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Corpo, Movimento

e Psicomotricidade
Corpo e Movimento: Jogos, Brincadeiras e Artes
na Construção do Desenvolvimento Humano

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Carmen Conti

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Corpo e Movimento: Jogos,
Brincadeiras e Artes na Construção
do Desenvolvimento Humano

• Corpo e Movimento: Jogos, Brincadeiras e Artes


na Construção do Desenvolvimento Humano;
• O Jogo e a Brincadeira na Psicomotricidade;
• A Psicomotricidade e as Artes;
• A Psicomotricidade na Educação Inclusiva e Especial;
• A Psicomotricidade no Berçário.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender e contextualizar aquilo que representa o conhecimento e compreensão sobre
a interação entre a criança e suas capacidades táteis, auditivas e visuais.
UNIDADE Corpo e Movimento: Jogos, Brincadeiras e Artes
na Construção do Desenvolvimento Humano

Contextualização
O que é mais importante para educar uma criança: levar em conta a sua capaci-
dade tátil, levar em conta tudo aquilo que ela é capaz de ouvir, ou levar em conta tão
somente aquilo que ela vê?

Como educar é um grande conjunto de ensinos e aprendizagens, onde quem


ensina deve aprender e onde quem aprende pode e deve ensinar, certamente será
o conjunto dessas três dimensões (tato, audição e visão), com outras tantas que é
possível elencar, que teremos aquilo que é importante para educar.

Veremos a seguir a contextualização desses vetores e depois certamente teremos


alguma condição de dizer/afirmar o que é importante, ou quais são fatores impor-
tantes para se educar.

Certamente acabaremos por descobrir que a junção de tudo é o que fará com que
tenhamos um princípio educacional que valha a pena.

O site que veremos a seguir – mapa do brincar – poderá lhe dar uma dimensão do quão
grande são as possibilidades de se educar através dos sentidos. Acesse e sinta algumas das
muitas formas de brincar.
O Mapa do Brincar é uma iniciativa da “Folhinha”, suplemento infantil do jornal Folha de
S.PAULO. O site reúne hoje 750 brincadeiras de todo o país. Disponível em: https://bit.ly/2znaXXH

Assista ao vídeo O pato – Toquinho, veja e sinta uma das músicas que poderá ser trabalhada
e cantada com crianças. Disponível em: https://youtu.be/z8-yWOXXJ4Y

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Introdução
Estamos chegando ao final de nossa disciplina e neste momento compreender-
mos que para falar sobre o desenvolvimento integral da criança não podemos focar
somente na perspectiva corporal.

Somos um corpo, não estamos em um corpo. Essa afirmação reforça a apresen-


tação dos conceitos desde a primeira unidade. Quando pensamos em discorrer sobre
o desenvolvimento de uma criança pelo seu corpo, estamos trazendo sua dimensão
corporal, com toda a sua maturação orgânica e seus aspectos cognitivos, estamos
trazendo suas experiências no mundo com todas as suas relações afetivas, que for-
mam a dimensão afetivo/social. Assim, pensar a criança e o desenvolvimento do
corpo é levar em consideração todas essas dimensões.

Além do olhar dessas dimensões, precisamos conhecer como uma criança se de-
senvolve, suas fases, suas características, a expectativa de resposta daquela faixa etária,
seu funcionamento cerebral e, diante de toda essa complexidade de um desenvolvimen-
to harmonioso e integral, pensar qual melhor ação pedagógica ou estímulo posso uti-
lizar para favorecer a organização da aprendizagem e do desenvolvimento na infância.

Os conceitos da Psicomotricidade foram apresentados, e agora vamos trazer pro-


postas práticas para pensarmos no melhor estímulo na escola.

Você Sabia?
Que as metodologias ativas hoje podem ajudar você no processo de aprendizagem de
desenvolvimento da criança e refinar os aspectos psicomotores. Em uma metodologia
ativa a criança é o aprendiz ativo.

