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Manual de Formação

(Gestão do stress do profissional)

Mutação – Consultoria, Estudos e Serviços de Formação, Lda


Rua Miguel Bombarda, 79 – 3080-159 Figueira da Foz
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© 2015

Designação do Manual UFCD 7229


Curso Gestão do stress do profissional
Formador Selma Fidalgo Cardoso
Ano 2019

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Índice

Introdução..................................................................................................................................... 3
Público-alvo ..................................................................................................................................... 3
A que necessidades visa dar resposta ............................................................................................... 3
Objetivo Geral .................................................................................................................................. 3
Objetivos Específicos ....................................................................................................................... 4
Benefícios e condições de utilização ............................................................................................... 4
O Stress ........................................................................................................................................ 5
Fatores de risco: emocionais, sociais, organizacionais .................................................................... 6
Sinais e sintomas .............................................................................................................................. 8
Consequências negativas do stress ................................................................................................... 9
Medidas preventivas ...................................................................................................................... 10
Técnicas de controlo e gestão de stress profissional ...................................................................... 10
Como lidar com situações de agonia e sofrimento ........................................................................ 11
Técnicas de auto-proteção .............................................................................................................. 12
As emoções ................................................................................................................................ 14
Conceito de emoção ....................................................................................................................... 14
Caraterísticas fisiológicas, cognitivas e comportamentais das emoções ....................................... 16
Estratégias de gestão das emoções ................................................................................................. 17
Bibliografia ................................................................................................................................. 18 2

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Introdução

“A literacia emocional é tão importante (…) como o ensino da matemática ou da leitura.”


Karen Stone McCown

O autocontrolo, o zelo e a persistência, bem como a capacidade de nos motivarmos a nós mesmos, são competências
às quais se chama inteligência emocional, e estas podem ser ensinadas, dando a quem as aprenda uma maior
possibilidade de utilizar o potencial intelectual, seja ele qual for.

Neste sentido, podemos encarar a formação profissional na área do desenvolvimento pessoal como janelas de
oportunidade para definir os hábitos emocionais essenciais. Instruir os formandos nos aspetos fundamentais da
inteligência emocional inclui inculcar neles comportamentos humanos essenciais como a autoconsciência, o
autodomínio e a empatia, e as artes de escutar, resolver conflitos e cooperar.

Público-alvo 3

Trata-se de um grupo de desempregados de longa duração, com idades entre os 24 anos e os 50 anos.

A que necessidades visa dar resposta

Este manual foi construído no sentido de sistematizar informação pertinente sobre duas grandes temáticas, a saber, o
stress e as emoções, que serão os dois módulos abordados, divididos em subtemas, de acordo com os conteúdos que
integram.

Objetivo Geral

O curso de formação visa desenvolver nos formandos conhecimentos de suporte à área da geriatria. Pretende-se que
no final do curso os formandos sejam capazes de identificar:
- o conceito de stress, causas e consequências negativas do mesmo.
- as técnicas preventivas, de controlo e de gestão do stress profissional.
- o conceito de emoção.

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Objetivos Específicos

No final da ação de formação, os formandos deverão estar aptos a:


- Identificar e aplicar os procedimentos de gestão do stress;
- Aplicar as técnicas preventivas de controlo e gestão do stress profissional;
- Gerir as emoções.

Benefícios e condições de utilização

Este manual pretende ser um material de apoio às sessões, nomeadamente aos conteúdos teóricos que serão
apresentados no decorrer da formação.

Este manual não pode ser reproduzido, sem autorização prévia e apenas poderá ser utilizado em ações
ministradas pela Mutação, Lda.

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O Stress
Conceito de stress

Na década de 60, após diversos estudos retiraram-se dois pressupostos que servem de base no entendimento sobre o
stress:
1 - não há nenhuma situação que, por si só, possa ser reconhecida como geradora (indutora) de stress;
2 - o fator decisivo que leva um indivíduo a sentir-se ou não em stress depende da avaliação que faz da situação
(circunstância).

Assim, pode-se definir o stress como: uma tensão física ou psicológica fora do habitual, que provoca um estado ansioso
no organismo (Vaz Serra, 2007).

