhões de reais, portanto.

Como se isso não bastasse, em 2010 a SBMTE adiantou mais dinheiro à FLR. E quantia bem maior:
R$7.365.908,39 (sete milhões, trezentos e sessenta e cinco mil, novecentos e oito reais e trinta e nove
centavos)!

Em 2011, adiantamento de R$9.614.208,39, contratualização efetiva de R$278.064,00.

Tendo em conta esses dados, a Sobremonte seria credora de mercadorias em face da FLR por pelo
menos dez anos. Isso se não continuasse a fazer adiantamentos, por óbvio.

Resumo dos valores transferidos entre SBMTE e FLR entre 2009 e 2011:

ANO RECEBEU ADIANTADOS PRODUZIU PARA A SBMTE


2009 R$4.501.556,93 R$109.725,00
2010 R$7.365.908,39 R$330.980,50
2011 R$9.614.208,39 R$278.064,00
TOTAL R$21.481.673,71 R$718.769,50
DIFERENÇA R$20.762.904,21

1.2) ENTRE SBMTE E CPRT

A CPRT, sociedade entre CRTN (genro de JREH – casado com CTNE) e CTNE (ex-sócia da SBMTE
e filha de JREH, sócio da SBMTE), recebe o mesmo tratamento.

Entre 2009 e 2011 recebeu um total de R$ 10.508.488,17 (dez milhões, quinhentos e oito mil,
quatrocentos e oitenta e oito reais e dezessete centavos) de adiantamento.

Importante recordar que os balanços patrimoniais de 2007 e 2008 não especificam quais foram os
agraciados.

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Total de serviços prestados pela CPRT à SBMTE no período 2009/2011: R$821.341,00 (oitocentos e
vinte e um mil, trezentos e quarenta e um reais).

Quadro-resumo:

ANO RECEBEU ADIANTADOS PRODUZIU PARA A SBMTE


2009 R$2.733.119,39 R$157.965,50
2010 R$3.825.606,39 R$106.389,50
2011 R$3.949.762,39 R$556.986,00
TOTAL R$10.508.488,17 R$821.341,00
DIFERENÇA R$9.687.147,17

1.3) ENTRE SBMTE E MDPRT

De igual modo, a MDPRT Ltda., sociedade entre JRE (filho de JREH, sócio da SBMTE) e sua irmã,
CTNE (ex-sócia da SBMTE, casada com CRTN e filha de JREH, sócio da SBMTE) recebe antecipações de
pagamentos da SBMTE.

Assim teria se dado a relação, conforme balanços patrimoniais:

ANO RECEBEU ADIANTADOS PRODUZIU PARA A SBMTE


2009 R$1.767.594,61 R$157.176,00
2010 R$2.540.906,61 R$95.372,49
2011 R$2.929.831,61 R$1.042.998,50
TOTAL R$7.238.332,83 R$1.295.546,99
DIFERENÇA R$5.942.785,84

1.4) ENTRE SBMTE E GDSH

Como será analisado abaixo, em tópico específico, a sociedade empresária GDSH, em processo
de execução cível, cedeu seus créditos à Sobremonte quando, em determinado momento processual,
terceiros-credores tentaram receber através do destaque de parte de tal crédito (sobre o assunto, ver
tópico 5 desta petição).

Além disso, a empresa GDSH é de formada por GDS, esposa de JREH e sua sócia, evidentemente,
na SBMTE.

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1.5) ENTRE SBMTE E JREH

Além de sócio e condutor dos negócios da Sobremonte, JREH recebeu um grande empréstimo de
sua própria empresa.

De fato, conforme consta no balanço contábil da sociedade (exercício 2011 – íntegra em anexo), o
próprio dono da SBMTE recebeu um empréstimo gracioso de R$ 200.000,00.

Não se tratam de dividendos pagos a um sócio, mas de empréstimo.

Mais, não há qualquer registro de pagamento desse débito pelo sócio.

Mais ainda: a SBMTE se deu ao luxo de emprestar dinheiro, mas não se dignou de pagar sequer uma
parte de seu débito de ICMS.

Desnecessário repetir que se trata de flagrante ato caracterizador de confusão patrimonial e


mecanismo de proteção à solidez do “Grupo H”.

1.6) ENTRE SBMTE E GDS

A outra sócia da SBMTE, GDS (esposa de JREH) também foi agraciada com um empréstimo (cujos
termos contratuais não se conhecem e do qual não é possível verificar sequer um pagamento) feito pela
própria SBMTE.

A transação foi registrada pela própria Sobremonte em seu balanço patrimonial de 2009.

O valor: “meros” R$1.927.326,04 (um milhão, novecentos e vinte e sete mil, trezentos e vinte e seis
reais e quatro centavos).

Empréstimo sem origem e sem contabilização de pagamento.

1.7) ENTRE SBMTE E CTNE

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A primogênita do casal H também recebeu empréstimo – R$100.000,00 (conforme DIRPF 2010).

Recorde-se que CTNE foi sócia da SBMTE em 2003, ano em que se retirou para dar início a outra
empresa do grupo – CPRT.

1.8) ENTRE SBMTE E JRE

JRE também recebeu empréstimo da sociedade de seus pais.

Como se instituição bancária fosse, a SBMTE repassou ao varão do casal H R$100.000,00.

Não há registro do contrato entre as partes, sequer de pagamentos, por óbvio.

3.9) BALANÇO 2012 – ANÁLISE GLOBAL

De tudo o que foi dito acima é possível encontrar uma síntese perfeita no balanço patrimonial 2012.

Todas as manobras ilegais para blindar o patrimônio societário do pagamento de tributos estão bem
claras no documento, que merece análise única.

− Valores em trânsito: rubrica genérica, sem especificação quanto à origem3*. Valor total: R$
5.851.942,30.

Não é possível aferir a que se refere essa enorme quantia.

Trata-se de mais um valor alto e sem qualquer explicação no balanço da primeira ré, o que, aliás, já
ocorreu no balanço de 2011 (o valor sem origem foi de R$4.474.052,51).

− Adiantamentos a fornecedores: novamente no ano de 2012 a SBMTE adiantou altos valores a


seus fornecedores (todos administrados pela família H e pertencentes ao GE), sem receber contrapartida
produtiva compatível. Foram distribuídos exatos R$8.491.547,04 entre MDPRT, FLR (maior beneficiária,
recebendo mais de seis milhões de reais) e CPRT.

3* Vide anexo 7 – parecer técnico contábil da PGE/RS

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Convém recordar, aliás, que a SBMTE adiantou aos fornecedores GDSH, MDPRT, FLR e CPRT,
somente no ano de 2011, mais de 16 milhões de reais.

O dado é repetido aqui para demonstrar o seguinte: seria de se esperar que o balanço de 2012 trouxesse
uma produção feita por essas empresas compatível com o valor por elas recebido em adiantamento.

Como já demonstrado em relação aos anos anteriores, isso não ocorre.

Tais empresas produziram para a SBMTE, no ano de 2012, o correspondente a R$1.396.364,10.

A sociedade GDSH nada produziu para a SBMTE em 2012, apesar de ter recebido um adiantamento
de R$343.020,00 em 2011.

O “crédito” acumulado da SBMTE com seus fornecedores (da família H), entre 2009 e 2012, chega
a R$43.831.040,15 (mais de quarenta e três milhões de reais!).

Basta calcular os valores declarados pela primeira ré para notar que foram adiantados, no período,
R$48.063.061,75 às empresas da família H. Essas mesmas empresas forneceram, na mesma época, o
equivalente a R$4.232.021,60, menos de 10% do valor recebido.

Não é demais recordar que a sociedade deve ao Estado do Rio Grande do Sul quase trinta milhões de
reais, ou seja, se não tivesse adiantado tanto dinheiro aos outros membros do grupo e buscasse direcionar
o montante para o pagamento dos tributos estaduais o seu débito fiscal estaria zerado.

Não restam dúvidas de que o expediente serve somente para encobrir a remessa de valores para a
porção produtiva do grupo, protegendo a lucratividade em detrimento das obrigações com o Fisco.

A questão dos adiantamentos já foi abordada acima, sendo desnecessárias mais palavras sobre o
assunto.

− EMPRÉSTIMOS AOS MEMBROS DO GE

No ano de 2012 a SBMTE continuou contemplando os demais membros do grupo com empréstimos.

GDSH (que também recebeu adiantamento como fornecedora, sem nada produzir), recebeu um
empréstimo de R$669.870,00

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A patriarca da família H, JREH, recebeu R$160.000,00.

− ADIANTAMENTO DE PRO-LABORE

Mesmo deixando de cumprir com suas obrigações fiscais, a SBMTE teve condições, ainda, de
adiantar o pró-labore de seus sócios.

O casal H recebeu R$318.107,97 em 2012.

− ADIANTAMENTO A EMPREGADOS

De todos os dados constantes no balanço contábil do ano de 2012, a rubrica em questão é a que mais
espanta.

Sabe-se que não é comum que as empresas adiantem os salários de seus empregados. A conduta, do
ponto de vista do Direito do Trabalho, pode inclusive gerar direito de continuidade para o empregado, se
acompanhada de habitualidade.

Mesmo assim, se poderia, considerando o histórico da empresa, admitir mais um atitude bondosa
com seus colaboradores.

Evidentemente, não se trata disso.