A aprendizagem ativa pode ser definida como “aprendizagem que é ini-


ciada pelo sujeito que aprende, no sentido de que é executada pela pes-
soa que aprende, em vez de lhe ser apenas “passada” ou “transmitida’”.
(HOHMANN, BANET e WEIKART, 1984)

Ao estudar os conceitos de psicomotricidade, entendermos que todo ser humano


se desenvolve desde seu nascimento até a morte, porém é na fase da infância que esse
desenvolvimento está acontecendo em maior escala, principalmente na área motora e
cognitiva. Nesta direção, pensar em estímulos para desenvolver cada fase da criança
torna-se um objetivo fundamental na área de desenvolvimento e aprendizagem.

Neste momento, já sabemos que os elementos da psicomotricidade são indicativos


de pontos importantes no desenvolvimento integral de uma criança.

Como então desenvolver ações pedagógicas onde cada elemento psicomotor pos-
sa ser estimulado, e qual atividade e método para contemplar os elementos?

Vamos lembrar que o ápice do desenvolvimento psicomotor acontece por volta


dos 6/7anos e nessa fase as crianças adoram se expressar, seja pelo movimento, por
expressões artísticas ou pelo lúdico.

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na Construção do Desenvolvimento Humano

Corpo e Movimento: Jogos,


Brincadeiras e Artes na Construção
do Desenvolvimento Humano
Na primeira infância, a criança está em um momento em que o corpo é sua prin-
cipal forma de comunicação. Ela manifesta pelas ações corporais seus sentimentos e
emoções, suas aquisições de habilidades e sua relação com o mundo, e ao fazer o uso
do movimento para se expressar, a criança sente prazer. Contudo, esse movimento
não é qualquer movimento, dentro de gestos do cotidiano, é o movimento do brincar,
do jogar e das atividades expressivas artísticas.

Pretendemos agora enfatizar a importância do estímulo à criatividade das crian-


ças para que elas aprendam com a diversidade existente, assim, vamos pensar em
metodologias que possam favorecer o desenvolvimento do corpo pelo lúdico e pelas
expressões de linguagens artísticas.

O movimento é a essência da infância e o lúdico é igualmente importante para a


criança. Portanto, qual a relevância do movimento e do lúdico quando o professor
pretende trabalhar aspectos psicomotores para o desenvolvimento da criança?

A escola infelizmente não valoriza o corpo, os espaços educacionais ainda trazem a


ideia de que a aprendizagem deve acontecer pelo não movimento, por alunos parados
e estáticos. Em qualquer fase da vida isso é impossível, porém na educação infantil o
corpo deve ser muito valorizado, pois na primeira infância, mais do que em qualquer
período, o movimento é a forma de expressão e comunicação, em que a criança utili-
za seu corpo para experimentar o mundo e desenvolver-se de forma integral.

Na educação infantil, quando falamos em movimento e corpo, estamos falando


de cem por cento das suas atividades, pois as relações da criança com o mundo e
com os objetos são totalmente corporais. As crianças organizam suas experiências
pelo movimento, mas, como elas fazem isso?

Pelo jogo, pela brincadeira e pelos gestos expressivos com as manifestações artísticas.

O Jogo e a Brincadeira na Psicomotricidade


O termo lúdico é conceituado na literatura por diferentes concepções. O lúdico
pode estar em um contexto, na metodologia de uma atividade e também está ligado
aos termos jogar e brincar. O conceito do termo lúdico do historiador Johan Huizinga
(2012) traz o que acredito ser primordial para entendermos a sua importância na edu-
cação infantil, para Huizinga, o lúdico está relacionado ao prazer.

Ao observamos crianças brincando, podemos afirmar que o lúdico é a base de


toda a atividade da Educação de Infância, pois é o meio de motivação para a criança,

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que pode dar origem a processos de aprendizagem importantes, fonte de descoberta
e prazer.

Ludicidade é a espontaneidade de se expressar na educação infantil, já que a


brincadeira espontânea e prazerosa permite e possibilita uma abertura às emoções,
à organização do esquema corporal e da maturação da cognição.