O stress constitui uma das maiores causas de doenças relacionadas com o trabalho na União Europeia e os seus
sintomas traduzem um desequilíbrio individual e organizacional. O stress relacionado com o trabalho é um dos grandes
problemas atuais, em particular nos países mais desenvolvidos, onde o mundo do trabalho é caraterizado pela
necessidade de inovação constante, por mudanças tecnológicas e organizativas e por uma crescente insegurança no
trabalho. 5

Vários estudos têm demonstrado como a organização do trabalho está relacionada com o stress no trabalho, a
satisfação e motivação do trabalho. Segundo Ross e Altemeier (citado por Vaz Serra, 2007, p. 555), o stress no
trabalho resulta da “interação das condições de trabalho com características do trabalhador de tal modo que as
exigências que lhe são criadas ultrapassam a sua capacidade de lidar com elas”.

Assim, pode-se definir o stress no trabalho como um conjunto de reações emocionais, cognitivas, comportamentais, e
fisiológicas a aspetos adversos da organização e do ambiente de trabalho.

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Nas últimas décadas, tem sido dada uma grande importância ao estudo do impacto das condições de trabalho sobre o
bem-estar psicológico e a saúde das pessoas. No entanto, importa ressalvar que nem todo o stress é prejudicial. Em
determinadas circunstâncias o stress é útil porque cria um impulso que faz o indivíduo tomar decisões e resolver
problemas, ajudando-o a melhorar o seu funcionamento e as suas aptidões/capacidades (Vaz Serra, 2007).

Embora todos os tipos de conflitos sejam potenciais causadores de stress, a vulnerabilidade individual e a capacidade
de adaptação são muito importantes na atitude perante uma situação stressante.

Podemos distinguir dois tipos de resposta ao stress: LUTA (a pessoa reage e tem iniciativa) ou FUGA (a pessoa evita e
adia uma decisão).

Fatores de risco: emocionais, sociais, organizacionais


O stress pode resultar de fatores emocionais ou de fatores relacionados com a envolvente social e organizacional em
que estamos inseridos.

Vários têm sido os estudos que tentam descrever as grandes classes de acontecimentos que provocam o stress no ser
humano. Segundo Vaz Serra (2007), podemos estabelecer classes indutoras (fatores de risco) de stress numa 6
perspetiva relativa à própria pessoa:

• Acontecimentos traumáticos
• Acontecimentos significativos da vida
• Situações crónicas indutoras de stress
• Micro indutores de stress
• Macro indutores de stress
• Acontecimentos desejados que não ocorrem
• Traumas ocorridos no desenvolvimento

Acontecimentos traumáticos: correspondem a situações graves, por exemplo:

• uma ameaça de morte,


• agressão,
• ser vítima de um incêndio,
• naufrágio ou
• tremor de terra de grande intensidade.

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Acontecimentos significativos da vida: simbolizam uma “martelada” que, de repente, ocorre na vida de uma pessoa,
por exemplo:
• a separação ou divórcio,
• a saída de um filho de casa,
• morte de um cônjuge,
• perda de um emprego que considerava estável.

Situações crónicas indutoras de stress: refere-se a problemas perturbadores regulares/constantes no desempenho


dos papéis e atividades diárias do indivíduo, por exemplo:
• ter frequentemente tarefas com prazos limite,
• ter demasiadas solicitações para cumprir ao mesmo tempo,
• ter conflitos frequentes com os cônjuges, familiares ou colegas de trabalho.
Como que um processo lento de envenenamento, em sentido figurado, que ocorre na vida de um indivíduo.

Micro indutores de stress: pequenos acontecimentos perturbadores do dia-a-dia que se acumulam, por exemplo:
• andar diariamente de automóvel em zonas de muito trânsito,
• estar exposto ao fumo do tabaco se é um não fumador,
7
• ter vizinhos que incomodam,
• realizar tarefas, nas quais, não nos sentimos à vontade.
O impacto depende muito da forma de reagir de cada pessoa.

Macro indutores de stress: dependem da organização e funcionamento do Sistema, por exemplo:


• períodos económicos de recessão,
• uma prevalência grande de desemprego,
• dificuldades para uma dada indústria ou encargos/impostos demasiado altos.

Acontecimentos desejados que não ocorrem: representam um desejo, objetivo que tarda em concretizar-se, por
exemplo:
• tentativas de engravidar por anos a fio sem sucesso,
• promoção justa na carreira que não acontece,
• as pazes com um familiar que nunca mais surgem.

