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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

YASMIN CAMILA LEDRA

PCC – PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR


DIDÁTICA CEL0304/ EEL0001:
Observar, Pesquisar e Construir o Conhecimento

JUNDIAÍ
2020
Introdução:

A Prática de Componente Curricular dessa unidade nos apresenta a charge


abaixo, e pede para refletirmos a atitude da professora retratada e os sentimentos
demonstrados pelos alunos.

Nota-se que no segundo quadrinho, após a professora apresentar o tema da


aula, os alunos ficaram muito animados para apresentar as particularidades da região
onde costumavam morar.

Eles esperavam poder compartilhar com a turma o conhecimento prático e a


realidade daquelas regiões. Isso fica nítido em suas falas, inclusive nas variações
linguísticas que o autor usou para ilustrar esse sentimento.

No entanto a atitude da professora foi não só rude, como quando ela desprezou
a cultura linguística do aluno Raimundo ao dizer que o português dele estava incorreto,
como também desestimulante para os alunos, quando desprezou os conhecimentos
práticos que eles tinham para compartilhar com os colegas.
Variações Linguísticas:

Apesar de compartilharmos um mesmo código linguístico, a variação linguística


é um fato de tal importância que é considerado patrimônio cultural, e não deve ser
encarado como um “português errado”.

Existe um estudo das variedades linguísticas que tem a missão de ligar a


aprendizagem com o respeito às diferenças vocabulares, afinal as escolas e os
professores têm a missão de tornar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos
significativo, valorizando a individualidade, experiencia e cultura de cada um.

Tabela 1 – Resumo das variações linguísticas:

Fonte: VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS. Prepara Enem. Tabela de resumo. Disponível em:


< https://www.preparaenem.com/portugues/variacoes-linguisticas.htm/ >. Acesso em 10 de out. 2020.
Tabela 2 – Exemplos das Variações Linguísticas:

Variedades Linguísticas Exemplos

Mandioca, macaxeira, aipim, etc.


• Regional, geográfica ou
Tangerina, mexerica ou bergamota.
diatópica
Pão francês, pão de sal, cacetinho, etc

Linguajar jurídico: “O réu vive de espórtula,


• Social ou diastrática
tanto que é notório sua cacosmia”.

Vossa Mercê, Vosmecê, Mecê, Você, Ocê,


• Histórica ou diacrônica
Cê.

Linguagem médica: “De acordo com o laudo


vocês estão com um processo de
• Estilística, situacional ou
intumescência resultante de lesão
diafásica
inflamatória e necrose subcutânea.”
Para explicar ao paciente: “É um furúnculo”.
Fonte: Elaborado pela autora.

A escola é espaço socializador muito importante repleto de pessoas diferentes,


e por isso acaba sendo um ambiente muito propício para se estimular o respeito às
diferenças, dessa forma o papel do professor deve ser o de reconhecer que as
diferenças existem e estimular os alunos a compreenderem e a valorizarem a cultura
das regiões de onde vieram assim como a de seus colegas, de modo que não haja a
concepção errônea de que uma forma de se expressar seja melhor, mais correta ou
superior a outra.

O professor deve saber adaptar a linguagem ao público, pois é fato que a


mesma informação pode ser comunicada de diversas maneiras, e por isso deve se
saber o momento certo de usar a linguagem padrão ou a coloquial. Também é dever
dele ensinar isso aos alunos, para que saibam o momento certo de usar gírias, figuras
de linguagem, linguagem de internet etc.
Tive uma experiência muito boa no primeiro ano do ensino médio referente ao
estudo das variações linguísticas.

Minha professora de língua portuguesa se chamava Claudia, e lembro que ela


propôs uma dinâmica de jogo onde os grupos que mais acertassem o significado de
certas frases, gírias e figuras de linguagem ganharia um prêmio.

Infelizmente naquela época eu era muito mais aficionada à literatura: tanto as


norte-americanas e inglesas quanto às brasileiras e francesas. Minhas amizades
também tinham a mesma preocupação, e pouco pudemos contribuir com esse jogo,
pois desconhecíamos as linguagens das “tribos” da escola.

Nesse dia pude notar a importância que a linguagem coloquial tem na nossa
vida, precisamos saber nos comunicar com diversos tipos de público, não apenas nos
preocuparmos em aprender a norma-padrão e desprezar outros tipos de linguagem.

Valorização do conhecimento dos alunos:

Outro problema identificado na charge foi o comportamento da professora com relação


ao conhecimento prático e real que os alunos tinham das regiões em que moraram.
Ela preferiu desprezar esse conhecimento colocando-o como algo banal e bobo e
abordar conhecimentos frios e técnicos de livros didáticos.