O brincar e o jogo na educação devem estar totalmente conectados com o desen-


volvimento do corpo. Na infância brincar é coisa séria.

Quando a criança brinca ela desenvolve algumas habilidades que são importantes
para o seu desenvolvimento. Podemos perceber três habilidades que estão relaciona-
das aos jogos e brincadeiras: as habilidades motora, comportamental e expressiva.
Essas habilidades possibilitam à criança desenvolver seus potenciais motores, cogni-
tivos e afetivos, e a organizar seu esquema corporal.

Vamos conversar sobre possibilidades de atividades lúdicas psicomotoras.

Figura 1 – Jogos de encaixe, uma possibilidade de atividade lúdica


para desenvolver coordenação motora fina e estruturação espacial
Fonte: Getty Images

A imagem anterior é um exemplo de atividade lúdica, pois além do movimento


de manipulação ser refinado, a criança precisa usar a atenção, desenvolver a noção
espacial e refinar sua coordenação motora fina, somando-se a tudo isso, a atividade
é atraente para as crianças pelas suas características lúdicas.

Outro exemplo interessante é a atividade chamada “perseguindo pegadas colo-


ridas”. A atividade é bem parecida com a amarelinha, contudo aqui a criança terá
que colocar seus pés em cada uma das pegadas disponibilizadas na sala de aula,
o que favorece o desenvolvimento motor, como coordenação motora ampla, noção
espacial, lateralidade e equilíbrio. Na área cognitiva, a criança desenvolve a atenção
e a percepção visual. Além do desenvolvimento psicomotor, você pode estimular as
crianças ao conhecimento das cores.

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Figura 2
Fonte: Getty Images

Essa mesma atividade pode ter muitas variações, veja a seguir outro exemplo que
pode ser utilizado para desenvolver as mesmas áreas.

Figura 3
Fonte: Reprodução

Como mencionado anteriormente, quando a criança brinca, ela desenvolve algu-


mas habilidades que são importantes para o seu desenvolvimento. Podemos perceber
três habilidades que estão relacionadas aos jogos e brincadeiras, as habilidades moto-
ra, comportamental e expressiva. Essas habilidades possibilitam à criança desenvolver
os potenciais motores, cognitivos e afetivos, e a organizar seu esquema corporal.

E por falar em esquema corporal, atividades lúdicas nas quais a criança tenha que des-
cobrir seu corpo são sempre bem divertidas na escola. Vamos propor alguns exemplos.

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Figura 4
Fonte: Divulgação | Diy Artesanato

Na imagem anterior, podemos fazer com as crianças materiais para localizar e


nomear os sentidos e junto agregar as características emocionais.

Outra atividade lúdica para os esquemas corporais envolve a localização e nome-


ação das partes do corpo:

Figura 5
Fonte: verefazer.org

Na internet você poderá encontrar vários moldes para essa atividade.

As atividades lúdicas são prazerosas para as crianças e você pode utilizar para to-
das as faixas etárias. O interessante também é o material que podemos usar, assim, a
falta de verba não pode ser uma desculpa para propor as atividades. Vamos observar
nas imagens alguns exemplos de atividades.

Atividade de coordenação motora e equilíbrio – Acerte a bola no buraco da caixa. Dispo-


nível em: https://youtu.be/ddUYfGDPsMY

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Com poucos recursos você pode fazer essas atividades, que desenvolvem a noção
espacial, a coordenação motora ampla, refinam os movimentos locomotores e desenvol-
vem a atenção.

Faça pesquisas e desenvolva atividades com poucos recursos para estimular os elementos
da Psicomotricidade.

Figura 6
Fonte: Getty Images

Noções de espaço, coordenação motora ampla e fina.

Figura 7 Figura 8
Fonte: Getty Images Fonte: Getty Images

O brincar e o jogo na educação devem estar totalmente conectados com o desen-


volvimento do corpo. Na infância brincar é coisa séria.

Quando a criança brinca, ela desenvolve algumas habilidades que são importantes
para o seu desenvolvimento.