Traumas ocorridos no desenvolvimento Pessoal: os acontecimentos traumáticos que ocorrem na infância podem ter
consequências graves na vida adulta porque o ser humano é apanhado numa fase formativa, com fracas defesas
psicológicas e, por isso mesmo, bastante vulnerável. Crianças que viveram em clima de violência ou negligência podem

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ter dificuldades de vinculação com as outras pessoas e costumam apresentar perturbação na capacidade de
autorregulação. Esta incapacidade de autorregulação está associada ao consumo de drogas ilícitas, estados de
depressão e comportamentos impulsivos, podendo levar o indivíduo a sentir os pequenos problemas como “casos que
o esmagam” e ter a tendência a desenvolver comportamentos autodestrutivos, como lesões provocadas a si mesmo,
transtornos alimentares e tentativas de suicídio.

Sinais e sintomas
Primeiramente importa distinguir o que são sinais e o que são sintomas. Segundo Vaz Serra (2007), os sinais são
alterações do organismo de uma pessoa que podem ser percebidas através de exame médico ou medidas em exames;
enquanto os sintomas são alterações do organismo apenas percebidas e relatadas pela própria pessoa, não sendo
possível a outra pessoa diagnosticar. O mesmo autor defende que os sinais e os sintomas de stress variam de pessoa
para pessoa, já que as manifestações que poderão existir têm a influência dos aspetos culturais, do tipo de situação
que desencadeia o stress, da personalidade do indivíduo, da manutenção ou esbatimento da situação, da sensação ou
não de controlo e do organismo de cada ser humano (que pode ativar certos órgãos do corpo em detrimento de outros).

Segundo Rossi (2010), o stress pode provocar as seguintes alterações na pessoa: comportamentais, físicas, cognitivas, 8
emocionais e espirituais.

As alterações físicas são, por exemplo, mudança de apetite, alergias de pele, tonturas, gastrite, dificuldade para dormir,
cansaço constante, queda de cabelo, tensão muscular, imunidade baixa e dor de cabeça.

As alterações cognitivas são, por exemplo, dificuldade de concentração, problemas de memória, confusão mental,
autoconservação negativa e dificuldade em tomar decisões.

As alterações emocionais são, por exemplo, irritabilidade, sensação de sufoco ou de incerteza, sensação de
desamparo, labilidade emocional, perda de controlo, baixa autoestima, ideação suicida e alteração do humor.

As alterações comportamentais são, por exemplo, perda de interesse no trabalho e atividades sociais, consumo de
álcool, tabaco e drogas ilícitas, desinteresse sexual, posição de conflito constante com os outros e afastamento social.~

As alterações espirituais são, por exemplo, sensação de desnorte, descrença em questões de fé, sensação de vazio e
dúvida.

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Consequências negativas do stress
O stress não é apenas um termo que se relaciona com alguma situação incomodativa. Quando é intenso, repetitivo e
prolongado poderá ter consequências preocupantes que podem lesar o bem-estar e a saúde (física e psíquica) do
indivíduo.

Segundo Vaz Serra (2007), o stress excessivo torna-se prejudicial porque pode:
1. Evocar emoções negativas fortes que são perturbadoras;
2. Levar ao desenvolvimento ou agravamento de uma doença física e/ou psíquica;
3. Ter influência negativa na família, trabalho e vida social;
4. Ocasionar maior número de acidentes de trabalho ou rodoviário;
5. Prejudicar os processos de tomada de decisão;
6. Ter efeitos negativos em aspetos de natureza económica;
7. Provocar alterações do sono, vida sexual, metabolismo, e sistema imunitário.

Assim, o stress pode ter consequências negativas na vida das pessoas quer a nível fisiológico, psicológico ou
comportamental.

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As consequências fisiológicas do stress são, por exemplo, tensão muscular, dores nas costas, dores de cabeça,
dificuldade em dormir e, ainda, sintomas cardiovasculares (hipertensão, aumento das pulsações, elevada pressão
arterial ou aumento do colesterol) e sintomas gastrointestinais (úlceras).

As consequências psicológicas do stress são, por exemplo, baixa satisfação, baixo envolvimento, ansiedade, frustração
e irritabilidade.

As consequências fisiológicas e psicológicas do stress acabam por afetar o próprio comportamento do indivíduo e, por
sua vez, a organização.

As consequências comportamentais do stress para o indivíduo são, por exemplo, menor desempenho, dificuldade em
resolver problemas e aumento de comportamentos prejudiciais para a saúde como o tabagismo, o consumo de cafeína
e álcool.

As consequências comportamentais do stress para a organização são, por exemplo, menor produtividade, maior
número de erros e acidentes no trabalho, aumento do absentismo e aumento da taxa de rotatividade.