Um único empregado da Sobremonte recebeu um adiantamento de R$41.071,96 (quarenta e um


mil, setenta e um reais e noventa e seis centavos) no ano de 2012.

Mesmo sem saber a função ocupada pelo empregado, pode-se perceber que se trata de pessoa bem
remunerada. O cargo deve ser importante.

Se todo o ano houvesse sido antecipado, apenas por hipótese, o empregado em questão receberia
por mês aproximados R$3.422,66.

Deve-se atentar, no entanto, para a pessoa contemplada – justamente o esposo da filha do casal H
– CRTN.

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A informação é instigante: o sócio da FLR, além de gerente desta (que se localiza, aliás, no mesmo
prédio da SBMTE), marido da filha do casal, sócio do seu próprio cunhado é, ainda, empregado da
SBMTE!

E um bom empregado, já que foi agraciado com adiantamento do salário.

Não é preciso, novamente, recuperar o que já foi dito: trata-se de intensa promiscuidade financeira a
tornar inconteste a confusão patrimonial e o intuito fraudulento das operações do Grupo.

3.10) CONCLUSÃO

Após tudo o que foi dito acima é possível concluir que as relações entre tais sociedades e pessoas
têm os seguintes escopos:

a) descapitalizar a SBMTE Ltda., devedora declarada de R$ 29.033.542,03 – vinte e nove milhões,


trinta e três mil, quinhentos e quarenta e dois reais e oitenta e três centavos - em ICMS e impedir a
satisfação do crédito fiscal, notadamente nas execuções fiscais em andamento;

b) afastar o débito fiscal da porção realmente produtiva do grupo informal, que é composta
principalmente por FLR Ltda, CPRT Ltda, MDPRT Ltda e GDSH;

c) aumentar a rentabilidade do negócio do grupo, reduzindo os custos através do não pagamento de


ICMS;

d) capitalizar a porção rentável e produtiva do grupo, transferindo os recursos às industrializadoras.

Como se percebe, Excelência, a existência da Indústria SBMTE é meramente formal e prática: de


fato, considerando que a produção é realizada pelas demais empresas da família H, a única função que se
pode atribuir à Sobremonte é livrar o grupo do pagamento do ICMS.

Para tanto, declara e acumula débitos de ICMS, diferidos na operação com as demais, e se mantém
totalmente descapitalizada como forma de impedir a satisfação pelo Poder Público.

De forma esquemática, assim se dá a transferência patrimonial dentro do grupo:

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Evidente, como adiante será analisado, a confusão patrimonial com desvio de finalidade, o que
permite a desconsideração da personalidade jurídica para efeitos fiscais.

Antes da análise jurídica, entretanto, importante salientar outros elementos constatados pela
fiscalização fazendária estadual.

4) DOS PRECATÓRIOS OFERECIDOS PARA COMPENSAÇÃO – ANÁLISE BALANÇO


PATRIMONIAL

Também se faz necessária uma análise do expediente mais comum do grupo econômico para
proteger seu patrimônio das execuções fiscais.

É muito comum que algumas empresas, notadamente aquelas que possuem uma organização mais
evoluída, prefiram comprar e oferecer precatórios quando demandadas em execuções fiscais, deixando de
pagar os tributos.

Sem entrar na discussão a respeito sobre a viabilidade jurídica dessa estratégia (ressaltando-se que
o Estado do Rio Grande do Sul não a aceita), se faz interessante analisar o comportamento da SBMTE
nesse aspecto.

Visando-se os balanços patrimoniais fornecidos à fiscalização fazendária estadual, percebe-se


que, entre os anos de 2009 e 2011, as despesas realizadas pela sociedade para aquisição de precatórios
chegaram a espantosos R$12.804.244,68 – mais de doze milhões de reais (valor de aquisição, excluindo-se

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o chamado deságio)!

Ou seja, somente entre os anos de 2009 e 2011 a empresa gastou o correspondente a mais da metade
de todo seu débito com o fisco estadual para privilegiar a estratégia de compensação.

Para a primeira demandada, portanto, é mais rentável deixar de pagar tributos e adquirir precatórios
para buscar a compensação na via judicial

O GE ganha tempo, até que a dívida seja inscrita e executada, dinheiro, que entra nos seus cofres
pelo não pagamento de ICMS e pela aquisição dos precatórios com deságio, e, na pior das hipóteses, se
não lograr a compensação, ganha mais tempo até o prosseguimento da execução fiscal.

5) RELAÇÃO PROCESSUAL ENTRE AS DEMANDADAS

5.1 – CESSÕES RECÍPROCAS COMO MANOBRAS DE AUXÍLIO AO GEI

Outra manobra utilizada pelo grupo econômico foi constatada nos autos do processo nº
077/1.06.0003264-7.
Ocorreu tal situação no processo.
A empresa GDSH ingressou com ação de cobrança contra fornecedor (Havan Tecidos da Moda Ltda.).
Além de ser devedora de ICMS, a empresa de GDSH possuía débito cível com um terceiro – Ahmad
Ibrahim Barakat.
Tal credor ingressou no feito procurando receber seus créditos, na qualidade de terceiro-interessado.
O Estado do Rio Grande do Sul também ingressou, buscando receber o crédito fiscal.
Rapidamente, GDSH, buscando frustrar tais créditos, juntou instrumento particular de cessão de
créditos.
Isso mesmo, a devedora cedeu seus créditos a um terceiro, como forma de proteger o valor.
Curiosa, no entanto, não foi a manobra. Curioso foi o beneficiário da manobra.
O cessionário do crédito foi a Sobremonte!
Ou seja, o grupo, num momento de necessidade jurídica de um de seus membros, ingressou no feito
como “adquirente” do crédito para auxiliar na blindagem desse valor, garantindo que ele não fosse parar
nas mãos de terceiros e o ingresso de capital nos caixas do grupo.
Embora o intento não tenha logrado êxito (a cessão foi desconsiderada), é mais um evidente exemplo
de confusão patrimonial e de auxílio do grupo para manutenção do patrimônio.
Algo parecido ocorreu nos autos do processo 077/1.12.0003288-5 (Execução fiscal do Estado contra

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SBMTE Ltda.).
Como de praxe, a executada ofereceu à penhora frações de precatórios.
Entre tais frações, consta o precatório de número 44.275. A cedente: GDSH.
Em anexo, cópias pertinentes do processo em questão, inclusive do contrato de cessão.

5.2 – SERVIÇOS JURÍDICOS PRESTADOS PELOS MESMOS ADVOGADOS4*

O grupo também se utiliza dos serviços dos mesmos profissionais em suas relações processuais.
Conforme se nota dos anexos (consultas ao sistema Themis e cópias dos processos judiciais), o
Grupo é defendido em juízo pelos mesmos advogados, com algumas poucas variações.
Não se está a levantar suspeita alguma sobre a atuação dos profissionais, mas sim demonstrando,
em mais um aspecto, a completa unidade do grupo na defesa dos seus interesses.
Para tanto, o Grupo H utiliza, de forma variada entre seus membros, os serviços dos profissionais
Dorneles Donato Maurer, Mateus Fetter de Almeida, Rafael Kurz Peres, Gabrieli Kurz Peres, Carolina
Silva da Silva e Valtrícia Bertinato, entre outros.
Não restam dúvidas, desse modo, que até a defesa judicial do grupo é organizada e centralizada,
evitando-se comportamentos prejudiciais.

6) ENDEREÇOS DOS ESTABELECIMENTOS: ESTABELECIMENTOS COINCIDENTES,


LINDEIROS OU MERAMENTE “DE FACHADA” - TELEFONES DE CONTATO

Também se pode notar confusão patrimonial na análise dos locais onde estão estabelecidas as
sociedades pertencentes ao grupo informal.
A SBMTE Ltda, conforme documentos em anexo, está estabelecida na Rua A, número 000,
Venâncio Aires.
Nos registros na Junta Comercial, a FLR está estabelecida na Rua B, número 000, também em
Venâncio Aires.
A MDPRT Ltda se declarou estabelecida na Rua C, número 000, Passo do Sobrado.
CPRT Ltda, na Rua D, número 000, Santa Cruz do Sul.
NGBA S/A, estabelecida na Rua E, número 000, Centro de Venâncio Aires.
Agora, Excelência, passemos aos pontos em comum entre os estabelecimentos
De início, importante ressaltar que o endereço da FLR corresponde ao mesmo complexo onde está
estabelecida a SBMTE.