Podemos perceber três habilidades que estão relacionadas nos jogos e brinca-
deiras: as habilidades motora, comportamental e expressiva. Essas habilidades

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possibilitam à criança desenvolver os potenciais motores, cognitivos e afetivos, e a
organizar seu esquema corporal.

As habilidades motoras na Educação Infantil se dividem em cinco tipos e são liga-


das aos movimentos das crianças: força, equilíbrio, flexibilidade, a coordenação
motora fina e global, fechando com a lateralidade.

Quando falamos em habilidades motoras, existe uma aproximação com outros


termos como: capacidades, padrão de movimento, aprendizagem motora ou desen-
volvimento motor.

O termo habilidades motoras pode ser empregado em diferentes contextos.


Aqui  estamos empregando-o como habilidades básicas pensando que essas são
primordiais para o controle do corpo e a organização do esquema corporal. Essas
habilidades são desenvolvidas quando as crianças brincam e jogam.

Já a habilidades comportamentais, ligadas às relações e aos comportamentos


humanos, são divididas em quatro tipos: a primeira é a desinibição, a segunda a
socialização, depois, os conceitos de saúde e as vivências emocionais.

As habilidades comportamentais também são de suma importância para um


desenvolvimento motor harmonioso. Por exemplo, trabalhar a desinibição dos
alunos pelas atividades lúdicas pode ajudar as crianças nas expressões artísticas
e corporais.

Já as habilidades expressivas estão ligadas à comunicação, nossa relação com


o mundo e com as pessoas. Entre as habilidades expressivas estão a fluência verbal,
o ritmo, a expressão dramática (que são as representações dos papéis sociais), a dic-
ção (importante na fala) e, por último, a destreza manual.

No desenvolvimento global das crianças, devemos estimular essas três habilida-


des, para gerar as competências necessárias para a criança desenvolver e interagir
com o mundo.

A Educação Psicomotora é uma Educação Global, que associa todas as poten-


cialidades: motora, cognitiva e afetiva/social.

Quando elaboramos um Plano de Ação pensando no desenvolvimento da criança,


devemos focar todas as potencialidades e lembrar que o lúdico é um meio de chegar
às respostas desejadas. 

A Psicomotricidade e as Artes
A psicomotricidade, como já vimos, é a ciência da educação que tem como um
de seus objetivos ajudar às crianças a conhecerem o seu corpo, bem como todas
as suas possibilidades, sua linguagem emocional, suas formas de expressão, assim
permitindo a elas lidarem com as relações de tempo, as relações entre seus pares,
familiares e a escola.

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na Construção do Desenvolvimento Humano

O nosso corpo fala e representa aquilo que nós somos, representa a nossa iden-
tidade, o que cada um de nós desenvolve em movimentos é o que nos caracteriza
como pessoa e todas as nossas ações motoras, como sabemos, tem interdependên-
cia com as dimensões afetiva e cognitiva.
O nosso corpo representa os nossos sentimentos, ele é o veículo que usamos
para nos expressar, e na criança, a expressão corporal tem um papel fundamental
durante a infância, permitindo que ela manifeste corporalmente diferentes expres-
sões através do contato, gestos, posturas, sendo essas representativas de seus senti-
mentos e emoções, ou seja, na infância, o corpo é o veículo de comunicação.

Um dos elementos da psicomotricidade, fundamental para a formação da per-


sonalidade da criança, é o conhecimento do esquema corporal. Após a aquisição
desse conhecimento a criança passa a se expressar pelo seu corpo de forma mais
consciente, com suas formas de agir e movimentos, jogos corporais, exploração do
espaço, o que desencadeia uma série de sensações relativas à relação do corpo com
o espaço que o envolve. São pelas sensações que a criança expressa suas angústias,
medos, alegrias, desejos (BAPTISTA, 2016).

A utilização da arte como forma de expressão tem como objetivo auxiliar a crian-
ça no seu percurso de desenvolvimento emocional, cognitivo e criativo, funcionando
como uma alavanca para o desenvolvimento integral e tornando-a conhecedora do
seu eu interno e externo.

