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PODER 

JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO

6ª TURMA
CNJ: 0000802-65.2012.5.09.0013
TRT: 18068-2012-013-09-00-4 (RO)

EMENTA

ATIVIDADE EXTERNA. EXISTÊNCIA DE CONTROLE


DE JORNADA. ARTIGO 62, I, DA CLT. O art. 62, I, da
CLT estabelece a ausência de controle de jornada aos
empregados que exerçam atividade externa incompatível
com tal controle. Logo, não basta o simples labor externo e a
ausência de controle formal da jornada. A atividade
externamente realizada deve, também, ser incompatível com
a fixação de horário de trabalho. Como vendedor, embora o
autor exercesse atividade externa, sua jornada era controlada
pela ré à medida que tinha roteiro pré-definido, tinha que
passar na sede da ré no início e no fim da jornada, bem como
que o controle era exercido pelo sistema "Sigue", afastando a
exceção do artigo 62, I, da CLT ao contrato de trabalho do
autor. Devidas as horas extras e reflexos. Sentença que se
mantém.

V  I  S  T  O  S, relatados e discutidos estes autos de


RECURSO  ORDINÁRIO, provenientes da 13ª VARA DO TRABALHO DE
CURITIBA, sendo recorrentes NET PARANÁ COMUNICACOES LTDA. e DANIEL
RODRIGUES e recorridos OS MESMOS.

I - RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário interposto pelas partes,


manifestando inconformismo com a r. sentença de fls. 143/154, proferida pela Exma.
Juíza Gabriela Macedo Outeiro que acolheu parcialmente os pedidos iniciais.
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6ª TURMA
CNJ: 0000802-65.2012.5.09.0013
TRT: 18068-2012-013-09-00-4 (RO)

A pretensão recursal da ré Net Paraná Comunicacoes Ltda. é


de reforma do julgado no tocante a: a) Horas extras.

Custas recolhidas à fl. 164 e depósito recursal efetuado à fl.


165.

Contrarrazões apresentadas pelo autor Daniel Rodrigues às


fls. 361/363.

A pretensão recursal do autor Daniel Rodrigues é de reforma


do julgado no tocante a: a) Do intervalo do artigo 71 da CLT; e b) Dos honorários
advocatícios.

Contrarrazões apresentadas pela ré Net Paraná


Comunicacoes Ltda. às fls. 352/360.

Manifestou-se a Douta Procuradoria Regional do Trabalho às


fls. 368, em parecer da lavra do Exmo. Procurador Dr. André Lacerda, opinando pela não
intervenção, vez que as questões discutidas dizem respeito a interesse patrimonial de
pessoas capazes de direito privado.

É o relatório.

II - FUNDAMENTAÇÃO

1. ADMISSIBILIDADE

Nos termos do art. 499, caput e § 1º, do CPC, o recurso pode


ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado que demonstrar o nexo de
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interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à


apreciação judicial, e pelo Ministério Público.

Assim, a identificação da parte recorrente é essencial à


petição de insurgência, até mesmo por se tratar de uma condição do exercício do direito
de ação, sendo certo que uma terceira empresa não pode comparecer em juízo e pleitear
através de uma peça processual (recurso ordinário) a reforma da sentença em nome de
outrem.

No caso dos autos, entretanto, embora a parte que interpôs o


recurso ordinário às fls. 155/163 tenha se identificado como "Itaipu Binacional" - pessoa
estranha à lide vez que não figurou no litígio quer no polo passivo, quer no ativo, ou
mesmo na condição de interveniente ou terceira interessada -, trata-se, na realidade, da ré
Net Paraná Comunicações Ltda., CNPJ 00.108.786/0097-07 (sucessora Net Serviços de
Comunicação S.A. - fl. 48), integrante do polo passivo da presente demanda.

As razões recursais às fls. 155/163 atacam, de fato, a


sentença de fls. 143/154, a qual decidiu a demanda entre o autor Daniel Rodrigues e a ré
Net Paraná Comunicações Ltda.

O recurso ordinário indica corretamente a parte autora como


sendo Daniel Rodrigues e o depósito recursal e o recolhimento das custas processuais
foram realizados corretamente pela ré Net Paraná (fls. 164/165).