4* Vide Anexo 6

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O endereço da FLR, na verdade, é a entrada lateral do mesmo prédio da SBMTE. O espaço físico
utilizado é o mesmo.
A MDPRT, embora tenha registrado seu endereço no Município de Passo do Sobrado, exerce a
empresa no endereço Rua A, número 000, também em Venâncio Aires.
Curiosamente, é o mesmo complexo.
Já a CPRT Ltda, embora registrada em Santa Cruz do Sul, apresenta publicamente seu endereço
como sendo na Rua X, 000, Centro de Venâncio Aires.
Na mesma Rua, só que no número 0002, está registrada a NGBA S/A.
O prédio, espantosamente, é o mesmo!
Mais uma constatação: em verdade, é a antiga sede da SBMTE.
No detalhe é possível ver a indicação do escritório da SBMTE.
As correspondências não são somente essas.
O telefone para contato da CPRT disponível na internet é o (51)3741-1184.
Ao ligar para esse número, recebe-se uma mensagem informando que o telefone mudou para
(51)3793-2350.
Basta discar para o novo número da CPRT para ter outra surpresa – a atendente informa que é o
número da SBMTE! O telefone é fornecido também pela FLR.
Voltemos aos endereços.
A confusão é tremenda que, ao entrar em outro endereço da web, constata-se outro endereço da
CPRT: Rua A, número 000, Venâncio Aires.
Excelência, é o mesmo endereço de MDPRT e FLR, nos fundos do prédio da SBMTE.
As similaridades são tantas que enumerá-las torna-se tarefa árdua.
A teia deixada pelo grupo econômico não permite dúvidas sobre a confusão patrimonial.
Não existem empresas separadas, a não ser formalmente.
Ao mesmos endereços e telefones não são coincidências: sendo sociedades empresárias com os
mesmos sócios, todos com alguma posição de direção, em uma ou outra, é natural que procurem uma
forma mais cômoda de exercício dos ofícios.
O núcleo empresarial precisa, portanto, ser próximo. O trânsito de mercadorias e pessoas fica
facilitado com a proximidade.
Os dados acima permitem uma certeza: trata-se de verdadeiro GEI, em evidente abuso de direito
de personalidade jurídica.
De fato, o grupo é administrado pelas mesmas pessoas, com utilização da mesma mão-de-obra e
dos mesmos bens móveis e imóveis.

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7) ENTREGA DAS MERCADORIAS

Outro flagrante de confusão patrimonial feito pela fiscalização fazendária diz respeito à efetiva
entrega das mercadorias aos clientes do grupo.
Constatou a Secretaria da Fazenda, após analisar as notas fiscais de vendas dos produtos
industrializados (já prontos, portanto) para outros estados da Federação, emitidas pela SBMTE, que as
entregas também são feitas por veículos das empresas FLR e MDPRT Ltda (os documentos constam no
processo administrativo – cópia integral no anexo 4).
Ora, se a SBMTE é a contratada e faz mera “encomenda” aos industrializadores, por qual razão
sequer faz a entrega?
Aliás, calha perguntar: qual a função exata da Sobremonte? Não industrializa, não entrega, não vende.
Apenas formaliza os negócios e se apresenta como devedora fiscal, verdadeiro “laranja”.

II – QUESTÕES JURÍDICAS

1) DA CARACTERIZAÇÃO DO GE

Está demonstrado, nos processos de execução fiscal, que a executada não possui patrimônio capaz
de minimamente satisfazer os créditos tributários, conforme verifica-se das garantias prestadas até o
momento e das diligências realizadas, após vários anos de tramitação dos processos.

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O que se pode perceber, no entanto, é que se trata da criação de diversas pessoas jurídicas com o
escopo único de evitar o pagamento de ICMS, em evidente abuso de direito.
Formalmente são sociedades distintas, mas o arcabouço probatório trazido aos autos demonstra
que há uma confusão de patrimônio entre os envolvidos, com separação da responsabilidade tributária
unicamente para a precária SBMTE Ltda.
Ademais, as relações familiares reveladas entre todos os sócios das rés demonstram que se trata de um
grupo econômico familiar e que há confusão patrimonial entre as empresas com diversas personalidades
jurídicas, bem como entre as pessoas físicas que as criaram.
Está-se diante de um GE, com administração encabeçada pelos sócios, mentores da simulação
realizada e que pretendem se escudar em divisão de funções criada através de personalidade jurídicas
distintas e pretensos contratos de produção de roupas por encomenda.
É flagrante que os mesmos sócios que se utilizam da Sobremonte para deixar de recolher os
impostos devidos, utilizam-se de outras pessoas jurídicas para desenvolver a atividade comercial de
comércio de vestuário, separando os lucros para as demais empresas do mesmo grupo: uma empresa
devedora sem patrimônio (SBMTE) e empresas que seriam as lucrativas produtoras (CPRT, FLR, MDPRT
e GDSH).
Além de se tratarem dos mesmos sócios e administradores (família H), todas empresas utilizam o
mesmo suporte produtivo, mesmos produtos para venda, aproveitando a mesma clientela e mesmo fundo
de comércio.
Até mesmo os endereços do Grupo correspondem a um único local!
A situação presentemente vivenciada deixa claro que está-se diante de verdadeira transferência de
patrimônio para a porção produtiva do grupo, concentrando os débitos de ICMS tão somente no passivo
da SBMTE Ltda.
A manobra, entretanto, se dá em evidente lesão aos cobres públicos, utilizando-se os partícipes
do abuso de personalidade jurídica, devendo todos os componentes responderem pelos débitos da
concentradora dos débitos.
Tal panorama fático, portanto, aponta, inegavelmente, para a caracterização do GE, entre as diversas
empresas envolvidas. De fato, há forte liame existente entre a executada e as sociedades pertencentes à
mesma família, que com ela se confundem, inclusive, uma vez que se dá apenas uma simples divisão
de funções no grupo, divisão esta arquitetada como forma de evitar, com sucesso até o momento, o
pagamento de tributos.
Não se trata de mera sucessão de empresas, como prevista no art. 133, do CTN, mas de forma mais
elaborada de simulação, através da qual uma das empresas do grupo serve como mera intermediadora dos
contratos, tratados como encomenda.
As demais empresas são as que realmente produzem, fabricam efetivamente as peças. Sobre elas

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não recai a responsabilidade tributária por uma questão formal e muito útil ao grupo – a divisão das
funções, o uso da personalidade jurídica com esse único intuito.
A definição de grupo econômico de empresas, com intuito de responsabilização de empresas está
bem claro no Direito do Trabalho. Tal definição normativa, embora aplicável para a relação de emprego,
pode servir de parâmetro para verificar a sua caracterização para a finalidade de elidir a responsabilidade
tributária, como no caso presente.

GRUPO ECONÔMICO DE EMPRESAS: “Art. 2o., § 2º, da CLT: Sempre que uma ou mais empresas,
tendo embora, cada uma delas, personalidade jurídica, própria estiverem sob a direção, controle ou
administração de outra constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica,
serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma
das subordinadas”.
A formação de um grupo de empresas, que colaboram entre si, dentro de suas atividades específicas,
visando a conjugação de objetivos que as beneficiam mutuamente é uma dinâmica salutar e perfeitamente
aceitável do ponto de vista econômico e jurídico. No grupo de empresas regular, há independência
patrimonial entre cada sociedade e as vantagens advém da otimização de custos de produção e logística
que permitem enfrentar a concorrência de uma forma competitiva, mas leal.
Porém, muito diferente é a criação deliberada de empresas para empreenderem a mesma atividade,
servindo a personalidade jurídica como escudo para separar a parte do passivo para algumas delas, pois
não possuem patrimônio capaz de ser alcançado pelo credor.
Ainda mais quando a administração é feita, na prática, pelos mesmos sócios. Além disso, está
demonstrada a confusão patrimonial, pois o que se tem na prática é um único negócio com estrutura
jurídica criada para reduzir os custos de produção através da sonegação de impostos.
Assim sendo, na medida em que caracterizada a situação de grupo econômico, há de ser aplicável o
posicionamento jurisprudencial, no que tange à responsabilidade, conforme julgados a seguir transcritos,
in verbis:
“DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OFENSA AO ART.
535 DO CPC. NÃO-OCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 2º DA CLT. SÚMULA 07/STJ.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. SOCIEDADE PERTENCENTE AO MESMO
GRUPO DA EXECUTADA. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE AÇÃO PRÓPRIA. RECURSO
ESPECIAL NÃO CONHECIDO.
1. Não se conhece de recurso especial, por pretensa ofensa ao art. 535 do CPC, quando a alegação é
genérica, incidindo, no particular, a Súmula 284/STF.
2. Quanto ao art. 2º da CLT, a insurgência esbarra no óbice contido na Súmula n. 07/STJ, porquanto,
à luz dos documentos carreados aos autos, que apontaram as relações comerciais efetuadas pela executada e
pela recorrente, o Tribunal a quo chegou à conclusão de que se tratava do mesmo grupo de empresas.
3. A indigitada ofensa ao art. 265 do Código Civil não pode ser conhecida, uma vez que tal dispositivo,
a despeito de terem sido opostos embargos declaratórios, não foi objeto de prequestionamento nas instâncias

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de origem, circunstância que faz incidir a Súmula n. 211/STJ.
4. Quanto à tese de inexistência de abuso de personalidade e confusão patrimonial, a pretensão
esbarra, uma vez mais, no enunciado sumular n. 07 desta Corte. À luz das provas produzidas e
exaustivamente apreciadas na instância a quo, chegou o acórdão recorrido à conclusão de que houve
confusão patrimonial.
5. Esta Corte se manifestou em diversas ocasiões no sentido de ser possível atingir, com a
desconsideração da personalidade jurídica, empresa pertencente ao mesmo grupo econômico, quando
evidente que a estrutura deste é meramente formal.
6. Por outro lado, esta Corte também sedimentou entendimento no sentido de ser possível
a desconstituição da personalidade jurídica no bojo do processo de execução ou falimentar,
independentemente de ação própria, o que afasta a alegação de que o recorrente é terceiro e não pode
ser atingido pela execução, inexistindo vulneração ao art. 472, do CPC.”
(REsp 1071643/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
02/04/2009, DJe 13/04/2009).
“...5.2. Em relação à alegação de que a desconsideração da personalidade jurídica somente
poderia atingir os sócios da executada e não outra empresa, tal tese não comporta acolhimento. Esta
Corte se manifestou em diversas ocasiões no sentido de ser possível atingir, com a desconsideração da
personalidade jurídica, empresa pertencente ao mesmo grupo, quando evidente que a estrutura deste é
meramente formal.