A arte nesta perspectiva deve atuar no contexto em que envolve as crianças na


satisfação através da expressão, não tendo como objetivo reproduzir algo, mas sim
a expressão das emoções e sentimentos através das suas criações (Sousa, 2003).
Nestes processos criativos, o objetivo é vivenciarem a espontaneidade com que são
feitos, além de se pensar a utilização da arte como meio de desenvolver a manifesta-
ção expressiva da criança, bem como os conteúdos e linguagens artísticas permitem
à criança desenvolver os aspectos psicomotores.

Elementos como estruturação espacial e temporal podem ser desenvolvidos por


conteúdos como dança, música, teatro, artes visuais, desenhos, pinturas etc.

Figura 9
Fonte: Getty Images

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A Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP) é uma entidade de caráter científico-
-cultural, sem fins lucrativos, e foi fundada com o objetivo de agregar aos profissionais que
vinham se formando e trabalhando na área. Na página da associação você encontra muita
informação da área da psicomotricidade, e dentre as possibilidades, o link para o artigo traz
temas atuais e discussões importantes para a formação dos profissionais que pretendem
atuar com a ciência psicomotora.
No texto Ser arte: Corpo/Criação nos Espaços Educacionais através da TransPsicomo-
tricidade você entenderá novos termos e possibilidades para a área da psicomotricidade.
A partir da reflexão sobre os sentidos e significados do que vem a ser uma “escola
criativa” este artigo busca explicitar as relações entre Psicomotricidade, Pensamento
Complexo e Transdisciplinaridade, a partir da proposta da Formação em TransPsicomo-
tricidade Educacional e Clínica, que capacita profissionais graduados para a sensibiliza-
ção pela via do corpo das premissas da reforma do pensamento propostas por Morin,
desde o casal grávido ao idoso. Para conseguir realizar tamanho empreendimento o
TransPsicomotricista precisa de um mergulho intenso através da experiência corporal,
em cada um dos sete saberes.
Acesse o link e leia o artigo na íntegra: https://bit.ly/2KwXYoY

A seguir, vamos pensar em algumas possibilidades de atividades nas quais a arte


e os elementos psicomotores estão presentes.

Figura 10
Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Na atividade anterior, a prosposta envolve a coordenação motora fina no recortar,


as noções de espaço ao pintar e o esquema corporal na organização dos recortes de
um corpo.

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Figura 11 Figura 12
Fonte: Getty Images Fonte: Getty Images

As atividades que envolvem a estruturação espacial podem estar em jogos, dese-


nhos e dança.
Você começou a entender que a criança precisa desenvolver todas as suas dimen-
sões, e que o lúdico e as artes podem ajudar você, uma vez que as atividades ficam
prazerosas e ajudam às crianças.

A Psicomotricidade na Educação
Inclusiva e Especial
Agora, vamos falar um pouco da área psicomotora e a educação inclusiva e espe-
cial. Quando falamos da ligação entre a psicomotricidade e as necessidades educativas
especiais, é importante salientar que as habilidades desenvolvidas dentro das práticas
psicomotoras exercem influências diretas na aprendizagem da criança, assim, quando
uma apresenta qualquer dificuldade de aprendizagem ou no seu desenvolvimento,
alguma dimensão foi comprometida, e, com certeza, teremos algumas alterações no
desenvolvimento psicomotor.

Por exemplo, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por prejuí-


zos em três áreas do desenvolvimento: a) habilidades de interação social; b) habilida-
des de comunicação; c) presença de comportamentos estereotipados e/ou interes-
ses restritos. Consideramos a criança com TEA um sujeito que possui dificuldades
na relação e interação com os outros, consigo mesma e com o mundo que a cerca,
bem como dificuldades na inclusão no universo da linguagem e na socialização.
Nesta análise, podemos observar que as dimensões comprometidas proporcionam
comprometimento na formação do esquema corporal.

