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GARANTIAS BANCÁRIAS

CASO N.º 16
Augusto já é uma lenda das armas para utilização recreativa. Através da sua
sociedade, a “Esmaga o Elfo Branquinho, S.A.” (“EEB”), inundou o mercado com
armas mais sofisticadas e mais baratas que as dos concorrentes – as MRD e as
“Complexo do Alemão” -, ao ponto de os levar à falência e ficar numa posição de
domínio absoluto, no mercado nacional. Mas o céu é o limite, para este jovem
exestudante de Direito: quer atacar outros mercados. A primeira encomenda foi
recebida com júbilo: um cliente russo – Alexei - encomendou 20.000 caçadeiras de
canos serrados para fins recreativos, permitindo à EEB faturar € 400.000. Como a
EEB precisava da liquidez para comprar as matérias-primas, convenceu Alexei a
pagar antecipadamente metade do preço. Mas o comprador, assessorado por um
jurista português, exigiu à EEB que obtivesse uma garantia emitida por um banco
português. A EEB contactou então o Banco de Exportação Nacional, S.A. (“BEN”),
que emitiu em 2 de novembro de 2020 uma carta dirigida a Alexei com o seguinte
teor:
“O BEN vem por este meio e por ordem da EEB, prestar irrevogável e
incondicionalmente a Alexei uma garantia bancária destinada a caucionar o
cumprimento de todas as obrigações assumidas pela EEB ao abrigo do contrato de
compra e venda de 20.000 caçadeiras para fins recreativos, nomeadamente a
obrigação de entrega das caçadeiras e a obrigação de devolução do adiantamento
dos € 200.000, declarando renunciar a todos os meios de defesa próprios ou que
possam competir à EEB e que de algum modo possam obstar à execução total ou
parcial da garantia (…). O BEN não poderá recusar, sob qualquer alegação, o
pagamento de qualquer quantia reclamada por Alexei ao abrigo desta garantia,
designadamente que não se encontra demonstrado o incumprimento total ou
parcial por parte de EEB”.

1. Considere as duas hipóteses alternativas:


a. Em 20 de Novembro de 2020, o BEN foi contactado por Verónica, que
apareceu munida de um contrato de cessão de “todas as posições ativas
decorrentes da garantia bancária”, celebrado com Alexei. Verónica exige
ao BEN o pagamento de € 200.000, porque as armas chegaram danificadas
a Moscovo.
b. Em 10 de Novembro de 2020, apenas 1 dia após a saída dos camiões TIR
com as armas de Portugal, Alexei exigiu ao BEN o pagamento dos €
200.000, correspondentes ao adiantamento. O BEN questionou Alexei
sobre o motivo do acionamento da garantia, mas recebeu como resposta
um seco “não podem recusar, sob qualquer alegação, o pagamento de qualquer
quantia reclamada por Alexei ao abrigo desta garantia”!
2. Distinga a garantia bancária autónoma da fiança ao primeiro pedido.

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