Nesse sentido, confira-se:


Processo civil. Recurso ordinário em mandado de segurança. Falência. Grupo de sociedades. Estrutura
meramente formal. Administração sob unidade gerencial, laboral e patrimonial. Desconsideração da
personalidade jurídica da falida. Extensão do decreto falencial a outra sociedade do grupo. Possibilidade.
Terceiros alcançados pelos efeitos da falência. Legitimidade recursal.
– Pertencendo a falida a grupo de sociedades sob o mesmo controle e com estrutura meramente formal,
o que ocorre quando as diversas pessoas jurídicas do grupo exercem suas atividades sob unidade gerencial,
laboral e patrimonial, é legitima a desconsideração da personalidade jurídica da falida para que os efeitos do
decreto falencial alcancem as demais sociedades do grupo.
- Impedir a desconsideração da personalidade jurídica nesta hipótese implicaria prestigiar a
fraude à lei ou contra credores.
- A aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica dispensa a propositura de
ação autônoma para tal. Verificados os pressupostos de sua incidência, poderá o Juiz, incidentemente
no próprio processo de execução (singular ou coletiva), levantar o véu da personalidade jurídica para
que o ato de expropriação atinja terceiros envolvidos, de forma a impedir a concretização de fraude à
lei ou contra terceiros.
- Os terceiros alcançados pela desconsideração da personalidade jurídica da falida estão legitimados a
interpor, perante o próprio juízo falimentar, os recursos tidos por cabíveis, visando a defesa de seus direitos.”
(RMS 12.872/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/06/2002,
DJ 16/12/2002 p. 306).

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Desta forma, a responsabilidade tributária deve ser estendida para todos as empresas envolvidas,
pois pertencentes ao mesmo grupo econômico.

2 – DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E SEUS EFEITOS.

A situação de fato criada para evitar o pagamento da dívida tributária pode ser considerada
fraudulenta e simulada, evidenciando a utilização abusiva e desvirtuada da personalidade jurídica.
Cabe, pois, a responsabilização dos envolvidos, mediante a desconsideração das personalidades
jurídicas de todas as empresas demandadas, bem como afetando as principais pessoas físicas que
arquitetaram esta simulação societária.
A transferência de responsabilidade para terceiro é admitida pela jurisprudência, mediante a
desconsideração da personalidade jurídica, notadamente nos casos de sucessão empresarial. Vejamos:
“EMENTA: EMBARGOS À EXECUÇÃO. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DE CITAÇÃO. ATO
CITATÓRIO EFETIVADO ATRAVÉS DE FUNCIONÁRIO DE EMPRESA. TEORIA DA APARÊNCIA.
SUCESSÃO DE EMPRESAS. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. Mostra-se válida
a citação de empresa na pessoa de seu gerente administrativo, incidindo, in casu, a Teoria da Aparência.
Caso em que inexistiu prejuízo à parte, que veio aos autos, apresentando sua defesa. Outrossim, exsurge dos
autos a informação de endereços comuns entre as empresas, além de envolvimento de sócios parentes.
Demonstrada a ocorrência de confusão de patrimônio de uma empresa para outra, caracterizando a
sucessão, é de ser desconsiderada a personalidade jurídica.” (Apelação Cível 70024513392, Décima Sétima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relatora: Elaine Harzhein Macedo, julgado em 26/06/2008)”.
“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. CONSTRIÇÃO
DE BENS. SUCESSÃO DE EMPRESAS. Caso que os indícios dos autos apontam claramente para a
abertura de nova empresa, com sócios diferentes, mas extremamente vinculados, no intuito de fraudar
a responsabilidade da precedente. Apelo desprovido.” (Apelação Cível 70021915400, Vigésima Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Glênio Hekman, julgado em 26/11/2008)”.
“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. TRIBUÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.
REDIRECIONAMENTO. ART. 133 DO CTN. TRANFERÊNCIA DO FUNDO DE COMÉRCIO
CARACTERIZADA. Responde, nos termos do art. 133 do CTN, pelos débitos tributários, a pessoa
jurídica que está no mesmo ramo, utiliza o mesmo maquinário e tem os mesmos clientes, aproveitando
assim, o potencial de lucratividade do negócio anteriormente exercido pela empresa alienante. Situação
fática incontroversa que evidencia a transferência do fundo de comércio. Apelo Provido.” (Apelação Cível
70010175511, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Roberto Lofego Canibal,
julgado 15/12/2004).

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“EMENTA: EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. PENHORA DE
RENDA. 1. Sucessão tributária. Caracteriza-se a sucessão tributária quando a empresa substituta forma-
se de pessoas ligadas por laços familiares com a substituída, continua no mesmo ramo de atividade,
apropria-se do estoque e, ainda, embora não se instale no mesmo endereço, usa o mesmo título do
estabelecimento, que é um dos componentes do fundo de comércio. De outra parte, como a substituída
cessou as atividades, trata-se de substituição integral. Exegese do art. 133, I, do CTN. 2. Penhora da renda.
Matéria definitivamente julgada em agravo de instrumento não pode ser repetida em embargos. 3. Apelação
desprovida. (Apelação Cível 70004136065, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Irineu Mariani, Julgado em 23/10/2002).
“EMENTA: EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA. PEÇAS AUTOMOTIVAS. EXECUTADA
E EMBARGANTE. EMPRESAS SUCEDIDA E SUCESSORA. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL.
Empresa executada que encerrou suas atividades e no mesmo local nova empresa, com o mesmo sócio
e mesmo ramo de atividade é instalada. Confusão entre elas. Penhora de bens da empresa sucessora.
Manutenção. Responsabilidade da empresa sucessora pelos débitos da sucedida. Embargos improcedentes.
Sentença mantida. Negaram provimento.” (Apelação Cível 70024246209, Décima Nona Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Rafael dos Santos Júnior, Julgado em 15/07/2008).
Veja-se que a jurisprudência admite a utilização da teoria da desconsideração da personalidade
jurídica para a responsabilização de empresa integrante do grupo econômico da devedora. Nesse sentido,
o voto da lavra do Ministro Ruy Rosado de Aguiar no RESP 86502, publicado em 26/08/1996, verbis:
“[…]
Assim, estou me pondo de acordo com os que admitem a aplicação da doutrina da desconsideração,
para julgar ineficaz a personalização societária sempre que for usada com abuso de direito, para fraudar a
lei ou prejudicar a terceiros. OU, em outras palavras: “O juiz pode decretar a suspensão episódica da eficácia
do ato constitutivo da pessoa jurídica, se verificar que ela foi utilizada como instrumento para a realização
de fraude ou abuso de direito’ (Fabio Ulhoa Coelho, op. Cit., p. 54).
A sua compatibilidade com o ordenamento jurídico nacional, além dos casos expressamente previstos
em lei (ex. art. 2º, parágrafo 2º da CLT; art. 135, II, do CTN), também decorre do princípio geral da boa-
fé, base da doutrina alemã construída sobre o ponto, do princípio que veda o uso abusivo do direito, e da
cláusula geral sobre a ordem pública (artigo 17 da LICC), que servem de fundamento para que se afaste
pontualmente, presentes os pressupostos, a regra do artigo 20 do Código Civil.
6. Admite-se a desconsideração, para atingir empresa do mesmo grupo ou conglomerado, que se forma
de fato ou de direito, quando sirva para elidir a responsabilidade por dívidas de seus integrantes.
‘ A jurisprudência americana em inúmeros casos tem entendido também que a personalidade jurídica
de uma empresa pode ser desconsiderada para que se exija o cumprimento de obrigações por outra pessoa
jurídica formalmente distinta, mas de tal modo ligadas uma à outra, que chegam a se identificar no mundo