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Dessa forma, e considerando que a garantia do Juízo foi


providenciada pela ré Net Paraná, parte legítima no feito, não restam dúvidas quanto à
ocorrência de simples erro material na identificação da recorrente, o qual resta sanado
para fins de prosseguimento do recurso ordinário.

Posto isso, reconheço que o recurso ordinário às fls. 155/163


foi interposto pela ré Net Paraná Comunicações Ltda. e conheço dos recursos ordinários
interpostos, por atendidos os pressupostos legais de admissibilidade, bem como das
contrarrazões, por regulares e tempestivas.

2. MÉRITO

RECURSO ORDINÁRIO DE NET PARANÁ


COMUNICACOES LTDA.

1. Horas extras

O Juízo de primeiro grau reconheceu que, embora as


atividades do autor fossem externas, estava ele sujeito à fiscalização de horários e afastou
a exceção prevista no artigo 62, I, da CLT. Fixou a jornada do autor com base na prova
oral e deferiu o pagamento de horas extras trabalhadas além da 8ª diária e da 44ª semanal,
e reflexos, incluindo o tempo faltante a completar 01h do intervalo intrajornada.

Inconformada, recorre a ré ao argumento que o autor não se


submetia à jornada controlada, estando inserto na exceção prevista no artigo 62, I, da

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CLT. Afirma que a testemunha Fernando José demonstrou que o autor, como vendedor,
tinha total autonomia sobre o seu horário de trabalho, ficando ao seu critério a escolha das
rotas de entrega das mercadorias e a forma de atendimento aos clientes.

Pugna pela reforma da sentença para que seja observado o


artigo 62, I, da CLT, ao contrato de trabalho do autor, e excluído da condenação o
pagamento de horas extras e reflexos.

Analiso.

O art. 62, I, da CLT exclui da abrangência do regime


regulado no Capítulo II do Título II da CLT os empregados que laboram externamente e
em atividades que pela sua própria natureza "que exercem atividade externa incompatível
com a fixação de horário de trabalho".

Logo, é evidente, não basta o simples labor externo e a


ausência de controle formal da jornada. A atividade externamente realizada deve,
também, ser incompatível com a fixação de horário de trabalho.

Remanesce pacificado que o serviço externo, para os fins da


exceção contida no art. 62, I, da CLT, exige a conjunção de três pressupostos: a) a
condição de ser prestado fora do estabelecimento empregador; b) a ausência de controle
formal da jornada; e c) a circunstância de ser incompatível com a fixação de horário de
trabalho.

O ônus da prova do fato obstativo ao direito do autor é do


empregador, conforme intelecção dos artigos 818 da CLT e 333, II do CPC.

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No caso dos autos, restou incontroverso que o autor laborou


como vendedor, exercendo suas atividades externamente. Assim, cabe verificar se, no
caso concreto, havia ou não possibilidade de controle das jornadas pela ré.

Em seu depoimento pessoal o autor afirmou que tinha a


jornada controlada através de celular com GPS, além de ter que passar na sede da ré no
início do dia para participar de reunião, e no fim do dia para fazer o pós venda (fl. 139):

"tinha que passar na ré no início da jornada para participar da reunião


diária estabelecida pelo coordenador da equipe que ia das 08hs às
08:30hs. No fim do dia tinha que passar na ré também para trazer as
vendas do dia, fazer o pós venda e 2 vezes por semana cumprir a escala
de vendas por telefone. Tinha como a ré saber ond eo autor estava,
porque a ré cedia ao autor um smartphone com GPS e por meio desse
aparelho conseguia saber a rota que estava fazendo. Se fizesse uma rota
diferente era cobrado."

O preposto da ré, por sua vez, afirmou que o autor não tinha
controle de jornada, não tendo que apresentar relatórios de vendas no fim do dia, nem
roteiro pré-definido a seguir. Ainda, afirmou que os vendedores se reuniam e
estabeleciam plantões para cumprir por mera liberalidade, sem ser exigência da ré, e
complementou (fl. 140):

"O autor não tinha horário pré definido de trabalho porque ele era
externo e a ré não tinha ingerência sobre isso. Ele era controlado pelos
resultados. Os vendedores se reunem e estabelecem plantões para
cumprir, sem que isso seja exigência da ré. É possível terminar as
vendas e ir direto para casa sem necessidade de passar na ré. Se o
vendedor bater a meta não precisa nem mesmo trabalhar todos os dias.
Não há necessidade de passar na empresa no início do dia."