A Psicomotricidade é uma possibilidade de intervenção com crianças autistas,


uma vez que promove o desenvolvimento de várias características que essas crianças
apresentam como, por exemplo, nos movimentos estereotipados, que fortalecem
a interiorização da criança ao se movimentar em torno de si mesma e dificultam a
relação desta com o mundo exterior.

Neto et al. (2013) discorrem que as noções espaço-temporais também são impor-
tantes para o desenvolvimento motor, social e cognitivo. No entanto, para o desenvol-

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vimento dessas noções, é necessário uma melhor elaboração da percepção corporal.
Frente às considerações feitas sobre o corpo da criança autista, salienta-se que a
proposta da psicomotricidade para este sujeito é de contribuir, na medida do possível,
para com o processo de significação desse corpo fragmentado. Assim, essa criança
terá uma possibilidade maior de sentir e vivenciar seu corpo. A proposta deste tipo de
intervenção é oferecer à criança autista o prazer de vivenciar suas experiências por
meio de seu corpo, nas várias relações que esta desenvolverá.
Assim, a ideia neste momento é você entender que a psicomotricidade trata do
desenvolvimento de todas as crianças. Portanto, devemos pesquisar e investigar qual
a condição do nosso aluno e, junto a sua singularidade, propor estímulos.

A Psicomotricidade no Berçário
Apesar da escolha na formação em Pedagogia, percebemos que muitas pedago-
gas e pedagogos ainda continuam pensando no berçário como um lugar onde só
realizamos a função de cuidar e esquecemos do estímulo psicomotor, assim, vamos
finalizar esta unidade pensando em possibilidades de atividades para esta fase.
No berçário, podemos trabalhar com estímulos voltados à exploração e à tonici-
dade muscular. Aqui, começamos o conhecimento das possibilidades corporais, das
sensações e da percepção.
Crianças nessa faixa etária precisam de atividades de exploração. Uma estratégia
é deixar para as crianças objetos em cestos ou caixas com texturas e formas dife-
rentes. A primeira coisa que o bebê vai fazer é levar os objetos à boca, pois essa é a
forma que ele tem de conhecê-los. Vamos lembrar que a criança aqui está na fase
sensório-motor de Piaget e, além de trabalhar os movimentos de manipulação e con-
trole corporal, a criança experimenta diferentes sensações.

Atividade 1: Exercícios para o corpo


• Objetivo geral: fortalecer os músculos do corpo;
• Objetivo específico: fortalecer os músculos do corpo para desenvolver capaci-
dades posturais.

Descrição
• Braços e pernas: deite o bebê de barriga para cima, pegue-o suavemente pelos
pés e pelas mãos e faça flexões e movimentos circulares com as pernas e braços;
• Braços e abdômen: ponha o bebê deitado de barriga para cima, motive-o a
agarrar seus polegares, levante-o suavemente e volte a deitá-lo;
• Braços e tórax: deite o bebê de barriga para cima e, com delicadeza, separe
suas mãos na altura do peito.
Esta atividade promove o fortalecimento do tônus muscular e o desenvolvimento
da capacidade de força física. Assim, a criança terá maior controle e domínio do
seu corpo para interagir com a ambiente.

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Atividade 2: Exercícios para o corpo


• Objetivo Geral: Fortalecer os músculos do corpo;
• Objetivo Específico: Fortalecer os músculos do corpo para desenvolver capa-
cidades posturais e motoras;
• Recursos: Bola e bandeja com farinha.

Descrição
• Engatinhar com auxílio: Deite a criança de barriga para baixo e levante-a delicada-
mente pela cintura, fazendo com que seus pés e mãos toquem o chão. Movimente
um pouco a criança para a frente, de modo que ela comece a engatinhar;
• Engatinhar até a bola: Sente-se no chão, com as pernas esticadas. Deite a
criança no seu colo, na posição de barriga para baixo, depois que você já estiver
sentado. Mostre a ela uma bola que está centímetros além do alcance das suas
mãos. Faça-a rolar e motive-a a tentar chegar até ela;
• Exercito o meu corpo: Encha uma bandeja grande com bastante farinha.
Coloque a criança perto da bandeja, usando somente fraldas, para que tenha a
possibilidade de sentir em todo o corpo a textura da farinha. Deixe-a entrar na
bandeja e manusear seu conteúdo.