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fático. Normalmente são situações onde uma pessoa jurídica controla o capital da outra, ou o de ambos é
exageradamente controlado por uma só pessoa. As diretorias e administrações se confundem e os negócios
dão de tal forma entrelaçados, que se torna difícil a distinção do que interessa a quem ‘ (João Casillo, loc.
Cit., p. 27)”
Reforçando ainda mais a fundamentação jurídica da responsabilização defendida pelo ente público,
encontra-se a teoria da desconsideração da pessoa jurídica, expressada em nosso ordenamento jurídico
no art. 50 do Novo Código Civil.
Segundo Fábio Comparato (in Poder do Controle da S/A, RT nº 35), visa detectar a ofensa à lei
que muitas vezes acontece sob o manto de uma pessoa jurídica, adotando-se a concepção realista da
sociedade, pela qual é possível atravessar a cortina daquele conceito formal - qual seja, o da separação
entre pessoa jurídica e membros que a integram - para julgar os fatos mais de acordo com a realidade,
evitando-se ou coibindo-se desvios em sua utilização.
O dispositivo legal mencionado enfrenta o abuso da personalidade, a confusão patrimonial e o
desvio da finalidade da pessoa jurídica, trazendo a devida responsabilização, conforme transcrito abaixo:
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos
aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
Nos termos dessa legislação, a aplicação da disregard doctrine ou disregard of legal entity, do
direito anglo-saxão, exige que os atos praticados pelos sócios configurem abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
Neste caso, importa considerar, por primeiro, que se está a aplicar a cláusula geral de despersonalização
societária, prevista em texto legal veiculado por lei federal que disciplina o próprio instituto da
personalidade jurídica, qual seja o artigo 50 da Lei nº 10.406/2002, em ação específica de procedimento
ordinário, ou seja, não se está a criar nova hipótese tributária, mas, sim, a delimitar, com base na lei
específica societária, que, para efeito de evitar-se o abuso de direito e a violação dos direitos do credor, os
atos executivos podem alcançar os bens dos sócios ou de terceiras empresas do mesmo grupo, tornados
responsáveis em função da aplicação da regra legal de desconsideração ou mesmo, na desconsideração
invertida, sujeitar aos atos executivos os bens de empresa pertencente ao grupo de empresas.
Neste tema, da plena aplicabilidade do art. 50 do NCC em relação às execuções de dívidas
tributárias, é importantíssimo citar a opinião do ilustre tributarista RICARDO MARIZ DE OLIVEIRA,
o qual assevera que “(..) inexiste incompatibilidade entre o art. 50 e o CTN, como não existe entre outras
disposições da lei civil, pertinentes a responsabilidades de sócios e administradores de pessoas jurídicas,
com as que constam do Código Tributário. Destarte, embora a responsabilidade tributária seja matéria
de lei complementar, não viola essa prescrição constitucional qualquer dispositivo da lei privada que
trate do tema no âmbito que lhe é próprio e de maneira não colidente com as normas do CTN, tal como

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ocorre, por exemplo, com a responsabilidade dos sócios pela integralização do capital das sociedades
por quotas de responsabilidade limitada, a qual está prevista no art. 1.052 do Código Civil (e antes,
com outra redação, no art. 9º do Decreto n° 3.708, de 10.01.1919), e se estende para garantia do crédito
tributário, por ser matéria própria da lei privada e não ofender qualquer disposição do CTN.”5(Grifos
nossos).
FÁBIO ULHOA COELHO, quando trata da desconsideração da personalidade jurídica, utiliza a
expressão “manipulação fraudulenta da autonomia da pessoa jurídica” ou “abuso de direito”, quando o
objetivo da alteração contratual é “fraudar interesse legítimo de credores”. A aparente legalidade da pessoa
jurídica esconde o ilícito realizado pelos sócios no intuito de evitar o pagamento da obrigação tributária.
Nestes casos, possível, até mesmo, desconsiderar o princípio da autonomia da pessoa jurídica. 6
Na caso em tela, igualmente, ocorre o abuso de direito e a fraude, visando a evitar a responsabilidade
pela dívida gerada, embora documentalmente aparente legalidade.
De acordo com o Código Civil Brasileiro, a conduta dos empresários e das empresas envolvidos,
no presente caso, caracterizaram ATO ILÍCITO. Quando cometidos atos lesivos que violam direito de
terceiro, causando-lhe dano, devem ser responsabilizados. Vejamos:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”
Faz parte da estratégia fraudulenta manter a empresa devedora (SBMTE Ltda.) como suposta
contratada pelos clientes e devedora do ICMS, mas com faturamento insuficiente, frustrando a cobrança
dos créditos.
O artigo 135, inciso III, do Código Tributário Nacional prevê a responsabilidade dos administradores,
é utilizado, via de regra, para as hipóteses de dissolução irregular da sociedade e possui a seguinte redação,
in verbis:
“Art. 135 - São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
...
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.”

Tem plena aplicabilidade a norma em questão para o caso em pauta, muito


embora, conforme já ressaltado, se esteja diante de responsabilidade solidária, decorrente da gravidade e

5 OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Observações sobre a desconsideração da personalidade jurídica perante o Direito Tributário. Revista Fórum de Direito Tributário - RFDT, Belo
Horizonte, ano 5, n. 28, p. 85-130, jul./ago. 2007

6 In Curso de Direito Comercial, Direito de Empresa, Sociedades; Editora Saraiva, 13a. Edição, 2009, Capítulo 17, páginas 34-38.

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extensão da fraude implementada pelos administradores que configuram verdadeiro grupo econômico,
ultrapassando a previsão deste dispositivo.
Por sua vez, o artigo 124, inciso I, do Código Tributário Nacional possui a seguinte redação, in verbis:
“Art. 124. São solidariamente obrigadas:
I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação
principal” (...).
No caso em pauta, não estamos apenas diante de interesse comum das sociedades, mas interesse
comum na prática de ato ilícito e fraudulento, qual seja resguardar o patrimônio econômico da atividade
fim, consistente no valor da marca e do fundo de comércio, em favor da família H.

Para tanto, utilizam-se de empresas diversas daquela que gerou o débito tributário, evitando que
sejam alcançadas pela cobrança em face da personalidade jurídica própria. Contudo, tal “engenharia
societária” não passa despercebida quando verifica-se que o patrimônio se confunde, qual seja a própria
atividade econômica e os lucros dela advindos.

Decorre daí a responsabilidade apregoada pela lei e que a jurisprudência autoriza com parcimônia,
somente para os casos em que haja benefício comum para as pessoas envolvidas. E, estamos diante,
justamente, desta hipótese.
A situação fática e jurídica do Grupo H demonstra uma sofisticada tentativa de utilização de
empresas, valendo-se da autonomia de cada pessoa jurídica para blindar o débito no âmbito daquela
empresa de menor atividade e patrimônio. Ao mesmo tempo, a atividade do Grupo H é desenvolvida, na
prática, pelas empresas industrializadoras (CPRT, MDPRT, NGBA, FLR e GDSH).
Segundo a jurisprudência, inclusive do STJ, é possível a responsabilidade solidária entre as empresas
do grupo econômico quando há benefícios comuns, confusão patrimonial e participação no fato gerador
do tributo. Por certo, é o que ocorre no caso presente, pois a empresas constituem grupo econômico
exatamente por essas características.
O grupo de empresas é pertencente, como já dito, a JREH, GDS, CTNE, JRE e CRTN, com a geração
deliberada do passivo tributário em nome de somente uma das sociedades - SBMTE.
As empresas industrializadoras possuem objetivo puramente lucrativo. A empresa “laranja”, SBMTE
Ltda., existe para isolar o passivo tributário, sem maiores consequências do ponto de vista da expropriação
de bens para cobrança.
“Há interesse comum que justifica a responsabilidade tributária solidária quando as empresas
integrantes de grupo econômico ocultam ou registram indevidamente negócios jurídicos realizados entre
elas para benefício comum. Há diversas situações de fato que interligam as empresas do grupo econômico,
sendo perfeitamente possível evidenciar solidariedade entre os integrantes, pois além do patrimônio comum
(confusão patrimonial), há interesse comum nos negócios jurídicos realizados em benefício do grupo
societário. [07]

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Todavia, há julgados na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido de
que não caracteriza a solidariedade passiva em execução fiscal o simples fato de duas empresas pertencerem
ao mesmo grupo econômico, pois a expressão “interesse comum”, para o Tribunal supracitado, deve ser
entendida de maneira diversa à exposta no parágrafo acima.
Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o “interesse comum” apenas resta caracterizado
quando as empresas do grupo econômico desempenham a mesma atividade configuradora do fato gerador,
ou seja, é imprescindível que as empresas agrupadas realizem conjuntamente a situação configuradora do
fato gerador. [08]
Ainda segundo a jurisprudência do STJ, a expressão “interesse comum” é um conceito
indeterminado, sendo necessário proceder a uma “interpretação sistemática” das normas tributárias,
com o fito de alcançar a ratio essendi do dispositivo supracitado.
O esforço interpretativo da Corte culminou no entendimento e consolidação de jurisprudência
no sentido de que o “interesse comum” previsto no art. 124, I, implica que as empresas agrupadas, para
serem solidariamente responsáveis, devem ser sujeitos da relação jurídica que deu azo à ocorrência do fato
imponível, pois feriria a lógica jurídico-tributária a inclusão, no pólo passivo da demanda, de alguém que
não tenha tido participação na ocorrência do fato gerador da obrigação, mesmo que faça parte de grupo
econômico beneficiado economicamente. [09]
Para o STJ, mesmo que haja participação nos lucros entre os entes agrupados, o que reforça a idéia
de interesse comum, não há solidariedade. Com a devida venia, ousamos discordar do entendimento.”
NETO, Nabor Batista de Araujo. A responsabilidade das empresas integrantes de grupo econômico. Jus
Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2820, 22 mar. 2011.
No caso dos autos, houve o isolamento da sociedade devedora, ficando pendentes obrigações fiscais,
mas mantendo intocada a atividade econômica, através de interpostas pessoas jurídicas, escudadas na
personalidade jurídica própria. Necessária, pois, a responsabilização de todas as empresas e os respectivos
sócios envolvidos na fraude/simulação revelada neste momento.