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Medidas preventivas
A melhor forma de não se stressar é saber lidar com os problemas e atividades do nosso quotidiano, adotando um
conjunto de comportamentos corretos e saudáveis, como por exemplo, dormir bem, fazer desporto, tentar não ter
dívidas, ter calma nas situações mais graves, melhorar a alimentação, deixar definitivamente os vícios e expor os
problemas com os familiares e/ou com os amigos. Se necessário recorrer a profissionais de saúde (por exemplo,
psicólogos).

Técnicas de controlo e gestão de stress profissional


As estratégias para lidar com as situações de stress podem ser centradas:
1) na resolução do problema
2) no controlo das emoções
3) na obtenção de apoio social.

As estratégias focadas na resolução do problema são as mais aconselhadas, pois, permitem remover definitivamente as
fontes de perturbação. A pessoa procura estabelecer um plano de ação e segui-lo até eliminar o problema. Assim, evita
que um estado/sensação desagradável se prolongue e prejudique o seu bem-estar e saúde. Pode-se desenvolver
10
várias etapas intermédias até chegar à resolução do problema.

As estratégias focadas na emoção são aquelas às quais a pessoa recorre apenas como uma forma imediata para
reduzir as emoções desagraváveis. Este tipo de estratégia pode ser útil (por exemplo, ver um filme, ouvir música, fazer
exercício e relaxamento) ou prejudicial (por exemplo, beber ou comer em excesso, ficar na cama dias, fingir que o
problema não existe e consumir drogas ou automedicar-se).

As estratégias focadas na interação social estão associadas à forma como lidamos e mantemos o relacionamento com
outras pessoas em situação de stress.

A procura de apoio emocional tende a recair para alguém com quem se possa desabafar, contar os problemas e
encontrar compreensão. A pessoa que dá apoio manifesta uma relação empática, o que implica ter o dom para
observar a situação na perspetiva/ponto de vista de quem o solicita; saber evitar o juízo de valor e compreender o que a
pessoa diz em linguagem verbal e não-verbal. A pessoa empática tende a ser procurada, pelos outros, para ser um
apoio na resolução do problema e redução da sensação de stress. Aqueles que prestam cuidados a terceiros tendem a
ser os mais compreensivos e genuinamente empáticos e desenvolvem mais facilmente planos de ação para a resolução
dos problemas.

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Como lidar com situações de agonia e sofrimento
Dor e sofrimento fazem parte da nossa vida. Quando estamos associados (associação) numa dada situação, estamos
no aqui e no agora, absorvidos no presente, damos muita importância a sensações vividas, assim, tendemos a
aumentar o grau de agonia, de sofrimento pois estamos a viver a situação na primeira pessoa. Se conseguirmos
distanciar-nos da situação (dissociação), no plano de pensamento, da imaginação, podemos afastar das sensações
corporais e vivemos a situação na terceira pessoa. A dissociação permite gerir e reduzir o grau de desconforto e
sofrimento e distanciar-se de situações desagradáveis.

O processo de luto (perda) poderá significar a morte de um familiar, amigo ou pessoa ao seu cuidado, mas também
outro tipo de perdas, tais como: emprego, divórcio ou mudança de residência e animais de estimação. Nestas
circunstâncias existe uma sensação de desmoronamento, agonia e tristeza profunda.

Desde o momento da perda até ao total restabelecimento emocional será necessário passar por várias etapas.
Segundo Worden (1991), não poderemos passar para a etapa seguinte sem resolver completamente a anterior. A
primeira etapa é aceitar a realidade da perda, a segunda consiste em elaborar a perda da dor, a terceira implica ajustar-
se ao ambiente diário sem a presença da pessoa e a quarta, e última, acontece quando se reposiciona em termos
emocionais a pessoa que se perdeu e se dá continuidade à vida. 11

Aceitar a realidade da perda: A primeira tarefa é aceitar que a pessoa não voltará. Se no seu íntimo não deixa a
pessoa partir, pois assume nas suas vivências como se ela estivesse presente no dia-a-dia criará resistências à
aceitação natural. Desprender-se da maioria dos objetos ou recordações e no discurso usar os verbos no passado “
ele/ela foi, esteve, gostava…” será um meio para a aceitação.

Elaborar a dor da perda: É necessário que a pessoa em luto passe e assuma a dor, não deve evitar ou suprimir a dor
da perda. Não elaborar a dor é não sentir e prolongar no tempo o sentimento de agonia, sendo então fulcral uma terapia
do luto.