Atividade 3: Sentar-se e ficar parada


• Objetivo Geral: Desenvolver diferentes capacidades posturais;
• Objetivo Específico: Dominar diferentes posturas;
• Recursos: Travesseiro e brinquedos.

Descrição
• Sentar-se sem auxílio: Deite o bebê de barriga para cima com o travesseiro nas
suas costas, de tal forma que seu tronco fique ligeiramente erguido. Convide a
criança a sentar-se na sua frente oferecendo um brinquedo que está a cerca de
30 centímetros de distância;
• Coloque-se de pé e mantenha-se ereto, com auxílio: Ofereça a criança que
está no berço um brinquedo para que ela se erga agarrando-se no berço;
• Transferir o peso de uma perna para a outra: Pare a criança em uma borda
de uma cama. Uma vez nessa posição, coloque um brinquedo sobre ela, sempre
ao alcance da criança, porém, às vezes do seu lado esquerdo e outras vezes do
seu lado direito. Ensine a criança a transferir um peso de uma perna para a
outra colocando em uma das suas mãos um objeto pequeno, quando ela estiver
em pé.
Observação: a capacidade de transferir o peso de uma perna para a outra é
fundamental na ação de caminhar.

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Atividade 4: Aprender a descolocar-se pela casa
• Objetivo Geral: Desenvolver diferentes formas de deslocamento e locomoção;
• Objetivo Específico: Aperfeiçoar o engatinhar e subir degraus;
• Recursos: Diferentes tipos de obstáculos.

Descrição
• Engatinhar: Coloque diferentes obstáculos no chão e motive a criança a en-
gatinhar desviando-se deles;
• Subir e descer degraus: Motive a criança a subir e descer degraus. Supervisione
esse exercício, que dará a ela muita força e ânimo para seguir explorando a casa.

Atividade 5: Brincando com as mãos


• Objetivo Geral: Desenvolver a capacidade de segurar e manusear objetos;
• Objetivo Específico: Ordenar o movimento dos dedos de acordo com as rimas.

Descrição
Recite para a criança rimas e estrofes, acompanhando-as com movimentos coor-
denados das mãos e dos dedos.

Atividade 6: Manipulando objetos


• Objetivo Geral: Desenvolver a capacidade de segurar e manusear objetos;
• Objetivo Específico: Desenvolver a capacidade de preensão e manipulação de
objetos não muito familiares.

Descrição
• Entregue à criança um objeto por vez, para exercitar assim suas capacidades
de preensão em relação a distintas formas. Não coloque objetos diretamente na
mão da criança, espere que ela a estique para concretizar a ação;
• Transfira você a água de um recipiente para outro. Essa atividade, que cativará
a atenção da criança, pode ser desenvolvida na hora do banho.

Atividade 7: Pegando a gelatina


• Objetivo Geral: Desenvolver a capacidade de segurar e manusear objetos;
• Objetivo Específico: Desenvolver a coordenação óculo-manual.

Descrição
Sente a criança em frente a um pote de gelatina. Deixe-a colocar as mãos no
recipiente, manuseá-la e comê-la.

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UNIDADE Corpo e Movimento: Jogos, Brincadeiras e Artes
na Construção do Desenvolvimento Humano

Atividade 8: Exercícios para o corpo


• Objetivo Geral: Fortalecer os músculos do corpo;
• Objetivo Específico: Fortalecer os músculos do corpo para desenvolver capa-
cidades posturais e motoras.

Descrição
• Desenvolver e fortalecer os músculos das crianças, tanto das que ainda en-
gatinham como daquelas que estejam dando seus primeiros passos. Coloque
diferentes obstáculos no chão, como uma bola, uma caixa de papelão, um brin-
quedo grande, dos quais a criança terá de desviar num passeio de gatinhas;
• Motive-a para que engatinhe e não se deixe alcançar por um adulto que vem
atrás dela e a persegue dizendo: Vou te pegar, vou te pegar.