3 - DA RESPONSABILIDADE SOCIAL DO EMPRESÁRIO. DA CONCORRÊNCIA DESLEAL:

A SBMTE Ltda - empresa devedora - e a porção produtiva do econômico informal (FLR Ltda,
CPRT Ltda, MDPRT Ltda, NGBA S/A e GDSH) são responsáveis tributárias solidárias pelos valores
cobrados nas execuções fiscais listadas no tópico “I”, item “1”, bem como por enorme passivo perante o
Estado do Rio Grande do Sul, conforme referido anteriormente.
O imposto sobre circulação de mercadorias e serviços é imposto indireto que já foi pago pelo
consumidor final, cabendo às devedoras apenas repassar os valores informados ao Ente Público.
Acumulando um passivo próximo a vinte e nove milhões de reais, torna-se evidente a forma

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irresponsável e ilegal que foi gerida a sociedade. Posteriormente, a série de ilegalidades descambou
para a simulação, conforme já explicitado. Contudo, as empresas conseguiram deixar de pagar valores
expressivos de impostos, competindo de forma ilegal com as empresas do mesmo ramo comercial.
A conclusão que se extrai do presente caso é de que a empresa foi financiada pelo inadimplemento
de impostos, durante muito tempo, auferindo benefício indevido.
O grupo H capitalizou sua atividade econômica através do inadimplemento dos tributos. Utilizou
o dinheiro público para financiar sua atividade particular e assim apresentar um “diferencial” neste
competitivo mercado.
Além de prejudicar o consumidor que pagou a mais para adquirir produtos da devedora, prejudica
o Estado e a sociedade por privá-los da utilização do tributo na finalidade devida, e, ainda, prejudica a
concorrência, representada pelas empresas (e seus empregados) que atuam no mesmo setor mercantil, as
quais tiveram que repassar o tributo corretamente a quem de direito.
A empresa que não paga corretamente o ICMS pode contar com o capital subtraído dos contribuintes
de fato, os consumidores, e não repassado ao Erário. Assim, prejudica a livre concorrência, na medida
em que consegue obter capital de giro e reduzir o preço de suas mercadorias de forma desleal, não
permitindo que as concorrentes mantenham seu funcionamento e participem da competição do mercado
(CONCORRÊNCIA DESLEAL).
A tabela a seguir, elaborada pela Secretaria da Fazenda, constante da análise da empresa, apresenta
um comparativo de recolhimentos nos anos de 2007 e 2008 (calha ressaltar que o comportamento fiscal
da SBMTE está inalterado até o momento), de empresas do mesmo ramo:


No caso em pauta, ocorreu o desvio de receita e a obtenção de lucro, decorrente do inadimplemento
de impostos, para as pessoas físicas dos sócios, interpostas pessoas jurídicas, bem como para o
fortalecimento do grupo empresarial H no mercado, dada a competitividade dos preços de seus produtos
face à concorrência.

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Configura concorrência desleal o inadimplemento contumaz de tributos. O exercício da atividade
mercantil sem o pagamento de impostos, pagos pelas empresas concorrentes possibilita a venda de
produtos por preço inferior em relação às demais, bem como importa auferir lucro indevido decorrente
do valor do imposto.

Constitui-se em infração à ordem econômica, conforme verifica-se da legislação abaixo:

“LEI N. 8.884/1994 - dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica.
Art. 16. As diversas formas de infração da ordem econômica implicam a responsabilidade da empresa
e a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores, solidariamente.
 Art. 17. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de grupo econômico,
de fato ou de direito, que praticarem infração da ordem econômica.
  Art. 18. A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser
desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou
ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração.
(...)
Art. 20. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer
forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam
alcançados:
I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa;...”

Através do enxugamento das despesas ordinárias com o não pagamento de impostos resta ferido o
direito de igualdade em relação aos demais contribuintes que se encontram em dia com suas obrigações
tributárias. Pretendem, contudo, ver reconhecido seu direito ao inadimplemento de impostos. Porém,
esquecem do respeito ao direito à liberdade dos concorrentes que também possuem trabalhadores em
seus quadros.
Em última análise, a conduta temerária da empresa inadimplente contumaz resulta no
fechamento de postos de trabalho de empresas sérias que vem competindo lealmente no mercado
mediante o pagamento dos impostos devidos.
O argumento da função social da empresa, por vezes, é utilizado com o intuito de sensibilizar o
julgador, utilizando os empregados como verdadeiros escudos para impedir a cobrança dos impostos.
Não surpreenderá se vier à tona uma repentina preocupação do empresário responsabilizado com
os seus trabalhadores e as famílias destes e a defesa da função social da empresa, quando ao longo de anos
a “empresa” foi mal administrada, realizando-se toda sorte de ilegalidades, desviando os impostos para o
enriquecimento ilícito dos empresários.

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Assistia-se, até o presente momento, a irresponsabilidade social dos empresários envolvidos, que
causam tantos prejuízos à sociedade gaúcha.
Agora é chegada a hora de estancar o prejuízo que o grupo informal demandado vem causando aos
cofres do estado e ao mercado do setor, buscando corrigir a conduta fraudulenta.
Se nenhuma medida efetiva for tomada, corre-se o risco de ver o desaparecimento do grupo
econômico nos atuais moldes, com o posterior surgimento, sob outra roupagem jurídica, e livre dos ônus
fiscais acumulados.
No caso, relevante o alerta feito em artigo do Desembargador JOSÉ AQUINO FLÔRES DE
CAMARGO, “O outdoor oculto” (Correio do Povo, 10.03.2005, p. 04), que diz, com propriedade:

“...E não passa despercebido que o juiz responsável pelas execuções fiscais teria afirmado que a maioria
das cobranças ajuizadas é infrutífera porque envolve empresas quebradas, não sendo possível encontrar seus
sócios. Como se permite chegar a tal desfecho? Empresas falidas, portas fechadas, saque contra a economia
pública, desfalque no Erário, tudo sem solução. Fecha-se uma porta aqui, abre-se outra ali, na sombra da
pessoa jurídica. Interessante que, a cada golpe, famílias ficam desempregadas, mas os falidos ressurgem,
do outro lado, com o patrimônio pessoal intocado, negociando por interpostas pessoas, sob o olhar
complacente do Estado. O direito não convive com essa prática. A desconsideração da pessoa jurídica
autoriza buscar, na figura do sócio, os bens para saldar as dívidas da empresa. ” (Destaquei).
Portanto, urge a adoção de medidas eficazes para tentar reaver ao Erário Público o dinheiro
desviado pela empresas empresas do grupo pertencente à família H.

4 – DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA – art. 273, §7º, do CPC - PEDIDO


ACAUTELATÓRIO REQUERIDO INCIDENTALMENTE NOS AUTOS DA AÇÃO

“O dano que é imposto àquele que reivindica o bem e o benefício que é gerado à parte que o mantém
indevidamente no seu patrimônio são proporcionais à demora da “justiça”. (MARINONI, Luiz Guilherme.
Tutela Antecipatória e julgamento antecipado – parte incontroversa da demanda. 5ª Ed., RT, p. 224)
Reza o art. 273, 7º do Código de Processo Civil:
“Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza
cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida
cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.”

O ingresso da presente ação declaratória segue uma finalidade prática. Tendo em


mira as muitas execuções fiscais contra a SBMTE Ltda (aproximadamente 27), a busca da
declaração incidental em uma delas acabaria, em verdade, tumultuando a execução fiscal.

Ademais, trata-se, como se pode perceber, de questão complexa, a envolver diversos aspectos da
atuação empresarial dos réus.

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De outro lado, como a declaração acabará ampliando substancialmente o pólo passivo das
execuções fiscais, necessário é que seja garantida ampla dilação probatória, com respeito ao contraditório
e à ampla defesa.
No entanto, Excelência, o simples transcurso de uma ação de rito ordinário pode prejudicar de
maneira irreparável o Poder Público.
E, nesse panorama, é grande o risco de ocultação de bens no caso dos autos, caso se aguarde o
processo ordinário em seus legais termos. Tal risco é facilmente perceptível se analisadas as manobras
ardilosas utilizadas pelos empresários/empresas componentes do pólo passivo desta demanda.
Gize-se que, consoante demonstrado nos autos, e amplamente comprovado pela farta prova
documental ora juntada, o grupo econômico aqui apontado já tem se desfeito de patrimônio de diversas
formas, justamente visando esquivar-se e fugir às responsabilidades tributárias que lhe são legalmente
impostas. Para tanto, basta cotejar o valor total do patrimônio do grupo econômico com o valor atualizado
do débito tributário.
Por que teria a SBMTE, por exemplo, realizado empréstimo em benefício de GDS na ordem de 2
milhões de reais, como exposto no item 3.6 desta peça processual?
As manobras utilizadas são cuidadosamente articuladas, e as partes não deixam – ou se convencem de
que não deixam - rastros tampouco comprovação de que, como se percebe, há total confusão patrimonial
entre a Sobremonte, as pessoas físicas (família H) e as demais empresas formadoras do grupo econômico.
Ora Excelência, permitir que tal tipo de situação se perpetue significa autorizar a habilidosa ação
dos devedores de se furtar do cumprimento de suas obrigações, conduta que o Poder Judiciário deve
coibir.
Em razão disso, imprescindível é a adoção de medida de acautelamento que sirva de garantia ao
resultado final da demanda.
Afinal, de nada adianta a declaração de formação de grupo econômico e de responsabilidade
tributária solidária se não houver patrimônio a garantir a satisfação dos débitos que, não custa
repetir, ultrapassam os 29 milhões de reais.
E a tutela de urgência, como se verá, é o instrumento adequado a promover essa necessária medida
de acautelamento.
A Lei nº 8.397/1992 prevê a medida cautelar fiscal, nas situações enumeradas em seu artigo 2º.
Destaca-se que não só as hipóteses previstas nos incisos IV, V, VI, VII e IX do artigo 2º da Lei nº
8.397/1992 estão configuradas.
Sobre a ocorrência da hipótese do inciso VI do referido artigo, aliás, não restam dúvidas (Art. 2º A
medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário,
quando o devedor: (...) VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem
trinta por cento do seu patrimônio conhecido;).