O material didático é um ponto de apoio muito importante, mas não deve ser a única
fonte de conhecimento e estudos dentro da sala de aula. Uma experiência real e
prática do assunto é muito mais valorosa e pode ser respaldada com o conteúdo
técnico, mas não deve ser desprezada.

Pelo que estudei, creio que a professora poderia ter usado um pouco mais a didática
e analisado se a situação não seria melhor abordada usando as técnicas progressistas
de ensino, dessa forma a realidade dos alunos “Raimundo” e “Marina” poderiam ter
sido incorporadas no ambiente de aprendizagem e esses conhecimentos teriam sido
aproveitados.

Minha abordagem teria sido exatamente essa, permitido que os alunos expressassem
seus conhecimentos por meio de comparações para melhor se fazer notar as
diferenças entre as regiões que viveram. Meu papel como educadora teria sido de
intermediadora do conhecimento, estimulando e fazendo perguntas pertinentes para
tirar a maior parte das informações dos alunos.

Teria dividido a sala em grupos, cada um com uma região para pesquisar e um teria
um método de apresentação diferente. Por exemplo:

Tabela 3 – Modelo de Apresentação e delegação de temas:

Grupos Modo de apresentação Tema


Grupo 1 Teatro Região Nordeste
Grupo 2 Cartazes Região Sul
Grupo 3 Música Região Centro-oeste
Grupo 4 Jogos Região Sudeste
Grupo 5 Seminário Região Norte
Fonte: Elaborado pela autora.

Os alunos devem integrar os grupos que mais se identificarem, isso porque


acredito que o desenvolvimento dos trabalhos e a capacidade de reter informações e
aprender de fato, são melhores quando os alunos gostam e se identificam com o que
estão fazendo. Como educadores devemos considerar e respeitar que os alunos têm
diferentes habilidades e inteligências, e dessa forma, devemos adaptar os conteúdos
e métodos de ensino-aprendizagem com o que eles mais se identificam, sem
mecanizar ou engessar o ensino.

A teoria que dá sustentação para essa prática que eu adotaria, é a Teoria das
Múltiplas Inteligências de Howard Gardner, assim como a Tendência de Ensino
Progressista.

A Teoria de Ensino Progressista considera importante a habilidade de trabalhos


em grupo, os alunos são os responsáveis pela aprendizagem e o professor é um
mediador desse conhecimento.
A Teoria das Múltiplas Inteligências de Howard Gardner questiona o conhecimento
como um dado universal, ou seja, que o ser humano o possuía em determinados
níveis e era inteligente “para tudo”, não só em um determinado fator da vida.

Sua teoria apresentou uma possibilidade de que as pessoas têm diversos tipos de
inteligência ou inclinações para aplicá-la em diferentes áreas da vida, e não uma para
tudo. Então, cada pessoa apresenta diversas capacidades que juntas caracterizam
sua inteligência.

Imagem 1 – Diagrama ilustrando as Teorias das Múltiplas inteligências:

Fonte: Inteligências Múltiplas. COLADAWEB. Pedagogia.: <


https://www.coladaweb.com/pedagogia/inteligencias-multiplas> Acesso em 10 de out. 2020.
Após as apresentações, os alunos deveriam elaborar uma síntese/relatório do que
aprenderam com as apresentações uns dos outros abordando todas as regiões
estudadas. Com esse relatório a professora (no caso eu) poderia identificar se a
metodologia de ensino foi efetiva ou não.

Por fim, os concelhos que eu daria a mim mesma sobre como exercer com ética,
dinamismo e didática à docência são os seguintes:

1. Respeitar os alunos e sua bagagem sociocultural. Afinal, o mundo e as pessoas


(inclusive o professor), não estão prontos e com conhecimentos finalizados.
Nosso cérebro, quanto mais se põe, mais cabe! As pessoas estão sempre
mudando e evoluindo seu conhecimento, seja em que área for.
2. Aceitar as mudanças por mais difíceis que sejam para nós entendermos,
devemos sempre adaptá-las ao ambiente escolar, assim como as realidades
dos alunos.
3. O professor está sempre aprendendo ao mesmo tempo que ensina, os alunos
são fonte de novos conhecimentos e é preciso sempre estar adaptando as
técnicas didáticas às realidades daquele grupo de ensino. É o professor que
deve se adaptar á classe, e não o contrário.
Referências Bibliográficas:

COLADAWEB. Pedagogia. Inteligências Múltiplas. Disponível em:


<https://www.coladaweb.com/pedagogia/inteligencias-multiplas> Acesso em 10 de
out. 2020.

PREPARA ENEM. Tabela de resumo. Variações Linguísticas. Disponível em: <


https://www.preparaenem.com/portugues/variacoes-linguisticas.htm/ >. Acesso em 10
de out. 2020.

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