Atividade 9: Colocar-se de pé
• Objetivo Geral: Desenvolver diferentes capacidades posturais;
• Objetivo Específico: Ensinar a criança a ficar em pé sem auxílio.

Descrição
Coloque um brinquedo sobre uma cadeira, motivando a criança a erguer-se
para alcançá-lo.

Atividade 10: Os primeiros passos


• Objetivo Geral: Desenvolver diferentes formas de deslocamento e locomoção;
• Objetivo Específico: Desenvolver a estabilidade e equilíbrio ao caminhar.

Descrição
• Caminhar segurando na mão de um adulto: Segure a criança pela mão e
motive-a a dar seus primeiros passos. Solte-a pouco a pouco, colocando-lhe o
desafio de percorrer distâncias cada vez mais longas;
• Caminhar puxando um brinquedo: Ofereça à criança um brinquedo de puxar,
preferencialmente um que produza algum efeito visual e sonoro ao se mover.
Se ainda não anda, ajude-a segurando-a pela mão.

Atividade 11: Manipulando objetos de diferentes tipos


• Objetivo Geral: Desenvolver a capacidade de segurar e manusear objetos;
• Objetivo Específico: Desenvolver a preensão e a autonomia.

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Descrição
Ensine à criança os diferentes usos de cada um dos materiais. Dê a ela tempo
para experimentar cada objeto. Uma vez que saiba como divertir-se com os objetos,
deixe-a brincar sozinha o maior tempo possível.

Em Síntese
Essas foram as nossas sugestões nesta unidade para o fechamento da disciplina Corpo,
Movimento e Psicomotricidade. Vale sempre lembrar a importância da atualização nes-
ta área, pois o desenvolvimento integral é o foco da psicomotricidade. Esperamos ter
contribuído para o seu conhecimento, lembrando que nosso papel é ofertar estímulos
para cada fase de desenvolvimento e para o entendimento do desenvolvimento integral
com ênfase na dimensão corporal.

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UNIDADE Corpo e Movimento: Jogos, Brincadeiras e Artes
na Construção do Desenvolvimento Humano

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
A Importância do Brincar
Neste vídeo você verá a professora da faculdade de Educação da USP, Tizuko
Morchida, falando um pouco mais sobre o papel das brincadeiras na educação infantil.
Ela destaca que até os bebês aprendem a fazer escolhas através dos brinquedos.
https://youtu.be/HpiqpDvJ7-8
Importância do brincar no desenvolvimento infantil – Conexão – Canal Futura
Brincar é um direito estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente,
e  é também fundamental para o desenvolvimento e formação do ser humano.
A Semana Mundial do Brincar ressalta a importância dessa atividade na infância.
Entrevistados: Giovana Barbosa de Souza, conselheira da Aliança pela Infância; e
Sônia Teixeira, orientadora educacional.
https://youtu.be/C0XY2O1lbE8

 Leitura
Música para aprender e se divertir
Esta matéria, da Revista Nova Escola, fala sobre a importância da linguagem musical
na educação infantil, “o trabalho com a música ajuda a melhorar a sensibilidade
das crianças, a capacidade de concentração e a memória, trazendo benefícios ao
processo de alfabetização e ao raciocínio matemático”.
https://bit.ly/2KItdxr
O desenvolvimento da psicomotricidade e a interdisciplinaridade no trabalho com artes
O presente artigo apresenta como a disciplina de Arte constitui-se como um meio
prático e prazeroso para desenvolver as habilidades motoras e psicomotoras dos alunos.
https://bit.ly/2VNO4nO
A importância e contribuição da psicomotricidade no desenvolvimento da pessoa com deficiência
no ensino regular
https://bit.ly/2Y4yNlo

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Referências
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) Brasília: MEC/
SEF, 1998.

HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 7. ed. São Paulo:
Perspectiva, 2012.

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