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O débito fiscal da Sobremonte ultrapassa, como já comprovado, os 29 milhões de reais ao passo que
seu patrimônio conhecido, com base no balanço patrimonial da própria empresa, não chega a 3 milhões
de reais.
A situação é tão extrema que ocorre situação inversa à previsão legal: o patrimônio conhecido da
devedora é pouco superior a 10% de suas dívidas com o Estado do Rio Grande do Sul.
No entanto, o retromencionado art. 2º restringe, em tese, o ajuizamento da medida cautelar “contra
o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário”, ao passo que a presente ação justamente visa a
declaração conjunta de responsabilidade de todas as empresas componentes do grupo econômico H, assim
como também de seus sócios, pessoas físicas, todos da família H dada, além da confusão patrimonial
entre as pessoas físicas e jurídicas, o clarividente abuso de direito.
E, não custa lembrar, que em razão das artimanhas utilizadas pelos membros do grupo econômico
em exame, apenas a SBMTE figura como sujeito passivo do crédito tributário objeto de cobrança, em
todas as execuções fiscais.
Ainda assim, em se tratando a presente de ação declaratória cujos efeitos, em caso de procedência,
deverão ser ex tunc, os requeridos seriam considerados, da mesma forma, sujeitos passivos do crédito
tributário, haja vista, como dito, os efeitos desta ação cujo objeto é a declaração de formação de grupo
econômico.
Mas, ainda com relação à medida cautelar fiscal, pertinente a observação trazida por Hélio do Valle
Pereira (in Manual da Fazenda Pública em Juízo, 3ª ed., Renovar, p. 185):
“De toda sorte, a Lei 8.437/92, ao tratar de medidas cautelares, tem abrangência
tímida. De se ver que editada antes da inserção da antecipação da tutela como regra
processual geral, era comum o uso da ação cautelar para fins a ela tecnicamente estranhos,
é dizer, para pretensões de natureza satisfativa. À época, era aceitável a postura, diante do
vácuo legislativo. Entretanto, o vazio normativo desapareceu.(...)”

A aparência, no caso em análise, de toda sorte, é a de providência de natureza cautelar.


Poder-se-ia, quiçá, aplicá-la à situação da cautelar de arresto, nos moldes do que preleciona o art.
813, II, alínea b do Código de Processo Civil:

“Art. 813. O arresto tem lugar:


II – quando o devedor, que tem domicílio:
b) caindo em insolvência, aliena ou tentar alienar bens que possui; contrai ou tenta
contrair dívidas extraordinárias; põe ou tentar pôr os seus bens em nome de terceiros; ou
comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de frustrar a execução ou lesar
credores;

(...)” (grifei)

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Da situação narrada nos autos, no entanto, é perceptível que seria atentatório à economia processual
o ingresso de processo cautelar de arresto (art. 813, do CPC) ou mesmo de medida cautelar fiscal (Lei nº
8.397/92), quando o art. 273, §7º, do CPC é claro ao autorizar a concessão de providência de natureza
cautelar em sede de antecipação de tutela. E mais, quando todos os requisitos necessários à sua concessão
estão presentes e comprovados por meio de farta prova acostada aos autos.

O art. 273, §7º, do Código de Processo Civil, com redação pela Lei nº 10.444/02 autoriza que, no
bojo de ação ordinária seja postulada, a título de antecipação de tutela, providência de natureza cautelar.

E essa hipótese se amolda perfeitamente à situação ocorrida no caso em tela, onde os indícios de que
as demais pessoas físicas e jurídicas também fazem parte do grupo econômico são inúmeros.

A jurisprudência corrobora a aplicação de tal dispositivo legal, desde que preenchidos os requisitos
exigidos a tanto:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. MEDIDA CAUTELAR


NOS AUTOS DE AÇÃO DECLARATÓRIA. ARTIGO 273, §7º, DO CPC. PERICULUM IN MORA E
FUMUS BONI IURIS. 1- Antecipação de tutela recebida como medida cautelar incidental. Princípio
da fungibilidade: nada obsta a apreciação de provimento cautelar requerido em sede de antecipação
de tutela `inaudita altera pars, consoante preceitua o artigo 273, §7º, do CPC. 2- Requisitos ensejadores
da medida cautelar: os documentos carreados aos autos indicam que os bens, cuja busca e apreensão foi
deferida, pertencem ao autor, ora agravado. Quanto ao `periculum in mora, há provas de que o agravante
contraiu dívidas em nome do agravado e de que não as adimpliu. Agravo de instrumento desprovido.”
(Agravo de Instrumento Nº 70037163615, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Julgado em 17/03/2011) (grifei)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PLEITO DE INDISPONIBILIDADE DE BENS. TUTELA


ANTECIPADA. Em tendo sido a pretensão liminar veiculada a título de antecipação de tutela, quando
o cabível seria medida cautelar, inexiste óbice à sua concessão, desde que presentes os requisitos para
esta última, consoante o §7º do artigo 273, do Código de Processo Civil. Constatado que a pretensão
de natureza cautelar não vem aparada pelo fumus boni iuris, é de ser indeferida a medida. NEGADO
SEGUIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO.”
(Agravo de Instrumento Nº 70046701348, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Iris
Helena Medeiros Nogueira, Julgado em 21/12/2011) (grifei)

Em razão disso, Excelência, a decretação de providência de natureza cautelar, inclusive com a


medida de indisponibilidade de bens dos devedores, tal como a prevista no artigo 4º da Lei nº 8.397/92,
é impositiva.

Lei nº 8.397/92. Art. 4º. “A decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de


imediato, a indisponibilidade dos bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação.”

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Nesse ponto, pede-se vênia para colacionar jurisprudência que, em que pese cuide de hipótese de
falência, também reforça a tese aqui defendida quanto à decretação de indisponibilidade de bens em
decorrência de confusão patrimonial diante da configuração de grupo econômico:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALÊNCIA. AÇÃO DE EXTENSÃO DO DECRETO FALENCIAL.


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DEFERIDA. INDISPONIBILIDADE DOS BENS DAS RECORRIDAS.
INDÍCIO DE PROVA DE QUE AS AGRAVADAS FAZEM PARTE DO MESMO GRUPO ECONÔMICO.
APARÊNCIA DE CONFUSÃO PATRIMONIAL ENTRE A FALIDA E AS AGRAVADAS. PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS. O objetivo da tutela antecipada, no presente caso, é evitar a dilapidação do patrimônio
das agravadas em prejuízo à universalidade dos credores, razão pela qual, estando presentes os requisitos deve
ser deferida a indisponibilidade dos bens das agravadas, com o arrolamento dos bens. Verifica-se a presença
dos requisitos necessários para o deferimento da tutela antecipada, quais sejam, aparência do bom direito e
o perigo da demora da prestação jurisdicional. Há fortes indícios de que as agravadas fazem parte do mesmo
grupo econômico, havendo, inclusive, confusão patrimonial. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO.”
(Agravo de Instrumento Nº 70047524871, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Romeu Marques Ribeiro Filho, Julgado em 11/04/2012)

“FALÊNCIA. EMBARGOS DE TERCEIRO. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE


JURÍDICA. EMPRESAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. EXTENSÃO DOS EFEITOS DA QUEBRA.
Preliminares de nulidade da sentença, por falta de fundamentação e por cerceamento de defesa, e de prescrição/
decadência afastadas. Como conseqüência da desconsideração da personalidade jurídica e da extensão dos
efeitos da falência, tem-se que deixam de ser observadas as regras de separação patrimonial entre as pessoas
jurídicas do mesmo grupo econômico, ignorando-as no caso concreto. Com o que, todos os bens se tornam
passíveis de arrecadação. Arrecadação e indisponibilidade dos bens que não constituem esbulho na posse ou
direito, para os fins do art. 79 do Decreto-Lei nº 7.661/45. Litigância de má-fé afastada. Apelo desprovido.”
(Apelação Cível Nº 70026202150, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leo Lima,
Julgado em 25/03/2009)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALÊNCIA. INDISPONIBILIDADE DE BENS. QUEBRA DO


SIGILO BANCÁRIO E FISCAL. MEDIDA EXTREMA QUE SE JUSTIFICA NA HIPÓTESE DOS AUTOS.
INVESTIGAÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO SENTIDO DE CONFIGURAÇÃO DE GRUPO
ECONÔMICO. PROVOCAÇÃO DE PROCESSO FALIMENTAR. CONDUTA ILÍCITA. OBJETIVO DE
FRAUDAR CREDORES. INDÍCIOS DE FRAUDES QUE AUTORIZAM A DETERMINAÇAO. NEGARAM
PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO.”
(Agravo de Instrumento Nº 70014392278, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Artur Arnildo Ludwig, Julgado em 27/09/2007)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALÊNCIA. AÇÃO DECLARATÓRIA AJUIZADA PELA MASSA


FALIDA. PEDIDO DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DOS SÓCIOS.
INDISPONIBILIDADE DE BENS. DEFERIMENTO DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. A
indisponibilidade dos bens, in casu, é medida acautelatória que têm por fim assegurar a eficácia do provimento
final do processo e os interesses de terceiros credores. No caso em apreço, com fortes indícios de existência de

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grupo econômico, presente o perigo na demora da prestação jurisdicional, impõe-se a antecipação dos efeitos
da tutela para determinar a indisponibilidade dos bens, nos moldes delineados pela julgadora monocrática.
NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME.”
(Agravo de Instrumento Nº 70016639858, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Artur Arnildo Ludwig, Julgado em 19/04/2007)
Convém salientar, que, caso não se entenda aplicável a legislação relativa à medida cautelar fiscal e
às medidas que ela permite, perfeitamente aplicável a medida cautelar inominada prevista no Código de
Processo Civil, artigos 798 e 800.