As testemunhas ouvidas a convite do autor demonstraram


que havia o controle de jornada dos vendedores, à medida que recebiam o roteiro da ré
por meio do sistema "SIGUE" - GPS implantado nos celulares -, além de terem que
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participar de reuniões na sede da ré no início do dia e trabalhar internamente na sede da ré


no fim do dia, fazendo o pós venda com os clientes (fls. 140/141):

"O trabalho feito dentro da ré no fim do dia era contato com cliente,
conferencia se as vendas estavam no sistema, pós venda e verificar se as
instalações foram feitas. Usufruíam cerca de 40min de intervalo. A ré
tinha como saber onde os vendedores estavam por meio do sistema
"SIGUE", que era um GPS implantado e que possibilitava essa
visualização pela empresa, inclusive dia, horário e rua em que estava.
(...) Tinha roteiro pré estabelecido para cumprir, que recebia por meio
do sistema "SIGUE". Constava inclusive as ruas que tinham que
percorrer, bem como o número e nome do cliente. Era obrigatório
iniciar a jornada na ré com a reunião diária matinal e também era
obrigatório passar na ré ao fim do dia. era necessário apresentar relatório
de vendas ao fim do dia. Se precisasse cuidar de algum assunto pessoal
no decorrer do dia, como por exemplo ir ao médico, poderia, mediante
autorização do supervisor. Só podia alterar o roteiro mediante
autorização do supervisor." - testemunha Ivonei, ouvida a convite do
autor.

"tinha como a ré saber onde o depoente estava fazendo suas vendas por
meio do rastreador instalado no celular. Todos os dias tinha que iniciar
na reunião que havia na ré e inclusive assinava lista de presença.
Iniciava às 08hs. No fim do dia tinha que passar na ré para fazer os
recontatos. (...) Havia roteiro a cumprir e não havia liberdade de
mudá-lo. Eram obrigados a apresenta relatório de vendas ao fim do dia.
O depoente não poderia repassar suas vendas por e-mail." - testemunha
Luiz Eduardo, ouvida a convite do autor.

Em que pese a testemunha ouvida a convite da ré, Sr.


Fernando José, tenha afirmado inexistir controle de jornada aos vendedores, esclareceu
que sequer lembra do autor, vez que não tinha contato com ele. Afirmou que trabalhavam
em locais físicos diferentes, integravam equipes diferentes e com coordenadores também
diferentes, sendo que sua equipe não fazia o pós venda, razão pela qual compartilho do
entendimento do Juízo de primeiro grau que não considerou seu depoimento testemunhal
para o deslinde do feito.

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Informou a testemunha (fl. 141):

"Não participou de reuniões junto com o autor. Não tinha contato com o
autor enquanto foi vendedor, nem mesmo se lembra do autor.Não via o
horário de trabalho do autor. Acredita que o autor trabalhasse em
horário normal. Perguntado qual era o horário normal, disse que não
havia, pois cada um fazia seu horário. (...) O depoente não achava
necessário passar na ré todos os dias, mas apenas quando quisesse fazer
contatos com clientes. O depoente não faz pós venda. A equipe do
depoente era diferente da equipe do autor e o coordenador também era
outro. Acredita que nenhuma equipe faça pós venda. Desconhece que
em aluma equipe os vendedores passassem na ré ao fim do dia. Não
tinha como saber em outras equipes havia outras regras. O depoente
trabalhava em local físico diverso do autor." - testemunha Fernando
José, ouvida a convite da ré.

Do exposto, conclui-se que as atividades exercidas pelo autor


eram passíveis de fixação e controle de horário, razão pela qual reputo correta a sentença
que não aplicou a ele a exceção prevista no artigo 62, I, da CLT, e condenou a ré ao
pagamento de horas extras e reflexos.

Mantenho.

RECURSO ORDINÁRIO DE DANIEL RODRIGUES

1. Do intervalo do artigo 71 da CLT

Pugna o autor pela reforma da sentença que deferiu


o pagamento como hora extra do tempo faltante do intervalo intrajornada a completar
01h. Requer seja considerada a hora integral do intervalo intrajornada, nos termos da
Súmula 437, I, do C. TST.

Com razão.