Ajustar-se ao ambiente diário sem presença da pessoa: A perda significa um vazio criado, novos papéis a assumir,
reajustar as tarefas do dia-a-dia de forma diferente, pois quem estava já não está. Torna-se importante adaptar as
novas rotinas e encontrar motivação para os novos desafios/compromissos.

Reposicionar em termos emocionais a pessoa que faleceu e continuar a vida: Ninguém esquece as lembranças de
alguém que teve grande significado na sua vida. O importante não é esquecer mas sim recolocar a pessoa num “local
emocional” adequado para que se possa estar disponível para as novas experiências/vivências e continuar a viver com
motivação e interesse.

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A forma como nos colocamos perante uma situação desagradável poderá aumentar ou diminuir o foco de tensão, assim
como a dor ou sofrimento.

Embora a dor e o sofrimento sejam fenómenos solitários e subjetivos, a pessoa que sofre necessita da atenção de
outras pessoas. Através de uma linguagem que lhe é própria caracterizada por gemidos, lágrimas, tristeza, face
crispada, gritos ou comportamentos desesperados, a pessoa que sofre procura no Outro algo que a ajude a suportar ou
a dar sentido ao seu sofrimento – uma presença inteira, uma palavra de conforto, um tocar caloroso, uma escuta atenta.

A psicoterapia é um meio para a mudança e para o restabelecimento emocional. Não podemos descurar a ajuda de
profissionais quando deixamos de ser capazes de gerir emocionalmente o que nos preocupa, nos bloqueia, nos retira o
bem-estar necessário para uma vida saudável. Recorrer a técnicos especializados (psiquiatras, psicólogos) pode ser o
caminho mais rápido para a recuperação e evitamento de recaídas.

Técnicas de autoproteção
Não se expor a situação de stress:
• Para conservar a sua saúde e energia, não pode dizer sim a tudo quanto lhe pedem;
12
• Delegar tarefas reduz o volume de situações potencialmente stressantes;
• É útil utilizar os dias de férias, feriados e fins-de-semana para descansar e realizar atividades que
conceda satisfação pessoal.
Modificar comportamentos:
As mudanças podem ser introduzidas percorrendo diversas etapas:
• Identificar sinais induzidos pelo stress;
• Identificar os estímulos que dão origem ao stress;
• Envolver-se em atividades relaxantes;
• Aprender a executar outras atividades para além do trabalho.
Ser autoafirmativo (respeitar os direitos dos outros, ao mesmo tempo que se luta pela defesa dos próprios direitos.)
• Realizar críticas construtivas
• Revelar preferências
• Capacidade para tomar iniciativa
Melhorar a autoestima:
• compreender,
• aceitar,
• perdoar a si mesmo e aos outros.

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• criar objetivos de vida.
Aprender a resolver problemas:
• A resolução adequada de um problema elimina, ou pelo menos modifica de forma substancial a fonte de
stress.
Pensar com lógica:
• Não sustentar o pensamento com crenças irracionais;
• Não atribuir arbitrariedade às causas das ocorrências;
• Não utilizar deduções preconceituosas ao comportamento de terceiros;
• Não criar expectativas sem fundamentos;
• Não discriminar inadequadamente as situações.
Relaxamento
 Diminuir a tensão, afrouxamento, relaxamento dos músculos.
 Diminui a fadiga, a dor e a ansiedade.

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As emoções
Conceito de emoção

A palavra emoção vem do latim “emovere”, que significa “pôr em movimento”. Assim, podemos afirmar que a emoção é
um impulso para a ação, põe-nos em movimento, fazendo-nos agir, sendo o motor dos nossos comportamentos.

Segundo o Dicionário da Porto Editora, emoção é uma “reação psíquica e física


(agradável ou desagradável) em face de determinada circunstância ou objeto, por vezes traduzindo-se em modificações
da respiração, da circulação e até das secreções”.

Algumas características das emoções:

- Tempo: a emoção tem um princípio e um fim.

- Intensidade: cada emoção tem um tipo de intensidade.

- Alterações corporais: traduzem-se em várias manifestações corporais.


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- Causas e Objetos: as emoções têm sempre uma causa e direcionam-se sempre para um objeto.

- Versatilidade: aparecem e desaparecem com rapidez.

- Polaridade: podem ser positivas ou negativas.

- Reações: são sempre uma reação a algo.

- Interpretação: traduz uma interpretação dos factos.