Em verdade, a medida acautelatória requerida é possível, qualquer que seja o fundamento jurídico
que se busque e sob qualquer prisma que se visualize a situação fática.

O que não se pode admitir, considerando o que foi exposto, é que a presente ação declaratória se
desenvolva sem garantir que os bens dos sócios e das empresas do grupo econômico sejam protegidos.

É evidente que as manobras maliciosas aqui narradas são realizadas com amplo e prévio estudo
estratégico. Portanto, não sejamos ingênuos em crer que o pouco que ainda resta de patrimônio em nome
dos aqui apontados como devedores solidários reste intacto após o término e julgamento final da presente
demanda.

Nessa senda, o autor requer a título de antecipação de tutela, medida cautelar de indisponibilidade
de bens de todos os réus, em caráter incidental ao presente feito, inaudita altera pars, ou, caso assim
entenda Vossa Excelência, com a oitiva da Delegada da Delegacia da Fazenda Estadual localizada em
Santa Cruz do Sul para esclarecimentos em justificação prévia, na forma do artigo 804 do Código de
Processo Civil, em caráter de segredo de justiça.
A medida pretendida, como dito, compreende a indisponibilidade de todos os bens penhoráveis dos
integrantes do Grupo Econômico H, enumerados no anexo 1 desta petição.

III - DOS PEDIDOS

Considerando todos os fatos e bases jurídicas acima expostos, o Estado do Rio Grande do Sul requer:
a) A decretação de segredo de justiça ao presente feito, nos termos do artigo 155, I, do Código de
Processo Civil;
b) A concessão de tutela antecipada, inaudita altera pars, na forma de medida cautelar (art. 273,
§7º, CPC) em caráter incidental ao presente feito, de indisponibilidade de todos os bens pertencentes
aos membros – pessoas físicas e jurídicas - do grupo econômico, conforme anexo 1, além do envio de
ofícios, com o mesmo escopo, para os seguintes órgãos:

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* Banco Central do Brasil (BACEN) – Rua Sete de Setembro, 586, Centro, Porto Alegre/RS, CEP:
90010-190;

* DETRAN/RS – Rua Sete de Setembro, 666, Sobreloja, Porto Alegre/RS, CEP: 90010-190;

* INCRA – Avenida Loureiro da Silva, 515, Sala 220, Porto Alegre/RS, CEP: 90010-900;

* Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – Rua Sete de Setembro, 111, Centro, Rio de Janeiro/
RJ, CEP: 20050-901;

* Corregedoria Geral da Justiça (CGJ) para que expeça ofício circular dando ciência a todos os
registros de imóvel do Estado sobre a decisão;

* Registro de Imóveis dos seguintes locais:

- PORTO ALEGRE/RS
Cartório de Registro de Imóveis da 1ª ZONA
Trav. Francisco de Leonardo Truda, nº 98, Sala 123, Centro, CEP 90010-050, Porto Alegre – RS
Cartório de Registro de Imóveis da 2ª ZONA
Rua Siqueria Campos, nº 1163, 3º Andar, Centro, CEP 90010-001, Porto Alegre – RS
Cartório de Registro de Imóveis da 3ª ZONA
Rua Coronel Genuíno,  nº 421, conjunto 502, Centro, CEP 90010-350, Porto Alegre – RS
Cartório de Registro de Imóveis da 4ª ZONA
Rua Washington Luiz, nº 580, 1º Andar, Cidade Baixa, CEP 90010-460, Porto Alegre – RS
Cartório de Registro de Imóveis da 5ª ZONA
Rua Coronel Genuíno,  nº 421, conjunto 802, Centro, CEP 90010-350, Porto Alegre – RS
Cartório de Registro de Imóveis da 6ª ZONA
Av. Independência, nº 172/1103, Centro, CEP 90035-070,Porto Alegre – RS
- SANTA CRUZ DO SUL/RS
Cartório de Registro de Imóveis de Santa Cruz do Sul
 Rua Tentente Coronel Brito, nº 1075, Sala 101/102 e 201/303, Centro, CEP 96810-020,
Santa Cruz do Sul – RS
- VENÂNCIO AIRES
Cartório de Registro de Imóveis de Venâncio Aires
Rua Tiradentes, nº 912 – Sala 03, Centro,  CEP 95800-000, Venâncio Aires – RS
- BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC

REVISTADIGITAL
1º Ofício de Registro de Imóveis de Balneário Comboriú
Rua 2550, nº 363, Sala 03, Centro, CEP 88330-388, Balneário Comboriú – SC
2º Ofício de Registro de Imóveis de Balneário Comboriú
Rua 3300, nº 120, Sala 01, CEP 88330-000, Balneário Comboriú – SC
- ITAPEMA/SC
Cartório de Registro de Imóveis de Itapema
Av. Nereu Ramos, 686, Sala 04, Centro, CEP 88220-000, Itapema – SC
- FLORIANÓPOLIS/SC
1º Ofício de Registro de Imóveis de Florianópolis
Pç. 15 de Novembro , nº 153, sala 603, 6º andar, Ed. João Moritz, CEP 88010-4000, Florianópolis – SCS
2º Ofício de Registro de Imóveis de Florianópolis
 Rua General Bittencourt, nº 239, Centro , CEP 88020-100, Florianópolis – SC
3º Ofício de Registro de Imóveis de Florianópolis
Rua João Pinto, nº 30, sala 306, Centro, CEP 88010-420, Florianópolis – SC
- ITAJAÍ/SC
1º Ofício de Registro de Imóveis de Itajaí
Rua Lauro Mueller, nº 60, Centro,  CEP 88301-030, Itajaí – SC
2º Ofício de Registro de Imóveis de Itajaí
Rua José Bauer, nº 498, Loja 04, Centro, CEP 88301-400, Itajaí – SC

* Capitania dos Portos - Rua dos Andradas, n.º 386, Porto Alegre/RS;

* Colégio Registral, para que informe a indisponibilidade aos Cartórios de Registros de Imóveis
associados.

c) Caso assim não entenda Vossa Excelência, a oitiva, em audiência de justificação prévia, da
Delegada da Delegacia Regional da Fazenda Estadual, localizada em Santa Cruz do Sul, Mônica Elisabete
Scherer Figueiredo (Endereço: Rua Ernesto Alves, 1105, Cep: 96810-060, Santa Cruz do Sul, Telefone:
51-37153411), para prestar, em segredo de justiça, as informações que Vossa Excelência considere
pertinentes para o deferimento da medida;

d) Após a efetivação da antecipação de tutela requerida, a citação dos réus para que exerçam as
suas defesas;

ESAPERGS
e) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, inclusive, caso assim se entender, a
realização de perícias e a oitiva de testemunhas, além das provas documentais que surgirem no decorrer
da demanda, conforme artigo 397 do Código de Processo Civil e, especificamente:

e.1) A determinação para que réus pessoas jurídicas para apresentem seus balanços contábeis dos
últimos cinco anos;
e.2) O envio de ofício à Receita Federal do Brasil, requisitando:
- as declarações de bens e rendimentos das pessoas jurídicas rés da presente demanda nos últimos
cinco anos;
- as declarações de bens e rendimentos das pessoas físicas rés da demanda nos últimos cinco anos;
e.3) A intimação de CRTN para que junte aos autos cópia de sua carteira de trabalho.

f) Ao final, a declaração erga onmes da existência de grupo econômico e da consequente


responsabilidade tributária solidária de todos os seus membros, réus da presente demanda, na forma
do artigo 135 do Código Tributário Nacional, combinado com o artigo 50 do Código Civil.

Nesses termos, pede deferimento.

De Santa Cruz do Sul para Venâncio Aires, 22 de julho de 2013.

CRISTINE SCHIAVI KAUFMANN, DANIELE CRISTINA HALLMANN SPOHR,


Procuradora do Estado, Procuradora do Estado,
OAB/RS nº 56.163. OAB/RS nº 80.259.

GEOVANE DE OLIVEIRA JARDIM, JOÃO ARCILIO FORTUNA,


Procurador do Estado, Procurador do Estado,
OAB/RS 34.385. OAB/RS nº 42.863.

JOÃO LUIZ VAZ BAPTISTA LUSARDO, LUCIANO JUÁREZ RODRIGUES,


Procurador do Estado, Procurador do Estado,
OAB/RS n.º 44.797. OAB/RS nº 80.219.

MAURO MAINARDI,
Procurador do Estado,
OAB/RS nº 32.172.

REVISTADIGITAL

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