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O entendimento que prevalece nesta E. 6ª Turma, quanto à


concessão parcial do intervalo intrajornada, é o de que deve ser pago em sua totalidade,
com acréscimo correspondente à hora extraordinária, ainda que a supressão tenha sido
apenas parcial, nos termos da Súmula 437, I, do C. TST:

"I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão


parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período
correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no
mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho
(art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor
para efeito de remuneração."

Portanto, reformo a sentença para determinar o pagamento


do tempo integral de 01h do intervalo intrajornada violado, ainda que a supressão tenha
sido apenas parcial.

Acolho.

2. Dos honorários advocatícios

Por fim, o autor recorre da sentença que indeferiu o


pagamento de honorários advocatícios. Alega que os honorários são devidos aos
beneficiários da justiça gratuita vencedores na demanda, independentemente da
assistência sindical.

Pugna pela reforma.

Sem razão.

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Nesta Justiça Especializada, o entendimento acerca do


cabimento dos honorários já está pacificado pela Súmula 219 do C. TST, confirmada pela
Súmula 329. Nestes termos, os honorários advocatícios, fundamentados no artigo 20 do
CPC, são indevidos em sede trabalhista. Isso se dá em razão de não estarem previstos na
CLT nem em leis específicas destinadas ao processo do trabalho.

A Lei 10.288/01 ao acrescer o §10º ao art. 789 da CLT,


posteriormente suprimido pela Lei 10.537/02, não revogou o caput do art. 14 da Lei
5.584/70, mas, como ensina Sérgio Pinto Martins (Direito Processual do Trabalho), o seu
§1º, incidindo na hipótese o estatuído no art. 2º, §2º, da Lei 4.657/42 (LICC): "a lei nova,
que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a anterior", de sorte que a assistência judiciária no processo do trabalho
(pressuposto para o deferimento de honorários assistenciais) continua a ser prestada pelo
sindicato da categoria, entendimento este reforçado pelo disposto no art. 18 da Lei
5.584/70 e § 1º do art. 790 da CLT.

Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários só é


possível quando o autor comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do mínimo
vigente ou declarar seu estado de insuficiência econômica, além de estar assistido por
sindicato de sua categoria profissional. Estes são os requisitos que satisfazem a Lei nº
5.584/70.

Nos presentes autos,o autor não se encontra assistido pelo


sindicato da categoria profissional, o que torna indevida a condenação em honorários

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advocatícios. Esse entendimento está em consonância com a orientação contida nas


Súmulas 219 e 329 do C. TST e nas Orientações Jurisprudenciais 304 e 305 da SDI do C.
TST.

Frise-se, ainda, que nesta Justiça Especializada, a


condenação em honorários advocatícios não se baseia no princípio da sucumbência,
vigente e regulado pelo Código de Processo Civil. Isso porque ainda vigora o ius
postulandi, previsto no art. 791 da CLT, que permite à parte postular pessoalmente em
juízo.

O artigo 133 da CF ou a Lei nº 8.906/94 não derrogaram o


artigo 791 da CLT, e nem tornaram devidos honorários advocatícios no processo do
trabalho.

Assim, reputa-se indevida tanto a indenização quanto aos


honorários advocatícios, pois há normas específicas, no âmbito desta Justiça
especializada, regulando a matéria em análise. Logo, os honorários advocatícios
restringem-se às hipóteses determinadas na Súmula nº 219 do C. TST, em referência ao
disposto nas Leis nºs 1.060/50 e 5.584/70.

Desta feita, ausente a assistência sindical, indevido o


pagamento dos honorários advocatícios.

Nada a deferir.

III - CONCLUSÃO

Pelo que,
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ACORDAM os Desembargadores da 6ª Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 9ª Região, por unanimidade de votos, CONHECER dos
recursos ordinários das partes, assim como das respectivas contrarrazões. No mérito, por
igual votação, NEGAR  PROVIMENTO ao recurso ordinário da ré, nos termos da
fundamentação. Sem divergências de votos, DAR  PROVIMENTO  PARCIAL ao
recurso ordinário do autor para, nos termos da fundamentação: a) determinar o pagamento
do tempo integral de 01h do intervalo intrajornada violado, ainda que a supressão tenha
sido apenas parcial.

Custas alteradas, acrescidas para R$ 240,00, calculadas sobre


o novo valor arbitrado à condenação de R$ 12.000,00.

Intimem-se.

Curitiba, 27 de novembro de 2013.

FRANCISCO ROBERTO ERMEL
Relator

#16

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