Existem diferentes tipos de emoções: primárias e secundárias, positivas e negativas.

Emoções Primárias: as emoções primárias são emoções que estão presentes em todas as culturas e, por isso, são
universais e, estão relacionadas com o instinto de sobrevivência, como o medo, tristeza, alegria, surpresa/espanto,
nojo, desprezo e ira/raiva.

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Emoções Secundárias: as emoções secundárias são emoções resultantes da combinação entre emoções primárias, e
situações do meio ambiente, e que derivam do convívio em sociedade, como a vergonha, a ansiedade, a culpa, o
orgulho ou o ciúme.

Emoções Positivas: as emoções positivas incluem a felicidade, o amor, a gratidão, a satisfação e a alegria, por
exemplo, e trazem bem-estar, sucesso na escola e no trabalho, melhores relacionamentos sociais e saúde mental e
física.

Emoções Negativas: as emoções negativas como o medo, raiva e desgosto, levam a comportamentos focados em
evitar ou enfrentar a ameaça.

As emoções são fundamentalmente adaptativas, significa que nos orientam para a sobrevivência. As emoções
desagradáveis protegem-nos do perigo e orientam-nos para objetivos e para ações específicas. As emoções
agradáveis motivam-nos para explorar o mundo que nos rodeia de forma proativa e restituem o equilíbrio depois de
experiências emocionais desagradáveis. As nossas emoções têm uma componente auto reguladora; uma componente
motivacional e de ação para a mudança.

 O medo, ao alertar-nos para o perigo, estabelece o objetivo de escape e orienta-nos para a ação de fuga.
15

 A zanga, ao sinalizar perigo à minha dignidade/ao meu crescimento, ou uma injustiça, estabelece o objetivo de
ultrapassar obstáculos, corrigir a situação ou prevenir que se repita, e orienta-nos para o ataque.

 A compaixão permite-nos responder à dor dos outros;

 A tristeza e o amor aproximam-nos das pessoas;

 A vergonha e a culpa avisam-nos para a possibilidade de exclusão do grupo;

 A alegria, por sua vez, orienta-nos para nos abrirmos ao exterior e aproximarmo-nos dos outros.

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Caraterísticas fisiológicas, cognitivas e comportamentais das emoções
As emoções são respostas neurológicas e fisiológicas a estímulos (externos e internos), coordenados pelo próprio
pensamento que envolve as estruturas do sistema límbico. Os estudos na área neurológica vêm crescendo e as
pesquisas têm confirmado a relação somática com o centro das emoções.

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Estratégias de gestão das emoções
Dada a importância das emoções, mesmo as desagradáveis, o importante ou desejável não é anulá-las, mas poder
regulá-las, deforma a sermos nós a controlá-las a elas e não elas a controlar-nos a nós. Podemos regular a experiência
emocional e a expressão emocional.

1º Reconhecer o que estamos a sentir, mesmo que desagradável, e aceitar que no momento isto é o que estamos a
sentir.

2º Procurar no contexto que nos envolve (presente ou passado recente) elementos que nos possam ajudar a perceber o
que ativou a emoção que estamos a sentir. Isto ajuda a dar um significado à emoção.

3º Refletir sobre a forma mais adequada de expressar o que está a sentir.

Ter atenção a fatores como:

QUANDO expressar?

É importante estar preparado para expressar e que o outro se mostre disponível para ouvir.
17
COMO expressar?

É importante ser assertivo, não ter medo de expressar o que sentimos, mas fazê-lo de forma respeitosa para com o
outro. É importante que o outro se mantenha disponível para ouvir e que não sinta que tem que se defender. Ser
específico, contextualizar o que estamos a sentir, não ir buscar histórias antigas.

A ideia é: “Quando tu fazes/dizes X eu sinto-me/reajo Y”

Evitar o “tu” e apostar mais no “eu” - Em vez de “tu magoaste-me”, dizer “eu sinto-me magoado/a”. Desta forma
baixamos as defesas de quem ouve, que não se sentindo atacado está mais disponível para empatizar connosco.

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Bibliografia

➢ Rossi, A. (2010). Stress e qualidade de vida no trabalho: perspectivas actuais da saúde ocupacional. São
Paulo: Atlas.

➢ Vaz Serra, A. (2007). O stress na vida de todos os dias. Coimbra: Gráfica de Coimbra, Lda.

➢ Worden, J. (1991). Grief Counseling and Grief Therapy. A Handbook for the Mental Health Practitioner (2nd
ed.). London: Routledge.

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